333 d.F ( DEPOIS DA FÊNIX)
Os tons escuros de azul pintavam o céu junto a uma rubra lua cheia. O luar avermelhado causava um perturbador sentimento de temor e fascínio nos que presenciavam tal fenômeno. Era inverno, os ventos sibilavam uma melodia funesta que causava arrepios. Flocos de neve caiam e se aglomeravam no chão formando cobertores brancos gigantescos em todas as superfícies com as quais tinham contato.
No castelo de pedras cinzentas claras que se erguia imponente, mais precisamente no aposento mais alto e seguro do grandioso e vistoso palácio, o choro alto de uma criança ecoou e o rei chamado Luther escutando-o, à medida que fazia a defesa da porta, pranteou e riu contente por tornar-se pai. A voz forte da parteira ressoou por todo o local e os sinos, avisando os cidadãos do reino, foram badalados por duas vezes, deixando-os cientes de que era uma herdeira.
Enquanto isso, no solo branco com respingos e poças de sangue eclodia uma guerra entre os defensores do rei e os exércitos dos traidores que se uniram ao irmão do monarca para usurpar o trono. Os boatos da maldição assustavam até os servos mais fiéis, o que dirá as mentes influenciáveis, como as dos conselheiros. E usando do encantamento maléfico da bruxa Magda antes de ser exposta ao sol e ser feita uma pilha de cinzas, contra um ser inocente que no caso seria sua própria sobrinha, Alexander, viu uma chance de conseguir o trono que sempre sonhou e com apoiadores fortíssimos. Afinal, nada como uma mera semente diminuta para causar o caos.
O reino se dividiu em uma guerra civil naquela noite fatídica e seladora de destinos, apesar da conspiração começar bem antes, ainda no início da gestação da rainha. Aqueles que tinham medo de uma reles criança e aqueles que ainda respeitavam seu monarca.
A profecia causadora de tal divisão dizia o seguinte: A criança regida pelo estandarte da fênix, de sangue nobre, nascida sob a influência da lua de sangue está destinada a trazer de volta a era de escuridão a essa terra. Ela será escrava da noite. As trevas serão seu caminho e tudo o que tocar verá a morte.
Porém, ao mesmo tempo em que as palavras foram proferidas, uma estrela singela foi avistada por Verne, o mago do dia, caindo. Ao tocar na terra essa estrela virou uma pedra e fez uma cratera gigantesca em Gardênia. E tudo o que nela tocava era purificado. Essa era a alma de algo puro. Uma arma poderosa dada pelo Deus único aos mortais. Só que apenas uma pessoa tocada pelas trevas e pela luz podia usar para que o equilíbrio fosse estabelecido.
...
O menino loiro completamente trêmulo segurou ao pai pela barra da manga da cota de ferro. O homem usava uma armadura lustrosa, que apesar de já ter visto uns bons anos e diversas batalhas continuava reluzente. Os olhos verdes do pequeno estavam abertos ao extremo pelos sons horrendos de gritos que vinham do lado de fora.
— Não vá, papai. — Pediu Kalahan num baixo arquejo por saber que seu pedido era egoísta ao extremo.
Estava tão frio, que mesmo dentro da luxuosa casa com construção de pedra, revestida com adobe e madeira e com a lareira acesa, quando falavam saia fumaça de suas bocas.
Caleb era um homem não muito dado a sentimentalismo, estava em forma por seus anos de batalha apesar de velho, e pela primeira vez controlou as lágrimas que vieram aos seus olhos ao escutar o pedido do filho que parecia com medo de que brigasse por estar pedindo para não ir. O entendia, também não queria ir, queria ficar com sua família, se esconder e apenas sobreviver.
— Escute Kalahan... Escute... — Caleb chamou atenção do filho, recuperou o foco e a coragem respirando fundo. O homem tocou a bochecha robusta da criança com a palma da mão calejada. — O rei precisa de mim nesse momento. Essa é a primeira vez que ele será pai e o foco dele não estará na batalha. Sou o cavaleiro e o general de guerra dele, além de seu mais velho amigo. — Sorriu tentando tranquiliza-lo mesmo que também sentisse a morte atrás de si. Ajoelhou-se ficando da altura da criança, tocou-o nos ombros, encarando-o seriamente. — Você ouviu os sinos, filho? Foram duas vezes que soaram... — A criança assentiu com a cabeça em acordo, amuada, com os olhos verdes repletos de lágrimas, porém controlando-se para não chorar, apesar de fungar muito, limpar os olhos com as costas das mãos várias vezes e fazer várias caretas. — É uma menina! Uma princesa. Lembra que me disse que odiaria ter que seguir ordens de um príncipe mimado sendo que seria mais velho que ele... — Caleb sorriu um pouco se lembrando.
Era uma cena engraçada em sua cabeça porque tinha acontecido na frente de Luther. E Luther não se chateou, apenas disse que também preferia que fosse uma princesa.
— E-eu dis-disse... — Fungou Kalahan em acordo. — que não queria ter que cuidar de um príncipe mimado e preferia que fosse uma garota. — Afirmou novamente.
— Isso, — Riu Caleb cativado por aquela fofura. — olha, seu pedido foi atendido. Assim como defendo o rei, você defenderá a princesa um dia, não é legal? —Explicou e o tocou no rosto com um gigante sorriso. O menino concordou melancólico. — Cuide da sua irmã e da mamãe para o papai. Lembre-se de que nossa lealdade sempre será ao rei Luther e a rainha Kiera. Não importa o que aconteça hoje. Prometa. Prometa que protegerá a princesa não importa o que escute falarem dela. Ela será nossa rainha um dia.
— Eu prometo pai. Tomarei de conta da princesa e a protegerei com minha vida se precisar! — Garantiu determinado, apesar da voz estar embargada.
— Meu bom garoto! — Caleb soltou aliviado. Deu-lhe uns tapinhas carinhosos no rosto. Beijou o filho na testa orgulhoso e uma lágrima escorreu de seus olhos sem que o garotinho visse. Parou o abraço e com um sorriso no rosto acariciou os fios lisos que pareciam fios de ouro que caiam sobre os olhos do menino. — Papai te ama muito, sabia?
Antes que Kalahan pudesse dizer algo em resposta seu pai já havia saído. Uma ventania entrou porta adentro junto a flocos de neve, correu até ela e a fechou. Deixou que suas costas deslizassem pela porta até sentar-se no chão. O choro que tanto segurou para não soar um covarde perante aquele que tanto admirava finalmente veio à tona em soluços terríveis. O coração da criança só carregava uma certeza medonha de que nunca mais veria seu pai.
Caleb, já do lado de fora, onde caia uma nevasca, segurou a empunhadura da espada corajosamente, tirou uma menininha da mira de um matador, salvando-a, desferindo a lâmina nos soldados inimigos que marchavam sob uma bandeira sem cor. Flocos de neve juntos a respingos de sangue caiam em sua armadura enquanto começava a lutar contra quem aparecesse a sua frente, até chegar a uma das entradas escondidas do castelo camuflada das vistas curiosas por galhos numa parte isolada e esquecida por ser o esgoto. Tirou os galhos que a escondiam. Seu plano era estar com seu rei e proteger a vida de Luther caso as coisas dessem errado e a guerra conseguisse adentrar a fortaleza.
Talvez, o pressentimento de Kalahan a respeito de seu pai tenha sido na verdade uma premonição. Afinal, Alexander, esperto como era havia seguido o homem mais fiel de Luther sabendo que só ele teria acesso ao rei em meio a todo aquele caos. Antes que Caleb pudesse adentrar a passagem secreta, sua guarda estava baixa e estava de costas ao seu algoz. Sem que pudesse se defender a lâmina enfiou-se na carne da garganta profundamente rasgando-a e fazendo jorrar sangue.
— Obrigado, meu caro! Sabe, por me mostrar a entrada. — Falou Alexander debochado e gargalhou assistindo o cavaleiro com indiferença sangrar tentando em vão apertar o corte com as mãos até os olhos verdes ficarem sem vida. Alexander limpou a lâmina ensanguentada nas próprias vestes do cavaleiro numa espécie de dança e riu debochado encarando ao agora cadáver. — Com certeza sua morte não foi honrosa como sempre pensou que ia ser, não é maldito? Você sempre foi um pé no meu saco. Sobre isso, bem, não há nada que eu possa fazer além de dizer, obrigado por, em sua morte, ter sido de mais ajuda para mim do que em toda sua vida patética. — Alexander revirou os olhos. — É.... O que devo dizer? Grato eu estou por ter defendido meu irmãozinho tão bem todos esses anos, serve? — Deu de ombros achando uma graça inoportuna. — Hm.... deixa para lá.
Invadiu o palácio, a fortaleza impenetrável que, quem diria, era cheia de falhas. Atravessou o esgoto, cuja água cheia de imundícies batia em sua cintura, sem problemas em enfiar-se na lama preparando-se para o resultado final. Caminhou apressadamente pelos salões que tão bem conhecia matando quem aparecesse a sua frente até chegar a Luther deixando cadáveres despedaçados para trás. Alexander sorriu vendo-o sozinho fazendo a guarda do aposento da rainha.
— Patético, maninho. Seus homens lá fora se matando por você e você aqui em segurança vendo sua mulher parir. — Repreendeu Alexander e crispou os lábios negando com a cabeça, forjando decepção. — Ouvi dizer que é uma menina a sua cria amaldiçoada. Nem para produzir um herdeiro você serve, não é? Triste.
Luther sentiu lágrimas virem aos seus olhos, mas recuperou-se. A punhalada sempre doía mais quando vinha de alguém que se amava.
— Irmão, você não precisa fazer isso. Seja racional, por favor. — Luther tentou apaziguar a situação.
— Tem razão, eu não preciso. — Constatou Alex frio, fingindo reconsiderar e realmente se arrepender. — A questão é que eu quero fazer. Eu quero muito. — Lambeu os lábios, e******o. — Tem ideia do quanto esperei por isso? Uma dica. A minha vida inteira. — Girou a empunhadura da espada em mãos e desferiu a lâmina com a do irmão produzindo faíscas.
— Não vou lutar com você, é sangue do meu sangue! — O rei tentou novamente elucidar ao irmão lembrando-o do parentesco que tinham.
— Ah, Lutherzinho.... Só meio sangue. — Desdenhou Alexander. — Venha enfrentar seu irmão mais velho. O que foi? Com medo agora que o inútil do pai não pode mais sair da cova para te proteger? — De repente, Alex ficou sério. — Quem ganhar terá o trono... Matarei sua cria, mas deixarei sua esposa viver. Afinal, era para ela ter sido minha esposa. Vamos corrigir isso.
A luta de espadas começou entre os dois irmãos. Ambos eram bons espadachins, entretanto, Alexander tinha muito mais experiência, apesar de Luther compensar isso em agilidade.
— Pare. Esse é um dia tão feliz para mim, porque não pode compartilhá-lo comigo. — Pediu Luther com grossas lágrimas descendo por suas bochechas. — Irmão, eu sou pai e você tio. Ela é tão linda. Tão pequenina e frágil.
— O que?! Devo ficar feliz com a sua cria com aquela que deveria ter sido minha esposa? Não, obrigado. Eu prefiro conquistar isso com o meu próprio esforço. Você sempre foi apenas uma sombra minha e sua única sorte foi sair do ventre da esposa oficial do pai. Nunca teve que lutar por nada, isso é nauseante.
— O pai nunca tratou nenhum de nós diferente...
— É o que? — Vociferou Alexander gargalhando incrédulo como se fosse a piada do século e sentindo sua cólera apenas crescer. — Ele te deu o maldito trono, Luther! — Cuspiu entredentes. — Eu sou o filho mais velho dele, apesar dele ter fingido que não. Se isso não é tratar diferente, merda, então eu não sei o que é.
— Irmão, eu te dou o trono se é isso o que quer.... — Garantiu Luther apenas desejando apaziguar a situação. O rei não era covarde, entretanto levava em consideração a família e o coração dele estava doendo tanto por aquela traição. — Apenas esqueça isso. Eu te perdoarei, prometo. Não sofrerá nada. Vamos apenas festejar a vida da princesa de Fenit.
— Eu não quero que me dê nada! — Gritou Alex descontrolado e vulnerável se sentindo humilhado, passou a mão pelo belo cabelo escuro. — Eu quero tomar o que é meu, Luther. Que moral eu teria se dissessem que você em toda sua maldita misericórdia me deu o trono? Não, passo. Mas valeu a tentativa. — Aproveitando a distração, num movimento rápido fez a espada cair das mãos de Luther e levou a lâmina ao peito do irmão. — Merda, Luther... tão sentimental. O nosso mestre de armas já te disse quantas vezes para não se distrair numa luta? — Enfiou a lâmina até o fim. — Eu quase me sinto m*l por fazer isso... Eu disse quase, não é? — Sussurrou no ouvido dele respirando fundo e lamentoso enquanto Luther inclinava-se para trás pelo golpe. — Eu te amo, sabe? É só que odeio que tomem o que é meu. Agora é a vez da sua criança maldita. Eu sou o que o povo chama de m*l necessário.
— Irmão — Chamou Luther engasgando no próprio sangue. — Só, por favor, não mate minha bebê... Por favor... Pode ter tudo o que quer, não precisa matá-la... Por favor. Por favor.
Os olhos escuros de Alexander se encheram de lágrimas pela primeira vez e ele respirou fundo e beijou Luther castamente na testa sem se entender também. A lembrança de quando eram pequenos e Luther o seguia de um canto a outro sendo o único a chamá-lo de irmão e reconhecê-lo como um príncipe o preencheu e foi como uma fisgada dolorosa.
— A sua monstrinha.... — Começou Alex atordoado com o sangue de Luther em mãos. — Vou bani-la para outro mundo pelo portal. — Tentou inutilmente e respirou fundo lutando contra si mesmo. — Considere isso eu realizando seu último pedido. — Luther confirmou com a cabeça e os olhos de ambos se encontraram - castanhos claros contra escuros. — Apenas morra e cale a boca de uma vez, i****a! MORRA! — Gritou Alexander perturbado e com lágrimas que não entendia deixando rastros molhados em suas bochechas.
Luther moveu os lábios num silencioso e sufocado “obrigado, irmão”.
— Não ouse me agradecer por isso. Eu ainda vou tomar tudo o que é seu. — Alex avisou, tremendo de raiva e ódio agarrando ao colarinho do irmão e o sacudindo. Os olhos de Alexander estavam marejados quando pegou na mão do homem cujos olhos eram tomados aos poucos pela nevoa da morte. Tirou a lâmina do peito dele. — Adeus, querido irmão. Que você fique em paz agora.
...
O portal se abriu e a serva junto da criança foi enviada para outro mundo. Kalahan estava presente junto de sua mãe Anna e da irmã mais velha, Hinata. A rainha Kiera estava desolada com a partida da criança e buscava o apoio de Anna, que era sua melhor amiga, assim como Caleb foi o melhor amigo de Luther. O destaque de Kiera se trazia no bonito colar de rubi em seu pescoço.
— Kalahan... — Kiera chamou a criança loira para seus braços e o abraçou. — Minha filha, na hora certa, você deve buscá-la... O casamento com o filho do rei de Dragomir foi aceito, só vocês três sabem disso. — Revelou Kiera a família de Caleb. — Quando ela completar os dezoito anos de seu nome você deve trazê-la de volta para o que é dela por direito. O nome dela será Demetria Alexandra Fenit. Esse é o nome que Luther escolheu.
— Majestade... Eu cuidarei da princesa com minha vida.
— Até lá, meu querido. Eu preciso que se prepare. — Pediu-o Kiera séria. — Eles tentarão impedi-lo. Deve fingir ser leal a Alexander.
— Eu me inscrevi no torneio de jovens cavaleiros dele, majestade. — Contou Kalahan constrangido. — Contudo, tenha certeza que, na hora certa, eu defenderei a princesa com minha vida.
— Obrigada, meu querido. — Kiera falou tranquila, acariciou a face robusta da criança. — Sinto tanto por seu pai.
Kalahan a fez uma reverência. Eles dois compreendiam o peso do luto.
— E eu sinto muito pelo nosso rei, majestade.
...
SARAH
(Num convento esquecido na zona rural de Salém - Massachusetts)
(Demetria foi banida de Fenit para nosso mundo e aqui chegou ainda bebê no ano de 2001 da nossa era, há exatos 17 anos, 11 meses e 28 dias, ou seja, em três dias, ou mais precisamente em 31/10/2018 completará dezoito anos.)
Mas, no convento, está passando por mais um castigo, o cabelo longo, liso e sedoso ao qual havia se dedicado por anos a fio era cortado com as mechas caindo à sua volta. Lágrimas estavam nos seus olhos, porém se recusavam a descer pelo seu orgulho. Assistia mantendo a compostura a tesoura se movendo com o prazer devasso da noviça que a conduzia por suas madeixas. Sarah dava suspiros sem nada dizer. Não havia nada o que pudesse fazer para impedir. Afinal, a abadessa havia avisado que se ouvisse mais um grito cortaria todo o cabelo dela. Mas era inevitável. Seus sonhos, eles estavam ficando cada vez mais vívidos. Havia olhos gigantescos e uma voz chamando por alguém chamada Demetria.
Seu nome era Sarah Clarity, não Demetria, contudo, sentia que esse outro nome também a pertencia. Vendo seu cabelo no chão, à sua volta, uma pontada de ódio a dominou. De repente, toda sua raiva foi focada em como queria que a tesoura estraçalhasse os cantos da boca da menina que era sua “cabelereira” e a deixassem parecendo o Coringa. Aí sim, a cobra com hábito teria motivo para ficar com aquele irritante sorrisinho de vitória na cara.
— Está gostando de manusear a tesoura, Ângela? — Questionou Sarah fingindo não se importar. — Ouvi dizer que cabelo curto está super na moda hoje em dia. Ainda bem que não tenho que gastar o dinheiro da caridade com uma ida ao salão. Obrigada, fico te devendo essa.
— Sabe que é pecado mentir, não é?
— Quem precisa de toda aquela cabeleira? Que alívio. — Sarah era uma mentirosa tão boa que até ela mesma acreditaria no que saia de sua boca, não fosse aquela traidora dor no peito.
Para Ângela a atividade havia perdido a graça no instante em que a maldita órfã começou a apreciar.
— Bem, vamos deixar assim. Já tá parecendo um garoto mesmo.
— Nossa, tão lindo! — Continuou Sarah na farsa mirando ao espelho pequeno. — Tem certeza que não quer cortar mais? — Forjou um sorriso sincero como vários que já havia treinado no espelho e soavam críveis.
— Perdi a vontade. — Resmungou a mulher morena se retirando.
Sozinha no quarto, Sarah deixou-se deslizar da cadeira, ficando de joelhos pegando o cabelo do chão com lágrimas nos olhos.
— Aquela maldita... Eu queria que ela morresse! Ela podia cair da escada com aquela tesoura e....
Um grito alto ecoou e Sarah saiu correndo do quarto. Exatamente como tinha imaginado a cena em sua cabeça tinha acontecido. Uma poça de sangue se formava no chão e a tesoura havia cortado uma das laterais da boca da garota que gritava histérica. Um desejo perverso de seu coração havia se concretizado, contudo, ela apenas correu até o confessionário determinada a conversar com padre e pedir absolvição por mais um de seus pecados.