TABU

Episódio 4

Olho para o vovô antes de sermos consumidos pelos outros casais na pista de dança.

— Não se preocupe. Diz o Sr. Winters. — Apenas dance comigo.

Parece uma boa ideia. Até porque quando ele coloca a mão na minha cintura, minha mão direita sobe e começamos a balançar de um lado para o outro. O mundo começa a girar novamente. Seguro a sua lapela para acalmar o meu estômago enjoado antes que ele balance a cabeça com uma risada bem-humorada.

— Sarah, você já dançou com um homem?

Estou prestes a dizer “é claro”, mas então percebo que não. A única vez que dancei com alguém assim foi no baile de formatura do ensino médio, e Jason era definitivamente um menino, não um homem. Ele foi meu primeiro e único namorado de verdade.

E, falando sério, apenas um foi o suficiente para me afastar do resto de todos os rapazes do ensino médio. Eles também adicionaram álcool ao ponche do baile, mas pelo menos eu estava alerta e só bebi da água engarrafada que trouxe comigo. Jason continuou a ficar louco e eu passei a noite inteira rejeitando os seus avanços bêbados e as suas mãos curiosas.

Que divertido. Vocês podem imaginar.

— Não. Balanço a cabeça.

— BOM.

O Sr. Winters sorri para mim e por um segundo ele parece mais um lobo do que um deus viking.

Cintilação. O que isso significa? Este homem era o novo marido da minha mãe. Estávamos em uma valsa de pai e filha. O que estava acontecendo? Estou tão confusa e o mundo está girando tantas vezes.

O Sr. Winters pega a minha outra mão e a coloca em seu ombro largo.

Eu tropeço, me fazendo apoiar em seu peito. Cheira tão, tão bem. O cheiro de sua colônia misturado com o seu próprio perfume é fresco e revigorante e, cara, o seu peito irradia calor.

Minha cabeça está pesada, então eu a deito. O tecido do seu smoking é macio contra a minha bochecha. Ele ri e sinto a vibração profunda em seu peito e as batidas de seu coração. Elas são tão fortes e constantes.

Eu gosto.

E está quente. Eu mencionei isso? Está muito quente.

Eu bocejo. A música parece estar na água. É como um ruído de fundo para o meu coração batendo. Uma percussão.

Tucutun, tucutun, tucutun...

Uma oscilação para frente e para trás.

— Acho que é hora da Cinderela dormir. Ouço o sussurro estrondoso como se estivesse em um sonho. É um sonho muito bom.

Até o meu estômago revirar com a acidez. Eu seguro a minha barriga.

— Não me sinto bem.

— Uh-huh. Diz o Sr. Winters com a mão na minha cintura. Isso definitivamente significa que a dança acabou.

Pisco e olho em volta, saindo do meu estado nebuloso. Nossa, me sinto infeliz e estou em uma sala cheia de estranhos.

Nenhuma dessas pessoas é meu amigo. E a triste realidade é que não tenho nenhum. Tenho muitos conhecidos, mas nenhum amigo de verdade.

Estou sozinha no mundo.

Eu tropeço para longe do Sr. Winters, indo em direção ao que espero ser o fim da pista de dança.

Um Uber. Sim.

É disso que preciso. Chamar um Uber.

Só preciso do meu celular.

Enfio a mão no bolso, só que este vestido não tem. Mer*da, vestido estú*pido.

Odeio vestidos, nunca os uso.

Como faço para ligar para um Uber sem o meu celular?

Por que as luzes não param de girar? Cambaleio, ainda segurando a barriga enquanto dou outro passo trêmulo em direção à multidão.

— Cuidado, Cinderela. Braços fortes me envolvem por trás.

Cordialidade. Um calor maravilhoso atrás de mim. A sua voz profunda e estrondosa está lá e imediatamente o estresse, a ansiedade e a confusão que senti há pouco desaparecem.

— Aonde você pensa que está indo? Por que você não deixa Dominick e eu te levarmos para casa?

— Mas... Eu olho para trás. Dominick está atrás do seu pai.

Ambos têm expressões semelhantes de preocupação em seus rostos bonitos e esculpidos. Olho de um para outro, sem palavras por um momento. Mas, então me lembro de minhas objeções.

— A festa. Eu franzir a testa. — É sua. Só preciso do meu celular e de um Uber. Pisco e levanto os olhos para ver os olhos verdes do Sr.Inverno.

— Estarei bem. Eu sempre estou.

Quando ele ouve isso, ele levanta as sobrancelhas e sinto vontade de encolher imediatamente. Ele parece irritado com o que eu disse. Eu o decepcionei de alguma forma?

— Claro, Sarah. Tenho certeza que você está bem. Você ficou vergonhosamente bêbada no casamento da sua mãe e não há dúvida de que está fazendo uma cena agora.

Olho em volta para ver quem está nos observando.

— Sinto muito. Sussurro, olhando para o chão, completamente horrorizada. Ah, que coisa, eu realmente sou filha da minha mãe.

— Pare. Uma mão grande passa por baixo do meu queixo e levanta suavemente o meu rosto. Mesmo no meu estado confuso, o ponto de conexão onde o Sr. Winters me toca me faz iluminar por dentro. — Chega de bobagens. Agora vamos levá-la para casa sã e salva.

Dominick acena ao lado de seu pai. Seu rosto mostra resolução.

— Estou com a bolsa e o casaco dela. Podemos ir agora. Sr. Winters balança a cabeça e agarra o meu braço.

— Apenas se segure em mim e mantenha a cabeça o mais erguida que puder. Nenhuma dessas pessoas importa, mas você deve sempre segurá-las. Você é uma rainha. Lembre-se disso, doçura.

Engulo em seco, mas faço o que ele diz, mesmo que ele esteja segurando o meu braço como se fosse uma tábua de salvação. Dominick caminha do meu lado oposto.

Com os dois homens me cobrindo de cada lado quando saímos do salão de baile, protegendo-me de qualquer olhar acusatório ou de desaprovação, consigo manter a cabeça erguida. Tento andar o mais normalmente possível e só tropeço uma vez. O Sr. Winters me mantém firme de tal forma que, no próximo passo que dermos, continuamos avançando com facilidade e finjo que o tropeço foi quase imperceptível para quem nos observa.

E antes que eu perceba, estamos do lado de fora. O ar fresco da brisa noturna é bem recebido pelas minhas bochechas superaquecidas. Eu inspiro, mas só consigo respirar algumas vezes antes que o meu estômago enjoado me faça resmungar e segurar minha barriga.

— Acho que vou... é tudo o que consigo dizer antes de me dobrar e vomitar nos arbustos que cobrem a calçada do hotel.