Acordei cedo por causa do costume, tomei o café da manhã e me arrumei.
— Vai ao shopping comigo maninho?
— Tenho uma entrevista de emprego daqui a pouco princesa, fico te devendo. Está de folga?
— Oliver me dispensou hoje para fazer compras.
Meu irmão me olhou surpreso.
— Que chefe bom. — revirei os olhos, ele que não conhece a peça.
— Não posso reclamar. Eu passei no período de experiência e sou oficialmente a assistente pessoal do diretor-executivo.— meu irmão sorriu.
Ele se aproximou de mim e me abraçou.
— Fico tão feliz por isso maninha.
— Obrigada e boa sorte na entrevista. Agora vou indo. — eu disse me despedindo com um beijo no rosto.
— Boas compras.
— Obrigada.
Depois de andar alguns minutos pelo shopping encontro com quem eu menos esperava, o Andrew.
Ele sorriu assim que me viu.
— Oi Isa. — ele disse me olhando intensamente.
— Oi Andrew.
— De folga hoje? Aproveita meu irmão não é de dar folgas assim.
— Ganhei o dia para fazer compras, afinal, sou a sua nova assistente pessoal.
— Então você passou do período de experiência? — ele perguntou sorrindo.
— Sim, ainda bem.
— Meus parabéns, você merece.
— Obrigada.
— Topa lanchar comigo?
Eu sorri com o seu convite.
— Topo sim.
Nos sentamos para lanchar e ficamos conversando sobre várias coisas.
Percebi que enquanto eu falava, ele me observava atentamente. Dizia até que ele estava me encarando demais. Ora ele disfarçava, ora não. Seus olhares eram tão intensos... parecia que ele via dentro de mim e que estava gostando do que estava vendo (seja lá o que for), porque ele sorria. Era um sorriso misto de malandragem e safadeza. Senti meu corpo arrepiar. Ele mordeu o próprio lábio e pegou na minha mão em cima da mesa.
— Então Isa... Você tem namorado?
— Não... Por que a pergunta?
— Curiosidade mesmo. — pisca para mim.
Sua pergunta me pegou desprevenida, ele consegue me deixar sem reação que nem o irmão. Deve ser de família, só pode.
— Vou comprar mais algumas coisas, você me acompanha? — eu o chamei por impulso.
— Será uma honra.
Ele fez questão de pagar a conta sozinho, mesmo eu insistindo para pagar a metade, um cavalheiro.
Nos levantamos e fomos em direção às lojas de roupa, preferi ir nas mais sociais.
— Vai mesmo esperar que eu experimente as roupas? Isso é tão cansativo.
— Não se preocupe, eu estarei aqui para te ajudar com a minha opinião, afinal, já vi várias assistentes na empresa do meu pai.
Nem tinha pensado nisso.
Peguei alguns conjuntos, variando entre saias, vestidos e saias, escolhendo sempre o mais social possível, mas, sem perder o conforto.
Peguei um vestido azul-escuro, que eu nem tinha percebido ter um zíper, sai do provador e chamei o Andrew.
Ele se aproximou de mim, senti as pontas geladas dos seus dedos contra a minha pele, senti a sua respiração quente em meu pescoço e isso me arrepiou inteira.
— Obrigada. — eu disse assim que ele fechou o zíper.
Antes de voltar ao provador, ele me olhou intensamente da cabeça aos pés, e em seguida deu um sorrisinho, senti como se ele pudesse ver através do vestido, senti cada centímetro do meu corpo se aquecer.
— Esse vestido ficou perfeito, eu se fosse você levava. — ele disse tentando desviar o olhar.
Me olhei no espelho e o vestido caiu muito bem.
— Vou levar ele sim.
Voltei para o provador desconcertada, minhas pernas estavam bambas, levei um tempinho para me recompor, que olhares foram esses?
Assim que terminei as minhas compras, ajudei o Andrew a escolher algumas para ele, e após finalizarmos as compras ele chamou um táxi e fez questão de me acompanhar até em casa.
— Obrigada por ter me acompanhado.
— Foi um prazer Isa.
Eu me despedi dele com um beijo no rosto.
Antes de entrar em casa flagrei ele me observando, dei um tchauzinho e então entrei.
Hoje completa uma semana que eu sou oficialmente a assistente pessoal do Oliver, a experiência tem sido demais, já a convivência com ele tem sido terrível, grosserias atrás de grosserias e só, ele m*l olha para mim, só conversamos o necessário, mas, sempre que ele precisa de mim até mais tarde, faz questão de me levar até em casa, eu fico confusa com essa bipolaridade dele.
Hoje tem uma festa na humilde residência dele, várias pessoas da empresa foram convidadas, e ele disse que faz questão da minha presença, agora estou aqui, terminando de me arrumar.
Optei por um vestido longo roxo, com um decote discreto, saltos confortáveis bem baixos para aguentar a noite e preferi deixar o cabelo solto.
Meu irmão saiu com a namorada, então conferi todas as portas e janelas e fui para a rua esperar o táxi.
Ele chegou no horário marcado, fiquei aliviada por isso. Dei o endereço e poucos minutos depois já estávamos na frente da luxuosa mansão que o Oliver mora.
Tem vários carros estacionados ao redor, e várias pessoas chegando.
Assim que chego na porta, entrego o meu convite, o segurança libera a minha passagem, eu entro e fico encantada com a decoração, o lugar é enorme, e os lustres dão o devido charme ao local.
Uma moça me acompanha até o salão, aonde todo mundo está.
Vou entrando e já vejo Oliver todo imponente em seu terno e gravata conversando com uma mulher.
Fico sem saber o que fazer, não conheço ninguém aqui além do Oliver que está bem ocupado por sinal e o Andrew que até agora não vi.
Resolvo me sentar e fico observando cada detalhe, até que sinto uma mão em meu ombro, quando viro vejo os intensos olhos azuis do irmão mais novo do meu chefe.
— Boa noite Isa.
— Boa noite Andrew.— eu disse observando o seu terno azul, que destacava ainda mais os traços do seu rosto.
— Fico feliz que tenha vindo. — ele disse sorrindo.
— Obrigada.
— Vamos dançar? — ele estendeu a sua mão para mim e fomos para o meio do salão, aonde vários casais dançavam a música agitada que tocava.
Em determinado momento da dança, meu olhar se cruzou com o do Oliver, que deu um leve sorriso ao me ver.
Meu coração acelerou no mesmo instante, e para ajudar o Andrew começou a me olhar intensamente, esses dois irmãos querem me deixar louca só pode.
— Acho tão estranho você me chamar de Andrew, já que eu te chamo de Isa, pode me chamar de Andy. — ele disse num sussurro.
— Tudo bem então, Andy.
Ele sorriu.
— Vou pegar algo para bebermos, com álcool ou sem?
— Sem, por favor.
— Já volto.
— Eu vou ao toalete.
— Te espero aqui.
Fui caminhando entre as pessoas, e só então me dei conta de que não tenho ideia para que lado fica, esbarrei em músculos e reconheci o perfume no mesmo momento.
— Oi Isabela, você está magnífica hoje.
— Obrigada, você também está magnífico.
Oliver começou a se aproximar de mim.
— Pode me mostrar aonde fica o Toalete?
— Claro que sim.
Viramos o corredor e subimos as escadas, Oliver me levou até na porta do banheiro sem dizer nenhuma palavra.
O corredor dos toaletes está bem escuro.
Abri a porta e entrei.
Ajeitei meu cabelo, verifiquei a maquiagem e retoquei o batom.
Fiquei um bom tempo parada, só retomando o controle do meu corpo.
Quando ia saindo dei de cara com o Andy, e antes que eu pudesse falar qualquer coisa ele selou nossos lábios, seu beijo sabor de menta me fazia querer mais, ele me pressionou contra a parede, enquanto ainda me beijava, as suas mãos deslizavam por minhas costas, enquanto a sua língua pedia passagem urgentemente.
Me afastei dele.
— Andy, o que foi isso? — eu disse tentando me recompor.
— Desculpa, não deu para me controlar.
Eu gostei desse beijo, a sua pegada é de enlouquecer qualquer uma.
Antes que ele recuasse, coloquei minha mão em sua nuca, fazendo-o se aproximar e o beijei, senti ele sorrindo em seguida.
Eu me afastei algum tempo depois, sem ar.
Vi alguém se virando de costas e indo em direção as escadas, por mais que esteja escuro, algo me diz que eu conheço essa pessoa, só pode ser o Oliver, d***a.
— Já volto.
Voltei para o banheiro limpei o batom borrado e passei novamente.
Assim que sai, fui recebida por um doce sorriso.
Voltamos para o salão, e percebi que Oliver nos olhava furioso, com os punhos cerrados, me sinto uma i****a, isso só confirma que a pessoa era ele mesmo.
Dancei um pouco com o Andrew, bebi alguns drinks sem álcool, já ele eu não tenho ideia, um senhor o chamou para conversar, ele disse que logo voltava.
Vejo Oliver caminhando em minha direção assim que ele se afasta.
— Gostando da festa? — ele perguntou soando cinismo.
— Sim, estou.
Ele agarrou meu braço com leveza e começou a me puxar entre as pessoas.
— Me solta Oliver.
— Te solto se você prometer que me acompanha. — ele disse parecendo estar bravo.
— Prometo. — eu respondi com certo receio.
Oliver me levou até o jardim, vi vários tipos de flores e uma linda fonte no meio, ao redor tem vários bancos, e algumas árvores pequenas.
Oliver parou em frente a parede, longe do olhar de qualquer pessoa.
— Então, quer dizer que você e meu irmão estão ficando?
— Oliver, não é o que você está pensando, ele me pegou de surpresa.
Ele riu em sinal de deboche.
— Pode até ser, mas em seguida você o beijou também.
— Está me vigiando é?
— Não, eu vi que você não aparecia, pensei que podia ter se perdido e voltei para te buscar. — ele disse passando a mão nos cabelos.
— Entendi, então obrigada. — eu disse saindo.
Senti as mãos de Oliver em minha cintura.
Ele me virou de frente para ele, fazendo com que eu batesse as costas na parede.
Sua mão foi parar acima da minha cabeça e a outra do lado do meu corpo.
— Me fala que ele te faz sentir o que eu faço.— pude sentir um leve cheiro de álcool.
— Oliver...
— Ele te toca como eu toco? — ele perguntou acariciando o meu rosto. — Ele faz você se arrepiar inteira como eu faço? Ele te deixa louca com um simples olhar como eu deixo? Ele te beija como eu beijo? — ele disse aproximando seus lábios dos meus.
Pensei que ele ia me beijar, mas, ele só riu e então se afastou.
— Eu sei que te deixo louca só de olhar para você, sei o efeito que causo sobre o seu corpo, sei que me deseja, e sei também que o meu irmão não é o suficiente para você.