Morte
Eu tava em casa colocando meu filho pra dormir quando o Fantasma entrou. Ele ficou me encarando durante alguns segundos. Eu sabia que vinha bomba, mas terminei de colocar o Rafael pra dormir antes de dar atenção pra ele. Até porque, se eu tiver que me estressar, pelo menos o meu filho vai ficar na tranquilidade. Eu saí do quarto e ele veio atrás de mim. Me sentei na sala, mas ele ficou em pé.
Morte: Passa logo a visão, qual foi.
Fantasma: Tu tá ligado que eu tô trabalhando a semana toda pra descobrir quem são esses X9, né? E hoje eu finalmente consegui descobrir, mas acho que tu não vai gostar nem um pouquinho de saber. E eu acho até que é pecado tu ir lá, sabia?
Morte: Fala logo, p***a.
Fantasma: É claro que eu trouxe a ficha pra tu ver, porque eu não ia levantar uma p***a dessa à toa. Vai que Deus olha lá de cima e me castiga, tá maluco.
Ele jogou a ficha em cima da mesa da sala e eu segurei. Quando abri, encarei ele sério.
Morte: Tu tá de s*******m com a minha cara? Isso não pode ser verdade.
Fantasma: Mas é verdade. Eu nem sabia que era possível, mas é a madre do convento que tá passando as informações pra polícia. Eu não sei por quê, não sei qual é. Não sei se ela realmente é madre, mas puxei a ficha dela e não tem nenhuma informação relevante. Eu acho que ela pode ser uma policial.
Morte: Hahaha. Essa filha da p**a acha que eu não vou meter uma bala no meio da cara dela só porque ela tá dentro de um convento? Pelo visto, ela não me conhece. Chama os vapores de confiança, a gente vai entrar naquela p***a.
Fantasma: Calma, mano, muita calma nessa hora. Eu acho que você tem que pensar que aquilo lá é um convento. A madre pode até ser maluca, mas deve ter pelo menos uma freira de verdade lá dentro. Eu acho que é pecado a gente chegar lá matando os outros.
Morte: Faz o que eu te mandei agora. A gente vai entrar naquela p***a e eu vou tacar fogo naquele convento. Se tiver mais algum X9 lá dentro, ele vai morrer.
Fantasma: Calma aí, Morte. Com todo respeito... sossega a pepeca. Para com esse bagulho de que vai matar todo mundo lá dentro. Eu, hein. Eu entendo que você seja sanguinário que nem um vampiro, mas o bagulho também não é assim, né? A gente tem que pegar só os culpados pelo bagulho. Eu tenho certeza que foi só a madre que fez isso.
Morte: Chama os vapores. Quando eles estiverem prontos, você me passa no rádio pra eu subir pra boca e dar as ordens. Eu vou decidir o que fazer quando chegar naquela p***a. Se essa filha da p**a tá trabalhando pra polícia, eu tenho motivo pra matar. E você sabe muito bem. Eles tiraram a Sofia de mim. Eu tenho um filho pequeno pra cuidar e tu tá achando que a vida é um morango, né, c*****o? Eu vou entrar naquela p***a lá e vou tacar fogo. Se f**a quem quiser sair correndo, que saia. Mas eu vou tacar fogo naquela p***a.
Fantasma: Como teu subchefe, eu tenho que te dizer que você vai direto pro inferno se fizer isso sem direito a julgamento. E eu não quero ir pro inferno junto com você. Eu quero ir pro céu.
Morte: Tu tá de s*******m com a minha cara, filho da p**a? Traficante a vida toda, matou várias pessoas, e tá achando que vai pro céu? Vai pra p**a que te pariu. Vai. Faz o que eu te mandei. Prepara os vapores que mais tarde eu vou invadir aquele convento de merda e vou acabar com a vida daquela filha da p**a.
Fantasma: Meu Deus, por favor, perdoa ele. Ele não sabe o que diz. Ele não tá falando assim de um convento, não. Ele tá falando só da madre, especificamente. Mas fica despreocupado, porque ela nem é uma madre de verdade. Ela é só uma mulher safada que tá se vestindo de madre pra poder passar as informações do morro. Eu não vou matar ela. Pode colocar tudo nas costas do Morte.
Eu encarei ele durante alguns segundos, me perguntando se ele tava falando sério, papo reto. Depois, passei a mão no rosto e apontei pra porta, pra ele sair da minha casa.
Morte: Quando os vapores estiverem prontos, você me passa um rádio pra eu subir pra boca e dar as ordens. Eu quero atividade total. Se vagabundo falar que não vai matar quem eu mandar, eles vão morrer. Já pode deixar avisado.
Fantasma: Eu tô achando que você tá com muito ódio no coração, sabia?
Morte: Eu vou pegar o meu ódio e vou enfiar no teu cu, quer ver?
Fantasma: Ihhh, qual foi? Tá me estranhando, Jorge? Eu não tô te entendendo.
Morte: VAZA.
Eu gritei, e ele saiu correndo.
Eu fiquei encarando a ficha durante alguns segundos, e eu juro por tudo que é mais sagrado que eu pensaria que esse X9 tava em qualquer lugar, menos naquela droga de convento. Era um local perfeito pra esconder um rato mesmo, né? Mas essa desgraçada vai me pagar com juros e correção. Ah, ela vai. Principalmente se ela tava aqui na época da Sofia. Isso explicaria como aquele arrombado sabia onde era minha casa.
Mas isso acaba hoje. Com a cabeça dela nas minhas mãos.