DANTE NARRANDO A tarde já estava se metendo na noite quando cheguei no QG do baile. Luz de gambiarra piscando, palco quase montado, caixas de som empilhadas. O ronco do gerador misturava com o cheiro de churrasquinho improvisado. Era sábado e, como sempre, o morro se preparava pra virar madrugadão de funk e fumaça. O Buiu – meu braço direito, n***o parrudo de sorriso debochado – tava no canto contando malote. Dinheiro vivo, borracha em volta, cheiro de nota nova. — E aí, n***o – cheguei batendo a mão no ombro dele. – Tudo pronto pro baile de hoje? Ele levantou o olhar, deu aquele sorriso safado: — Pronto demais, patrão. Só falta você largar esse estresse aí. Parece que não dorme um fim de semana inteiro. Que p***a é essa? Suspirei, passei a mão na nuca. Maya ainda rodava na cabeça, m

