Capítulo 4 - Meg

2185 Palavras
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Fria e distante.... mas querendo, de alguma forma, me alcançar.    No início eram ruídos em meu quarto à noite, que me deixavam preocupada e alerta, me causando fortes insônias. Minha mãe sempre parecia preocupada demais com o Will que m*l notava que eu estava tendo problemas para me adaptar. O meu pai não parava em casa, não sobrava muito tempo por conta de sua empresa que o mantinha sempre ocupado. Eu me sentia sozinha. Até o dia em que eu a conheci.  A presença.  Ela era tímida. No início ela não se mostrava muito. Ficava no canto da porta, de longe em um espelho, sussurrando em meus ouvidos à noite... Até que ela se tornou um pouco mais ousada e começou a aparecer cada vez mais perto e nitidamente de mim.    - Como é o seu nome. - perguntei certa tarde.   - Dalila. - respondeu.   As vezes ela era apenas uma sensação, as vezes eu conseguia vê-la quando ninguém mais podia. Eu acho que meu irmão também a via. Dalila era uma criança, assim como eu, talvez um pouco mais nova. Minha mãe vivia dizendo que achava ótimo eu ter feito um amigo, mesmo que imaginário. Eu mesma acabei acreditando que era algo da minha imaginação, mas então... as coisas começaram a ficar estranhas.   Estávamos os quatro sentados na mesa para o café da manhã. Meu pai lia um jornal muito concentrado e minha mãe nos servia alguns cereais com frutas com seu usual sorriso no rosto. Dalila não aparecia há uns dias, então eu estava de m*l humor.    - Você devia sorrir mais vezes, Meg. - comentou minha mãe. Como se ela se importasse.   - Não há motivos para isso. - disse entre dentes. - Vocês são uns idiotas se pensam que eu sou feliz aqui.    Minha mãe arregalou seus olhos, sumindo seu sorriso, ela olhou atordoada para o meu pai que abaixou o jornal e me olhou muito f**o. Eu suspirei.   - O que acha que está falando para a sua mãe, mocinha? - eu o lancei um olhar frio e me levantei da mesa. - ONDE VOCÊ ACHA QUE ESTÁ INDO?  Eu congelei no mesmo lugar com o grito de meu pai e, ainda de costas eu o respondi.    - Estou indo para o meu quarto pegar minhas coisas para a escola.   - E você acha que vai se safar assim? Peça desculpas para a sua mãe. AGORA.   - NÃO!    Eu não sei o que estava dando em mim naquele dia, mas um ódio estava me deixando cega, inconsequente. Com o meu grito, veio a surpresa. Não só dos meus pais, mas minha também. Já que minha tigela de cereal havia sido arremessada na cara do meu pai, que tinha um olhar indecifrável.    Eu me adiantei e corri para o meu quarto, onde eu me tranquei e não sai pelo resto do dia. Eu ouvi meus pais discutindo sobre mim.    - Essa menina não é normal, Ana. - dizia meu pai.    Minha mãe choramingava e soluçava. Eu não sabia o que estava acontecendo, nem como eu fiz aquilo, mas uma risadinha que vinha do meu closet me fez desviar toda a minha atenção do que acontecia fora do meu quarto.    - Dalila, é você? - perguntei insegura.    - Você... - ela gargalhava agora. - Você viu a cara que ele fez?    - Do que está falando?   - Da tigela que atirei no terno todo engomado do seu pai, oras.   Eu na mesma hora senti um arrepio tenebroso, todo o meu corpo dizia que aquilo não estava certo. Eu sorri para Dalila que saia de vagar do meu armário e se materializava das sombras. Ela ainda gargalhava como se tivesse visto algo de muito engraçado. Até para mim aquilo tinha sido assustador. E o pior era que eles achavam que havia sido eu.    - Por que você fez isso? Não sabe que agora vai me trazer problemas?   - Ah, por favor. Você sabe muito bem que você arrumou problemas para si sozinha.   Dalila percebeu que eu fiquei com medo após o episódio do café da manhã, mas ainda assim ela não se afastava mais. Ela gostava de ver o meu olhar de medo toda vez que ela se aproximava um pouco mais e caia na gargalhada. Eu passei quase uma semana sem conseguir dormir. Acabava pegando no sono nas aulas, o que resultou em chamarem minha mãe na escola. Ela me lançou um olhar de pena, misturado com medo. Ela só não estava mais assustada do que eu. Toda vez que eu adormecia, uma mancha vermelha aparecia em alguma parte de meu corpo. Eu estava no meu limite.     No caminho de casa, estava eu e meu irmão no banco de trás quando eu chamei por minha mãe.    - Mamãe...   - Sim, querida?   - A Dalila... está me machucando. Eu preciso de ajuda.    - A sua amiga imaginária? - ela franziu o cenho e me olhou pelo retrovisor. - O que está dizendo?    Será que ela finalmente notaria que eu estava implorando por ajuda? Qualquer mãe normal teria notado que algo não está certo com a sua filha, mas ela só achava que eu era louca e me deixava de lado, mas poder se dedicar ao Wiliam.    Eu suspirei.   - Deixa para lá.  - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -   Os dias se passaram e eu ia me arrastando, quase já não aguentando mais. Meus pais? Não percebiam ou não se importavam o bastante. Eu sempre tomava banho com a porta aberta desde sempre, mas neste dia eu decidi encostar para que ninguém visse as muitas marcas pelo meu corpo, me deixavam fraca e muito dolorida. Eu quase não me importava mais se eles vissem ou não, mas eu não queria causar uma situação ainda pior onde eles me acusariam de estar me marcando para culpá-los de maus tratos ou algo do tipo. Eu só queria paz, o que Dalila garantiu que eu não teria nunca mais. Assim que eu adentrei a água quente da banheira, eu ouvi o clique da porta sendo trancada. Eu olhei desesperada para a porta e corri meus olhos pelo banheiro.    Por favor, não. - eu implorava em minha mente.   A risada sádica de sempre daquela menina percorreu o banheiro.    Por favor me deixe em paz.  Seu vestido vermelho tomou tom em meio ao banheiro branco e seus olhos negros se aproximaram dos meus com aquele sorriso demoníaco em sua face agora disforme. Eu não consegui suportar mais e comecei a gritar.    Por favor, alguém... me salve. Minha mãe tentou abrir a porta e começou a bater nela e gritar para que eu a abrisse. Mas Dalila tentar me empurrar para dentro da banheira, meus gritos se tornaram abafados pela água que entrava por minha boca. Minha mãe parou de bater e voltou com meu pai e começou a dar chutes na porta, tentando a abrir. Eu estava tão fraca que meus braços pararam de tentar lutar contra ela. Tantos dias sem dormir e toda a dor... meus braços que me seguravam na banheira, me impedindo de me afogar, finalmente desistiram de mim, assim como todos que eu conhecia e então... eu fechei meus olhos, parei de gritar a abracei a escuridão do fim da banheira.  - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -  - Megan?! Meu Deus o que está acontecendo? - gritava minha mãe. Eu sentia uma toalha quente que me rodeava. Eu estava no colo de minha mãe, no banco de trás do nosso carro. Will estava dormindo na cadeirinha e meu pai dirigia, parecendo desesperado.   Aquela foi a primeira vez que me senti amada. Eles estavam preocupados de verdade comigo. Eu não consegui conter o sorriso que nasceu em meu rosto. Mas eu ainda sentia meu corpo estranho, como se meu pulmão ainda estivesse cheio de água. Como se eu nem sequer estivesse viva. Eu pisquei rapidamente, tentando clarear minha mente e vislumbrei o vestido vermelho. Ela estava sentada no banco do carona, bem ao lado do meu pai.    Eu acabei gritando. Acho que ninguém esperava por isso. Todos me olharam assustados. William começou a chorar.    - Não, não, não... - eu falava. A mão de Dalila tocou o volante e em seu rosto o sorriso. - Ela vai m***r todos nós.      Dalila puxou o volante com tudo. E toda a minha família.... morreu naquele da.  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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