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2558 Palavras
Dante — O casamento acontecerá em seis meses. — disse Francis. — É tempo suficiente para planejar uma celebração adequada sem arrastar as coisas por muito tempo. No entanto, os anúncios públicos devem sair imediatamente. Ele sorriu, não mostrando nenhum indício da cobra enrolada sob seu tom e expressão geniais. Fomos para a sala de jantar logo após a minha chegada e a conversa imediatamente se desviou para o território do planejamento do casamento. Desgosto enrolou através de mim. Claro que ele gostaria que o mundo soubesse que sua filha estava se casando com um Russo o mais rápido possível. Homens como Francis fariam qualquer coisa para aumentar sua posição social, incluindo encontrar coragem para me chantagear em meu escritório há duas semanas, logo após a morte do meu avô. A fúria reacendeu em meu peito. Se eu pudesse, não teria saído de Nova York com os ossos intactos. Infelizmente, minhas mãos estavam atadas, metaforicamente falando, e até encontrar uma maneira de desamarrá-las, tinha que jogar bem. Em sua maioria. — Não, não vai. — Enrolei meus dedos na haste da minha taça de vinho e imaginei que era o pescoço de Francis que estrangulava em vez disso. — Ninguém vai acreditar que estou me casando com alguém em tão pouco tempo, a menos que algo esteja errado. Por exemplo, sua filha está grávida e este é um casamento forçado. A insinuação fez todos se mexerem em seus assentos enquanto mantive meu rosto em branco e minha voz entediada. A contenção não me vinha naturalmente. Se eu não gostasse de alguém, certificava-me de que soubessem, mas circunstâncias extraordinárias exigiam medidas extraordinárias. A boca de Francis se apertou. — Então o que sugere? — Um ano é um prazo mais razoável. Nunca era melhor, mas, infelizmente, não era uma opção. Um ano serviria. Era curto o suficiente para que Francis concordasse com isso e longo o suficiente para eu encontrar e destruir as evidências da chantagem. Esperançosamente. — Os anúncios também devem sair mais tarde. — Disse. — Um mês nos dá tempo para elaborar uma história adequada, considerando que sua filha e eu nunca fomos vistos juntos em público antes. — Não precisamos de um mês para inventar uma história. — Retrucou. Embora os casamentos arranjados fossem comuns na alta sociedade, as partes envolvidas faziam um grande esforço para esconder a verdadeira razão por trás das núpcias. Reconhecer uma família unida a outra simplesmente por razões de status era considerado vulgar. — Duas semanas. — Disse ele. — Anunciaremos no fim de semana que Vivian se muda para sua casa. Minha mandíbula tensionou. Ao meu lado, Vivian enrijeceu, claramente pega de surpresa pela revelação de que teria que se mudar antes do casamento. Era uma das estipulações de Francis para manter a boca fechada e estava temendo isso. Odiava pessoas invadindo meu espaço pessoal. — Tenho certeza de que sua família também gostaria que os anúncios fossem divulgados mais cedo ou mais tarde. — Continuou Francis, enfatizando suavemente a palavra família. — Não concorda? Segurei seu olhar até que se mexeu e desviou o olhar. — Duas semanas então. A data do anúncio não importava. Simplesmente queria tornar o planejamento o mais difícil possível para ele. O que importava era a data do casamento. Um ano. Um ano para destruir as fotos e romper o noivado. Seria um grande escândalo, mas minha reputação poderia ser atingida. Os Laus não podiam. Pela primeira vez naquela noite, sorrio. Francis se mexeu novamente e limpou a garganta. — Excelente. Vamos trabalhar juntos para redigir... — Vou redigi-lo. Próximo. Ignorei seu olhar e tomei outro gole de merlot. A conversa se transformou em um entorpecente resumo de convites de convidados, flores e um milhão de outras coisas para as quais não dava a mínima. A raiva inquieta se agitou sob minha pele enquanto desligava Francis e sua esposa. Em vez de trabalhar no acordo de Santeri ou relaxar no Valhalla Club, estava preso entretendo suas besteiras em uma noite de sexta-feira. Ao meu lado, Vivian comia em silêncio, parecendo perdida em pensamentos. Depois de vários minutos de silêncio tenso, finalmente falou. — Como foi seu voo? — Bem. — Aprecio por ter tido tempo para voar quando poderíamos ter nos encontrado em Nova York. Sei que deve estar ocupado. Cortei um pedaço de vitela e levei-o à boca. O olhar de Vivian fez um buraco na minha bochecha enquanto mastigava vagarosamente. — Também ouvi dizer que quanto mais zeros alguém tem em sua conta bancária, menos palavras são capazes de falar. — Sua voz enganosamente agradável poderia ter cortado manteiga. — Está provando que o boato está correto. — Achei que uma herdeira da sociedade como você saberia melhor do que discutir dinheiro em uma companhia educada. — A palavra-chave é educada. Um fantasma de um sorriso cintilou sobre minha boca. Em circunstâncias normais, poderia ter gostado de Vivian. Era linda e surpreendentemente espirituosa, com olhos castanhos inteligentes e o tipo de estrutura óssea naturalmente refinada que nenhuma quantia de dinheiro poderia comprar, mas com suas pérolas e tweed Chanel, parecia uma cópia xerográfica de sua mãe e de todas as outras herdeiras tensas que só se importavam com seu status social. Além disso, era filha de Francis. Não era sua culpa ter nascido para o bastardo, mas eu não dava a mínima. Nenhum grau de beleza poderia apagar essa mancha em seu registro. — Não é educado falar com um convidado dessa maneira. — Zombei suavemente. Alcancei o sal. Minha manga roçou seu braço, e ela ficou visivelmente tensa. — O que seus pais diriam? Tinha cronometrado as interrupções de Vivian em menos de uma hora desde que nos conhecemos. Perfeccionismo, não confronto, uma necessidade desesperada de aprovação dos pais. Chata, chata, chata. Seus olhos se estreitaram. — Dizem que os hóspedes devem aderir às sutilezas sociais tanto quanto o anfitrião, incluindo fazer um esforço para manter uma conversa educada. — Sim? As sutilezas sociais incluem se vestir como se tivesse saído de uma fábrica da Fifth Avenue Stepford Wives5? Lancei um olhar sobre seu terno e pérolas. 5-Ele faz referência ao filme Mulheres Perfeitas (2004). Não dava a mínima se pessoas como Cecelia usavam uma roupa dessas, mas Vivian parecia tão deslocada naquelas roupas deselegantes quanto um diamante em um saco de estopa. Isso me irritou sem uma boa razão. — Não, mas certamente não incluem arruinar um bom jantar com descortesia. — Vivian disse friamente. — Deveria comprar um bom conjunto de boas maneiras para combinar com seu terno, Sr. Russo. Como CEO de artigos de luxo, sabe melhor do que ninguém como um acessório feio pode arruinar uma roupa. Outro sorriso, ainda fraco, mas mais concreto. Afinal, não tão chata. No entanto, as brasas da minha diversão sibilaram em uma morte enfumaçada quando sua mãe se inseriu em nossa conversa. — Dante, é verdade que todos os Russos se casam na propriedade da família no Lago Como? Ouvi dizer que as reformas serão concluídas no próximo verão antes do casamento. Meu sorriso desapareceu quando meus músculos se contraíram com o lembrete. Afastei-me de Vivian para encarar a expressão ansiosa de Cecelia. — Sim. — Disse, meu tom cortante. — Todos os casamentos Russo acontecem na Villa Serafina desde o século XVIII. Meu bisavô muitas vezes construiu a vila e deu o nome de sua esposa. Minha família pode traçar suas raízes até a Sicília, mas depois migraram para Veneza e construíram uma fortuna negociando têxteis de luxo. Quando o boom comercial de Veneza terminou, diversificaram o suficiente para manter suas riquezas que usaram para adquirir propriedades em toda a Europa. Agora, séculos depois, meus parentes modernos estavam espalhados pelo mundo; Nova York, Roma, Suíça, Paris, mas Villa Serafina continuava sendo a mais amada de todas as propriedades da família. Prefiro me afogar no Mediterrâneo do que manchá-la com uma farsa de casamento. Minha raiva voltou rugindo. — Maravilhoso! — Cecília sorriu. — Oh, estou tão feliz que fará parte da família em breve. Você e Vivian são uma par perfeito. Sabe, ela fala seis idiomas, toca piano e violino e... — Com licença. — Empurrei minha cadeira para trás, cortando Cecelia no meio da frase. As pernas rasparam no chão com um guincho satisfatoriamente áspero. — Natureza chama. O silêncio bateu na esteira da minha rudeza chocante. Não esperei ninguém falar antes de sair e deixar um Francis furioso, Cecelia perturbada e Vivian com o rosto vermelho na sala de jantar. Minha raiva permaneceu uma queimadura inquieta sob minha pele, mas esfriou a cada passo mais longe deles. No passado, exigi retribuição aqueles que me atravessaram imediatamente. f**a-se a vingança sendo um prato que se come frio; meu lema sempre foi ataque rápido, ataque forte e ataque verdadeiro. O mundo se movia rápido demais para que eu não me movesse junto com ele. Cuidava do problema com severidade suficiente para garantir que não haveria problemas futuros e seguia em frente. Resolver a situação de Lau, por outro lado, exigia paciência. Era uma virtude com a qual não estava familiarizado, e se esticava sobre mim como um terno m*l ajustado. O eco dos meus passos desapareceu quando o piso de mármore deu lugar ao carpete. Tinha visitado mansões o suficiente com layouts semelhantes para adivinhar onde ficava o banheiro, mas ignorei em favor da sólida porta de mogno no final do corredor. Um giro da maçaneta revelou um escritório com o estilo de uma biblioteca inglesa. Painéis de madeira, móveis de couro estofados, detalhes em verde floresta. O santuário interior de Francis. Pelo menos não estava excessivamente enfeitado com ouro como o resto da casa. Meus olhos estavam começando a sangrar da monstruosidade. Deixei a porta aberta e caminhei até a mesa, meu passo sem pressa. Se Francis tivesse algum problema comigo bisbilhotando em seu escritório, era bem-vindo para me confrontar. Ele não era e******o o suficiente para deixar as fotos atrás de uma porta destrancada quando sabia que eu estaria aqui esta noite. Mesmo que as fotos estivessem aqui, teria cópias guardados em outro lugar. Acomodei-me em sua cadeira, peguei um charuto cubano da caixa em sua gaveta e o acendi enquanto examinava o quarto. Minha raiva deu lugar ao cálculo. A tela escura do computador me tentou, mas deixei o hacking para Christian, que estava rastreando cópias digitais das fotos. Passei para uma foto emoldurada de Francis e sua família nos Hamptons. A pesquisa me disse que tinham uma casa de verão em Bridgehampton, e aposto meu recém-adquirido Renoir6, que mantinha pelo menos um conjunto de evidências lá. Onde mais… — O que está fazendo? A fumaça do meu charuto obscureceu o rosto de Vivian, mas sua desaprovação veio em alto e bom som. Isso foi rápido. Esperava pelo menos mais cinco minutos antes que seus pais a forçassem a vir atrás de mim. — Desfrutando de uma pausa para fumar. — Dei outra tragada preguiçosa. Não tocava em cigarros, mas me entregava ao ocasional Cohiba7. Pelo menos Francis tinha bom gosto para tabaco. — No escritório do meu pai? — Obviamente. — A satisfação sombria encheu meu peito quando a fumaça se dissolveu para revelar a carranca de Vivian. Finalmente. Alguma emoção visível. Comecei a pensar que estava preso a um robô pelo resto do nosso compromisso ridículo. Ela atravessou a sala, arrancou o charuto da minha mão e o deixou cair no copo meio vazio de água sobre a mesa sem tirar os olhos dos meus. — Entendo que provavelmente está acostumado a fazer o que quiser, mas é extremamente rude escapar durante um jantar e 6-Artista francês considerado um dos principais pintores no desenvolvimento do estilo impressionista. 7-Charuto. fumar no escritório do seu anfitrião. — A tensão cobria suas feições elegantes. — Por favor, junte-se a nós na sala de jantar. Sua comida está esfriando. — Isso é problema meu, não seu. — Eu me inclinei para trás. — Por que não se junta a mim para uma pausa? Prometo que será mais agradável do que a mão de sua mãe torcendo por arranjos florais. — Baseado em nossas interações até agora, duvido. — Retrucou. Observei, divertido, enquanto ela respirava fundo e soltava em uma expiração longa e controlada. — Não entendo por que está aqui. — Disse Vivian, sua voz mais calma. — Está claramente insatisfeito com o acordo, não precisa do dinheiro ou da conexão com minha família e pode ter qualquer mulher que quiser. — Posso? — Questionei. — E se eu quiser você? Seus dedos se fecharam em punhos soltos. — Não quer. — Você se dá muito pouco crédito. — Levantei-me e circulei a mesa até ficar perto o suficiente para ver o pulso vibrando em seu pescoço. Quão mais rápido ficaria se eu enrolasse seu cabelo em volta do meu punho e pusesse sua cabeça para trás? Se eu a beijasse até que sua boca ficasse machucada e subisse sua saia até que me implorasse para fodê-la? Calor correu para minha virilha. Não estava interessado em realmente fodê-la, mas era tão empertigada e apropriada que implorava por corrupção. O silêncio era ensurdecedor quando levantei minha mão e rocei meu polegar sobre seu lábio inferior. A respiração de Vivian ficou ofegante, mas não se afastou. Ela olhou para mim, olhos cheios de desafio enquanto explorava a curva exuberante de sua boca. Era cheio, suave e perturbadoramente tentador em comparação com a formalidade rígida do resto de sua aparência. — É uma mulher bonita. — Disse preguiçosamente. — Talvez tenha visto você em um evento e fiquei tão apaixonado que pedi sua mão em casamento a seu pai. — De alguma forma, duvido que isso tenha acontecido. — Sua respiração flutuou sobre minha pele. — Que tipo de acordo fez com meu pai? A lembrança do acordo matou a sensualidade do momento tão rápido quanto veio. Meu polegar parou no centro de seu lábio inferior antes de eu soltar minha mão com uma maldição silenciosa. Minha pele formigava com o calor da memória de sua suavidade. Odiava Francis pela chantagem, mas detestava Vivian por ser seu peão. Então, o que diabos estava fazendo, brincando com ela em seu escritório? — Deveria fazer essa pergunta ao seu querido pai. — Meu sorriso cortou meu rosto, c***l e desprovido de humor enquanto recuperava minha compostura. — Os detalhes não importam. Só sei que se tivesse outra escolha, não estaria me casando, mas negócios são negócios, e você... — Dei de ombros. — É simplesmente parte do negócio. Vivian não sabia da manipulação do pai. Francis tinha me avisado para não lhe contar, não que fosse contar, de qualquer maneira. Quanto menos pessoas soubessem da chantagem, melhor. Ele descobriu um dos meus poucos pontos fracos, e seria amaldiçoado se o transmitisse para o mundo. Os olhos de Vivian brilharam de raiva. — Você é um i****a. — Sim, sou. Melhor se acostumar, mia cara8, porque também sou seu futuro marido. Agora, se me der licença... — Endireitei meu casaco com cuidado deliberado. — Tenho que voltar para o jantar. Como disse antes, minha comida está esfriando. Passei por ela, deleitando-me com o delicioso sabor de sua indignação. Um dia, ela realizaria seu desejo tácito e acordaria com um noivado rompido. Até então, esperaria meu tempo e jogaria junto porque o ultimato de Francis tinha sido claro. Casar com Vivian, ou meu irmão morreria.
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