Acordei com o sol filtrado pelas cortinas de seda do quarto de Aisha. Por um momento, antes de abrir os olhos, esperei sentir o peso do colar no pescoço, o calor do corpo de Zayn pressionando o meu...
Mas havia apenas o cheiro de café e o som de pássaros lá fora.
—Bom dia, dorminhoca —Aisha entrou carregando uma bandeja com frutas frescas e pães ainda quentes. —Como dormiu?
Sentei na cama, puxando o cobertor até o queixo.
—Estranho. Sem... —parei, envergonhada.
—Sem as correntes? —Aisha completou, sentando-se à minha frente. —É normal. Você foi condicionada a associar segurança com restrição.
Colocou um pedaço de manga em minha mão.
—Mas hoje é sobre reaprender seu corpo. Começando pelo básico: fome.
O suco da fruta escorreu pelos meus dedos. Nunca antes tinha notado como algo tão simples podia ser tão **vivo.
Aisha me levou para seu estúdio privativo —uma sala com espelhos, almofadas e...
—Isso é um chicote? —perguntei, recuando ao ver o objeto pendurado na parede.
Ela riu, pegando-o.
—De seda. Para massagem, não dor —explicou, passando o material macio em meu braço. —Zayn te ensinou que prazer precisa de sofrimento. Hoje vou te mostrar que pode vir de...
Seus dedos deslizaram por minha nuca.
...**atenção**.
Deitada sobre as almofadas, senti suas mãos explorando cada centímetro do meu corpo como um mapa desconhecido.
—Quando tocamos pontos de tensão com carinho —explicou, seus polegares circulando minha lombar—, o corpo reage tão intensamente quanto à dor.
Provei quando seus dedos encontraram a parte interna de minha coxa. Meu gemido ecoou no quarto.
—Viu? —Aisha sorriu contra minha pele—. Nenhuma dor. Só **prazer puro.
O celular de Aisha tocou naquela tarde. Seu rosto ficou sério ao ver o número.
—É ele.
Meu coração acelerou. **Zayn.**
Ela atendeu no viva-voz:
—Só estou atendendo para confirmar que Layla está viva.
O silêncio do outro lado foi mais eloquente que qualquer palavra. Quando ele finalmente falou, sua voz estava irreconhecivelmente rouca:
—Preciso... ver seus olhos. Só isso.
Aisha olhou para mim, questionando. Para meu próprio espanto, balancei a cabeça.
—Não hoje —ela respondeu. —Mas ela está se alimentando bem.
Outra pausa. Então:
—Ela... ainda usa o creme para as marcas?
Meus dedos voaram instintivamente às cicatrizes em meus pulsos. Aisha cobriu minha mão com a dela.
—Todos os dias.
A ligação terminou sem despedidas.
Naquela noite, sonhei com ele.
Zayn estava em seu escritório, a cabeça entre as mãos, garrafas de whisky vazias sobre a mesa. Quando olhou para cima, seus olhos estavam vermelhos.
—Você acha que eu não sabia? —sussurrou no sonho. —Que cada vez que eu te machucava, estava me dilacerando?
Acordei ofegante, meu corpo coberto de suor frio.
Aisha estava na porta, uma xícara de chá fumegante em suas mãos.
—Pesadelo?
Abracei os joelhos.
—Memória.
Na manhã seguinte, um pacote discreto foi deixado na porta. Dentro, um frasco de vidro contendo um líquido âmbar.
—Óleo de argan —Aisha leu o bilhete. —"Para as cicatrizes. Z."
Minhas mãos tremeram ao pegar o frasco. O cheiro era dele —âmbar e algo indescritivelmente **Zayn**.
—Posso...?
Aisha assentiu. —Seu corpo, suas regras agora.
Quando passei o óleo em minhas marcas, foi como se milagrosamente **doessem menos.
Naquela tarde, enquanto Aisha fazia ligações de trabalho, encontrei-me diante do armário de especiarias.
Meus dedos fecharam-se ao redor do pote de pimenta caiena.
Antes que pudesse pensar, havia esfregado um punhado na parte interna de minha coxa.
**Fogo.**
A dor foi instantânea, gloriosa, **familiar**. Meu corpo curvou-se em êxtase perverso, meus dedos encontrando meu c******s inchado.
—**Layla!**
Aisha arrancou meus dedos da pele inflamada.
—O que você fez? —seus olhos estavam cheios de lágrimas.
Eu solucei, envergonhada:
—Eu... preciso da dor.
Ela me abraçou forte, como se pudesse espremer meu vício para fora.
—Não, querida. Você só **acha** que precisa.
Dois dias depois, Aisha anunciou:
—Zayn está vindo aqui.
Meu café derramou na mesa.
—N-não!
Ela segurou minhas mãos trêmulas.
—Ele está diferente, Layla. Trouxe algo para você.
Quando a porta se abriu, m*l reconheci o homem que entrou.
Zayn estava **destruído**. Seus olhos fundos, seu terno desleixado, as mãos que sempre foram tão firmes agora tremendo.
—Só... um minuto —ele rouquejou, colocando uma caixa de música antiga na mesa.
Nosso olhares se encontraram pela primeira vez em semanas. Algo passou entre nós —um reconhecimento, uma dor compartilhada.
Quando ele partiu, Aisha abriu a caixa. A melodia era a mesma que ele costumava tocar no piano... **antes de tudo ter dado errado.
Naquela noite, enquanto a música tocava, permiti que Aisha me tocasse novamente. Desta vez, quando a excitação cresceu, não busquei dor.
Busquei **ela**.
Busquei **meu próprio prazer**.
E quando o orgasmo veio, foi meu —não dele, não de nossas cicatrizes, mas **inteiramente meu**.
Aisha segurou-me depois, enquanto eu chorava.
—É assim que começa —sussurrou.
E pela primeira vez...
**Acreditei no amanhã.
A luz do amanhecer filtrou suavemente pelas cortinas, pintando padrões dourados na pele nua de Layla. Ela esticou os braços acima da cabeça, sentindo cada músculo despertar – sem medo, sem dor.
—Bom dia, princesa —Aisha entrou com uma bandeja de café da manhã, os olhos brilhando ao ver Layla ainda deitada na cama. —Sonhou comigo?
Layla sorriu, puxando o lençol para cobrir os s***s.
—Só com café. E talvez com aqueles croissants.
Aisha riu, sentando-se na cama.
—Mentira. Você estava gemendo no meio da noite.
Layla corou, lembrando-se do sonho erótico que a acordara – imagens de mãos fortes e lábios quentes, mas desta vez sem dor, apenas prazer.
—E se eu estivesse? —desafiou, pegando um morango da bandeja.
Aisha inclinou-se para frente, lambendo o suco da fruta do dedo de Layla.
—Então talvez seja hora de experimentar coisas novas.
Aisha levou Layla para o terraço ensolarado, onde almofadas macias foram dispostas no chão.
—Hoje você vai aprender a se tocar sem dor —anunciou, colocando um pequeno vibrador de silicone rosa ao lado delas.
Layla engoliu seco.
—Eu não sei...
—Shhh —Aisha acariciou seu rosto. —Nada de pressão. Só sensações.
Deitada sob o sol quente, Layla deixou os dedos deslizarem pelo próprio corpo como Aisha ensinara – devagar, explorando cada curva, cada textura.
—Isso —Aisha incentivou, observando com olhos escuros. —Agora fecha os olhos. Imagina que são as mãos de alguém que te deseja... mas te respeita.
Layla obedeceu, e pela primeira vez, seu orgasmo veio sem qualquer pensamento de humilhação ou submissão. Foi puro, intenso, **dela**.
—Como foi? —Aisha perguntou depois, passando os dedos pelos cabelos molhados de suor de Layla.
Layla respirou fundo.
—Assustador. E... libertador.
A campainha tocou no meio da tarde. Quando Aisha abriu a porta, Zayn estava lá – mas irreconhecível.
Seu terno preto habitual fora substituído por roupas casuais, seus olhos estavam menos frios, mais humanos.
—Só vim trazer isso —ele disse, estendendo um envelope. —Seus documentos. Você é livre para ir a qualquer lugar.
Layla ficou paralisada.
—Por que agora?
Zayn olhou para ela, e pela primeira vez, Layla viu algo parecido com arrependimento em seus olhos.
—Porque percebi que amar alguém não é possuí-la.
O silêncio que se seguiu foi quebrado pelo som do telefone de Aisha. Ela olhou para a tela e franziu a testa.
—Preciso atender isso. Vocês dois... conversem.
Com Aisha fora do quarto, o ar entre Layla e Zayn ficou eletrizado.
—Você está diferente —Layla observou, notando como ele evitava tocá-la, mantendo distância.
Zayn olhou para as próprias mãos.
—Passei semanas estudando... sobre vícios. Sobre dor. Sobre o que eu fiz com você.
Layla sentiu algo estranho no peito – não medo, não raiva, mas... curiosidade?
—E o que descobriu?
Ele finalmente olhou para ela.
—Que eu estava tão viciado em controlar você quanto você em ser controlada.
O barulho da porta anunciou o retorno de Aisha.
—Tudo bem aqui? —ela perguntou, os olhos alternando entre eles.
Layla surpreendeu a si mesma ao responder:
—Sim. Na verdade... acho que sim.
Naquela noite, Aisha preparou um banho de espuma para Layla.
—Você conquistou isso hoje —disse, acendendo velas aromáticas ao redor da banheira.
Layla entrou na água quente, deixando-a envolver seu corpo como um abraço.
—O que vem depois? —perguntou, observando Aisha deslizar as mãos em seus ombros.
Aisha beijou seu pescoço.
—O que você quiser, querida. O mundo é seu.
E quando as mãos de Aisha desceram para entre suas pernas, Layla percebeu algo incrível – pela primeira vez, ela estava no controle.
O orgasmo que se seguiu foi o mais doce de todos.