NATHALIA E MARCOS:
CAPÍTULO 7
*Natalia narrando*
Antes de Ruan entrar no palco, o DJ já estava tocando. Eu estava em um canto do camarote, longe de qualquer confusão.
- Maria! - Falo sorrindo ao vê-la. - Renata? - Pergunto, vendo-a ali também.
- Natalia! - Renata responde. - Não achei que ia te encontrar aqui.
- Tudo bem. - Eu falo, tentando tranquilizá-la. - Fica tranquila. Ela sorri e se afasta com Maria, deixando-me sozinha por um momento.
Ruan então entra no palco, e algo dentro de mim explode de felicidade. É uma alegria imensa ver meu filho ali, realizando seus sonhos. Eu sentia orgulho dele, mas também havia uma pontada de tristeza. Embora eu ache que ele fez uma escolha errada ao se aproximar de pessoas que quase mataram seus irmãos de fome, e tantas outras coisas que marcaram nossa história, eu ainda acreditava que as pessoas podiam mudar. No fundo, eu sabia que ele nunca mudaria.
As lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto, mas eu não ligo. Eu era uma mãe babona, completamente apaixonada por meus filhos, com todas as suas imperfeições e escolhas difíceis.
- Seu vestido é lindo. - Tais fala, se aproximando de mim.
- Obrigada. - Eu respondo, sorrindo. - Eu que fiz.
- As roupas que você vende na sua loja, são você que faz? - Ela pergunta.
- Eu desenho todas elas. - Eu falo. - Antigamente eu fazia, agora eu desenho e tenho pessoas que fazem isso para mim.
Ela me olha com um olhar debochado, mas eu decido não reagir. Não valia a pena perder a compostura com ela. Eu sabia quem eu era e o que havia conquistado.
Algumas horas se passam, e eu já havia bebido um pouco mais do que o normal. Rayssa e Aline já estavam com seus maridos, e eu me via ali, sobrando no meio daquela festa.
- Ruan. - Eu falo, me aproximando dele. - Eu vou indo.
- Já? - Ele pergunta, surpreso.
- Eu vim ver você cantando. - Eu digo, tocando o rosto dele. - Você estava lindo. Tenho muito orgulho de você.
- Obrigada, mãe. - Ele sorri. - Quer que eu te acompanhe?
- Não precisa. - Eu falo, já me afastando. - Vou dar uma saída sozinha.
Eu saio rapidamente da quadra, o calor estava insuportável lá dentro, e aquele tumulto de gente me fazia sentir sufocada. Procuro uma rua mais iluminada para descer o morro e, ao passar em frente à casa onde vivi com Marcos, paro e fico observando a casa. Pelos carros estacionados na frente, ainda parece que ele mora ali.
- Saudades? - A voz dele vem de trás de mim.
- De sofrer na sua mão? - Eu viro e encaro Marcos. - Só se eu fosse louca.
Ele sorri de lado, como se estivesse se divertindo com a situação.
- Você está linda. - Ele diz, me olhando de cima a baixo. - Cada dia mais linda.
- Você tem que elogiar a sua mulher, e não a mim. - Eu falo, tentando me manter firme.
- Ela não é minha mulher. - Ele responde, com um sorriso vago.
- Então avisa ela, se tiver coragem. - Eu digo, debochando.
- Você ainda está bem afiada. - Ele se aproxima de mim, mas eu me afasto rapidamente.
- Marcos, vamos deixar as coisas claras aqui. - Eu falo, com firmeza. - Eu só subi aqui por causa do Ruan, então quero distância de você e de tudo o que me fez m*l no passado.
- Você só subiu aqui para mentir para você mesma, que você não prefere apenas o Gustavo. - Ele diz, com um sorriso cínico.
- Ao contrário de você... - Respiro fundo, tentando manter a calma. - Eu amo os meus dois filhos igualmente.
- Gustavo deixou de ser meu filho quando entrou na vida que ele entrou. - Ele diz, com amargura.
- Tanto Gustavo quanto Ruan não têm culpa do merda e canalha que você é. - Eu falo, com a voz firme, olhando para ele nos olhos. - Não culpe seus filhos pelo fracasso que você é.
- Você mede suas palavras. - Ele fala, agora sério. - Você não sabe do que sou capaz de fazer com você.
- Você vai fazer o quê? Me matar? - Eu falo, sem medo. - Por dentro, você já me matou durante anos. E, não satisfeito, veio levar o Ruan para me matar mais um pouco.
- Você tirou os dois de mim. - Ele diz, com raiva crescente.
- Eu mantive eles vivos. - Eu falo, com o olhar firme. - Eu dei uma vida para eles, e oportunidades. Você, Marcos, não consegue pensar em ninguém além de si mesmo.
- Vaza da minha frente! - Ele grita, furioso.
- Eu vou sim. - Eu digo, dando um passo para trás. - Mas é porque eu não suporto olhar para tua cara sem ficar enjoada.
Com essas palavras, me afasto, sentindo uma mistura de alívio e repulsa. Eu sabia que o passado não poderia ser apagado, mas estava decidida a não deixar Marcos ter mais poder sobre mim.