A ONG esvaziou aos poucos, como sempre acontecia no fim do dia. Primeiro as crianças, carregadas pelas mães cansadas, arrastando mochilas quase do tamanho do corpo. Depois os adolescentes, barulhentos, chutando tampinhas pela calçada e rindo alto, como se o mundo fosse só aquele pedaço de rua. Uma a uma, as funcionárias se despediram com beijos estalados e promessas de mandar mensagem caso "qualquer coisa".
Gabi foi a última a sair. Antes de atravessar o portão, se virou para mim com um olhar que demorou mais que o normal.
— Vai ficar esperando ele aí fora?
— Aqui dentro ainda. Quando ele chegar, eu saio.
— Se demorar, me avisa. Posso voltar.
— Tá tudo bem, Gabi. — Sorri de leve.
Ela assentiu, mas aquele sorrisinho cúmplice não conseguiu esconder a ruguinha de preocupação no meio da
