A louça ainda tá na pia, esquecida. O cheiro do arroz levemente queimado ainda paira no ar, misturado ao perfume amadeirado do Flávio que grudou em mim. Tô sentada no colo dele no sofá, os dois de pernas entrelaçadas, a respiração ainda calma depois do jantar... e do "aperitivo" quente que ele serviu antes. — Eu vou procurar um trabalho aqui. — solto, encarando o peito dele. — Quero ajudar nas coisas. Me ocupar. Mandar uma grana pra casa. Ele não responde de imediato. Só me olha. Olhar firme, sério, como se eu tivesse acabado de dizer que eu ia me jogar de um penhasco. — Que que tu falou? — Eu disse que vou ver se consigo um trabalho... coisa simples, nem que seja em loja, floricultura, sei lá... Flávio segura meus dois pulsos com força, sem machucar e os leva pra cima da minha cabeça

