As sacolas pesavam nos meus braços, mas o que mais pesava era a emoção. Nem a bagunça da sala. com o sofá revirado, cinzas de cigarro e o som da TV estourando, conseguiu estragar aquele momento. Minha mãe não estava. E, graças a Deus, era melhor assim.
Fechei a porta com o pé, respirei fundo e levei as sacolas direto pra cozinha. A primeira coisa que fiz foi tirar os pacotes de arroz, feijão, o óleo e o leite em pó. Um por um, eu fui guardando no armário velho de duas portas, com dobradiças frouxas e cheiro de tempo. Mas pela primeira vez, aquele armário estava cheio.
Fechei a porta devagar e a abri de novo, só pra ver. O arroz empilhado ao lado do feijão. O pacote de macarrão atravessado. Os enlatados na parte de cima. O leite, o açúcar. O sabão em pó perto do chão, com os outros produt
