Capítulo 2

1482 Palavras
É um omega. Pela cor dos olhos. Ambos são ômegas, o outro, provavelmente, um adulto, tanta pelo tamanho quanto pela agilidade em batalha; o lobo rendido é um adolescente. Nathan viveu poucas e boas, mesmo sendo tão novo, foi jogado na mata para sobreviver e treinou como nenhuma outra criança na sua idade para reconhecer as feras que um dia caçaria. Ele observa a luta com atenção atrás da árvore, querendo ao máximo parecer despercebido. Mas o lobo rendido olha para ele, e em questões de segundos, o medo que sentiu por ser descoberto dá lugar a um sentimento completamente novo, algo que ele nunca havia sentido antes. Um arrepio corre na espinha e ele em gole em seco porque uma voz surge em sua cabeça: — Me ajuda. Ele vai me matar. De alguma forma, ele sabe que aquela voz desconhecida vem do lobo rendido, é um rapaz. Sua voz emana medo e desespero, como ele achou Nathan ali, ele não sabe dizer. Tem muito tempo que ele não entra em combate, ainda mais com um lobo tão grande quanto aquele. Que se transforma em uma noite de lua nova, mas esse é um ponto positivo, porque significa que ele não está em sua forma perfeita e muito menos em sua força total, pelo contrário. Está em seu momento mais fraco do mês. Nathan já decidiu que ajudaria o lobo. Desde o momento em que seus olhos se encontraram, ele já havia decidido. Mesmo antes do lobo suplicar por socorro, ele já estava certo do que ia fazer;na verdade, tem algum tempo que ele vem querendo um embate de verdade e ele não se demora: se abaixa e de baixo da bainha da calça, puxa dois punhais e pula para o topo das árvores. Em um galho, ele observa a cena e tenta pensar o mais rápido possível, mas o lobo está prestes a atacar o adolescente, então Nate joga seu punhal, que atravessa a pata dianteira esquerda do ômega adulto, que uiva só sentir a lâmina atravessando a carne. Com os dentes, ele arranca o punhal e joga em algum lugar, Nate permanece em silêncio em cima do galho enquanto o lobo olha para cima, tempo suficiente para o lobo adolescente morder a outra pata de seu adversário e se soltar, tomando posição de ataque novamente. — Não faz isso! — Nathan grita do alto da árvore. — Ele é muito maior que você e mais ágil também! O lobo olha para ele, rosna, provavelmente incomodado porque queria atacar o outro de uma vez. O adulto olha para Nathan, seus olhos eram difícil de desvendar, mesmo assim, ele finalmente pula e cai entre os dois, olhando diretamente para o maior. — Eu sou seu oponente Seu punhal está jogado logo atrás dele, mas ele ainda tem mais um em mãos. Ele sempre anda com dois – em uma situação normal, anda com bem mais escondidos pelo corpo. — Pode vir — diz Nathan para seu adversário, posicionando o punhal na frente do corpo, em posição de batalha. — Eu vou ser seu oponente. O lobo cerra os olhos e rosna para Nathan, caminhando lentamente pela direita em direção a ele, rosnando para o garoto e finalmente, segundos depois, ele corre, pulando em cima do garoto, que se joga por debaixo do animal, rasgando parte da barriga dele. O lobo uiva e bate em uma árvore, Nathan aproveita a oportunidade e corre até o seu punhal, jogado em um canto distante. Finalmente com os dois objetos em mãos, ele assume novamente a posição de batalha mais uma vez. O lobo se levanta, balança a cabeça e rosna para o garoto, que não se abala em nenhum momento; o lobo adolescente permanece afastado, obviamente cansado e machucado, ele está ofegante e sente que vai cair em breve. Nate sabe que precisa terminar aquilo o mais rápido possível e quando lobo vai em sua direção novamente, ele corre na direção contrária, subindo no tronco de uma árvore e tomando impulso com os pés, pulando no ar e em um único golpe, ele enfia ambos os punhais nos olhos amarelados do animal, com tamanha força, ainda puxando para cima, se certificando de que o golpe iria, no mínimo, paralisá-lo por algum tempo, isso se ele não morresse ali mesmo. E se ele morresse, saberia que não é um dos grandes. Assim, o lobo para de se contorcer e finalmente cai no chão, voltando a sua forma humana segundos depois. Nathan finalmente para e respira, puxando um longo ar e fechando os olhos. É, não tinha sido tão emocionante assim. — Não foi tão emocionante, mas me cansei. Estou fora de forma, definitivamente — ele comenta para si mesmo, se lembrando em seguida do segundo lobo. Nate guarda os punhais de prata na perna, embaixo do tecido, apenas pensando no trabalho que daria tirar todo aquele sangue da sua roupa, e vai na direção onde agora tem um rapaz que geme de dor. Ele está realmente machucado, cheio de hematomas e alguns não são daquela batalha. Ele também tem ferimentos que não cicatrizaram e também não são antigos, pelo contrário. O rapaz está magro e suas roupas maltrapilhas, parece que está vagando sozinho há dias. — Ei. Olha pra mim — Nathan diz, hesitante em tocar um lobisomem. — Ei, demônio. O que faz nessas bandas? — Eu… — o rapaz gemia — estou com… fome… Ele também ofega enquanto tenta falar, e embora esteja inclinado a ajudá-lo, Nathan não pode levá-lo para sua casa. Sua tia-avó surtaria por ter um rapaz todo machucado a essa hora da noite em sua casa. Mas ele também não pode deixar aquele cara naquele estado simplesmente. Tá. O semimorto ali no chão é um lobisomem e Nate é um caçador. E daí? — Tanto faz — diz Nate para si mesmo. — Eu vou te ajudar, ok? Vou te dar água, comida, uma cama pra você dormir, vou encher a banheira pra você. Mas logo você vai embora. Embora ele esteja falando tudo aquilo, o rapaz agora parece delirar, porque ele solta alguns barulhos estranhos com a boca. Seu mau cheiro era forte, ele super precisa de um longo banho, com muito sabão. Talvez com água sanitária. Nathan o levanta e com muita dificuldade, joga o corpo dele em sua costa, torcendo agora que ele não caia em nenhum momento. O rapaz é bem maior do que o pequeno Nathan – que não passa de 160 de altura – podendo ter facilmente 180, talvez mais. Talvez tão alto quanto Alec. — Obrigado — ele ouve pela segunda vez a voz dentro da sua cabeça. — Ok, ok, como você faz isso? — Isso o que? — Ah, você fala? Nate para, surpreso, achando que o rapaz já estava desmaiado. Ele realmente deve estar cansado e com muita dor. — Você tá bem? — Nate indaga. — Eu tô com fome. — É, eu sei, eu vou te dar comida, mas o que diabos você tá fazendo aqui? Veio me matar? Ou melhor, porque estava brigando com um dos seus? — São muitas perguntas. — Que você tá me devendo por te salvar. E eu ainda tô te carregando até o meu carro e eu sou três vezes menor do que você. — Tudo bem, tudo bem, mas vai devagar… Nathan respirou fundo. Mais um minutinho andando e ele chegará ao seu carro, que está estacionado na parte de trás da casa – que ele ainda não sabe de quem é. — Não vou te cansar mais. Por agora, só me diz seu nome. — Eu acho que… meu nome é Frederic. — Acha? — Nate indaga, surpreso. — Você não sabe seu nome? — Deve ser esse, aqueles lobos só me chamam assim — Frederic está com a cabeça no ombro de Nate, apenas desejando poder dormir em paz. Está em seu limite, e talvez estivesse morto se não fosse por aquele rapaz que agora o carregava gentilmente. — Qual o seu nome? — Nathan. — Nathan. Ok. Se não se importa, eu já posso parar de falar? Meu peito dói. Tudo o que eu souber eu te digo mais tarde. — Tudo bem. Estamos chegando no carro. Mais um minuto de caminhada e Nathan chega até a propriedade, passa pelo banco onde se sentou minutos antes e caminha até a lateral da casa, onde seu carro está estacionado. Abre a porta de trás e coloca o rapaz ali, que logo de deita no banco. Nathan finalmente para para observá-lo. Embora esteja em um estado deplorável, Frederic é um rapaz bonito. Seus cabelos lisos estão jogados no banco do carro e precisam urgentemente de um corte decente. Ele parece que adormeceu. Nate fecha a porta e dá a volta no carro, entra, passa o cinto e dá a partida, pensando o que deve fazer a partir de agora.
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