No dia seguinte. Any estava arrumando o pequeno David, enquanto ele tagarelava sem parar.
— Mamãe, conta logo o que você tem para me dizer tá? — ele reclamava enquanto Any calçava seus tênis.
— Que menininho mais curioso esse meu. — ela apertou o nariz dele, sabia que o filho não estava se aguentando de curiosidade, mas estava com certo receio de contar e ele reagir m*l.
— Mas eu quero saber o que você quer me dizer. — ele fez um bico. — Tinha me dito que era surpresa!
— Bem... — ela terminou de amarrar seus tênis e sentou-se ao lado dele. — Sim, é uma surpresa, mas não sei se você vai gostar meu bem, espero que goste.
— É um presente? — os olhinhos dele brilhavam.
— Digamos que sim. — ela sorriu de leve e franziu a sobrancelha. — Sabe o que você vai ganhar? Um irmãozinho.
David arregalou os olhinhos e Any engoliu o seco.
— Um irmãozinho? — ele perguntou, ainda surpreso.
— É meu amor. — Any tentou sorrir. — Você gostou?
— Você ainda vai gostar de mim quando meu irmãozinho vier? — ele perguntou, balançando as perninhas.
— Mas é claro que sim meu filho. — Any lhe deu um beijinho. — Sabe que você é o amor da vida da mamãe. — ela coçou a nuca.
— Eu sei. — ele assentiu com a cabeça, com um sorriso feliz. — E quando meu irmãozinho vai vir mamãe?
— Daqui a alguns poucos meses. — Any lhe sorriu. — Você vai me ajudar a cuidar dele?
— Vou! — ele disse, valente. Com isso arrancou um riso da mãe. — Posso contar para os meus amiguinhos que eu vou ter um irmãozinho?
— Pode sim! — Any assentiu, com os olhos brilhando. Ficava aliviada por ver que David tinha aceitado o irmãozinho de maneira tranquila.
— A mamãe vai preparar sua lancheira, enquanto isso pega os brinquedinhos que você vai levar hoje e guarda na mochila tá bom? — ela se levantou e ele assentiu.
Guardou os brinquedos rapidamente e foi até o quarto dos pais, onde seu pai estava se perfumando.
— Papai! — disse olhando pra cima, afinal Joshua era alto.
— Oi Júnior. — ele respondeu, apanhando sua gravata.
— Eu vou ter um irmãozinho! — ele sorriu, sem tirar os olhos do pai.
— Gostou de saber? — Joshua desceu o olhar para o filho e o pequeno assentiu.
— Você é o papai do meu irmãozinho também? — ele perguntou e o pai o encarou com cara de poucos amigos.
— Mas é claro que eu sou Júnior.
— Meus amiguinhos vão parar de implicar comigo, por que eu sou o único que não tem um irmãozinho, agora eu vou ter e eles vão parar de brigar comigo, não é papai? — falava sem parar enquanto mexia nas coisas do pai.
— É... — disse o pegando pela mãozinha e o tirando de perto de sua pasta e de seus relatórios. — Agora por que você não vai com a sua mãe? Já está atrasado.
— Papai me leva com você! — ele pediu. — Eu quero ir com você pro seu trabalho, deixa papai! — fez um biquinho.
— Mas nem pensar, você tem que ir pra creche. — ele se olhava no espelho enquanto terminava de pôr a gravata.
— Meu filho! — Any apareceu. — Vamos?
— Mamãe, eu queria ir com o papai pro trabalho dele! — os olhinhos da criança brilhavam. — Eu posso ir não é?
— Mas meu bem, você tem que ir pra escolinha. — Any explicou, de maneira doce. — O papai tem que trabalhar.
— Mas eu quero! Todos os meus amigos vão pro trabalho dos papais, por que eu não posso também?
— Seus amigos não são você! — Joshua disse de forma dura. — Para de falar sobre seus amigos.
— Mamãe, diz pra ele deixar. — o pequeno estava choroso.
Any estava morrendo de pena, mas não podia fazer nada. Joshua era difícil de convencer.
— Josh... Será que ele não pode ir pra ficar ao menos uma horinha com você? — tentou ajuda-lo.
— É o meu local de trabalho Any! — ele grunhiu.
Any suspirou e coçou a nuca, decepcionada. Não entendia como Josh conseguia ver David chorando, sendo que não tinha nada demais em fazer o que o pequeno pedia. E ele não fazia penas por maldade.
— Vem meu filho... Depois a mamãe leva você para passear.
Joshua notou que ela estava chateada e rolou os olhos. Que droga! Depois do que ele aprontou na festa, não podia ser tão duro com David outra vez. Infelizmente teria que ceder.
— Tudo bem. — ele disse, antes que Any saísse com o filho. — Eu vou falar pra Molly buscar ele.
— Eu posso levá-lo. — Any disse.
— Não meu amor, você tem que descansar. — ele disse. — E também não custará nada. Depois eu venho trazê-lo.
— Tudo bem. — Any sorriu.
— Oba! — David comemorou, dando pulinhos.
— Eu tenho que ir, até logo. — deu um selinho demorado na esposa e outro beijinho no filho.
— Vamos te acompanhar até lá embaixo. — Any disse, e ele assentiu.
— Então vamos. — os três saíram.
¨¨¨¨
Quando chegou à empresa Joshua viu que Molly ainda não tinha chegado, olhou no relógio e viu que ela estava atrasada.
— Bela secretária essa. — ele rolou os olhos e entrou em sua sala.
Tomou um baita susto ao ver Vivian em sua cadeira, o olhando com um olhar mortal.
— Vivi! — ele arregalou os olhos. — Que diabos você está fazendo aqui?! Meu pai pode aparecer a qualquer momento!
— Vim conversar com você Beauchamp! — ela se levantou e se apoiou na mesa. — Pelo menos aqui não tem como você fugir. — abriu um sorriso debochado.
— Agora eu não posso! — ele tirou o paletó. — Você tem que ir antes que alguém te veja.
— Não, eu não vou embora! — ela bateu na mesa. — Eu quero que você se separe da minha irmã, e logo!
— Sabe que eu não posso fazer isso, o meu pai me mata!
— Chega de ficar se escondendo atrás do seu pai... Você já é bem crescidinho e essa desculpa eu não engulo mais.
— Eu não posso deixar a Any. — ele suspirou, passando a mão no rosto. — Meu pai pode fazer alguma coisa pra me deserdar.
— Você já tem dinheiro suficiente caso ele faça isso. — ergueu a sobrancelha.
Joshua a encarou, desesperado. Merda, Vivian ficaria uma fera, mas ele teria que falar.
— Vivi aconteceu uma coisinha. — deu um sorriso amarelo.
— O que? — ela perguntou, com a sobrancelha erguida. — Não me diga que tem outra vagabunda na jogada? Eu acabo com você Josh... — ele a interrompeu.
— Any engravidou! — disse de uma vez.
Vivian parou de falar e sorriu.
— Então ela também te chifrava?! — a mulher o olhou sorrindo incrédula. — Quem diria... Minha irmãzinha, tão santinha.
— Do que é que você está falando? — Joshua a olhou confuso. — Esse filho é meu.
— SEU? — Vivian gritou. — SEU? — se aproximou dele e ele se afastou. — EU NÃO ACREDITO SEU VERME! — a mulher estava vermelha de raiva. — ENGRAVIDOU AQUELA SONSA OUTRA VEZ? TINHA ME DITO QUE NÃO TREPAVA COM ELA, SEU MERDA! — começou a estapeá-lo.
— Chega, se controla! — ele dizia baixo, tentando tapar a boca dela. — Enlouqueceu?
— VOCÊ É QUE ESTÁ LOUCO! SEU MENTIROSO, COMO A ENGRAVIDOU? MENTIU PRA MIM!
— Vivi, eu sou homem droga! — ele conseguiu tapar a boca dela. — É culpa dela, ela quem fica se oferecendo pra mim! Eu não posso resistir. — a soltou, vendo que ela parecia mais calma.
— Any é uma vagabunda mesmo! — disse magoada. — Sempre soube que ela estava planejando alguma outra maneira de te prender, não imaginava que ela fosse tão esperta. — dizia se tremendo de raiva. — Mas eu não vou permitir, vai se separar dela, de um jeito ou de outro!
— Sabe que eu não posso fazer isso. — Joshua disse cansado. — Se eu deixar a Any sozinha, assim grávida, o meu pai acaba comigo e eu vou ficar pobre! — ele cerrou os punhos.
— Mas e se ela te deixar primeiro? — Vivian deu um sorriso m*****o.
— Any? Me deixar? — ele quase ri. — Acho que se depender dela, ficamos juntinhos eternamente. — ironizou.
— Podemos nos aproveitar da gravidez. — ela mordeu o lábio. — Me diz, como ela fica em relação ao sexo enquanto está grávida?
— Se for depender disso não vai ter como me separar. Any fica insaciável enquanto está prenha e se depender dela, passa a gravidez inteira com um p*u entre as pernas. — ele deu um sorrisinho debochado.
Vivian fez careta.
— Bom... Muito bom saber meu gato. — ela o abraçou pelo pescoço e lhe deu um demorado selinho.
Joshua a olhou sem entender.
— Ficou feliz? Eu disse que ela fica fogosa quando engravida. — explicou outra vez.
— Sim, eu entendi... Só que você não vai ficar com ela quando ela estiver com vontade. — Vivian o olhou seriamente.
— E por que não?
— Porque se você não ficar com ela, ela não vai aguentar o fogo entre as pernas e vai dar pra alguém, e com isso você pode ter um motivo para deixa-la.
— Você não conhece a sua irmã mesmo hein? — ele a olhou, perplexo. — Any jamais ficaria com outro homem!
— Está defendendo ela?
— Não sei o que vamos ganhar com isso... Eu sei que não vai adiantar, Any não seria capaz de me trair.
— Ok, ela pode não te trair, mas vai se sentir insatisfeita e sei lá, pode pedir o divórcio. — coçou o queixo. — E se isso acontecer, você vai sair como o coitadinho e seu pai vai ter que entender.
— Any vai achar estranho eu não querer t*****r e... — Vivian o interrompeu.
— SE VIRA! — gritou. — Antes desse bebê nascer você vai estar bem longe dela! Caso contrário acabou! Eu te deixo e pra sempre.
Ele engoliu o seco. Não podia permitir que Vivian terminasse com ele, afinal era louco por ela. Teria que dar um jeito de largar Any o quanto antes.
— Eu vou deixá-la. — ele disse certo.
— Eu acho muito bom. — ela pegou sua bolsa. — Vou esperar você hoje a noite. — foi até ele e lhe deu um beijo. — Meu t***o. — mordeu o lábio e apertou o m****o dele por cima da calça.
Joshua coçou a nuca e a observou sair. Estava com um baita problema e tinha que resolver.
¨¨¨¨
— Molly! — Joshua chamou algumas horas depois.
A garota veio às carreiras se equilibrando como podia em cima dos saltos.
— Fala chefinho... — se apoiou na mesa, de maneira sedutora. — Sentiu saudades?
— Ainda não. — ele ergueu a sobrancelhas. — Preciso que vá buscar o Júnior na escolinha.
— Oi? — ela franziu a sobrancelha. — E por quê?
— Por que eu estou mandando. — disse obvio.
— Eu não sou babá do seu bebê. — ela disse, de braços cruzados.
— Eu sou seu chefe e está no seu horário de trabalho, faça o que eu digo se não quiser ir pra rua. — pegou o telefone e discou os números do colégio, para avisar que quem iria buscar David no dia de hoje seria sua secretária. — Pode ficar tranquila, posso te dar uma graninha a mais e só você entreter ele algumas horas e mantê-lo quieto.
— Ah, assim tudo bem. — sorriu abertamente.
Joshua falou com a secretária do colégio, em seguida disse a Molly onde ficava.
Ao chegar lá a mulher se admirou ao ver que era um colégio bem chique, viu uma mulher segurando na mãozinha de um pequeno, que era a cara de seu chefe e logo reconheceu o pirralhinho.
— Oi! Vim buscar o Davidzinho. — ela sorriu.
— Pode mostrar seus documentos, por favor? — Kelly pediu, com educação.
— Meus documentos? — olhou para os lados. — Por quê? Eu fiz alguma coisa? — deu um sorrisinho.
— Não, é só questões de segurança, pra ver se você realmente é a pessoa que o senhor Beauchamp mandou.
— Tudo bem. — Molly abriu a bolsa e entregou sua carteira de identidade.
— Está tudo certo. — ela sorriu e entregou a mãozinha do pequeno junto com o documento. — Tchau lindo!
— Tchau tia Kelly! — ele recebeu um beijinho na bochecha da mulher e foi caminhando com Molly. — Você trabalha com meu papai? — ele perguntou curioso.
— Trabalho sim. — ela tocou a cabecinha dele. — Você é muito fofinho e lindo, sabia?
— Minha mamãe também disse que eu sou, o nome dela é Any! — ele sorriu. — Sabia que eu vou ter um irmãozinho?
Molly arregalou os olhos.
— Sério? — disse desconcertada.
— Aham. — David sorriu. — Mamãe disse que logo ele vai chegar e vai ser bem pequenininho. Eu vou ajudar ela a cuidar dele.
Molly estava completamente em choque. Quer dizer que Joshua seria pai novamente e sequer tinha lhe contado? Que raiva!
— Como é seu nome? — David perguntou.
— Molly, pode me chamar de tia Molly tá? — ela disse, ainda chateada pelo fato de Joshua ter engravidado a esposa outra vez.
— Tia Molly me dá colo? — parou e estendeu os bracinhos.
Molly sorriu, era tão fofinho e parecia estar com sono. Era a cara de Joshua. Esqueceu a raiva que estava do pai dele e assentiu.
— Tudo bem. — deu um sorriso de leve e o pegou no colo.
David encostou a cabecinha no ombro dela e pôs o dedo na boca.
— Que pesadinho você. — ela lhe deu um cheiro, ele cheirava a talco e a lavanda de neném.
Como Joshua lhe pedia para não chama-lo de bebê, se era isso que ele era?