capítulo 85 Amara

1275 Palavras

📍 NARRADO POR AMARA O sol já tava firme no céu quando a gente desceu a viela. Natália ia na frente, passo decidido, como quem conhece cada pedra, cada sombra, cada história que aquele chão já engoliu. Eu ia atrás. Com o coração batucando no peito e os olhos tentando absorver tudo. O morro é um organismo vivo. Respira, range, chora, ri. É feito de sons, cheiros, calor, gritos, silêncio e alma. A gente passou por um boteco já aberto — três homens na calçada, cerveja na mão, olhar de quem já viu demais pra julgar qualquer coisa. Um deles cumprimentou Natália com a cabeça. O outro assobiou. Ela nem virou. — “Aqui é assim mesmo.” — murmurou. — “A mulher que abaixa a cabeça é engolida. A que levanta, muda o jogo.” Seguimos. Os becos iam se abrindo, feito costura viva. O cheiro de feijão na

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR