Casamento

1164 Palavras
Pov's Laura. Escuto eles discutirem na sala, mesmo do quartinho dos fundos, as vozes que ecoam do cômodo são tão alteradas. — Aquela mulher tem idade para ser a sua filha, tio!— aos gritos, a sobrinha do meu patrão fala.— Por acaso, enlouqueceu do juízo? Tá na cara que ela é uma golpista, que só quer casar contigo por conta do dinheiro. Tampo os meus ouvidos, sendo tomada por um sentimento h******l. É muito difícil, ser acusada por uma coisa eu não sou. — Não te dou o direito, para falar assim de alguém que você não conhece!— o tom duro do mais velho a repreende.— Respeite as pessoas, Scarllet. — A titia sentiria vergonha, tio — a voz feminina despeja aquilo.— Está se comportando de uma maneira tão absurda.... Eu não estou te reconhecendo. — Você não precisa compreender, apenas aceitar a minha decisão. Fui claro?— sinto um frio na espinha. — Irei me casar com Laura, e ponto final. – E sua herança, vai entregar de bandeja nas mãos de uma desconhecida?— a mulher rebate indignada. — E o que importa a minha herança? Faço o que quiser com o meu patrimônio, isso não cabe ninguém intervir. — O senhor realmente está mudado, tio. Até ontem não aceitava visitas na sua casa, e hoje já colocou outra lugar para substituir a titia. — Ninguém nunca vai substituir Candice.— grita bem alto. – Nao é o que parece, essa interesseira mudou a sua cabeça.— me acusa e fecho os olhos. — Ela vai arrancar tudo de você, cada centavo e lhe deixar sem nada! Desencosto da porta e a tranco, indo até o armário. Começo a pegar as minhas roupas e colocar dentro da mochila, não posso permanecer neste lugar. ********************************************** Depois de alguns minutos, a discussão deles acaba e escuto algumas batidas na porta do quartinho. — Dona Laura, abra essa porta!— sinto um frio na barriga, quando meu patrão pede.— Abra! Pego a minha mochila, decidida a ir embora. Destravo, puxando a maçaneta. Nos olhamos e seu olhar percorre para minha aparência. Estou cabisbaixa, e bastante triste por todos os julgamentos que foram levantados sobre o meu caráter. — Pra onde pensa que vai? — Embora.— respondo, com o nó na garganta.— Não posso ficar aqui, senhor Arthur. Não quero lhe causar problemas. Gracias por ter me recebido, mas devo ir. — Largue essas coisas.— toma das minhas mãos.— Você não vai a lugar nenhum. — sua afirmação, me faz encará-lo fundo. — Não posso ficar.— balanço a cabeça. — Você pode, e vai.— diz, impedindo-me. Sua mão toque em meu pulso, segurando— Troque de roupa, iremos ao Cartório. — Cartório?— sôo confusa.— O que faremos lá?— pergunto, e a resposta faz meu coração se acelerar; — Nos casaremos. O olho surpresa e ao mesmo tempo sem reação. Entreabro os lábios, prestes a dizer: — Mas eu não quero me casar.— recuso.— O senhor não pode fazer esse sacrifício por mim. O que as pessoas iam achar? — Não me importo com a opinião das pessoas, dona Laura.– abaixa a cabeça, bem respeitoso.— Esse casamento vai durar até sua situação nos EUA, estiver regularizado. —Está se casando comigo, pra eu conseguir viver legalmente nos Estados Unidos? – Não é esse o seu sonho?— o miro com gratidão, me emocionando. — É sim.— confesso, num sussurro tímido. — Então troque de roupa, estarei te esperando na sala. Ele se vira, e quando estar ao ponto de seguir o correto, acabo pronunciando: — Gracias, senhor Arthur. Seus olhos se cruzam os meus. E sinto uma coisa tão diferente dentro mim, principalmente quando nos olhamos. — Não demore, dona Laura.— soa, num tom tão educado. Fecho a porta e paro por um instante, me olhando de frente ao espelho. Faço uma trança em meu cabelo e coloco um vestido florido em meu corpo. Calço os meus únicos tênis. ************************************************* Quando apareço na sala, meu patrão está interdido no sofá, cabisbaixo, lendo um livro. Daí ergue a cabeça e quando me vê, desvio o nosso contato visual timidamente. Pela impressão que repassa, noto ele me admirar através dos olhos, como se reparasse no meu rosto. — Está pronta?— assinto, sem conseguir falar.— Vamos.— se levanta do sofá. E quando saíamos do prédio, seu carro está estacionado no estacionamento, e ele abre a porta passageiro para eu sentar. Me sinto tão minúscula, nunca andei num carro tão luxuoso. É a primeira vez, e nem me sinto confortável. *********************************************** Cartório. Estamos aguardando sermos chamados. Estamos sentados lado a lado, é tão constrangedor, que m*l o olho direito. — Se o senhor quiser desistir... — Já pedi para não me chamar de senhor, dona Laura. Abro um sorriso pela primeira vez, ao seu lado. É um sorriso tão espontâneo, quando escuto. — Da mesma forma que eu não gosto de ser chamada de dona Laura.— alego, escutando sua risada. — Toda vez que te chamo de dona Laura, é porque você me chama de senhor primeiro. — É difícil não chamá-lo de senhor. — Por que eu sou velho? Nos encaramos e ficamos fitando os olhos um do outro. Até que o tabelião nos chama e me afasto, envergonhada. Quando aparecemos juntos na frente da pessoa que vai realizar o matrimônio, escutamos; — Só posso realizar o casamento, com a presença do noivo. Entreolho para Arthur, sem graça, vendo o quanto aquele comentário o atinge. — Eu sou o noivo.— diz. — Ah sim, desculpe!— o homem que trabalha no cartório, conserta. — As partes concordam com o casamento? — Sim. – A noiva precisa responder também.— o tabelião olha para mim.— É de acordo? Miro pro mais velho, dividida. — Sou sim! Eu quero me casar com ele.— declaro, e tomo atitude de segurar na mão do meu patrão, para eliminar qualquer suspeita. O homem do cartório parece tão desconfiado, principalmente por conta da diferença de idade. Sempre as pessoas vão ter esse olhar de julgamento. — Sendo assim, assinem os papéis.— estende. Arthur assina primeiro e depois entrega para mim. Coloco meu nome e sobrenome no local. — O noivo pode beijar a noiva.— por fim, ouvimos. Ficamos de frente ao um outro. O mais velho se inclina, dando um beijo no meu rosto. Um simples beijo na bochecha, faz as minhas pernas ficarem bambas. Nos afastamos um do outro e lentamente nossos olhos se destacam na intensidade do momento. Não há um anel em meu dedo, e muito menos uma aliança no dedo dele. Mas estamos casados. Há uma insegurança dentro de mim, porque querendo ou não, Arthur agora é meu marido e será vai querer consumir o casamento ou apenas se casou comigo por pena? Preciso conta-ló o quanto antes que ainda sou virgem.
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