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815 Palavras
NATHALIA E MARCOS: Capítulo - Natalia narrando Eu ainda tinha meus contatos com as amizades do morro, principalmente Raissa e Mateus, que foram quem me ajudaram a fugir de lá. Marcos nunca poderia imaginar disso, claro, e eu também não pretendia que soubesse. - Maria, como você cresceu! – Eu digo, sorrindo enquanto a olho. – Seja bem-vinda à loja. - Tô tão feliz! – Maria responde, com os olhos brilhando de entusiasmo. - Essa é Renata – Aponto para minha funcionária. – Ela trabalha comigo há 5 anos e vai te ensinar e ajudar em tudo que você precisar. - Tudo bem, Maria? – Renata pergunta, sorrindo de forma acolhedora. - Obrigada pela chance – Maria diz, e eu assinto, satisfeita com a receptividade delas. Quando Raissa me perguntou se eu tinha uma vaga para Maria, eu não pensei duas vezes. Era uma oportunidade para ela, e o meu trabalho sempre me ensinou que quando posso ajudar, faço o que for preciso. Eu tinha uma loja de roupas bem conhecida no Rio, com três filiais nos principais shoppings. Comecei costurando, depois criando roupas, e quando percebi, já estava criando meus filhos e meu império. Tudo com o esforço do meu trabalho, e um pouco de coragem, claro. - Oi! – Digo, abraçando Raissa, depois Aline, que estava com ela. - Tá o maior burburinho! – Aline comenta, se aproximando. – Você vai mesmo sábado? - Vou ter que ir – Respondo. – Vocês vão ficar comigo lá, né? Não sei nem o que vestir. - Eu te ajudo – Rayssa fala, com aquele olhar divertido. - Você vai me fazer vestir uma roupa curta, e eu não quero isso – Falo, rindo. – Sou mãe de dois homens já, preciso ser séria. As duas começam a rir, e isso me faz relaxar. Elas sempre tiveram essa forma de me fazer rir e me descontrair. - Você ainda está saindo com aquele delegado? – Aline pergunta, curiosa. - Diego? – Respondo, com um sorriso sem graça. – Faz dois meses que não saímos mais. Começou a implicar com o Ruan, e nem quero mais saber disso. As meninas continuaram suas vidas no morro. Aline casou com Lucas, e Raissa já estava casada com Mateus, com quem tinha um filho agora. Eu ficava feliz por elas, mas também sabia que minhas próprias batalhas não tinham acabado. Já era 20h da noite quando comecei a arrumar as coisas para ir embora. Eu estava cansada, mas antes de sair, vi Gustavo dentro da loja, conversando com Maria. - Filho – Chamei, me aproximando dele. - Vim te buscar, sei que você está sem carro – Ele disse, com aquele jeito atencioso que eu sempre admirei nele. - Obrigada – Respondi, e então percebi o jeito como ele e Maria se olhavam. Eles estavam trocando olhares discretos, mas ainda assim, percebi. - Essa é Maria, a nova menina que vai trabalhar aqui – Falei, tentando quebrar o clima. Gustavo não a reconheceu imediatamente, e fiquei aliviada por isso. – Esse é meu filho, Gustavo. Maria apenas sorriu para ele, sem saber o que dizer. - Já nos conhecemos – Gustavo falou, com um sorriso descontraído. Claro que ele lembrava dela. – Vamos? – Ele olhou para mim, aguardando a resposta. Assenti, e antes de sair da loja, olhei para Maria, que apenas disse: - Boa noite. - Boa noite – Ela respondeu com um sorriso tímido. Fui até a porta com Gustavo, e senti que havia algo no ar. Aquele clima... Era quase como se ele estivesse interessado nela, mas eu sabia que ele jamais faria algo assim. No fundo, também queria ter certeza disso. - Senti um clima? – Perguntei, de forma provocativa, enquanto saíamos da loja. - Ela é filha do Mateus – Gustavo respondeu, com um tom sério. – Jamais me envolveria com ela. - Brinca com o coração não – Eu falei, rindo. – As vezes acho que você é meio louco. Ele soltou uma risada, me olhando com aquele sorriso tranquilo, e eu não pude deixar de notar como a vida dele estava cada vez mais parecida com a minha. Às vezes, ele era mais maduro do que parecia. - Todo mundo deve achar que sou sua esposa – Eu disse, dando uma risadinha enquanto olhava os olhares curiosos das pessoas que passavam por nós. - Assim é bom, aí nenhum desses homens ficam te olhando – Ele falou, rindo. – Você é muito bonita para eles. Eu olhei para ele, tentando entender o que ele queria dizer, e então, minha mente voltou para o que realmente importava. Gustavo era um garoto de ouro. Sempre o amei como se fosse meu próprio filho, e ele sempre me tratou como sua mãe, sem questionar. Sei que, onde quer que ela estivesse, minha mãe teria orgulho dele, e isso era mais importante que qualquer outra coisa.
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