Porque eu o amo... nossa, como amo.

1542 Palavras
Meu peito queimou. Eu já estava no limite, e o rancor contra minha mãe, contra o pai, contra tudo, borbulhava por dentro. E não demorou para ouvir a voz venenosa que me acompanhava desde sempre. — Edgar, O que você está fazendo! Minha mãe, com aquele olhos controladores. Se aproximou da liana em apoio. Como se eu fosse o pior monstro. — Não pode tratar sua mulher assim! — Não me diga o que fazer. Ela me olhou ainda mais furiosa.. — É pra isso que você quer casar? Pra maltratar essa pobre menina? — Estou bem Olivia... Eu estou bem. Liana diz, mas já era tarde. Ela trouxe isso pra nós, que merda... — Não você não está! Eu não criei ele pra isso. Ela me olhou furiosa.. — Peça desculpas a sua mulher, seja homem Edgar! A raiva gritou em mim, fúria... Muita. Me aproximei dela com sangue nos olhos. — Eu não sou mais um moleque que você pode dar ordens e manipular! Ela tremeu com meu tom de voz. — Se é aqui que você quer ficar liana, fica. Mas eu não passo mais um minuto nessa casa! Me afastei pra porta enquanto liana me chamava, mas foi só a voz venenosa daquela mulher que se dizia ser minha mãe que eu ouvir: — Você nunca vai ser feliz enquanto se apegar a rancores do passado. Eu fiz o que era certo para a família. Explodi. A raiva acumulada nos últimos anos transbordou. Minha voz saiu dura, quase um rugido: — Chega! Chega de tentar me controlar! Chega de jogar culpa em mim! Eu não sou seu fantoche! minha mãe franziu o cenho, ainda com aquele ar de quem tudo sabe. — Edgar… por favor! liana implorou, amparada por aquela mulher, mas eu não ouvi mais nada. Peguei minhas chaves, cada passo ecoando na casa, cada respiração pesada misturada à raiva e à confusão. Julien ouvia tudo e se aproximou assim que me viu. — Edgar, aonde você vai? — Eu preciso ir! gritei, sem olhar para trás. Dentro de mim era um turbilhão: culpa pelo que fiz, o peso com Liana, ódio da minha mãe… e, no meio de tudo, só uma imagem vinha para me aliviar. Clarisse. A lembrança dela era a única válvula de escape, o único lugar onde eu podia respirar, onde tudo fazia sentido. E era para lá que eu iria. O carro me esperava, e cada movimento meu era um misto de raiva, desejo e desespero. Eu precisava vê-la, precisava tocar naquilo que há anos me pertencia, mesmo que fosse impossível. Enquanto dirigia, sentia meu coração bater descontrolado. A briga, o perfume, as palavras da minha mãe… tudo queimava dentro de mim, mas a imagem dela acalmava, excitava, provocava. Clarisse era meu ponto de fuga, meu desejo e minha dor ao mesmo tempo. Eu não ia me controlar. Eu precisava dela. Mandei uma mensagem rápida, curta e que eu esperava ansiava que ela pudesse entender minha emergência. ... CLARISSE: Estava em casa, vendo Donna se arrumar pra festa. Ela parecia animada, dizendo que hoje era o dia dela conquistar a aposentadoria, e me convidava pra ir junto. — Você vai? perguntou, ajeitando o cabelo. — Até poderia te acompanhar, mas não vou trabalhar hoje à noite. respondi, tentando parecer calma. Ela zombou, rindo: — Já tá se fidelizando, é isso? Não sei se foi em tom de julgamento ou de admiração, foi quase impossível decifrar. Quase respondi, mas meu celular vibrou. Uma mensagem que fez meu coração acelerar: "—Preciso te ver, tem que ser agora, preciso de você, Clarisse." A urgência nas palavras me queimou por dentro. Ainda era aquele perfil falso, e eu sabia que era ele. Donna percebeu meu estado e suspirou: — Pelo visto vou sozinha mesmo. — É o Edgar... Ele me mandou mensagem dizendo que precisa me ver. Tentei me desculpar, e ela me alertou: — Não dá prioridade demais pra ele, Clarisse. Disponibilidade demais tira valor. Vocês não se viram hoje? Mas como eu poderia ouvir isso? Não era qualquer um… era o Edgar! Meu coração não sabia lidar com ele. — Não vai ficar fácil pra ele, ele está noivo e você tem a chance de sair disso, mesmo que não ame o Gusmão, cuidado com as escolhas que está fazendo, ele pode te decepcionar por causa dessa gravidez da noiva dele. Respirei fundo. Ela tinha razão e eu sabia que não podia me doar tanto, não agora... — Tá... Deixa eu ir, você já está com o Bonitão na agulha... Beijinho. Se afastou me deixando com aquelas palavras de controle.. como ela conseguia ser assim? mudei o caminho. Estava toda arrumada, perfumada. Vestido provocante. Como sempre usava pra sair com a Donna. Já não fazia mais trabalhos noturnos, mas fazia companhia, e cobrava por isso. As palavras dela estavam martelando em minha mente, sobre o Gusmão, a proposta e essa nova realidade com o Edgar. Que era mais incerto do que qualquer coisa que já fiz em minha vida. Eu não quero ser amante, nunca quis, muito menos dele. Dele nunca! Enchi o peito de ar com um suspiro fundo e decidi que seria aquela noite... Um único teste, uma única escolha, e ela não seria minha, as ações dele responderiam por si só, se aquele amor ainda estava ali... Tão puro quanto foi um dia. Ou se não passaria de fogo em palha já usada. .... Antes de descer, mandei mensagem perguntando onde ele estava. Ele respondeu rápido: — Pega um táxi. Não vem de carro, estou com o meu aqui. E me mandou a localização. Peguei o táxi e segui até ele. Quando desci, o vi de longe, encostado no carro, no meio do nada. O clima que emanava dele era pesado, carregado de tensão. Novamente inflei o peito de ar e me aproximei. Devagar, sem pressa, me encostando no capô ao lado dele. O silêncio entre nós parecia gritar. — Eu briguei com ela… ele soltou. Meu coração doeu. Nem conseguia olhar para ele. Era isso que ele tinha pra me falar? Falar ... Da mulher que ele divide a cama? Da mesma que ele jurou que não era nada pra mim, e agora era noivo dela? — Edgar… me chamou aqui pra isso? arrisquei, mantendo a voz firme, mas foi quase impossível não derramar a insatisfação no tom da voz, que tremeu sutilmente. Mas ele notou. Me olhou pesado, e algo na expressão dele me fez tremer: — Eu não deveria ter vindo. Me afastei um pouco, tentando recobrar a compostura. — Não… disse ele, segurando meu braço e me colocando de volta no carro. O frio em volta nem se comparava ao frio que estava ardendo no meu peito, aquele angustiado. Ele soltou um respirar pesado, seus ombros decairam como se estivesse exausto daquilo tudo. — Me diz o que fazer... pediu, a voz rouca, intensa. Quando ele aproximou o nariz do meu, tentei me esquivar não o deixando ter acesso. Não, tão fácil assim. — Você tá confuso? — Não… respondeu, firme. — É mais complicado que isso! Complicado era até suave de falar. — Você vai casar com ela por causa do filho? perguntei, meu peito apertado. Ele suspirou pesado, segurando meu rosto com força, e disse: — Não foge de mim, Clarisse. Disse como ordem e como redenção, até medo eu pude sentir emanando daquela voz. Ou talvez era só uma boba apaixonada se apegando a qualquer vestígio, só pra ter desculpa pra ficar e aceitar. — Tenho motivos pra fugir? sussurrei. Ele negou com a cabeça: — Ela nem sabe que eu sei desse bebê. — Edgar, eu não quero saber dela. falei, tentando afastar o pensamento. Ele afasta o rosto, mas continua segurando o meu, e minha respiração se embaralha: — Não me machuca assim. disse, com o olhar fixo no dele. Não era uma mulher qualquer, era a mesma que ele disse na minha cara que era a mim que ele queria, que eu não deveria acreditar nas palavras da mãe dele, quando falava que ela estava só o esperando pra ele voltar com ela. E ele voltou... — Eu sou um i****a! ele completou, praguejando a si mesmo como se tivesse compreendido meus pensamentos e então me tomou num beijo intenso. Eu tentei reagir, tentei não amolecer, mas parecia ser tarde de mais agora. Me entreguei a cada toque, cada movimento me consumindo. — Eu quero você mais que qualquer coisa nesse merda de vida, Clarisse. sussurrou nos meus lábios. — Você é a mulher da minha vida. A única! Ouvir sua voz tão grave, tão excitante e entregue me fez ceder ainda mais. Porque eu o amava! Eu sempre o amei... Suspirei, concordando sem palavras: — Eu sempre fui sua. Isso pareceu enlouquecê-lo ainda mais. Ele me beijou com ainda mais intensidade, me pressionando contra o carro, cada beijo carregado de sede e desejo. — Vem comigo! ordenou. Olhei para ele, confusa. — Pra onde? — Eu tenho um lugar. um lugar que pode ser só nosso, se você quiser. vem comigo? Assenti, inconsequente, sentindo aquela velha sensação de menina que se escondia com ele, buscando qualquer momento de amor. Topando qualquer coisa, só por estar com ele. ...
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