Pré-visualização gratuita Prólogo
Era uma vez...
As histórias de princesas que normalmente tem aquele lindo final feliz, costumam começar dessa maneira. Mas essa não é a história de uma princesa, essa história é minha.
Quem sou eu?
Angel... é sim... nome de garota de programa, mas não, eu não sou uma. Sou apenas uma mulher comum, vivendo um dos piores momentos de sua vida.
Cresci em um bairro bastante familiar, meus pais moram aqui desde sempre, os vizinhos todos também são bastante antigos, herdeiros dos patrimônios de seus pais e dos pais deles.
A casa onde cresci, não é uma mansão, mas sem dúvidas é uma das que chamam mais atenção por aqui. Tem um total de seis quartos, sendo um deles meu e outros dois de meus dois irmãos mais novos, toda a casa foi muito bem decorada, e minha mãe fez questão de fazer tudo sozinha. Mas a parte que mais amo... é a sacada, é lá onde eu passo a grande maioria das minhas horas vagas, ela vai de um canto ao outro da casa, com sofás e pufs espalhados, onde eu adoro estar com um livro na mão. É toda pintada de branco, com os balaústres dourados, assim como os portões das duas garagens que também são dourados que chamam muita atenção no muro branco.
Meus pais tem uma vida financeira bastante estável, o que me dá um leque de possibilidades bastante variadas na vida.
Meu pai, Rodrigo Navarro, tem uma advocacia, é especialista na parte criminal, ainda não o vi perder um caso desde que me entendo por gente, seu maior sonho é que eu siga seus passos, é um pai amoroso, mas bastante rígido, cresci com treinamento militar dentro de casa.
Já minha mãe, Sarah Navarro, uma esteticista incrível, um casal um tanto fora de esquadro, mas se amam demais, ela é dona de uma personalidade forte, daquelas que tem sempre a última palavra, é desaforada, debochada, creio que a maior parte de todo o meu mau gênio, veio da parte materna da família.
Eu decidi que seria o que a vida me permitisse, sempre disse que pendia para o lado da beleza, como minha mãe, meu pai não ficou nada feliz com a minha decisão de seguir os passos da minha mãe, em vez dos dele, mas eu ainda sou jovem, posso mudar de ideia várias e várias vezes. Pelo menos é isso que eu digo a ele sempre que começamos a discutir.
Estou agora com meus 23 anos, me considero bastante comum, embora atraia mais olhares do que julgo serem necessários. Eu sou uma mulher de baixa estatura, meço 1,57 e sim já tive muitos apelidos nada agradáveis por ser assim... pele clara, olhos incrivelmente pretos, no mesmo tom de meus cabelos, aos quais herdei de meu pai, já que minha mãe é loira dos olhos claros. Minha cintura é fina, mas tenho um bumbum que atrai atenção, seguido de pernas bem torneadas e s***s incrivelmente fartos. Pretendo um dia remodelar meu corpo, tirar um pouco dos excessos, mas ainda não tenho coragem para isso. Meu corpo é bastante curvilíneo, embora eu as vezes me sinta um pouco rechonchuda, me aceito bem dessa maneira, faço academia apenas para poder comer bem e tudo o que eu gosto, sem ganhar ainda mais medidas do que já possuo, mesmo que elas sejam nos locais mais bacanas.
Hoje é um dia especialmente triste, estou no meu lugar favorito da casa, a sacada, sentada confortavelmente em um dos sofás, olhando para o nada, enquanto penso em tudo.
Hoje por algum motivo que desconheço, foi um dia que me mantive muito tempo por aqui, mesmo sem necessidade, sem estar fazendo absolutamente nada, já que não estou conseguindo me prender ao livro que está no assento ao meu lado.
Algo lá no fundo, um sensação, talvez meu sexto sentido, que sempre foi extremamente aflorado, sempre fui muito intuitiva, e hoje isso estava me dizendo para ficar ali. Não sabia o porquê, nem mesmo se algo iria de fato acontecer, mas ali eu fiquei, boa parte do meu dia.
Algo sussurrou no meu ouvido... “Levanta” e assim eu fiz, fiquei de pé, me apoiando no mármore que emoldurava os balaústres. Como sempre, meus olhos se prenderam no portao do meu vizinho, meu objeto de desejo, o homem que abalava completamente as minhas estruturas. Foi quando ele apareceu, seus olhos assim como os meus se prenderam um ao outro como dois imãs que se atraem incansavelmente.
Estou aqui, olhando nos olhos azuis do homem que eu amo, com a sensação de que me afogarei se não tomar o devido cuidado ao encarar a profundidade daquele olhar.
Ele está muito bem vestido, elegante, com sua farda de gala, toda azul, com detalhes em prata e dourado, duas fileiras de botões no b***o, um broche da aeronáutica no lado do coração, o chapéu... ele sempre tentou me ensinar os nomes de tudo, mas eu nunca consegui aprender, já que a parte que eu mais gostava de ver ele vestido com a farda, era o momento em que eu começava a tirá-la.
Ele está lindo e não era para menos, é o dia do casamento dele, não do nosso, mas do dele... e não serei eu que caminharei até o altar e direi sim, não serei eu que viverei esse felizes para sempre.
Eu sou a mulher que está na varanda de casa acenando e sorrindo para Julian, desejando do fundo de meu coração que ele encontre com alguém a felicidade que nós não encontramos juntos. Ele nem mesmo me disse que se casaria, nem mesmo me preparou para aquele momento...
Se quiserem saber como chegamos até aqui, me acompanhem e eu conto, mas logo adianto, esse não foi o meu conto de fadas... e ele não começou neste momento, tudo se deu início bem lá atras, muito antes de eu me dar conta, na minha adolescência, no meus 16 anos, quando tudo o que eu queria na vida, era um cantinho sossegado para ler um bom romance, sem nem imaginar que estava prestes a iniciar o meu.