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2681 Palavras
Dante Nem Francis nem Cecelia disseram uma palavra sobre minha longa ausência da mesa de jantar na sexta à noite. Vivian não mencionou nossa conversinha no escritório, e voltei para Nova York insatisfeito e nervoso. Poderia ter queimado a mansão Lau com um toque do meu isqueiro. Infelizmente, fazer isso teria trazido as autoridades diretamente à minha porta. Incêndio era r**m para os negócios, e nunca tinha me rebaixado a matar... ainda, mas certas pessoas me tentavam a cruzar a linha todos os dias, uma das quais eu compartilhava sangue. — Qual é a emergência? — Luca se acomodou na cadeira em frente à minha com um bocejo. — Acabei de sair do avião. Dê a um cara tempo para dormir. — De acordo com as páginas da sociedade, não dormiu no mês passado. Em vez disso, estava festejando ao redor do mundo. Mykonos um dia, Ibiza no outro. Sua última parada foi em Mônaco, onde perdeu cinquenta mil na mesa de pôquer. — Exatamente. — Bocejou novamente. — É por isso que preciso dormir. Minha mandíbula endureceu. Luca era cinco anos mais novo que eu, mas agia como se tivesse vinte e um em vez de trinta e um. Se ele não fosse meu irmão, eu o teria cortado sem hesitação, especialmente devido ao show de merda que me vi graças a ele. — Não está curioso por que eu te chamei aqui? Luca deu de ombros, alheio à tempestade que se formava sob minha calma. — Sentiu falta do seu irmãozinho? — Não exatamente. — Peguei uma pasta de papel manilha da minha gaveta e a coloquei sobre a mesa entre nós. — Abra. Ele me deu um olhar estranho, mas forçado. Mantive meu olhar treinado em seu rosto enquanto folheava as fotos, lentamente no início, depois mais rápido à medida que o pânico se instalava. Satisfação sombria passou por mim quando finalmente olhou para cima, seu rosto vários tons mais pálido do que quando entrou. Pelo menos entendeu o que estava em jogo. — Sabe quem é a mulher nessas fotos? — Perguntei. A garganta de Luca balançou com um engolir forte. — Maria Romano. — Bati a foto no topo da pilha. — Sobrinha do mafioso Don Gabriele Romano. Vinte e sete anos, viúva, e a menina dos olhos do tio. O nome deve soar um sino, considerando que a fodeu antes de partir para a Europa, como evidenciado por essas fotos. As mãos do meu irmão se fecharam. — Como você... — Essa não é a pergunta certa, Luca. A pergunta certa é que tipo de caixão gostaria no seu funeral, porque é isso que terei que planejar se Romano descobrir sobre isso! A tempestade rompeu no meio da minha frase, alimentada por semanas de fúria e frustração reprimidas. Luca se encolheu em sua cadeira enquanto empurrava minha cadeira para trás e me levantava, meu corpo vibrando com sua pura idiotice. — Uma princesa da máfia? Está brincando comigo? — Tirei a pasta da mesa em um movimento furioso, tirando um peso de papel de vidro com ela. O vidro se estilhaçou com um estrondo ensurdecedor enquanto as fotos voavam para o chão. Luca se encolheu. — Fez alguma merda estúpida em sua vida, mas isso tem que levar o prêmio. — Grito. — Sabe o que Romano faria com você se descobrisse? Ele o estriparia como um peixe da maneira mais lenta e dolorosa possível. Nenhuma quantia de dinheiro o salvaria. Vai pendurar seu corpo em um maldito viaduto como um aviso - se ainda houver um corpo depois que terminar com você! O último cara que tocou em uma mulher da família de Romano sem sua permissão acabou com seu p*u cortado e seus miolos estourados em seu quarto. O cara apenas beijou a prima de Romano na bochecha. Rumores diziam que o mafioso nem gostava da prima. Se ele descobrisse que Luca dormiu com sua amada sobrinha? Meu irmão imploraria pela morte. A pele de Luca assumiu um tom verde doentio. — Não se des... — O que diabos estava pensando? Como diabos a conheceu? Os Romanos eram notoriamente insulares. Gabriele mantinha uma rédea curta em seu povo, e raramente se aventuravam fora de suas casas controladas pela família. — Conhecemo-nos em um bar. Não conversamos muito, mas nos demos bem e trocamos números. — Luca falou rápido, como se estivesse com medo de que eu atacasse se parasse. — Ela não tem tantos olhos nela agora que está viúva, mas juro, não sabia quem era até depois que dormimos juntos. Disse-me que seu pai estava em construção. Uma veia pulsava em minha têmpora. — Está em construção. Junto com boates, restaurantes e uma dúzia de outras frentes para seu negócio sujo. Se fosse qualquer outra pessoa além de Romano, teria minado a ameaça de Francis pagando-os ou fazendo um acordo mutuamente benéfico. Ao contrário porém de alguns empresários que eram míopes o suficiente para se enredar no submundo, eu não fodia com a máfia. Uma vez que entrava, a única maneira de sair era em um caixão, e preferiria me incendiar do que me colocar voluntariamente em uma posição em que tivesse que responder a outra pessoa. Francis queria o que meu sobrenome poderia trazer para ele. Romano? Ele iria querer cada dólar e gota de sangue, mesmo depois de cortar a garganta do meu irmão. — Sei que parece r**m, mas você não entende. — Disse Luca, sua expressão torturada. — Eu a amo. Uma calma terrível desceu sobre mim. — Você a ama. — Sim. — Seu rosto suavizou. — Ela é incrível. Linda, inteligente... — Você a ama, mas está fodendo tudo o que se move nas últimas duas semanas. — Eu não. — Luca ficou vermelho brilhante. — Foi um ato para manter minha reputação, sabe? Tive que sair um pouco porque sua prima fugiu e seu tio estava reprimindo toda a família, mas fomos cuidadosos. Nunca estive mais perto de assassinar um m****o da família. — Aparentemente, não suficientemente cuidadoso. — Rosnei, ganhando outra vacilada. Respirei fundo e esperei que a raiva explosiva passasse antes de me sentar, lenta e deliberadamente, para não cruzar a mesa e estrangular meu único irmão. — Quer saber como consegui essas fotos, Luca? Ele abriu a boca, depois fechou e balançou a cabeça. — Francis Lau entrou no meu escritório há duas semanas e as jogou na minha mesa. Coincidentemente, esteve na cidade mais cedo e viu você com Maria. Reconheceu vocês dois e os seguiu. Uma vez que conseguiu o que precisava, veio para fazer um acordo. — Um sorriso fino tocou meus lábios. — Importa-se de adivinhar quais são os termos do acordo? Luca balançou a cabeça novamente. — Eu me caso com a sua filha, e ele guardará as provas para si mesmo. Se eu não fizer isso, enviará as fotos para Romano e você morrerá. Eu tinha uma excelente força de segurança privada. Eram bem treinados, profissionais e moralmente flexíveis o suficiente para lidar com intrusos de uma maneira que dissuadia futuros intrusos de me atravessarem. No entanto, havia uma diferença entre segurança e punição e guerra com a p***a da máfia. Os olhos de Luca se arregalaram. — Merda. — Esfregou a mão no rosto. — Dante, eu... — Não diga outra palavra. Aqui está o que vai fazer. — Eu o prendi com um olhar duro. — Cortará todo o contato com Maria, com efeito imediato. Não dou a mínima se ela é sua verdadeira alma gêmea e nunca mais encontre o amor depois dela. A partir deste momento, ela não existe para você. Não verá, falará, ou se comunicará com ela. Se fizer isso, vou congelar todas as suas malditas contas e colocarei na lista n***a qualquer pessoa que o ajude financeiramente. Nosso avô estava ciente dos hábitos de gastos de Luca e me deixou o controle total da empresa e das finanças da família em seu testamento. Estar na lista n***a comigo significava estar na lista n***a por todos em nosso círculo social, e mesmo os amigos idiotas de Luca não eram estúpidos o suficiente para arriscar isso. — Também estou cortando sua mesada mensal pela metade até provar que é capaz de fazer escolhas melhores. — O quê? — Luca explodiu. — Você não pode... — Interrompa-me novamente e será reduzida a zero. — Disse friamente. Ele ficou em silêncio, sua expressão rebelde. — Ganhará a metade restante do dinheiro aceitando um emprego em uma de nossas lojas, onde será tratado como qualquer outro funcionário. Sem regalias especiais, sem beber ou f***r no trabalho e sem sair para almoçar e voltar duas horas depois. Se você se descuidar, será completamente cortado. Entendeu? Depois de um longo silêncio, apertou os lábios em uma linha fina e deu um aceno curto. — Bom. Agora dê o fora do meu escritório. Se eu tivesse que olhar para ele por mais um minuto, poderia fazer algo de que me arrependeria. Deve ter percebido o perigo iminente porque se levantou e correu para a saída sem dizer mais nada. — E Luca? — Eu o parei antes que abrisse a porta. — Se eu descobrir que violou minhas regras e entrou em contato com Maria novamente, eu mesmo te mato. Meu punho bateu em seu estômago, duro e preciso. Meu primeiro golpe da noite. A adrenalina zumbiu através de mim enquanto Kai grunhia com o impacto. Qualquer outra pessoa teria tropeçado e perdido o fôlego, mas no verdadeiro estilo Kai, só parou por alguns segundos antes de se livrar. — Parece chateado. — Disse enquanto contra-atacava com um gancho de esquerda. Eu o evitei com milímetros de sobra. — Dia r**m no trabalho? Uma pitada de diversão sombreou sua pergunta apesar do golpe direto que tinha acabado de levar. — Algo parecido. O suor escorria pela minha testa e cobria minhas costas enquanto resolvia minhas frustrações no ringue. Vinha direto para o Valhalla Club depois do trabalho. A maioria dos membros preferia o spa no local, restaurantes ou clube de cavalheiros de luxo, o que significava que a academia de boxe raramente via qualquer tráfego, exceto eu e Kai. — Ouvi dizer que o acordo Santeri está avançando, então não pode ser isso. — Kai m*l estava sem fôlego, apesar da agressividade de nossa rodada de a******a. — Talvez não seja trabalho. Talvez... — Sua expressão se tornou especulativa. — Tem a ver com seu noivado com uma certa herdeira de joias. Ele soltou outro pequeno grunhido quando dei um golpe em suas costelas, mas isso não o impediu de rir da minha carranca. — Deveria saber melhor do que tentar manter algo tão grande em segredo. — Disse ele. — Todo o escritório está zumbindo sobre isso. — Sua equipe deveria passar mais tempo trabalhando e menos tempo fofocando. Talvez então, a circulação não caísse. Meu anúncio de noivado não estava programado para ser veiculado na cobiçada seção de estilo on-line do Mode de Vie até meados de setembro, mas o outlet de moda e estilo de vida de luxo era a joia da coroa do império de mídia dos Youngs. Ficaria surpreso se Kai não soubesse do noivado com antecedência. — Nunca pensei que veria o dia em que se casaria. — Ignorou minha provocação. — Com Vivian Lau, nada menos. Como conseguiu mantê-la em segredo por tanto tempo? — Ainda não estamos casados. — Bloqueei outra tentativa de soco. — E não a mantive em segredo. Nosso compromisso é um acordo de negócios. Não bebi vinho e jantei com ela antes de fecharmos o negócio. A palavra noivado deixou um gosto amargo na minha boca. O pensamento de me algemar a alguém pelo resto da minha vida era tão atraente quanto entrar no oceano com blocos de concreto amarrados aos meus pés. Preferia o trabalho às pessoas, muitas das quais não gostavam de ficar em segundo lugar em contratos e reuniões, mas os negócios eram lucrativos, práticos e, na maioria das vezes, previsíveis. Os relacionamentos não eram. — Isso faz mais sentido. — Disse Kai. — Deveria saber que fusões e aquisições tomariam conta até mesmo de sua vida pessoal. — Engraçado. Sua risada desapareceu quando o acertei com um gancho de direita no queixo e retaliou com um soco que tirou o ar dos meus pulmões. Nossa conversa foi diminuindo, substituída por grunhidos e xingamentos enquanto esmurrávamos um ao outro. Kai era a pessoa mais gentil que conhecia, mas tinha uma veia competitiva feroz. Começamos a lutar boxe juntos no ano passado e se tornou meu parceiro para desabafar porque ele nunca se contia. Quem precisava de terapia quando se podia dar um soco na cara do seu amigo toda semana? Acerte, abaixe, desvie, acerte. Repetidas vezes até terminarmos a noite com um empate e significativamente mais hematomas do que quando entramos, mas finalmente consegui superar minha raiva, e quando encontrei Kai no vestiário depois do meu banho, ganhei clareza suficiente para não perder a cabeça com meu irmão novamente. Estive tão perto de cortá-lo depois de nossa conversa naquela tarde, promessas e condições que se danem. Seria bom para ele, mas não tinha energia para lidar com seu inevitável acesso de raiva agora. — Sente-se melhor? — Kai estava vestido quando entrei. Camisa de botão, blazer, armação fina de arame preto. Todos os vestígios do lutador letal do ringue haviam desaparecido, substituídos pelo epítome da sofisticação acadêmica. — Ligeiramente. — Eu me vesti e esfreguei a mão no meu maxilar dolorido. — Você tem um soco malvado. — É por isso que ligou. Você odiaria se eu pegasse leve contigo. Eu bufei. — Tanto quanto odiaria perder. Saímos da academia e pegamos o elevador até o primeiro andar. O Valhalla Club era uma sociedade global exclusiva para aqueles com um certo patrimônio líquido e tinha filiais em todo o mundo. No entanto, sua sede em Nova York era a maior e mais opulenta, abrangendo quatro andares e um quarteirão inteiro na parte alta de Manhattan. — Encontrei Vivian algumas vezes. — Kai disse casualmente enquanto as portas do elevador se abriam. — Ela é linda, inteligente, charmosa. Poderia ter feito muito pior. A irritação cintilou em meu peito. — Talvez devesse se casar com ela em vez disso. Não me importava se Vivian era uma santa supermodelo que salvava filhotes de prédios em chamas em seu tempo livre. Era simplesmente alguém que eu tinha que tolerar até destruir todas as fotos. Infelizmente, a última atualização de Christian confirmou que Francis armazenou as fotos digital e fisicamente. Christian poderia facilmente cuidar das evidências digitais, mas destruir evidências físicas era mais complicado quando não sabíamos quantas cópias Francis tinha. Não podia arriscar fazer um movimento até que estivéssemos cem por cento certos de que tínhamos rastreado todo o seu estoque. — Se eu pudesse, casaria. — As sombras nos olhos de Kai desapareceram tão rapidamente quanto vieram à tona. Como herdeiro da fortuna Young, seu futuro estava ainda mais gravado em pedra do que o meu. — Tudo o que estou dizendo é, não seja um i****a. — Kai acenou com a cabeça em saudação para um m****o do clube que passava e esperou até que estivessem fora do alcance da voz antes de acrescentar: — Não é culpa dela que esteja presa com um bruto como você. Se ele soubesse. — Preocupe-se menos com a minha vida pessoal e mais com a sua. — Levantei uma sobrancelha para suas abotoaduras. Leões de ouro com olhos de ametista, parte do brasão da família Young. — Leonora Young não esperará para sempre por um neto. — Felizmente para ela, já tem dois, cortesia da minha irmã. E não tente desviar. — Atravessamos a reluzente entrada de mármore preto até a saída. — Quis dizer o que disse sobre Vivian. Seja legal. Meus dentes de trás se apertaram. Quer gostasse dela ou não, Vivian era minha noiva, e estava ficando muito cansado de ouvir o nome dela sair de sua boca. — Não se preocupe. — Disse. — Vou tratá-la exatamente do jeito que ela merece.
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