CAPÍTULO 3

1573 Palavras
Manuella gostava de comer comida chinesa, era por isso que comia rápido? Não. Ela comia rápido porque estava sem tempo, tinha tempo nem para poder ir ao banheiro tirar a água do cotovelo. Era um inferno particular e necessário naquele fatídico momento. Era o fim da primeira semana com o demônio em pessoa. Funcionário nenhum poderia reclamar do chefe logo na primeira semana, certo? Errado. Essa é a primeira regra de como fazer seu trabalho bem, mas já não dava pra esconder que estava a ponto de sumir dali de tanto que estava cansada e morta de sono, era quase uma hora da manhã, poderia dizer: nossa isso aqui não está no meu horário. Hora extra? Sim. Banhada de sono? Também. Mas não era só ela que estava ali, havia uma equipe, um advogado e um administrador de setor. Logo tinha o opressor de olhos verdes e cabelos sedosos que matava Manuella de raiva ou qualquer outro funcionário daquele lugar. É também tinha ela ali junto com aquela equipe de quatro, Manuella, que escrevia e mandava fax a cada cinco minutos para uma filial e comia comida chinesa. Ela olhou para o último do momento e enviou, se levantou e se esticou, a porta da sala do magnata estava aberta, podia escutar a voz firme e grave dele. Manuella sabia que não devia bater de frente, não depois da forma que a primeira semana correu. Manuella conheceu o homem mais autoritário da sua vida, nem em todos os seus anos sendo secretária ela havia visto uma autoridade, um pulso firme como a de Rodolfo, ele era um opressor. Era também arrogante. Cheio de si ou, até mesmo, irritante. As pessoas não o respeitavam, algumas sim, mas as outras só tinha medo. Manuella quase tinha medo dele também, quase. Mais viu como esse homem trabalhava em todas as esferas da indústria. Era uma máquina incontrolável, ela havia levado apenas dois aviso. Rapidez e inteligência. Acompanhar o Vinelly era como acompanhar a sinfonia do inferno. Ele também era malvado, não se pode falar só das coisas boas. Ela ouviu o tom de voz dele alterado, gritando, rugindo, não era pra ela. Mas só pensem que Manuela ficou quietinha quando via ou escutava algo do Sr.irritado e não me rele e não me toque. Parecia a p***a de uma princesa no seu trono estofado, mimado e nojento. Bateu na porta com as duas pastas nos braços, olhou para os três homens na sala, um loiro e um já com seus cabelos brancos e ele, o senhor da p***a toda. O único sorriso que Rodolfo mandou para ela foi no dia que ela se apresentou, foi o dia que ele ficou empolgado. Mas, por esse lado, Rodolfo não sorria, não esboçou nenhum risco ou nada. Parecia neutro. Neutro a qualquer coisa. Mas a risada dele não importava, pois, certamente depois de rir ele daria só ordens, mais ordens e blá, blá. Manuella se aproximou e deixou as pastas. Viu um Rodolffo sem terno, com a camisa branquinha bagunçada, sem gravata. Poderia até ser bonito. Mas era Rodolfo Vinelly. - Vocês podem ir, obrigado por tudo - Falou Rodolfo dando os comprimentos aos dois homens na sala e pegou as pastas em seguida. - Onde está a terceira pasta? São três, senhorita Medina. Perguntou e afirmou aquilo ao mesmo tempo. - O senhor não pediu uma terceira pasta- Verificou o caderno e não havia especificação da pasta ou do que se tratava a mesma. - Só as duas entregues que foram pedidas. - O que vou fazer com essa p***a sem ela? Me diz? Você é s***a e não ouviu eu pedir a pasta? - Manuella tremeu por dentro. Sentiu o rosto queimar, lentamente. - Vou buscá-la senhor... - Não, a senhorita vai sair dessa sala e me buscar um café bem amargo, eu puxo a cópia pelo computador agora - Manuella tomou coragem e encarou ele diretamente, olhando nos olhos dele. - Agora saia e vai fazer o que eu pedi, pra hoje, por favor! Ela quase sofreu um ataque de histeria com aquele homem. Ela saiu, calmamente, sem esboçar nada. Seguiu pelo corredor até a cozinha do andar, quando chegou ficou parada, estática no lugar, sem falar ou fazer alguma coisa. Pensou em como ela era boa. Como ela não falava palavrão. - Filho da p**a! - Expressou e olhou para a cafeteira, pegou calmamente o café e alguns sachês de sal, foi adicionado lentamente, sentiu um frio na barriga enorme. Assim que colocou a tampa no copo ela seguiu o corredor novamente, entrado na sala já sem os dois homens, deixando o café na mesa, Rodolfo ergueu o olhar e viu a garotinha com uma expressão de raiva e olhou para o copo, depois para Manuella de novo. Viu o rosto dela firme e as bochechas vermelhas e coradas demais. Como se tivesse... aprontado. Deduziu a ironia daquela expressão. - Sabe o que os antigos faziam antigamente no tempo de guerra, Manuella? - Rodolfo brincou, olhando pra ela sem esboçar nenhum sorriso. - Eles faziam uma pessoa experimentar tudo antes deles, para ver se tinha veneno ou não, isso poupou a vida de muitos. Manuella sentiu o sangue ser bombeado mais rápido, seu coração começou a bater forte. - Mais alguma coisa senhor? - Ela perguntou de educada, talvez fosse as últimas palavras antes de ser demitida por justa causa. - Quero que a senhorita pegue esse copo e experimente o café - Rodolfo olhava pra ela, enquanto estava relaxado na cadeira e mantinha uma caneta entre os dedos, girando-a de forma contínua e impaciente. - Vamos, pegue. Manuella olhou para o copo. Que m***a era aquela? O café deveria estar cheio de sal e não daria nem pra por na boca, ela sabia disso, sua reação diante aquilo era a resposta para Rodolfo. Ele havia descoberto, sem ao menos tocar ou provar o café. Com aquilo era possível? - Acho melhor não. Falou baixo. Agora não era a raiva, era a vergonha de ser pega no ato depois de uma crise da parte dele por culpa de Rodolfo. Era uma cadeia em grande escala. Manuella agora iria sair dessa cadeia. - Quer me dizer o por quê? - Rodolfo olhou irritado para ela, pensou em tanta coisa, mas decidiu bater de frente com a mulher. - A senhorita deve me responder quando eu pergunto algo, não quer que eu faça isso por conta própria, ou quer? - O café tem sal - Rodolfo arqueou as sobrancelhas olhando pra ela. - Desculpe minha atitude. Ficaram os dois em silêncio. Rodolfo imaginou muita coisa, mas sal? Não, não mesmo, muito pesado para alguém como sua secretária fazer com ele. Rodolfo tinha que admitir, ela não tinha cara de aprontar aquele tipo de coisa. Era um absurdo na concepção de Rodolfo, um disparate. - Você quer continuar trabalhando aqui, não quer senhorita Medina? - Rodolfo se levantou, pegou o copo e deu a volta na mesa. - Aqui dentro eu mando e você obedece, vou pegar pesado se você não fazer o seu trabalho, entendeu? Manuella viu o homem se aproximar e estender o copo pra ela. Sentiu um arrepio atravessar todo o seu corpo. - O que é isso? - A voz saiu abafada da boca pequena. - Você vai beber a sua própria arte, só assim pra mim fingir que você não iria me dar café salgado - Manuela não pegou o copo de imediato. - Vamos, você vai beber, não vai? Aquilo era opressão. Do pior tipo. Ela pegou o copo. Olhou pro Sr.Bonitão. - Eu não posso beber isso. - Posso fazer sua carta de demissão e de referências já? - Referências era tudo, demissão nem tanto, mas se sua ficha fosse manchada. - Você é minha secretária Manuela, não pode agir como uma v***a louca. Manuella paralisou. Por um segundo ela pensou em desistir e jogar aquele café nele, na cara de p*u daquele homem, pela atitude e as palavras "v***a louca", mas olhou pra ele. É foi só aí que virou o copo com tudo, 100ml de café salgado desceu com força, queimando. Rodolfo olhou aquilo, sem expressão nenhuma no rosto. Se perguntando qual era o problema dela. Ela cedeu. Manuella cedeu e Rodolfo não esperava aquela atitude. Corajosa ou estúpida? Mas, mesmo assim, ele agora poderia relevar aquilo vindo dela. - Se você fizer mais alguma coisa que não seja certo, eu te mando embora sem dar outra oportunidade Manuella, aqui você obedece e não faz gracinha com as coisas - Rodolfo deu a volta na mesa e voltou a se sentar. - Temos uma hierarquia aqui, eu sou o topo, você o resto. - Mais alguma coisa, senhor? - Ela sentiu os olhos queres saltar da órbita, mas sentiu eles ardido demais, aquilo era sinal de choro de vergonha e raiva. Mesmo assim ela era Manuella, ela não caia na frente de ninguém daquela forma, foi firme e iria morrer firme. - Não, mas você está liberada por hoje, talvez você esteja muito cansada, mulheres são fracas e às vezes cedem sobre qualquer pressão - Ele deu um sorriso m*****o. - Então, saia da minha sala, bom final de semana, querida. A única coisa que passou na cabeça daquela mulher foi: Querida seu r**o! Ela só saiu, calada. Viram, ele era um opressor. Um maldito opressor que fez Manuella ficar se sentindo um saco. Aquilo era h******l para ela.
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