Natália soltou um suspiro, ainda com os braços sobre meus ombros, e encostou o queixo na minha cabeça. — “Tá. Então agora eu vou falar como amiga, quase mãe, parteira de recomeço e comadre de guerra.” Eu ri baixo. — “Lá vem.” Ela me soltou e foi até a bolsa dela, pendurada na cadeira. Revirou rápido, puxou uma caixinha e jogou em cima da mesa com um ploc seco. — “Toma.” Olhei o nome: levonorgestrel. — “Pílula do dia seguinte.” — ela disse. — “Se foi tua primeira vez e foi sem proteção… é melhor prevenir. E antes que tu fale qualquer coisa, não, não é aborto, não vai te matar, e sim, é só responsabilidade.” — “Tu já tinha isso na bolsa?” — perguntei, surpresa. — “Eu carrego comigo desde que fui expulsa de casa por engravidar do Cauã aos dezessete.” — respondeu, seca. — “E desde ent

