Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ ᴛʀᴇ̂s: ᴘʀɪᴍᴇɪʀᴏ ᴅɪᴀ ᴅᴇ ᴀᴜʟᴀ

3732 Palavras
O dia amanheceu radiante, os pássaros entoavam uma linda canção, o sol sorriu pra mim e… bom, eu poderia até dizer que isso era verdade, mas seria uma mentira deslavada. O dia amanheceu nublado, pelo que pude constatar ao checar através da janela, já que novamente não fechei as cortinas. E além disso eu havia escorregado no banheiro e caído, nem sei ao certo como, e tudo isso porque perdi a hora e estava completamente atrasada. Mal presságio? Talvez. Ou talvez fosse somente o fato de que aquele tempo era perfeito para se estar debaixo das cobertas e dormir até um pouco mais tarde. Mas como nem tudo é sombra e água fresca, lá estava eu acabando de me vestir apressadamente – uma calça jeans preta e justa, blusa com uma estampa floral e ombros à mostra, e como que de lei, meu all star vermelho –. Se estivesse com mais tempo, provavelmente teria tentado dar um jeito na juba que chamava de cabelo, mas dada a situação, direi que optei por deixá-lo solto mesmo. E assim que peguei minha mochila, só saí o mais rapidamente que consegui, afinal a última coisa que precisava era um atraso logo no primeiro dia. Já sabia o caminho, felizmente, porque meu pai havia feito questão que eu aprendesse pra não acabar me perdendo, mesmo que a escola nem fosse tão longe de onde eu morava, então foi um contratempo a menos. Então em pouco mais de dez minutos eu cheguei ao meu destino, que pareceram mais cinco, já que em certo momento, só pluguei os fones no celular e passei o percurso inteiro ao som de Lana Del Rey. E devo dizer que estando ali, parada a frente daquela fachada, em meio a toda a movimentação e conversação dos demais alunos que também acabavam de chegar, o lugar parecia ainda maior e mais bonito. Adentrei a escola agora sem a mesma pressa do início da manhã, visto que ninguém mais ali parecia estar também e caminhei distraidamente com a mesma calma pelos corredores, em busca de alguém que pudesse me guiar por aquele enorme lugar ou ao menos me dar uma informação útil. Pelo meu histórico já deveria ter alguma noção de que caminhar sem sequer olhar para os lados não poderia dar em boa coisa, mas ao que parece eu precisava levar alguns tombos a mais antes de fixar aqui, já só parei para prestar atenção realmente no que tinha a minha frente quando meu corpo já havia se chocado contra em algo, mais precisamente em um menino loiro que carregava um pilha de papéis bem organizados e que naquele momento se encontrava espalhados por cada cantinho daquele chão imaculado. Completamente estarrecida era como eu me encontrava naquele momento, sem ter a menor de onde enfiar a cara. Só podia ser brincadeira. — Desculpe. – o pedido saiu antes mesmo que eu notasse, completamente cheia da vergonha que havia dentro de mim. E antes de ouvir qualquer coisa a mais já estava abaixada, juntando tudo o que podia, logo após ter pausado a música. — A-ah, não, está tudo bem. Eu que estava distraído demais. – a voz dele só soou alguns segundos depois, desajeitada, e quando enfim ergui o olhar minimamente, o vi também abaixado à minha frente, ajudando, embora a culpa não fosse dele. Talvez a educação alheia houvesse me surpreendido, e por um momento agradeci internamente por nem todos os franceses serem grossos, enquanto relaxava os ombros anteriormente tensos. Levantamos quase que ao mesmo tempo, poucos minutos em silêncio depois, e logo o estendi o que havia juntado. — Desculpa mesmo. – pedi novamente, ainda assim, soltando o ar enquanto agora reparava melhor no rosto não mais coberto pela franja loura. — É que é minha primeira vez aqui e estou um pouco perdida e desorientada, estava distraída. Sorri nervosamente, analisando-o. Ele tinha os olhos castanhos… Na verdade, se fosse para ser específica, eram âmbar e além disso, possuía traços um pouco delicados, além de ser uns bons centímetros maior que eu. Também parecia um garoto tímido já que assim que percebeu que eu o encarava demais, pareceu ficar sem jeito, desviando o olhar para lado — Novata, sim? – acabou indagando e eu assenti, mesmo que tivesse parecido ser retórico — Sou Tristan, representante de turma e presidente do grêmio estudantil. Explicou, enfim me olhando, sorrindo timidamente antes de tentar se organizar para me estender a mão. — Ah, Alicia, prazer – retribui o sorriso e apertei sua mão assim que me toquei que deveria segurá-la. — Você parece a pessoa que estava procurando mesmo. Será que poderia me ajudar? Do jeito que essa escola é grande eu nunca vou chegar na aula a tempo. — Claro, eu só preciso deixar esses papéis no grêmio. Tudo bem? A voz paciente me explicou, antes de indagar, todo solícito e educado, me fazendo sorrir um pouco mais em alívio, antes de afirmar. — Quer ajuda com isso? Parece ser h******l carregar e meio pesado. Assim que ele assentiu, por um breve momento parecendo surpreso e agradecido, peguei uma parcela do que ele carregava, ajeitando em meus braços, antes de seguirmos caminhando lado a lado agora. — É nova por aqui também? Digo, é que percebi o sotaque diferente... — Oh, sí, eu morava em Madrid, cheguei na cidade no sábado. – meu tom soou um pouco mais animado do que eu realmente estava ao me mudar, mas talvez se devesse ao fato de estar falando da minha terra natal, e aquilo o fez rir um pouco. Logo chegamos a sala que pelo que entendi era sede do grêmio estudantil da escola. — Espere só um minutinho, okay? – pediu e entrou na sala, embora tivesse deixado a porta aberta numa permissão silenciosa para que eu entrasse no local, ainda assim permaneci ali na entrada, observando. Depois de um tempinho, menos de um minuto, ele retornou com um papel na mão e logo me entregou. — Aqui está. É o seu horário e o número do seu armário. Sua turma é a 2-A, e sua primeira aula é a última sala à direita assim que virar no fim desse corredor. — Obrigada, você acabou de me salvar, de verdade. – agradeci sinceramente, voltando o olhar da direção que ele indicava, até o mesmo, fazendo um joinha e recebendo um aceno e sorriso em resposta. Segui as instruções dele e não muito depois cheguei à sala de aula. Soltei um suspiro e me preparei internamente, porque apesar de tudo uma ponta de nervosismo ainda brincava no meio, fazendo-me inquieta por um ínfimo momento. Assim que respirei fundo novamente, calma e hesitantemente bati na porta, ouvindo um "entre" abafado vindo do outro lado. E logo que o fiz, automaticamente todos os olhares se voltaram em minha direção, me deixando minimamente travada e sem jeito. Odiava ser o centro das atenções. — Ah, turma, esse ano teremos uma aluna nova. – o professor, que após se aproximar e trocar poucas palavras comigo, se voltou ao restantes dos alunos, anunciando. — Poderia se apresentar? A última pergunta foi feita a mim e sem muitas alternativas, somente assento timidamente, antes de em seguida lentamente me virar na direção do olhar intenso, curioso e intimidante de todos aqueles adolescentes reunidos. — Meu nome é Alicia González, tenho dezesseis anos e acabei de chegar ao país, antes morava na Espanha. Eu… espero que possamos nos dar bem. – abri um sorriso mínimo, sem conseguir sustentar demais o olhar. — Muito bem, já pode se sentar. Ali atrás do assento da senhorita Pierlot tem um lugar vago. Levante a mão, para que a senhorita González possa a achar. – ele disse e eu assenti, não demorando a me dirigir ao quando vi a mão erguida da garota. — Agora sem mais contratempos, abram seus livros no capítulo cinco. Enquanto o professor explicava, tratei logo de me sentar o quão rápido pude, atrás da menina de cabelos longos e, inusitadamente brancos, que me olhou e sorriu assim que passei do seu lado, ao que correspondia. Será que era tendência francesa os adolescentes terem cabelos coloridos ou, nesse caso, descoloridos? Abanando a cabeça, porém, afastei aqueles pensando, focando em prestar atenção na aula que se seguia naquela calma, o que era comum em uma aula de história. Mas depois de uns dez minutos minutos toda aquela calmaria se esvaiu e o clima de concentração foi quebrado quando alguém bateu na porta, interrompendo prontamente a fala do professor, que soltou um suspiro, estranhamente como se estivesse mais frustrado do que surpreso com a interrupção. — Entre. Disse, simplesmente. E no momento em que a porta foi aberta, tive a impressão de que por um momento havia esquecido como se respirava. Puta que pariu. Era o carinha ruivo do outro dia, o mesmo com quem discuti e que acertei uma pedra na cabeça. Era brincadeira, certo? Aquilo não poderia estar certo. Tratei de usar o livro pra esconder meu rosto rápida e desajeitadamente e me encolhi na cadeira, entoando algum mantra em minha mente. Talvez com sorte ele sequer me visse não é? Que não seja entendido errado, eu não estava com medo, claro que não. Porém a última coisa que precisava no momento é de um ruivo com cara de psicopata vingativo e com sede se sangue querendo comer meu fígado. — Atrasado de novo Aidan? – o professor perguntou e havia até um certo tom cômico em sua voz cansada. O garoto apenas deu de ombros e seguiu até o seu lugar sentando, de forma tão relaxada quanto andava. E claro, bem do meu lado. Eu só posso ter salgado a santa ceia, não tem outra explicação. O professor voltou a explicação e pra minha sorte, dessa vez sem sarcasmos, o cabelo de tomate estava mais concentrado em dormir do que na aula em si ou em qualquer coisa a mais. Me dei então o luxo de relaxar um pouco e tentei focar, embora sempre tomando certo cuidado para não ser notada. E depois de três tediosas aulas e de explicações sobre o Renascimento e a Idade Moderna, o sinal finalmente tocou, anunciando o intervalo que havia chegado, e os alunos saíram da sala num piscar de olhos, antes mesmo que eu guardasse o que havia usado. Neguei, enquanto focava em guardar minhas coisas, cantarolando baixinho a melodia de uma música aleatória que estava grudada em minha cabeça. — Você tem uma voz bonita. Escutei uma voz femina atrás de mim e virei-me quase que instantaneamente ao erguer o rosto. Era a garota de mais cedo. — Ah… Eu… Obrigada. Oi. — Oi. – ela riu baixo, a expressão tranquila e simpática. — Sou Daphnée. — Alicia. Mas isso você já deve saber. – sorri de volta — Touché. – balançou a cabeça de um lado a outro. — E bom… Na verdade, queria saber se quer sentar comigo e meus amigos. Primeiro dia sempre é difícil de se enturmar, ainda mais numa cidade nova. Então se quiser... — Oh… Claro, obrigada. Surpresa talvez fosse a melhor para me definir naquele momento, diante daquele convite inesperado, e acho que deixei isso muito explícito, embora ela não tivesse parecido se incomodar nenhum pouco, já que um sorriso enorme tomou conta do seu rosto bonito. — Fantastique! Então vamos logo, me acompanhe. – pegou meu braço e antes mesmo que eu pudesse associar suas reações e o que estava rolando, ela saiu me carregando e me mostrando a escola, ou menos as partes pelas quais passávamos. Eu apenas tentava prestar atenção e acompanhar seu ritmo rápido, rindo com seus comentários. Pelos poucos minutos que levou para chegar da sala de aula à cantina, deu pra notar de cara que ela era uma daquelas pessoas bem extrovertidas e espontâneas, que fazia amizade fácil e estava sempre com um sorriso no rosto. Assim que chegamos ao refeitório, ela me levou até uma mesa onde havia algumas pessoas sentadas ali, um pouco alheias ou conversando entre si. Algumas poucas eu reconheci da sala de aula, e em especial, o loiro da mais cedo, Tristan, que havia me ajudado a situações, e que abriu um sorriso tranquilo assim que me viu. — Alicia, esses são os amigos que eu te falei. Os gêmeos St. Germain, Yves e Marcel. Aquela ruiva ali é a Trixie, o Louis ali. Élodie é a morena, e do lado dela, o Tristan... – disse, apontando para cada um, respectivamente. — Pessoal, essa é a Alicia. — Oi. – o misto de vozes sou em uníssono num cumprimento educado e acabei acenando em resposta. — Onde está o Aidan? – Louis, que era um garoto de cabelos castanhos — Estou bem aqui. Escutei uma voz grossa e, não nos melhores sentidos, familiar, sentindo um arrepio bizarro subir pela espinha, enquanto tencionava Meu Deus, é hoje que eu morro. Virei lentamente e dei de cara com uma camisa cinza com estampa do Metallica, que para o meu azar, eu sabia que já tinha visto naquele dia, o que só confirmou os meus receios. E assim que levantei a cabeça, dei de cara com dois pares de olhos azuis que me fitavam, passando de surpresos a irritadiços num piscar de olhos. Me afastei rapidamente. — Você. – sibilou, entredentes, acusatório enquanto apontava o dedo em minha direção. — Eu. – retruquei, mais firme do que realmente estava, dando um tapinha no dedo dele, que, se possível, me fitou mais indignado ainda. — Não aponte o dedo na minha cara, que grosseria. — Vocês se conhecem? – Yves, o gêmio que tinha algumas mechas azuis nos cabelos negros, indagou, com um sorriso divertido brincando em seus lábios e olhar curioso. — Infelizmente… – murmurei. — Eu quem deveria dizer isso. Garota maluca. — Como é? – estaleiro a língua — Quem está chamando de maluca? — Você. Quem mais atirou uma pedra na minha cabeça e saiu correndo depois? — Espera, espera, espera. Vamos com calma, volta a fita. – Daphnée nos interrompeu, confusa, e rindo, bem como alguns dos outros. — Você atirou uma pedra nele? — Vejam só, acho que posso dizer que ganhou o meu respeito. – Yves se pronunciou, em meio a um riso e quase que no mesmo momento o tal Aidan aumento a carranca. — Ah… Então essa é a "doida do parque"? - Louis perguntou, com um tom calmo de voz, ganhando um olhar confuso não só da minha parte, como também dos outros na mesa. — Foi assim que o Aidan se referiu a senhorita quando me contou o que tinha acontecido. — Você me apelidou de "doida do parque"...? — E não é o que você é? O sorriso zombeteiro e debochado que ele sustentava fez o meu sangue ferver quase que automaticamente. — Bem, você é um i****a mas até agora não ouvi ninguém comentar sobre isso. — Eu sugiro que você cresça mais um pouco antes de querer vir discutir comigo. A gota d’água foi aquela. Eu sequer me incomodava se estávamos servindo de platéia ou em descobrir de onde vinha tanta disposição de discutir tão abertamente com quem eu sequer conhecia ou me importava à ponto daquilo. Só queria voar no pescoço dele e fazê-lo se calar. Porém antes mesmo que eu pudesse sequer cogitar a possibilidade de realizar minha atual fantasia e partir pra cima dele senti dois braços me segurarem, e assim que olhei, tive noção de que era o representante. — Vamos todos acalmar os ânimos, okay? Nada disso é necessário. – disse num tom apaixonado, antes de também me olhar, diminuindo o tom de voz: — E não vai querer ficar de detenção no seu primeiro dia, vai? - — Não… – murmurei, em resposta, contrariada. Aidan observou por um tempo, com a sobrancelha erguida, antes de revirar os olhos, bufando ainda antes de nos dar as costas e simplesmente sair para sei lá onde. Também não era como se eu me importasse. — Com licença, eu vou lá ver ele... – Louis, pediu antes de acabar levantando e seguindo atrás do garoto. Suspirei. — Mas gente… O que foi isso? – a ruiva sardenta, Trixie pelo que pude lembrar, comentou, em meio a um assobio. — Com certeza o almoço mais agitado que já tivemos em muito tempo. – a de fios descoloridos ou baixo, negando, antes de olhar para mim e consequentemente o loiro também. — Você já pode soltar ela agora Tristan… O comentário veio como o de quem não queria nada e fez com que o garoto me soltasse quase que no automático, desconcertado. — Desculpe. – pediu baixo, enquanto limpava a garganta. — Pelo o que? Por me livrar de uma barra? – neguei, sorrindo de lado. — Não precisa, eu quem deveria te agradecer, se não fosse por você eu provavelmente cometeria um crime… Então, obrigada. — Oh… Nesse caso, de nada. – sorriu de volta, embora ainda parece um pouco sem jeito, desviando o olhar em seguida, antes de voltar a sentar-se, sempre sob o olhar incisivo da morena ali na mesa. — Acho que era exatamente esse tipo de bipolaridade que estava faltando para incrementar a gangue. – a voz de Yves novamente soou, risonho, enquanto secava o cantinho do olho direito. Acabei rindo baixo com o comentário, embora logo em seguida houvesse soltando um baixo choramingo, associado a uma cara de derrota que já me era natural. — O que foi? Eu... disse algo errado? – o garoto, antes todo alegre, perguntou de repente parecendo muito preocupado com a possibilidade. — Não, é que… vocês parecem tão legais. – soltei um suspiro. — Eu acho que me perdi aqui, isso foi um elogio ou uma crítica? – vi Trixie ao fundo perguntar o loiro ao seu lado num sussurro. — É um elogio. – sorri de leve negando. — Desencanem, é complicado. Era só um acordo entre meu pai e eu… Pelo visto vou ser a escrava dele esse mês. — Sério isso? – Daphnée perguntou, rindo baixo. — Sim, infelizmente. Mas tudo bem. – sorria ainda, embora, também refletisse sobre aquela triste situação. — Yes! Passei de level! Pela primeira vez desde que eu havia chegado ali, o outro gêmeo, até então imerso em seu joguinho portátil, havia se pronunciado, recebendo a atenção de todos os presentes enquanto erguia o olhar, franzindo um pouco o cenho. — Quê? – indagou confuso aos amigos, que o olhavam como se ele fosse um caso perdido. Ele encolheu os ombros e logo em seguida senti seu olhar em mim, ainda mais confuso. — Espera… Quem é você mesmo? A indagação fez todo mundo olha-lo, incrédulo. — Uau. Embarassant. Desculpe a falta de senso do meu irmão, serioe. – Yves, que parecia mortificado, negou e logo em seguida deu um tapinha na cabeça dele, arracando um resmungo do moreno me fazendo rir. — Tranquilo, sou do mesmo jeito. – garanti, de fato lembrando dos meus próprios momentos embaraçosos. — Sério mesmo que não vão falar o que está rolando? – indagou, sua confusão ainda era visível. — Simplesmente o barraco do ano, meu caro Marcel. – Élodie disse pela primeira vez, embora sequer houvesse erguido o olhar de seu lanche, um sorrisinho prepotente nos lábios. — Sim, a Alicia bateu de frente com o Castiel. Teve até ameaça. Pensei que fossem se pegar no t**a. – Yves completou, enquanto pegava a garrafinha com seu suco, levando o canudo aos lábios. — O quê? E eu perdi isso? A decepção do do moreno era evidente enquanto retirava um dos airpods, e eu apenas ria da interação deles. Pra falar a verdade, até que havia valido a pena perder àquela aposta. Logo o sinal tocou novamente e voltamos pra sala de aula. O resto do dia se passou tranquilo, sem mais muita agitação que deve durante a hora do almoço e ao final do mesmo eu, Daphnée e Yves já havíamos trocado número de telefone e tudo mais. O que era uma completa novidade para mim, porque eu geralmente não fazia amizades, sequer com facilidade. E assim que havia conferido todo o material, não demoraria a que tivesse me despedido de todos e seguido para casa, com bem mais tranquilidade do que havia ido. O que certamente durou muito já que assim que cheguei em casa logo fui recebida por Axl que literalmente me derrubou no chão e lambeu meu rosto como se não houvesse amanhã me fazendo rir enquanto tentava conter a animação dele. Existia melhor forma de ser recebida em casa? Assim que finalmente consegui chegar no meu quarto, joguei minha mochila em qualquer canto e fui tomar um banho para tirar aquele cheiro de fracasso e derrota de mim. E assim que retornei, passei na cozinha somente para pegar algo para comer e alimentar meu fiel escudeiro antes de retornar ao quarto, onde passei o resto da tarde estudando no meu quarto. Afinal é preciso estudar para no futuro poder sustentar adequadamente a grande gostosa consumista que habitava dentro de mim. E foi no meio de uma das pausas que fazia, que vi o celular, que estava sobre a escrivaninha ao lado de um dos livros ali abertos, vibrar ao mesmo tempo que a tela acende indicando uma nova mensagem. Yves Ei topa shopping agora à tarde? Me Opa, pode ser :) Que horas? Yves 17h tá bom pra você? passo aí pra te buscar Me Por mim, perfeito Vou estar pronta ?? Assim que chequei a hora, vi que eram quatro e meia, e esse foi motivo suficiente para que eu desse um pulo da cadeira e fosse literalmente correndo procurar qualquer coisa que não fosse o pijama confortável que eu usava naquele momento. Poderia ter dito que quase caí umas três vezes no processo de procurar uma roupa e vesti-la, mas isso é outra história. O importante é que em menos de meia hora já estava vestida – uma saia jeans clarinha de cintura alta e com botões de cima abaixo, além de um blusa mais curtinha de alças com uma frase aleatória; nos pés os all star pretos de cano médio e os cabelos presos num r**o de cavalo alto com o auxílio de um lenço vermelho –. Na me considerava uma pessoa vaidosa mas era uma sensação boa olhar o espelho e notar que estava até que com uma aparência aceitável e não um desastre total. Assim que terminei de passar uma camada leve de gloss com aroma de cereja, escutei uma buzina seguida de uma mensagem agora de Daphnée avisando que estavam ali. Rapidamente respondi, jogando o celular na bolsa junto de algum dinheiro e segui rapidamente para fora de casa, após conferir se estava tudo certo e me despedir de Axl. Dei de cara com um Mini Cooper na cor vermelha estacionado em frente a casa da bruac… digo senhora adorável que por sorte é minha vizinha, assim que tranquei a porta. Sem precisar forçar muito a vista, consegui identificar duas cabeleiras dentro do carro, uma com tons azulado e a outra branca. Sem demora atravessei a rua, não demorando a estar entrando no veículo.
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