Primeira vex

1197 Palavras
POV’s Laura 23:40 PM O caminho de volta é silencioso. Dentro do carro, só se ouve o som do motor e o tamborilar fraco da chuva no para-brisa. Meus cabelos ainda estão úmidos, os ombros tremem de frio, e Arthur liga o aquecedor sem dizer nada. Dirige com os olhos fixos na estrada, os punhos cerrados no volante, como se ainda estivesse absorvendo o que houve. Quero dizer algo, qualquer coisa… mas o silêncio dele me cala. Chegamos ao prédio. Ele desliga o carro e sai primeiro, dando a volta para abrir a porta do meu lado. Estendo a mão e ele a segura, firme, ajudando-me a descer. Subimos juntos no elevador. O silêncio é quase sufocante. Quando a porta se abre, entramos em seu apartamento. Está escuro, frio e solitário como sempre. Ele acende as luzes e pega uma manta no sofá. — Aqui — diz, me envolvendo com cuidado. — Vá tomar um banho quente. Você ainda está tremendo. Assinto, mas não me movo. — Arthur. Ele para, me encara. A luz morna da sala ilumina seu rosto cansado, as olheiras marcadas. — Me desculpe pelo que a Chloe disse, você não merecia nada daquilo. — sua voz é baixa, quase um sussurro. — Não foi sua culpa. — Foi sim — insiste, se aproximando. — Eu trouxe você para essa loucura, Laura. Te expus. E mesmo sem intenção, acabei te machucando. — Você me defendeu e me protegeu. — meu olhar encontra o dele. — Ninguém nunca fez isso por mim. O ar parece pesar no ambiente. Nossos corpos estão tão próximos que consigo ouvir sua respiração. Nossos olhares se encontram num ponto de tensão que parece rasgar o silêncio. — Laura.— murmura. Coloco minha mão sobre o peito dele, sentindo seu coração acelerar sob a camisa molhada. — Você disse que eu vou encontrar alguém especial.— relembro suas palavras. — Mas... e se esse alguém já estiver bem aqui? — Isso seria errado! Eu sou velho demais pra você. — Eu não ligo pra idade — rebato. Ele não responde. Apenas me olha, balançado. Então se vira, caminha até o próprio quarto e fecha a porta. Fico ali, sozinha no corredor. ************************************************* No meio da madrugada. POV’s Arthur 02:17 AM. Ela está no meu quarto. Laura. Com sua camisola simples, pés descalços, olhos tão frágeis e firmes ao mesmo tempo. Apenas me olha. Sem dizer nada. Mas o olhar dela... diz tudo. — Eu não consegui dormir — sussurra. — Eu também não — confesso, sentindo meu corpo inteiro se enrijecer pela sua presença. Ela se aproxima devagar, senta ao meu lado na cama. Eu prendo a respiração. Meu coração está aos pulos, como se tivesse voltado a ser um garoto inexperiente. Engraçado... eu, um homem de 70 anos, tremendo como um adolescente. Ela vira o rosto para mim. Nossos olhos se encontram. — Posso?— pergunta, e fico encarando seus lábios, sem conseguir disfarçar. Assinto, e ela se aproxima com hesitação. A boca dela vem chegando perto da minha... E o beijo acontece. Mas é estranho. Primeiro, nossos narizes se batem de leve. Ela recua, assustada. Eu me afasto um pouco, envergonhado. — Me desculpe — me afasto, sem saber onde pôr as mãos. — Eu que... — a mulher ri, sem graça, levando a mão à boca. — Eu nunca fiz isso antes. Fico paralisado. — Laura, é sua primeira vez? — Beijando, sim. — desvia o olhar. — Já imaginei tantas vezes como seria, mas nunca passou disso. Engulo seco. — Eu também estou enferrujado — admito, com uma sinceridade que me surpreende. — Faz tanto tempo que não beijo alguém. Que não me permito isso. — Então podemos aprender juntos. Aproximo-me de novo, dessa vez mais devagar. Nossos rostos colados, respiro fundo antes de tocar seus lábios com os meus. No começo é só um encostar. Um roçar desajeitado de bocas. Ambos estamos tensos. Nossos dentes se batem uma vez — e rimos, nervosos. Laura cobre o rosto com as mãos, corada. — Isso é mais difícil do que nos filmes —brinca envergonhada. — É porque é real — falo, e seguro seu queixo com carinho. — E tudo que é real, vem com tropeços. Dessa vez, beijo-a com mais calma. Nossos lábios se moldam aos poucos. É um beijo suave, doce e tímido. Seus lábios tremem, e os meus hesitam. Mas logo nos ajustamos — como duas peças que se encaixam pela primeira vez. Não é um beijo técnico, nem perfeito. É cheio de pausas, de pequenos risos nervosos, de olhos entreabertos tentando entender o que o outro sente. *********************************************** POV’s Laura 02:41 AM. O beijo se repete. Ainda há hesitação entre nós, mas também um tipo de coragem que só existe entre duas pessoas que estão aprendendo como é beijar. Sinto suas mãos repousarem devagar em minha cintura. Ele não força, não apressa. Apenas me toca como se cada parte minha fosse preciosa. Meus olhos se enchem d’água, mas não de medo — é emoção. Arthur se afasta um pouco. — Laura, você tem certeza? Assinto lentamente. Ele se levanta, pega uma manta, apaga a luz principal e deixa apenas o abajur aceso. Retorna para a cama e me acolhe entre os braços. Deitamos. As mãos dele sobem até os botões da minha camisola. Ele os desabotoa um a um, com toda a delicadeza do mundo. Meus s***s ficam expostos e minha pele se arrepia, mas não de vergonha — e sim de receio de não ser boa o suficiente. Ele percebe minha tensão. — Você é linda, Laura. — declara, me admirando com seus olhos que brilham. Então se debruça sobre mim, e me beija o pescoço, os ombros, a clavícula. Cada toque é lento, contido, cheio de respeito. E eu me entrego. Minha camisola cai, e seus beijos descem pelo meu corpo, despertando sensações novas, que me arrepiam até a espinha. Com as mãos trêmulas, desabotoo a camisa dele. Ele me ajuda a tirá-la, deixando à mostra seu peito, com marcas do tempo, mas também com uma força serena que me encanta. — Você é o homem mais bonito que já vi — confesso, tímida. Meus dedos percorrem a sua pele. Arthur fecha os olhos, como se o meu toque tivesse um poder. A parte de baixo das nossas roupas é deixada de lado com naturalidade. Não há pressa. Quando ele se posiciona sobre mim, segura minha mão com força. — Se doer, me diga. A qualquer momento, podemos parar. E então ele entra em mim, devagar e cuidadosamente. Sinto o incômodo do novo, o corpo aprendendo. Mas a presença dele, os olhos dele nos meus, o modo como me acaricia, como me beija enquanto tudo acontece, me faz perder a primeira vez com confiança. E quando finalmente estamos conectados por inteiro, a dor cede lugar a algo maior... Ao prazer. Ele se move dentro de mim. Com tropeços, gemidos, olhos abertos tentando gravar tudo. E quando alcança o clímax, se desfaz dentro de mim com um gemido rouco. Em seguida, me abraça forte, protege meu corpo e sussurra: — Obrigado por confiar em mim. —E obrigada por me fazer mulher.
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