26. Mariana

1342 Palavras

Os dias seguintes ao exame passaram em silêncio. Um silêncio estranho, carregado de uma alegria contida que eu mesma não sabia lidar. O nome "filho" ainda dançava dentro de mim, flutuando como uma promessa. A imagem dele na tela, mexendo as mãos minúsculas, tinha ficado gravada nos meus olhos, e às vezes, no meio da rua, eu me pegava sorrindo sem perceber. Mas esse pequeno alívio não durava muito. A barriga crescia, o corpo pesava, e o dinheiro apertava ainda mais. Os alimentos acabavam rápido, minha mãe não trazia nada, e a lista do que eu precisava comprar pro bebê parecia infinita. A rotina seguia: acordar cedo, catar latinhas, vender, ir à escola. E repetir. Naquele dia, o sol estava c***l demais. Era como se o morro tivesse sido jogado dentro de um forno, e as vielas estreitas não

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