43. Mariana

1368 Palavras

O barulho da buzina curta me fez levantar a cabeça. Ainda estava deitada, corpo mole, olhos pesados, como se o dia anterior tivesse sugado cada gota de energia de dentro de mim. A barriga pesava, o peito ardia de tanto chorar. O relógio marcava quase dez da manhã. Eu não tinha levantado nem pra esquentar café. Ouvi passos firmes na escada, depois a porta batendo sem cerimônia. O coração disparou, mas não de alegria. Foi medo. Medo do que ele podia trazer de volta. Do olhar de ontem, das mãos duras, das palavras cuspidas. Mas quando Rafael entrou, o rosto dele não tinha nada da fúria. Estava sorrindo. Um sorriso tranquilo, quase doce, como se nada tivesse acontecido. — Bom dia, meu amor. — A voz calma, como mel escorrendo. — Dormiu bem? Fiquei em silêncio, abraçando a barriga. O corpo a

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