E no fim do beijo, quando eu pensei que ele ia me dizer que a noite poderia se alongar, ou que ele gostou do meu beijo, ou sei lá o que...
— Esteja na empresa amanhã às sete.
Ele se virou, entrou no carro e partiu. Decepção define. Eu não sei o que é pior... meu chefe ser arrogante ou ele ter um beijo maravilhoso e ser feita de boba por ele.
Entrei em casa e por sorte meu irmão já estava dormindo. Não estava muito afim de conversa. Não depois dessa noite.
Tomei um banho relaxante estava fui me deitar, afinal a "magnífica" auxiliar do chefe simpático hoje, vai voltar a assistente pessoal do arrogante amanhã.
Será que aguento essas mudanças de humor? Será que estou me apaixonando ou é só uma atração? Não sei de nada disso. Só sei que essa vaga de emprego, eu não posso perder nunca.
Antes de ir dormir recebi uma mensagem.
— Obrigado por ter me acompanhado hoje, você estava maravilhosa.
Como eu disse, não sei se posso aguentar essas mudanças de humor dele. Preferi nem responder, o melhor que eu posso fazer agora é me deitar e tentar dormir.
****
No dia seguinte já na empresa.
Oliver já me tratou com arrogância mais de três vezes só hoje, nem parece que ontem nos demos tão bem, nem parece que nos beijamos, receio que esse beijo só piorou as coisas, pois ele está mais i****a que o normal.
— Eu não vou repetir o que eu disse Isabela, será que dá para prestar a p***a da atenção nas coisas que eu falo? — ele disse ríspido e eu fiz o máximo para não demonstrar o quanto fiquei chateada com o seu modo de falar.
— Desculpe.
— Quer saber, saia logo da minha sala.- ele disse apontando para a porta.
Eu me levantei rapidamente e fui para a minha sala fechando a porta em seguida.
Assim que me sentei, as lágrimas insistiram em descer, quem ele pensa que é para falar assim comigo? Só porque é meu chefe acha que tem o direito de me tratar feito trapo?
Algumas horas depois escuto alguém bater na porta.
— Eu sei que já está quase na hora de você ir embora, mas eu tenho uma reunião muito importante agora e preciso de você.
— Você é o chefe, é só falar que eu farei.
— Na verdade, não é nada aqui na empresa, é o Andrew, preciso que você vá até à delegacia do centro e pague a fiança dele.
— Ele foi preso?
— Olha, por favor seja discreta. Ele pichou outra viatura, o fizeram limpar e deixaram ele detido, mas por ser um crime de menor potencial ele é afiançável, então preciso que você faça esse enorme favor para mim.
— Eu vou lá, pode deixar.
— Obrigada mesmo Isabela.- ele disse se aproximando, olhando no fundo dos meus olhos, eu preferi recuar, ele adora me fazer de trouxa.
Chegando na delegacia, paguei a fiança do Andrew e fui ao seu encontro na sala do delegado.
— Você está liberado, espero que não te veja novamente por aqui garoto. — o delegado disse ao Andrew, que só então olhou para a porta e me viu.
— Vamos? — eu disse estendendo a minha mão para ele.
Ele se levantou, olhou atentamente para o meu rosto e se levantou, depositando um beijo em minha mão.
— Obrigado por vir me resgatar.
Entramos no carro e resolvemos fazer um lanche. Parei na padaria mais próxima.
Assim que fizemos nossos pedidos vi que o Andrew estava com os olhos marejados.
Eu me sentei perto dele.
— Ei, quer conversar?
Ele olhou no fundo dos meus olhos.
— Sabe como é fazer parte de uma família que só se importa com as aparências? Que só quer se manter firme para a sociedade? Eu sempre fui a segunda opção, o filho que ninguém quer saber, o excluído, meus pais só davam atenção ao filho prodígio que ia assumir a direção da empresa e eu só me fodia, ninguém ligava para mim, eu nunca tive o apoio da minha família, nunca tive o carinho que eu tanto quis. — ele disse chorando.
Eu me aproximei ainda mais, sequei suas lágrimas e ele apoiou a cabeça em meu ombro.
— Desculpa estar desabafando assim, mas você foi a única que procurou me ouvir.
— Fica tranquilo, pode sempre me procurar quando precisar conversar.
— Sabia que você era diferente das outras.- ele disse se levantando.
— Como assim?
— As outras assistentes do meu irmão faziam de tudo para serem notadas por ele, já você age com naturalidade, não fica tentando se exibir para dar em cima do chefe.
Ele disse e eu sorri.
Fizemos nosso lanche e eu o deixei em casa.
— Novamente, obrigado Isa. — ele disse me fitando com seus intensos olhos azuis.
— Não precisa agradecer, quando precisar já sabe onde me encontrar.
— Você podia me passar o seu número né?
Assim que passei o meu número, resolvi voltar para a empresa.
Nem sei como o Oliver acabou me emprestando o seu carro, mas, não vou enrolar mais, vou voltar logo.
Chegando na empresa a reunião já ti há acabado e o Oliver me esperava na minha sala.
— E então?
— Ele já está em casa.
— Obrigado de verdade, você me ajudou muito hoje. — ele disse se aproximando de mim, pude sentir a sua respiração quente no meu rosto, e quando percebi sua real intenção o virei.
Ele então só me deu um beijo no rosto.
— Vamos, te acompanho até em casa. — ele disse baixinho.
Juntei as minhas coisas e fomos até a minha casa.
Apesar de ficar me olhando de vez em quando ninguém disse uma só palavra, fomos no total silêncio, em uma distância segura um do outro, sem toques, sem beijos, só olhares de desejo.
Durante o banho, meu celular vibrou.
Mensagem do Oliver. O que será que ele quer a essa hora? Desliguei o chuveiro, me enxuguei e peguei o celular.
— Isabela?
— Oi? Aconteceu alguma coisa?
— Não... Na verdade, eu queria falar com você. Será que tem como me encontrar agora?
— Já está tarde. Amanhã eu acordo cedo.
— Por favor?
Senhor Oliver pedindo "por favor"? É um milagre!
— Tudo bem.
— Chego aí em meia hora.
— Ok!
Logo agora que eu pensei que ia relaxar, aquele par de olhos azuis, cujo dono é arrogante, quer falar comigo. Lá vem bomba!
Respondi o Oliver e deixei o celular de lado. Fui pro quarto, peguei a primeira roupa que eu vi. Não vou me produzir, afinal eu já estava indo dormir e ele é quem vem na minha casa.
Uma camiseta branca e uma calça de moletom cinza, prendi o cabelo em um r**o de cavalo baixo e de lado.
Ouvi batidas na porta. Era meu irmão.
— Pensei que já estivesse dormindo.
— Bem que eu queria. Meu chefe tá vindo aqui.
— Fazer o que aqui a essa hora? — ele cruzou os braços.
— Também queria saber. Só espero que ele não demore muito. Estou louca para dormir.
— Eu já vou indo. Só vim te dar boa noite.
— Boa noite. Durma bem.
Ele saiu.
Me peguei sorrindo lembrando do beijo que Oliver me deu. Esse homem quer me enlouquecer.
Uma mensagem me tirou dos pensamentos.
— Cheguei!
— Estou descendo.
Joguei o celular na cama e saí.
Ao abrir a porta, me deparo com ele encostado no carro. Ele estava com uma camisa preta, cujos dois primeiros botões estavam abertos, deixando seu peitoral musculoso levemente aparente. Sua calça era um jeans claro e nos pés, um tênis social esporte.
Quando ele me viu, me olhou de cima a baixo e sorriu de canto.
— Boa noite Isabela.
— Boa noite Olliver.
— Podemos conversar?
— Claro. Entra.
Entramos e nos sentamos no sofá.
— Eu queria dizer só lá na empresa, afinal, foi lá que eu te contratei para a experiência, mas achei que você gostaria de saber agora.
— Então diz. — eu já estava ficando nervosa.
— Você passou e agora você é minha assistente pessoal oficialmente. De agora em diante você terá que me acompanhar em tudo. — ele disse "tudo" de um jeito que me arrepiou.
— É sério? Nossa... muito obrigada pela oportunidade. Você não vai se arrepender.
— Eu sei que não. O que você fez pelo meu irmão hoje, não vou esquecer. — ele disse chegando mais perto. — E, além disso, ele gostou de você.
— É? — minha respiração já não existia.
— Ele é um rapaz legal. Só está passando pela fase da rebeldia... querendo chamar a atenção. Não fiz nada de mais, a não ser deixar ele desabafar.
— Te agradeço por isso. E tem mais uma coisa. — engoli em seco.
— O quê?
— Isso... — ele me beijou.
O beijo foi muito intenso. Suas mãos desceram por minhas costas e cintura, onde ele deu um leve aperto. Ele mordeu meu lábio inferior e parou.
— Tire o dia de folga amanhã para comprar roupas novas e esteja na empresa no dia seguinte, às sete.
E simplesmente saiu da minha casa me deixando completamente sem saber o que fazer.
Definitivamente, esse homem não é normal.
Esse Oliver deve ser bipolar, só pode. Ou então está querendo me deixar doida.
Pelo menos ganhei uma folga, já que fui oficialmente contratada, precisarei mesmo de mais roupas para o serviço, afinal, ser assistente pessoal do diretor-executivo não é para qualquer um, ainda mais que ele disse que terei que acompanhá-lo em tudo, devo me vestir de uma maneira que o agrade, ou melhor, que corresponda com o meu novo trabalho.