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1215 Palavras
Depois que Albert foi embora, disse a Benicio que estava cansada. – Tudo bem – disse acariciando meu rosto – passarei por aqui amanhã, para darmos uma volta. – Benicio eu… – O que acha de um piquenique? – interrompe. Olho-o desconfortável, mas assento. Ele se despede e logo sai. Subo para meu quarto, finalmente sinto um alívio. Um peso saindo de minhas costas. Tomo um banho e troco de roupa. Acomodo-me em minha cama e penso em cada detalhe dos fatos ocorridos nas últimas horas. Levanto e sigo para a janela. Volto no tempo. Mais precisamente horas atrás, quando fui pega de surpresa por Benicio… ** – Falar sobre o padre Albert? Como assim? – Benicio me olha curioso. – Sabe a que me refiro. Engulo em seco e dou-lhe as costas. – Não faço ideia. Ele se aproxima e fita a paisagem a sua frente. – Sabe Audrea, meu pai me ensinou muito bem como decifrar as pessoas, como seguir seus passos e descobrir seus segredos – ele me fita e eu faço o mesmo – aprendi da pior maneira. Menti para ele, uma única vez, e esta foi o suficiente para aprender, que não se mente para um homem sábio. Desde então, busquei tal feito; descobrir o que passa na mente das pessoas. – Fale logo o que quer! – Você sabe o que quero – diz acariciando meu rosto, esquivo-me e ele ri – sei de seu romance com ele. Não digo que fiquei muito surpreso, você é diferente das outras moças, e acho que é isso que tanto me atrai em você. Não tem medo de arriscar o que têm de mais precioso; sua vida. Olhava-o seriamente. – Acho que entende o que quero dizer… – Quer que eu me case com você, senão dirá a meu pai o que sabe… Ele sorri. – Audrea, nosso casamento será produtivo para todos. Para nossos pais, que tem os mesmos ideais; para mim que a amo verdadeiramente – ele se aproxima um pouco mais – e pra você, que teria ao seu lado, o marido mais dedicado, que faria tudo para vê-la sorrir. Não quero que veja esta situação, como algo r**m. Não queria que fosse assim, não queria colocá-la contra a parede, mas, isto serve também, para conscientizá-la do erro que está cometendo, mas, quero que saiba, que ele é o mais errado nisso tudo, de se aproveitar de você de tal forma… – Fui eu Benicio – interrompo. – O que? Você o que? – indaga confuso. – Fui eu quem o corrompeu. Eu me declarei para ele – sua expressão mudou – ele não me quis de imediato, mas, insisti e ele cedeu. Ele permanecia estático me observando. – Não importa – diz – ele sabe muito mais que você, que tudo isso é errado. – Por favor, não o culpe. – Audrea, não seja tola – berra – vi como saiu da igreja. Acha certo que ele a trate de tal maneira? – ele agarra meus ombros – você merece ser respeitada; coisa que ele não fez! Eu farei isso, respeitarei você. Diga sim, por favor, não apenas pelo fato de eu saber tudo o que aconteceu entre vocês, mas, por você querer ser feliz. Olho-o intensamente. – Se eu lhe disser que não… O que fará? Ele me solta. – Serei obrigado a reportar tudo o que aconteceu; tanto ao padre Robert, quanto a seu pai. Não apenas por raiva, mas, porque é o certo. – Certo? Benicio, você não entende… – Têm razão, não entendo mesmo. Como pode estar tendo um caso com ele. – Eu o amo! – solto e ele se surpreende. – Porque? Por causa daqueles olhos azuis? Por causa do jeito gentil e educado?! – ele se reaproxima – Audrea, esperei anos por uma chance, e do nada, esse homem aparece e toma minha frente?! Ele é um padre Audrea! Se diz tão religiosa, mas não quer assumir tal pecado. Engulo em seco. Tinha consciência da gravidade de meu erro. – Não me julgue. Sabe que não mandamos em nosso coração. – Audrea, eu lhe peço, imploro se preciso for; case-se comigo, e eu lhe prometo que ninguém jamais saberá o que quer que seja sobre isso. Estarei ao seu lado, lhe apoiarei, lhe amarei até o último dia de minha vida. Sentia verdade em suas palavras, mas, aceitar casar com ele, apenas porque ele estava me ameaçando? E se eu dissesse não? Ele seria realmente capaz de expor tudo? Poderia correr tal risco? Não era apenas minha vida que estava em jogo. A de Albert principalmente. O amava, e jamais faria algo para vê-lo sofrer. Olhei-o profundamente em seus olhos e segurei sua mão. *********************************************************** Ouço batidas na porta. – Querida, ainda estou sem acreditar! – mamãe entra eufórica no quarto – o que houve? – Nada. – Nada? E que cara é essa? – A minha. – Não, não. Essa cara é de quem não está feliz, coisa que você deveria estar. Acabou de dizer sim para o solteiro mais cobiçado de Salvatore querida. Faz ideia da sorte que tem?! – forço um sorriso – amanhã iremos a igreja. Não quero que o padre esqueça de olhar a data mais próxima. Assento e ela sorri. – Obrigada – diz. – Obrigada? – Não faz ideia do quanto feliz me faz tomando esta decisão – diz e sai. Percebo que Benicio estava certo. Nossos pais ficariam extremamente satisfeitos. Mamãe que passara dias sem falar comigo, agora parecia que tínhamos voltado dez anos atrás, antes de tudo, antes de todos os problemas. Henry. Sigo até a escrivaninha. Abro uma gaveta e tiro uma foto de dentro. Ele era tão lindo e tão jovem. Ouço fortes estalos e lembranças daquela noite tomam conta de minha mente. Jogo a foto na gaveta e sigo para a janela. A noite caíra. O céu estava tão estrelado, como na noite em que beijara Albert. Respiro fundo e fecho os olhos por um momento. Se me arrependeria de ter dito sim a Benicio? Talvez. Ele usara de meu segredo para me ter, mas, ele não era má pessoa. Se eu deixaria de amar Albert algum dia? Isto jamais aconteceria. O que sentia por ele, jamais poderia ser apagado. Era forte demais. Não conseguia entender como pude ir ao extremo tão rápido. Se estava arrependida de tudo o que tinha feito? Claro que não. Se soubesse que acabaria tão rápido, teria feito muito mais. Teria, inúmeras, dito vezes o quanto o amava. Talvez ele tivesse tido uma reação diferente nesta manhã. Mas, por outro lado, Benicio ainda saberia de tudo. E aí, teríamos de fugir… Fugir! Abro um enorme sorriso em pensar em tal possibilidade, mas, logo recomponho-me. Lembro das palavras que dissera a ele. Ele não viera até minha casa por outro motivo que não fosse entregar minha bolsa. Retraio-me e sinto a decepção tomar conta. Tinha um sabor amargo que queimava a garganta, deixava-me sem ar e fazia os olhos lacrimejarem. Sigo para a cama e deito. Fito o teto e deixo uma lágrima cair. Viro de lado e fito a janela. Quem dera eu ter asas e fugir para longe, mas, não sozinha. Aonde quer que eu vá, o quero comigo, mesmo sem puder tê-lo.
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