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1027 Palavras
Ser dama de companhia de Ivy, também rendeu a Lunna muitos outros benefícios, além do que era considerado um bom emprego. Além de aprender a maioria das coisas que a jovem dama aprendia, ela também passou a frequentar lugares onde jamais ousaria estar presente antes. Assim que Ivy teve idade suficiente para frequentar os bailes da sociedade e os eventos sociais da temporada, Lunna também passou a frequentar estes ambientes que exalavam sofisticação. No começo tudo até que era deslumbrante, mas, logo notou, mais uma vez, que por mais que Ivy a tratasse como uma amiga, ou que estivesse tão bem vestida quanto outra dama da sociedade, ou ainda que soubesse se comportar com elegância e delicadeza, jamais seria vista como uma dama, sempre seria apenas a criada da lady Sackville. Mais de uma vez foi separada discretamente pela anfitriã do restante dos convidados, e teve que esperar na cozinha ou na ala dos empregados até que o evento terminasse e ela pudesse acompanhar Ivy de volta pra casa. Também não era incomum que algum cavalheiro a tratasse com algum desrespeito, e até ousassem lhe fazer alguma proposta indecente, como se ser uma serva também significasse não ter uma honra a zelar. Logo, todos estes eventos deixaram de ser encantadores e se tornaram maçantes, não apenas para ela, mas também para a senhorita Sackville. Que por já se encontrar comprometida através de um acordo de família, praticamente não se divertia como as outras jovens. Os rapazes não ousavam flertar com a prometida de um conde, as mães casamenteiras, que conseguiam carregar os filhos solteiros para alguns eventos, praticamente a ignoravam e geralmente só dançava com algum primo distante ou algum visitante desinformado. Além deste fato, um outro detalhe geralmente impedia que a lady Sackville fosse admirada em meio a sociedade, apesar da sua beleza e da posição elevada da sua família. O seu comportamento poderia ser muito mais comparado ao de uma criada do que os da própria Lunna. Ivy ria muito, falava alto, comia o que tinha vontade, lia demais, odiava fazer penteados mais elaborados, e além disso, gostava de pegar o jornal que o conde acabava de ler e dar os seus palpites sobre a política, economia e até mesmo nas corridas de cavalos, e todos os cavalheiro, até mesmo as damas, reprovavam o fato de que uma mulher fizesse tal coisa. Para todos era simplesmente impróprio. Lunna olhava para senhorita Sackville como um pássaro livre, que todos queriam, a todo custo, colocar numa gaiola. Ela era a sua única amiga, e era grata a ela por tudo o que tinha mudado na sua vida. Esse amor e essa gratidão que nutria por ivy, faziam Lunna participar de todas as suas ideias bizarras, e no final das contas isso era muito mais divertido do que frequentar qualquer baile. A cada dia que se passava, Ivy se queixava mais sobre o seu casamento iminente, e talvez o seu próprio nervosismo tenha Influenciado ainda mais sobre o seu comportamento inadequado. E para não decepcionar conde que a desposaria, seus pais buscaram uma solução drástica e decidiram coloca-la em um rigoroso internato para moças, até a volta do seu noivo ao país, que ocorreria em seis meses. Conhecendo a senhorita Sackville como conhecia, Lunna tinha certeza que ela não sucumbiria Aquela ideia, mas também não estava preparada para o plano mirabolante da jovem. Ivy teve a ousadia de pagar uma atriz para substituí-la no internato, e assim, as duas poderiam finalmente viver o que liam nos livros e viajar livremente uma única vez. O plano tinha tudo para dar errado, mas, não deu. Juntas, viveram seus seis meses de liberdade na Itália, a maioria do tempo vestidas como cavalheiros, para não chamar atenção e poder aproveitar a liberdade que somente os homens tinham. Ao longo de toda viagem, viveram muitas aventuras no solo italiano, Ivy até encontrou uma paixão e sofreu muito para deixa-lo em seguida, mas era preciso, o tempo que tinham havia acabado e precisariam pegar um navio de volta para casa. Ainda vestida como um cavalheiro, Lunna deixou Ivy na cabine, e foi dar uma volta pelo navio. Aquela era a última noite das duas, antes do navio atracar no solo inglês novamente, e por isso, estava tendo um grande baile no salão da primeira classe. Sua lady permanecia desanimada, após ter deixado a Itália e o amor que encontrou alí, não era capaz de ficar e desonrar o nome da sua família, por isso chorava inconsolável na cabine e mandara Lunna sair um pouco de lá. Sabendo da tristeza da amiga, Lunna jamais conseguiria se distrair em um baile, por isso foi dar um passeio na parte externa do navio, a noite estava fria e o vento soprava forte ali, talvez por isso não tivesse mais ninguém além dela por lá. Se não estivesse vestida como um cavalheiro, jamais poderia estar ali sozinha. Lembrando de algo que Ivy lhe contou sobre ver o mar quebrando, ali, da proa do navio, Lunna caminhou até a parte da frente, do mesmo e olhou por cima da grade de segurança, para o mar n***o lá em baixo. para observar melhor, a jovem decidiu subir apenas um degrau na grade e admirar a beleza do vasto oceano a noite. Foi exatamente neste momento que um homem surgiu, desesperado, caminhando rapidamente em sua direção e lhe pedindo para parar e não fazer aquilo. Por um momento ela ficou sem entender o que estava acontecendo, mas, em seguida percebeu que o homem pensava que ela estava subindo na grade para se jogar no mar. Repentinamente uma rajada de vento a acertou, e arrancou o chapéu da sua cabeça, fazendo cair algumas mechas do cabelo vermelho que tentava esconder. Instintivamente, ela levou as mãos a cabeça para tentar impedir de forma tardia que o seu chapéu voasse nos ares, porém, para fazer isso ela soltou completamente a grade de p******o, e o vento a desequilibrou por completo, fazendo com que caísse de lá. Antes que se estabanasse no chão, o homem estranho a alcançou e segurou, ficando completamente perplexo e paralisado ao descobrir que na verdade se tratava de uma mulher.
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