— Não, é claro que eu a quero. — Any sorriu ainda anestesiada. — Acontece que eu tinha alguns planos em mente e não vou poder realiza-los, pelo menos não agora.
— Entendo, mas em breve espero que você possa realizar.
— Eu também. — ela se levantou. — Enfim doutor, muito obrigado. — estendeu a mão e ele apertou amigavelmente.
— De nada e boa sorte. — ele desejou.
— Obrigada. — ela saiu.
Entrou em seu carro e olhou no relógio, já estava quase na hora de buscar David e logo o trânsito ficaria horrível. Achou melhor se adiantar.
— Vamos buscar o seu irmãozinho na escola. — ela sorriu olhando o ventre. — Ai, o que vamos fazer agora hein bebezinho? O que o papai e o seu irmão vão achar? Não se preocupe, vai ficar tudo bem. — acariciou o ventre ainda sequinho, de maneira carinhosa. — Pensamento positivo. — ligou o carro e arrancou.
O caminho até o colégio de David foi demorado, exatamente como previu que seria. Mas ainda assim as crianças ainda não haviam sido liberadas. Resolveu se sentar pra esperar e logo sua cabeça estava viajando em pensamentos.
Estava pensando sobre o bebê e de certa forma preocupada com o que o marido e o filho achariam da gravidez. Foi interrompida pela voz de Tomás.
— Oi Any. Está fazendo o que por aqui há essa hora? Você sempre se atrasa. — ele brincou.
Ela riu, negando com a cabeça.
— Que engraçadinho você. — ela sorria. — Senta. — ela disse e ele assim o fez. — Está chegando de onde?
— Estava resolvendo uns assuntos rápidos na universidade. — ele respondeu olhando o relógio. — Fico aliviado de ter chegado antes das crianças serem liberadas. Acho que meu relógio está adiantado.
— Pode ser, no meu ainda são onze e meia. — ela disse, olhando o delicado relógio em seu pulso.
— De fato está, aqui já são onze e quarenta e nove. — ele arregalou os olhos e Any riu. — Fica sempre adiantando ou atrasando sozinho... Deve estar quebrado. — rolou os olhos. — Hoje antes de ir pra universidade passarei pra comprar outro.
— Tomás? — ela chamou e ele a observou. — Falando em universidade, eu acho que não vou mais poder... Er, não vou mais poder fazer.
Tomás suspirou, com certeza aquilo tinha dedo de Beauchamp. Any estava extremamente animada com a ideia de voltar a estudar e "do nada" anda pra trás.
— Mas por que não Any? — ele perguntou. — O seu marido falou alguma coisa que te fez mudar de ideia?
— Não. — Any negou com a cabeça, e deu um leve sorriso. — Josh não estava gostando da ideia, mas eu já tinha dito que ele teria que aceitar, querendo ou não. Mas aconteceu outra coisa e... — ela ainda sorria.
— E o que aconteceu?
— Eu acabei de descobrir que eu estou grávida. — ela respondeu.
Ele arregalou os olhos, surpreso.
— Isso é sério? — ele disse, um pouco desconfortável.
Any assentiu, com um sorriso radiante. Tomás coçou a nuca e teve que fazer um esforço tremendo para esconder sua decepção ao ouvir tal noticia. Joshua teria a felicidade de ser pai de outra criança, que com certeza seria tão ou mais adorável que David.
E o pior, aquele egoísta sequer merecia tanta coisa boa. Soltou um suspiro ao sentir inveja. Ele odiava sentir inveja dos outros, mas naquele caso era quase impossível.
— Meus parabéns Any. — ele tocou o ombro dela.
— Obrigada. — ela mordeu o lábio. — Eu estou muito feliz. — disse com os olhinhos brilhando.
— Você é muito apaixonada por ele não é? — Tomás perguntou, sem conseguir se segurar.
— Por Josh? — ele assentiu. — Oh sim. — mordeu o lábio. — Ele é o homem da minha vida.
— Ele é um homem de sorte por ter uma família tão linda. — ele sorriu de lado, a observando.
Any assentiu.
— Obrigada... Mas, voltando ao assunto da universidade. Não tem como eu fazer em um outro momento?
— Mas é claro Any. Pode fazer quando o bebê nascer. Vou ajudar você no que eu puder.
— Isso é sério? — ela sorriu com os olhinhos brilhando.
— Mas é claro. — ele disse, encantado. Ela realmente o encantava. — Você pode contar comigo para o que precisar.
— Ah Tomás. Você é um anjo! — ela o abraçou. — Muito obrigada mesmo, por tudo!
— De nada. — cheirou ou cabelos dela e a soltou. — Eu tenho que voltar lá pra dentro. — apontou. — Pra ver se está tudo bem. — Any assentiu, compreensiva. — Fique a vontade, não vai demorar para o sinal tocar.
— Tudo bem! — ela assentiu. — Tchau. — acenou.
Assim que Tomás sumiu de suas vistas o sinal finalmente tocou e logo seu pequeno apareceu aos pinotes em sua direção.
— Mamãe! — correu até ela e a mãe o pegou no colo.
— Meu amorzinho. — deu muitos beijos em sua bochechinha e pôs sua mochila dele nos ombros. — Vamos pra casa?
— Vamos! — assentiu com a cabeça.
Preferiu conversar primeiro com Joshua, antes de contar a David que ele teria um irmãozinho.
¨¨¨¨
Tomás estava na sala pensativo, tinha que parar de pensar em Any. Ela era uma mulher casada, era mãe e estava prestes a ser mãe outra vez. O que ele estava pensando? Tirando que a mulher estava completamente apaixonada pelo marido, e isso estava claro, afinal estava grávida.
Abriu sua gaveta e buscou um cartão de uma amiga. Quem sabe saindo com Daniela não esquecia Any? Era isso que ele faria e esperava que funcionasse.
¨¨¨¨
Enquanto dirigia de volta pra casa, o celular de Joshua tocava incansavelmente no banco de passageiros. Vivian já o estava tirando do sério. A mulher simplesmente surtou quando ele disse que teria que chegar em casa mais cedo, devido ao fato de Any ter algo sério para lhe dizer, com isso não poderiam se ver como estava previsto. Desde então não parava de ligar para fazer dramas, dizendo que ele não estava mais lhe dando a devida atenção.
— Merda. — ele esticou os braços e pegou o celular, resolvendo atender... Sabia que enquanto não lhe atendesse ela não sossegaria, e não queria ficar brigado com ela. — Alô!
— Enfim me atendeu!
— Vivian, eu já disse que hoje não dá. Porque você não pode entender isso? — ele perguntou, já sem paciência.
— Por que eu já estou cheia de tudo isso! Eu quero você só pra mim. — aos prantos.
— Você está parecendo uma criança. — ele bufou. — Juro que amanhã nos conversamos e eu vou te recompensar por hoje.
— Ah é claro... Agora eu sou criança. — ela secou as lagrimas. — Amanhã você não vai escapar de uma conversa, eu exijo te ver amanhã! — desligou decidida.
Amanhã mesmo iria dar um jeito em tudo isso. Tinha que se tornar esposa de Joshua, e logo.
Joshua desligou o aparelho, para não correr o risco de ela ligar outra vez e suspirou, estava preocupado com o que Any tinha de tão sério para dizer, esperava que Pedro não tivesse aberto seu maldito bico.
¨¨¨¨
Ao chegar em casa, viu que Any tinha pedido comida e estava no sofá, brincando com David enquanto o esperava.
— Papai! — o pequeno correu até ele e Joshua o pegou no colo, lhe dando um cheiro. — A mamãe pediu sushi.
— É? — ele sorriu. — Que delicia.
Any se aproximou dele e lhe deu um selinho demorado, ele notou que ela estava bastante feliz e seus olhos brilhavam tanto, que nem os óculos davam conta de esconder seu brilho. Ufa!
— Estávamos te esperando pra jantar. — ela disse assim que ele pôs o filho no chão.
— Disse que tínhamos que conversar. — ele disse, sentindo seus ombros caírem de alivio. — Sobre o que?
— Depois do jantar nós conversamos ok? — ela disse enquanto colocava David em sua cadeirinha.
Joshua estreitou os olhos e sentou-se para comer, afinal estava faminto. Terminaram de comer e enquanto Any botava David na cama, Joshua tomava um banho relaxante.
Se soubesse que a esposa enrolaria tanto para essa conversa tinha ficado com Vivian, fazendo coisas bem mais interessantes. De certa ainda daria tempo de pegar ela acordada com tanta enrolação.
Depois do banho ainda ficou quinze minutos a aguardando até que ela viesse. Ficou entretido com seu seriado favorito e logo Any chegou e fechou a porta. Joshua a encarou e deu um sorrisinho safado ao vê-la fechando a porta.
— Ah já sei bem o que você quer conversar... — ela sentou-se ao lado dele e ele logo tratou de beijar seu ombro desnudo.
— Não é isso. — ela sorriu com os olhos fechados. — Josh, para. — ela disse e ele rolou os olhos, a encarando. — Tenho algo muito importante pra falar. — seus olhos voltaram a brilhar e ele notou.
— Mas não pode ser depois do sexo? — voltou a beija-la.
— Josh! — ela grunhiu. — Por favor...
— Então fala logo. — bufou e sentou direito na cama, assim como ela estava. Any apertou o lençol, nervosa. — Any? Dá pra falar de uma vez?
— É que... — ela o olhava toda i****a. — Vamos ter um bebê, eu estou grávida amor.
Joshua sentiu seu sangue gelar.
— O que? — ele pareceu não entender.
— Eu estou grávida. — ela o olhava confusa. — Descobri hoje de manhã, estou com dois meses e...
— MAS ISSO SÓ PODE SER PIADA! — ele gritou. — TEM QUE SER PIADA!
Any arregalou os olhos, assustada.
— O que é isso Josh? — ela franziu o cenho. — Você não está feliz?
— Mas é claro que não! — ele cuspiu. — Tanto que eu te disse para tomar essas porras de anticoncepcionais direito. Olha só o que você faz! — andava de um lado para outro.
Any olhou para o chão, profundamente triste e magoada.
— Eu não tive culpa. — ela disse, já não segurando o choro. — Falhou! Eu estava tomando certo.
— Mentira. — ele disse frio. — Se estivesse tomando certo essa desgraça não teria acontecido.
Any se levantou e lhe deu um tapa na cara.
— Não vai falar assim do meu bebê! — disse aos soluços.
— Dá para parar de me bater? — ele disse com raiva. — Eu não sou seu saco de pancadas! — a pegou pelos braços e apertou com força, fazendo-a gemer de dor. — Eu não quero mais filhos, por que diabos não se cuidou Any?!
— Eu não fiz o bebê sozinha. — ela tentava se soltar. — Você tem tanta culpa quanto eu.
Ele a soltou com brutalidade e ela caiu na cama.
— Maldição! — ele grunhiu. — David já sabe?
Any negou com a cabeça, ainda chorando. Não pensou que Joshua ficaria tão irritado e falasse tantas coisas feias. Aquilo tinha feito uma ferida em seu coração, mais uma.
— Chega de chorar Any. — ele disse sem paciência. — Eu não sou obrigado a sorrir e soltar fogos por que você está grávida. Sabe que isso não faz o meu tipo. Sabe que já é difícil pra eu dar atenção ao David e você inventa de ficar grávida outra vez?
— Eu não planejei! — ela quase grita. — Aconteceu! O que quer que eu faça?!
— Tudo bem... — ele suspirou. — Não tem nada a se fazer. — coçou a cabeça.
Any sabia só por aquele gesto que ele estava bem nervoso.
— Pensei que ficaria feliz... — ela sussurrou, olhando para a parede. — Achei o momento perfeito, achei que veio na hora certa...
Ele a viu chorar e rolou os olhos. Ele odiava mulheres grávidas, desde sempre. Eram choronas, irritantes e cheias de frescurinha. Any estava representando bem a classe. Estava pensando no que Vivian iria dizer. Com certeza não gostaria nada de saber a "boa nova".
Pensar que passaria por todo aquele tormento com enjoos, vômitos e os dramas de Any, lhe deixava muito irritado. Mas também sentiu que tinha pegado pesado com ela.
— Vamos nos acostumar. — ele disse um pouco mais calmo, sentando na cama e cobrindo o rosto com as mãos. — Me desculpa, eu estou nervoso. Eu não esperava isso.
Any o olhou e viu que ele parecia agoniado, ela entendia que ele estivesse nervoso com a notícia, mas Joshua tinha que entender que as palavras machucam e o que ele tinha dito lhe feriu profundamente, assim como lhe feriu quando ele chamou David de bastardo quando o pequeno ainda crescia em seu ventre.
— Amanhã eu vou contar para o David. — ela disse seca, ignorando o pedido de desculpas. — Eu espero que ele reaja melhor que você. — ela limpou as lágrimas, realmente, depois do surto de Joshua ela estava com medo da reação do filho ao saber do irmãozinho.
— Any, eu pedi desculpas. — ele suspirou.
— O que você disse do bebê foi pesado Josh, não sei como consegue se referir a uma criatura inocente que não tem culpa de nada dos seus problemas, como desgraça.
Ele suspirou, sabia que tinha exagerado, mas a culpa era toda dela.
— Tudo bem, eu sei... Mas eu disse na hora do nervosismo.
— Assim como também chamou David de bastardo da outra vez certo? — ela ergueu a sobrancelha. — Não sei por que você age assim. Na verdade eu te acho bem estranho Joshua, e digo isso com sinceridade.
— Está falando do que?
— Você age de um jeito, depois age de outro. Uma hora trata a mim e ao David tão bem que parece que somos tudo pra você, outra hora faz pouco caso da gente, não se importa com os nossos sentimentos. Fala uma coisa, depois faz outra. Sério, eu não consigo entender, eu queria descobrir quem realmente você é. — abraçou o próprio corpo e se virou pra deitar.
— Eu sou assim, já deveria ter se acostumado. — disse a olhando. — Não vai me desculpar?
— Eu só queria que você pensasse duas vezes antes de falar as coisas.
— Tudo bem, eu vou pensar... Não queria ter me referido ao bebê assim, eu só fiquei muito nervoso Any, eu não estou preparado pra ter outro filho. Você tinha que entender!
— Eu entendo. — ela assentiu. — Só fico triste por não ter ficado feliz com a notícia. — murmurou sentida.
Joshua rolou os olhos.
— Meu amor, você sabe que eu acabo me derretendo depois. — ele suspirou e ela sorriu pela primeira vez. — É meu filho, como eu não vou ficar feliz?
— Então está arrependido por ter dito tudo aquilo? — perguntou mordendo o lábio.
— É claro que sim. — pegou a mão delicada dela e deu um beijo. — Tira essa cara vai... Eu preciso me acostumar com a ideia.
Ela sorriu e ele lhe deu um selinho demorado.
— Eu te amo. — ela sorriu sonolenta.
— Eu também. — lhe deu outro beijo e logo ela adormeceu.
Joshua a observava e respirou fundo. E agora? O que iria fazer? Pelo menos esperava que com essa gravidez Any esquecesse essa história de estudar. Pensando bem, não seria de todo m*l, imaginava a cara do tal de Tomás quando descobrisse que ele tinha feito outro filho em Any. Iria ficar morrendo de inveja.
Deu um sorriso m*****o e se deitou ao lado da esposa, afinal estava cansado e precisava mais do que nunca dormir.