Capítulo 4
Acabo de comer e nenhum assunto havia sido tocado. Olho para o vidro tendo o prazer de ter um enorme céu estrelado. Sorrio e respiro fundo.
- Eu sempre vim aqui e acredita que nunca vi um céu tão estrelado como hoje. - Ele me olha, parecia tentar me decifrar. Seus olhos enormes claros, não eram azuis mas sim um castanho que nunca presenciei na vida. Mesmo com seu rosto ranzinza em sua pupila tinha um brilho diferente.
- Estou me perguntando por que Madeline. - Rafael tem a voz rouca e suave, parecia pensar sempre antes de dizer, mas não antes de ter alguma atitude. Seus lábios rosados estavam entre abertos, ele ainda estava tentando me ler ?
- Não tem um motivo certo, provavelmente de algum filme. Essa é uma ótima pergunta. O seu tem algum porque ?
Um vinho branco seco é depositado em nossa mesa. - Meu preferido - Digo me servindo de uma taça cheia.
- Sem história. - Rafael se serve e devora o líquido em um só gole.
O silêncio se estabelece de novo, mas dessa vez, eu tinha o vinho para me acompanhar.
Meus olhos estavam vidrados nos seus, assim como os dele em mim. Era uma competição de quem sustenta mais ? Eu me rendo, não consigo ser olhada por tanto tempo. Me sinto ruborizada, e perco olhando para baixo.
Seu sorriso é abafado. Ele gostava de ganhar e eu odiava competir.
Estávamos só nos dois em todo o andar, tinha um pequeno jazz tocando e eu não fazia mais ideia do que fazer.
- Tudo bem se quiser ir. - Inclino a palma da mão para a saída e lhe sorrio sem mostrar os dentes.
- Estou bem. Mais vinho? - Assinto e ele me serve. - Você também sente o seco quando bebe o vinho ? Parece que combina perfeitamente com o significado da palavra seco. Eu não gosto de Suave, doce demais. - Continuo assentindo e eu concordo com tudo que ele diz.
- A insistência em rótulos para vinho me estressam. Você ter que beber com o alimento recomendado é um saco. - Foi a sua vez de concordar me dando chance de continuar a falar. Rafael não parecia distraído, pelo contrário, seus olhos castanhos claro estava vidrados em mim prestando atenção em cada palavra dita por mim. - Eu tomo vinho seco comendo brigadeiro. Julgamentos ?
- Nenhum.
- Ótimo. - Sorrio, dessa vez largo e a vontade. Me acomodo mais na cadeira almofadada de couro marrom e me sirvo novamente do vinho o secando.
Olho novamente para o céu e desta vez a lua estava em seu centro dando uma iluminação diferente ao local, deixando seu rosto mais claro e enfatizando o brilho de sua iris.
Talvez aquele encontro não estivesse sendo tão r**m assim, eu poderia fazer isso mais vezes. Eu preciso de mais encontros. Minha vida tem sido amie, Estela e trabalho, e não que isso seja r**m na verdade é muito bom, mas eu preciso de mim, de mim bebendo três taças de vinho e conversando com um total estranho de maxilar definido.
- Você quer mais outra taça ? - Tenho vontade de pedir por favor, mas meu celular começa a tocar e eu vejo a foto de uma pequena loira.
- Só um momento. - Esclareço e atendo o telefone. - Está tudo bem ?
Amélia responde perguntando que horas eu voltaria porque ela tinha a enorme necessidade, e sim ela disse essas duas palavras, de me contar como foi estressante o seu primeiro dia.
- Eu já estou indo, me espera de pijama na cama. - Ela assenti afirmando me esperar sentada até eu passar pela porta de casa.
Mas eu duvido, acredito que ela durma até lá.
Olho para Rafael que estava atento a minha conversa e encolho os ombros.
- O dever de mãe me chama. - Chamo o garçom para que trouxesse a conta. - No cartão por favor.
- Eu pago. - Rafael diz se impondo. Cerro as sobrancelhas e esclareço que não é necessário.
- Eu insisti para que ficasse, nada mais justo que eu pague. - Entrego o cartão que logo é aceito.
Levanto - me e pego minha bolsa, ajeito meu cabelo que deveria estar uma bagunça com a outra mão e olho Rafael em pé a minha frente.
- Foi um prazer te conhecer, Rafael. - Digo pausadamente para não haver vacilos nas palavras.
- Foi um prazer para mim também. - Seus lábios molhados entre abertos me sugerem beija-los até perca total de ar.
Mas ao contrário de meus desejos perversos lhe ofereço a mão para que ele a aperte.
Sua mão rígida em contato com a minha desperta meu corpo em choque total, me sinto quente por dentro.
Sua sobrancelha direita estava arqueada e ele tinha um meio sorriso muito sugestivo em seu rosto.
Eu estava presa ali, meus pés perderiam a força em qualquer momento e eu preciso rever todo esse encontro para que eu possa entender em que momento eu me senti atraída pelo homem pouco mais alto que eu a minha frente.
Meu coração está solitário demais e acaba fantasiando o romance perfeito inexistente. Admito carência, admito também não ser de ninguém desde que Amélia nasceu e assumo por fim a necessidade de alguém. Mas aqui, em um primeiro encontro, com uma garotinha me esperando em casa, não é o momento de devaneios sexuais, eu nem o conheço.
- Até logo. - Passo por ele e sinto seu perfume forte e nada enjoativo. Meu suspiro se torna maior e me arrependo em deixá-lo para trás.
Desço as escadas cuidadosamente evitando tragédias do tipo: sair rolando todos os degraus.
Do lado de fora a brisa fria bate em meu corpo deixando - me completamente arrepiado.
Fecho meus olhos respirando fundo.
Uma mão aperta minha barriga respirando devagar em meu ouvido. Sinto beijos em meu pescoço e um sussurro - Eu quero você - invade meus poucos sentidos racionais, minha boca geme baixo e eu ponho a mão entre meus lábios.
- Senhora? - Escuto uma voz masculina.
Aqui está pessoas, mais um capítulo e espero que estejam gostando. Me ajudem com esse livro por favooor.
Escrito 01:06 da madrugada em uma sexta-feira.
- Sobre amor -
"Meu coração está repleto de amor, minha cabeça está invadida de sentimentos em que eu acredito que meu cérebro os governam.
Talvez eu esteja amando alguém que também me ama.
E eu anseio por seu toque todos os dias. "
- Lara Cecília