Nova Escola

1687 Palavras
– Bom dia, príncipe encantado da Wendy! – Abri vagarosamente as cortinas do quarto de Oliver, deixando a luz entrar. O garotinho sorriu e eu fui até sua cama, dando um grande beijo em sua testa. – Teve uma boa noite de sono? – Sim. Sonhei com um leão e com arco-íris. – Ele exibiu os pequenos dentes em um sorriso. – Vamos tomar banho, que hoje temos um dia muito cheio. Vamos escolher sua escolinha para o ano que vem. – Oliver levantou rapidamente e começou a pular na cama, vestido com seu pijaminha de bichinhos amarelo. – Eu. Estou. Muito. Feliz! – Cada palavra era dita quando ele estava no ar. Impossível não rir com uma criança que acorda animada desse jeito. Dei banho em Oliver, coloquei uma bermuda jeans e uma camiseta do homem aranha. Anotação mental: Comprar mais algumas camisetas do homem aranha, pelo visto ele não vai querer colocar essa pra lavar. Coloquei em seus pés um tênis vermelho e preto, e o levei até a cozinha. O café da manhã foi mais simples que o convencional: Um pãozinho fresco com geleia de morango, e um suco de laranja. Ele comeu e sujou um pouco o rosto e as mãos, nada que uma lavadinha não resolvesse. Solicitei que o motorista nos levasse, e após prender Oliver na cadeirinha, fomos conhecer as escolas. Sinceramente, não estava tão difícil de escolher. As escolas que selecionei para Oliver eram todas muito boas, com valores parecidos, mas uma se diferenciava entre elas: As pessoas eram extremamente amorosas. Levei panfleto de todas, apesar de já estar quase decidida por qual ia escolher. Claro que, também observei a reação de Oliver. Na escola onde as pessoas eram mais amorosas, ele parecia estar em casa. A professora que seria regente na salinha dele no ano que vem, estava lá dando aula, e pudemos conhecê-la. A senhora Nancy era uma mulher de talvez cinquenta anos, baixinha e robusta. A típica mãezona. Oliver estava de mãozinha dada comigo, e quando viu a sala cheia de crianças de longe, correu entrar para falar oi. Simpático e aprontão, quando crescer vai dar trabalho, não tenho dúvidas. No final das visitas, estava andando próximo ao prédio da empresa de Sanders pois a última escola era por ali. Procurávamos um restaurante para almoçar, quando Oliver se desprendeu da minha mão e saiu correndo gritando. – Papai! – Por sorte, avistei ele a alguns metros. Meu coração foi para fora do peito e retornou em uma fração de segundos. Sanders se abaixou, recebendo o filho com um abraço. Eles caminharam até mim, e eu sorri. – O que estão fazendo por aqui? – Ele sorria. – Que surpresa agradável ver o meu menino no meio do dia. – Sanders deu um beijo no rosto de Oliver que estava em seu colo. – Estávamos vendo as escolas, como o senhor pediu. Peguei alguns panfletos, nós dois gostamos de uma especifica... Não foi, Oliver? – Oliver balançou a cabeça, concordando. – Quero estudar na escola Santa Maria de Zejuis. A tia Nancy é legal. – O sorriso de Sanders poderia iluminar o quarteirão. Deus do céu. – Acho que escolhemos a escola, então. Confio no seu julgamento, senhorita Hills. – O que vocês acham de almoçarem comigo? – E aí, Oliver? – Eu sorri para ele enquanto questionava. O garoto levantou os dois polegares o mais alto que conseguia e gritou que sim. Caminhamos até um restaurante bem próximo dali, e após nos acomodarmos, Sanders pediu o cardápio e entregou um para mim. Arregalei os olhos ao ver os preços. Quem paga vinte e três dólares em uma água? Dá pra perceber que quem entra nesse restaurante, não quer contato com pessoas da minha classe social. – Escolheu, senhorita Hills? – Droga. Eu me perdi pensando na luta de classes e não escolhi o que comer. – Eu não conheço muita coisa daqui. Pode pedir o mesmo que o senhor for comer, para mim. – Meu Deus, acho que nem sei usar esses talheres. Foco, Wendy, Foco! – Senhorita Hills, não precisa se sentir intimidada. Utilize os talheres de fora para dentro, e como não beberemos vinho, a taça ao lado é a de água. A haste da taça serve para suas mãos não esquentarem o líquido. – Anotação mental, estudar etiqueta à mesa. – Certo. Obrigada. Enquanto aguardávamos, a mesa virou uma pista para dois carrinhos que Oliver trouxe no bolso do short. Sanders brincava com o filho sem se importar em manter a pose de chefe, e eu apenas observava a alegria dos dois. Parecia que eu estava dentro de uma cena de globo de neve de natal. Daquelas que a gente olha e acha que é perfeita demais. Até que, fui tirada do meu devaneio porque ouvi saltos batendo pelo chão do restaurante. Por Deus, essas mulheres precisam de um amortecedor nos pés. – Dimitri Sanders? – Uma loira, com postura de modelo e olhos cor de amêndoa, vestida em um tubinho rosa bebê até o joelho e carregando uma pequena bolsa de mão, colocou a mão livre em Sanders, que imediatamente virou e olhou para ela. – Loren? Caramba! Quanto tempo! – Sanders se levantou, cumprimentando a mulher com um abraço e um beijo no rosto. – Quer se sentar conosco? Acabamos de pedir. – Não, obrigada. Loren olhou com um sorriso amarelo, como de quem reprova meu estilo. Eu estava com um vestido até a canela, preto com pintinhas brancas, bastante confortável e com a saia levemente esvoaçante. Metade do meu cabelo estava preso, e meus pés estavam cobertos pelo meu tênis branco com dourado. Meus inseparáveis brincos de argola torcida enfeitavam minha orelha, e um pequeno colar dourado estava em meu pescoço. Não era o visual mais chique do mundo, mas dava pra ver que eu não era uma pessoa desleixada com a aparência. – Então... – O silêncio estava quase constrangedor. Loren o cortou com a palavra que disse, olhando pra mim e depois para Sanders. – Quem é? – Ah, sim. Essa é a senhorita Hills, a babá do meu filho. – Os dois me olhavam, e eu só queria me enfiar embaixo da mesa. Me levantei, estendendo a mão para Loren, que me cumprimentou parecendo que estava com nojinho. Minha vontade foi de gritar que eu não era suja para estar sendo olhada assim, mas me contive e apenas sorri. – Muito prazer, senhorita. – Levantei apenas para demonstrar educação, e depois me sentei novamente. Loren nem olhou para o filho de Sanders, até se tocar que ele estava na mesa e fingir uma falsa empolgação. Ela se abaixou próximo dele e sorriu, falando com a típica voz de falar com cachorros. – Oi, nenenzinho da titia Loren! Tudo bem com você? – Ela apertou a bochecha de Oliver, que parecia querer fugir. – Cumprimentar ela, filho. – Oliver olhou para aquele projeto de Pariz Hilton m*l elaborado e deu um sorrisinho. – Oi. – Ele voltou a olhar para os carrinhos, onde encenava algumas batidas. – Bom, eu tenho que ir. Vou te ligar hoje a noite, já que você arranjou uma babá nova, podemos nos encontrar, o que acha? – O sorriso dela era perfeito e eu simplesmente odiei o fato dela ser tão linda e metida. Senti Sanders pisar no meu pé. Três vezes. E chutar minha panturrilha. Ele desviou o olhar pra mim, como se estivesse em desespero. Será que era para eu inventar alguma desculpa? – Senhor Sanders, eu vou precisar daquela... Folga hoje. – Falei, meio sem entender e meio sem jeito. Ele olhou de volta para Loren, com um olhar de pesar. – Teremos que deixar para outro dia. Mas te ligo, na semana que vem. Essa semana estou um pouco abarrotado de coisas. – Sanders suspirou aliviado. Loren saiu andando, radiante, balançando aquele bumbum perfeito que provavelmente caberia em um jeans 36 e batendo seus saltos. Talvez eu estivesse com um pouco de inveja do quanto ela era perfeita e pensando que de dois anos para cá, meu bumbum m*l cabe em um jeans 42. – Obrigado, senhorita Hills. Salvando minha pele novamente. – Eu observava o garçom servir a refeição e peguei uma porção com o garfo infantil que estava na frente de Oliver, levando até a boquinha dele. Ele a abriu, e depois eu entreguei o garfo. – Coma seus vegetais para ficar forte igual o Hulk. – Ele assentiu com a cabeça ainda mastigando. – Não seria mais fácil apenas dispensá-la, senhor Sanders? – Não posso. Ela e sua família são acionistas da minha empresa de contabilidade, seria um grande transtorno simplesmente dispensá-la. – Ele colocou um pedaço de carne na boca, como se quisesse encerrar o assunto. Dei de ombros e também comecei a comer. Estávamos comendo, de forma tranquila, quando o celular dele tocou. Ele verificou quem era e atendeu imediatamente. Não entendi, porque ele falava em francês. Dois minutos depois, ele desligou e guardou o celular no bolso, mas parecia bastante agitado. Ele terminou de comer rapidamente, e limpou a boca com o guardanapo de tecido do restaurante. – Senhorita Hills, se importaria de pagar? Eu preciso mesmo voltar para o escritório. – Ele tirou a carteira do bolso, sacou quase mil dólares em notas de cem e entregou para mim. – Compre um sorvete daqui para vocês, de sobremesa. Você gosta de sorvete, não gosta, rapaz? – Muito! – Oliver aplaudiu e levantou os dois braços no ar. – Sorvete! – Pode deixar comigo, senhor Sanders. – Eu falei e peguei as notas de cima da mesa, colocando em minha bolsinha lateral vermelha que estava pendurada na cadeira. Almoçamos calmamente, e depois, pedi o sorvete. Era de comer ajoelhado de tão bom. Agradeci mentalmente pelo emprego que tinha, e depois de toda a meleca que Oliver fez em si mesmo com o sorvete, decidimos ir para casa. Quando voltamos pra casa, Oliver acabou adormecendo. Coloquei o menino em sua cama e limpei suas mãozinhas ainda um pouco meladas de sorvete com lenço umedecido. Dei um beijo em sua testa e o deixei dormir.
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