Pesquisei mais cedo no Google o que poderia ser indicado quando você estava o dia todo com uma maldita dor de cabeça, em algumas pesquisa deu tumor e que talvez eu tivesse apenas uma semana de vida, mas especifiquei o dia anterior e deu tudo certo.
Era ressaca.
Aos vinte e quatro anos eu estava de ressaca.
Uma fraca do caramba.
Mas era justificável.
Eu estou com um p**a dor de cabeça, depois de tomar dois analgésico pra me colocar ligada na vida de novo, mas ainda estou processando eles para fazer efeito, com os olhos fechados e sem me mover nenhum centímetro que seja.
Estou bem r**m, o corpo está mole e as pernas estão parecendo duas gelatinas. Aposto que se levantar vou dar glória assim que sentar novamente.
Agora entendo aquela coisa dos jovens jogarem a juventude pela janela bebendo altas quantidades de álcool.
Escuto o telefone tocando e ignoro mais uma vez de dentro da minha sala na empresa, sentada na minha mesa de madeira e na minha cadeira confortável, as janelas estão fechadas pra luz nenhuma entrar.
Sim, eu estou no meu escritório na empresa, era uma maldita segunda-feira e eu estava aqui, batendo meu ponto, entrando de óculos escuros pra disfarçar a ressaca e saído da mesma forma. Fugindo não estar ali, mas estando, vendo a porcaria do telefone tocar.
Ele toca de novo e eu faço o mesmo, ignoro.
Ele para e eu fico estática, no silêncio.
Até que enfim.
Nós últimos tempos venho notando que eu odeio o barulho do meu telefone tocando, de verdade, odeio com força total, ainda mais depois de terminar o relacionamento, as pessoas são muito ruins.
A maioria já desconfiava e até sabia o motivo do término, mas não estão satisfeitas, tem que ligar pra dizer que sente muito, perguntar como estou e dizer que está ali pra falar sobre o assunto, isso quando não perguntam o motivo.
De verdade? Eu espero não ser esse tipo de pessoa e se você for esse tipo de pessoa, pare de ler esse livro e vai procurar um poste pra você subir ou apenas pensar em parar de ser assim.
Isso é r**m.
- Que p***a e essa, Ranya?! - Olho para a porta e vejo um Roman parado e com uma cara não muito boa, como se estivesse bravo comigo, certamente estava. - Levanta esse traseiro daí agora e vai para a sala de reunião agora, veio trabalhar pra que então? Pra bater ponto, p***a do c*****o, anda, precisam de você agora.
Vejam, aqui é onde vem a minha parte agressiva.
Sim, eu era a passiva do casal de irmãos Keller.
- O prédio vai cair? - Pergunto, me ajeitando na cadeira e encarando o cara pálida na minha frente.
- O italiano, sua infantil - Ele se aproxima das janelas e abre as cortinas, a luz faz meus olhos chamarem por escuro. - Que merda você fez no fim de semana para vir trabalhar assim? Olha pra você e seus olhos, estão parecendo fundo de garrafa garota.
- Bebi pra c*****o, Roman! - Ele me olha horrorizado. - Bebi e cheguei em casa carregada e dormi em uma poça de vômito minha, pensa que louco, devia tentar isso irmão, você poderia se divertir bastante.
Brinco e sei que ele não vai engolir isso, como nunca engoliu algumas coisas minhas.
Ele para na minha frente e olha para mim, vejo os olhos verdes com uma pequena raiva e receio.
Roman Keller não é bonzinho, anotem isso, vai ser importante pra não detestar ele nas atitudes e nas palavras ofensivas que ele pode dizer ao longo da minha adorável rotina.
Ele é o tipo de cara que não te daria uma gota de água se quer se não gostasse de você.
Pesado, não é?
Com ele e fazer por onde, ainda mais se tratando de família.
As ideias dele podem deixar muitos fascinados, mas outros odiando ele.
O tipo de cara sincero demais, que se você estiver chata, vai falar na sua cara, se estiver magra ou gorda demais também, mas tem um lado bom, vai ser sempre verdadeiro com o que fala, faz e sente.
Ele é um terrorista de merda.
- Virou um alcoólatra agora ou está apenas fazendo teste pro seu fígado, ver o quanto ele aguenta?
Ele para diante a mesa, colocando a mão no quadril. Totalmente sexy, ainda cmais com o cabelo com aquele creme todo pra deixar macio e penteado.
- Quase.
- Se eu tomar medidas parar segurar você, não vai achar r**m - Era uma ameaça dele, eu sabia, porque depois de vinte quatro anos, você aprender que um irmão pode fazem isso com você, o tempo todo. Incansavelmente, ainda mais se for um Roman, esse tipo de cara vai te perturbar por muito tempo. - Você chegou quase ao fundo do poço, está uma miséria já, já se passou um mês, um fodido mês.
Mas ele tinha razão, ele sempre era motivado pela razão e não pelo sentimento.
Eu odiava isso nele.
Quando éramos pequenos e eu queria algo escondido, eu sempre tentava convencer ele a fazer a bagunça comigo, mas ele era sempre racional, não importava se iria se divertir ou gostar muito, ele sempre usava a p***a da cabeça e não o coração.
Isso era r**m, mesmo ele sendo seis anos mais velho que eu, ele sempre foi o meu melhor amigo, claro que chato pra c*****o.
- Quase, maninho, quase - ironizo. - Vou lá convencer mais um cara sobre aqui ser o lugar certo! - Eu me levanto e fico na frente do Roman, toco o rosto dele, vejo os traços fortes e a barba aparada na mandíbula, vejo os olhos verdes e vejo o cabelo tão bem penteado. - Vai me aguentando, só por um tempo. Logo volto ao normal.
- Não quero você. Quero a minha irmã, aquela que anda pelos corredores e sorri para todos e está ligando para mim e nossa empresa. Cadê a menina que eu conheço? Ranya, o mundo não terminou pelo seu término ou chifre.
- Olha o que você acabou de dizer.
- A verdade.
- Você acabou de me chamar de chifruda!
- Você entendeu o que eu quis dizer.
- Olha Roman, a sua irmã Ranya está em recuperação pós trauma - Puxo a pasta das mãos dele.
- Por uma maldita traição, já disse para superar isso, você não teve culpa. Sem choro. Sem drama, pelos céus, chega a ser decadente o que você está fazendo com você mesma, pensei que você seria daquelas mulheres que pintam ou cortam o cabelo, muda o guarda-roupa e tudo mais, mas não, é o tipo alcoólatra, que está bebendo mais que meu opala.
- Eu sei que não estou agindo como manda o manual, mas eu me sinto m*l, se que quer a antiga Ranya, mas vai ter que aguentar essa aqui, porque é a mesma, só quem em fase. Fase passa, só me dá um tempo, por favor.
Desafio.
- Você tem que superar, não quero e não posso ver você desse jeito. Se tiver que olhar pra você de ressaca todos os dias, eu vou te mandar para um retiro, não importa se você vai bater os pezinhos no chão ou gritar, vai e pronto. Você não é a merda de uma garota mimada e chorona.
- Eu vou passar por isso é superar maninho, no momento certo, mais alguma coisa? Podemos ir?
Falo por fim, fugindo do assunto como cão foge da cruz.
Vai por mim, era melhor.
- Vamos indo - Saímos da minha sala lado a lado, antes de chegar a sala ele me para e olha para mim, ajeita o meu vestido e a mexa do meu cabelo que tende a cair pelo lado. Sempre cuidadoso, mesmo de ressaca eu mantenho a linha, mesmo com alguns detalhes exposto do fracasso.- Jogo rápido, italiano, mais velho, mas esperto, sério e com um homem de confiança, quer abrir uma filial aqui e temos que pegar essa, pegar a conta dele e como pegar o projeto do ano. Publicidade dele vai ser cotada como nunca, então vamos nessa. Eu e você, você e eu. Por favor, não olhe tanto para a cicatriz que ele tem no rosto, me ouviu?
- Tao r**m assim?
- Ranya você é boa em falar sobre a nossa empresa e a nossa publicidade. Esse cara quer nos conhecer. Publicidades Keller é nossa e esse vai ser mais um cliente.
- Isso é um elogio? Sabe, sobre ser boa em falar da nossa empresa?
Ele sorri, sabendo que eu iria fazer meu trabalho.
- Sim, Ranya, preciso que faça seu melhor.
- Mais alguma coisa? - Pergunto, sabendo que talvez ele peça um café mais tarde ou até companhia para o almoço.
- Você é a melhor nisso, não desaponta o seu sobrenome - Falando isso, ele me dá as costas e sai, enquanto eu volto a caminhar um pouco mais filme sobre o salto e atravessar a porta, entrando e dando de cara com dois homens sentados e sorrindo entre eles.
Quando escolhi publicidade eu queria seguir os passos do meu irmão, ele era a figura de pai que eu tive e de família, além do vovô.
Eu não era o tipo que me intimidava com os clientes quando eles chegavam e precisavam ser convencidos.
Lei básica, Eva convenceu Adão a comer uma maçã, o que eu não posso convencer esses dois a fazer?
Analiso os dois, paro no momento que olho para um deles.
Eu paro por alguns segundos, olho para um deles, como se eu já tivesse visto ou o conhecesse de algum lugar. Sinto um frio na espinha e estranho a cena.
Eu me movo e tenho a atenção de ambos, o mais baixo me olha e sorri, mas o moreno para de sorrir e me encara confuso, como se não esperasse uma mulher ou eu ali.
De onde eu conhecia eles?
De onde conhecia aquele homem, parecia diferente e estranho, mas me era familiar.
Ignoro o fato.
Os dois se levantam, todos engravatados e com o formato três peças de vestir. Todos de preto.
- Prazer, Ranya Keller, sou eu que vou fazer vocês tomarem a melhor decisão da vida de vocês - O mais alto me encara, mas e o baixo ergue a mão e me cumprimenta.
- Prazer, sou Oliver e esse é Scott McFilde, o chefe - Eu não conhecia, mas eu encarei o homem moreno de cabelos escuros, com uma cicatriz no rosto, uma linha da sobrancelha até a bochecha, e um olhar que me fazia lembrar de alguma coisa, um rosto bonito, mandíbula limpa de barba, firme e tensa.
O homem mais alto não me cumprimentou e eu pude notar que ele me olhava e me analisava.
O que foi que eu perdi?
Lembro de Roman e foco na pasta na minha mão, assim como em fundar um negócio entre a gente e o senhor McFilde.
- Bem, os Keller ficam feliz da escolha primária de vocês, sabemos que querem fundar algo grande aqui na nossa cidade, então a imagem de vocês aqui podem ser a melhor, garanto que a indústria vai precisar disso.
Dou um sorriso confiante, esperando que eles me ouçam com atenção.
- Fechamos com vocês - Eu paro e olho para o homem moreno alto, que se levanta rápido, fechando o botão do termo preto, ali em pé, olhando para ele de pé, eu vejo não só à altura, mais o tamanho dos braços e os ombros largos, um conjunto grande.
Desvio o pensamento quando noto o que o homem fala.
- Nem comecei... - Na verdade essas coisas demoraria, não menos de dez minutos.
Ele dá um sorriso.
Pelos céus, da onde eu conhecia aquele homem.
- Não precisa, minha cara, tenho boas recomendações - O homem baixo olha para o mais alto e vejo a confusão no olhar dele também. - Vamos, Oliver?
- Chefe... - Ele corta.
- Foi um prazer, senhorita - Ele estende a mão e eu me aproximo, erguendo minha mão e tocando a dele, que faz questão de apertar e sorrir, olhando dentro dos meus olhos, olhos que pendiam para o duvidoso.
- Têm certeza que não quer entender as coisas da forma rápida, tomadas de decisão são sempre difíceis. Contratos também.
Insisto, mas ele continua passivo e sem nenhum esboço de dúvida sobre o que ele afirma acabar de fechar.
Como se aquilo fosse a certeza absoluta pra ele naquele momento.
- Senhorita, eu sei quem são, mas eu não acho que você também vai querer falar de coisas que eu já sei, meu nome estão com vocês, minha vontade é essa.
Aquilo me deixa chocado, a confiança, a sutileza e a firmeza em cada palavra puxada com um sotaque.
Eu fico firme.
- Faremos o nosso melhor.
- Sei que tem potencial para deixar algo r**m, em algo bom - Sinto a ironia e desvio dela e dele, porque eu não entendo o motivo dela. - Oliver, ligue para o motorista - O homem baixo sai e eu me vejo encarando um homem grande e que me olha nos olhos, sem entender ou saber se conheço ele de algum lugar.
Decido tirar a dúvida de uma vez.
Que se dane.
- Já nos conhecemos? - Minha voz sai baixa e ele esboça um sorriso, mas não deixa ele passar. - Você me lembra a alguém ou algo, não sei.
- Te vejo logo, Ranya - Ele sorri na minha direção, sem se importar de responder a minha singela pergunta pra ele. - Minha turma vai entrar em contato e começar as coisas, logo nos veremos de novo.
Scott McFilde me dá as costas, e vejo belas costas e um pelo aparato de pernas e b***a, me deixando com uma maldita pulga atrás da orelha.
Homem daqueles a gente não esquece, certo?
De onde céus eu conhecia aquele homem, não fazia sentido eu não me lembrar dele.
Scott....
Eu não conhecia nenhum Scott.