p**a que pariu!
Eu olho para o terceiro buquê do dia logo as nove da manhã, daqui a pouco começam a falar que aqui não o construtora, mas uma floricultura, sinto raiva daquilo e ao mesmo tempo fico confusa.
Seguro os três cartões, são pretos e com duas iniciais que, estou em dúvida se conheço ou não, também tem um número, não parece ser algum número da região, parece ser de fora, mas que está próximo demais.
A última vez que recebi flores fazia tanto tempo e nessa quantidade foi apenas no colégio, quando um cara quis me impressionar e levou foi um aviso do meu irmão, que disse que se ele mandasse mais alguma flor lá para casa, ele iria pegar as flores pra levar pro velório dele, que ele mesmo iria cavar se continuasse a fazer aquilo.
Ele parou logo depois.
Roman sempre sendo delicado.
Roman não era o tipo de cara ciumento comigo por ser a irmã dele, pelo contrário, ele sabia como eu era e o que eu fazia quando gostava de uma pessoa, eu só havia tido três namorados, um foi pra Harvard e me deixou, outro foi deportar para Inglaterra quando seu visto foi negado e o terceiro... Vocês sabem a história.
Roman só me dizia pra saber onde eu me colocava e colocava minha cara, porque isso poderia ser perigoso, poderia me machucar e ele não iria querer ter que sair do apartamento dele pra me consolar, embora ele faria isso pelo papel fiel que ele tem comigo.
Deixo o terceiro buquê e puxo o cartão e me viro.
- O que é isso? - A voz de Roman me tira do transe, encaro ele e me mexo.
- Flores.
- Pensei que eram bolas coloridas, quem é o maluco dessa vez? Não quero ter que fazer isso parar, aqui não é uma floricultura - Roman fala e se aproxima de um dos buquês. - Quem fez merda pra mandar isso pra você? - Olho para Roman sem acreditar no que ele diz e me sento. - Se for o i****a do seu ex eu mesmo devolvo pra ele com cortesia grátis, louco pra encontrar ele, sabe o que dizem, que ele anda fugindo de mim, acredita nisso?
-Faz sentido.
- O que faz sentido?
- Ele fugindo, ele sempre teve medo de você. Mas não vamos pensar nele, sobre as flores, não precisa fazer merda para mandar flores.
Exatamente, caro leitor masculino que está lendo aqui, pare apenas um segundo e pense nas flores, pra alguns e caro e até brega, eu entendo, mas não deixem de fazer isso por uma garota, elas gostam, até a garota mais fria gosta, ela pode rir da sua atitude? Pode, mas ela no fundo vai te achar a pessoa mais incrível da face da terra.
- Novo caso seu? Superou rápido você, parabéns.
- Não sou mulher de caso, Roman. E é não, não estou com caso nenhum e ainda não superei nada, quero dizer... Vai pra merda.
- Certo - Ele sorri. - De quem são, Ranya?
- De um maluco - Caio na risada e logo vejo o homem se sentar, mas aquilo não e minha atenção principal.
Observo que talvez eu saiba de quem é.
Mas não entendo o gesto das flores por motivo nenhum.
Certo, talvez eu tenha tido sexo com ele e não lembro, deve ser isso, porque ele no meu pé não é certo e eu já conheci aquele homem em outro lugar, disso eu tenho certeza, só não me lembro.
O acordo fechado rápido.
Se ele me conhecia ele devia ter falado comigo e agido como se me conhecesse, mas não, ele ficou parado me olhando com aquela cara séria.
Eu não esqueceria um rosto com facilidade, ainda mais um bonito e que tem a marca peculiar de uma cicatriz, um homem grande e bonito como Scott, bem, não era algo que se esquece.
Ou era?
Aí, que droga, agora não sabia o que pensar.
Por um lado estava curiosa e preocupada, as últimas semanas foram bem ruins pra mim, no domingo eu apareci no meu apartamento sem me lembrar de quem me levou, tem um espaço de tempo no banheiro do bar da Lola até a minha casa que virou um branco total, eu não consigo me lembrar o que aconteceu e nem pessoas que eu possa ter conhecido, feito amizade ou feito sexo mesmo.
Era uma vergonha isso, mas admitir isso já se tornava um começo pra resolver isso.
Mas, devo falar uma preocupação e até ansiedade da minha cabeça, eu rezo a todo instante para lembrar se teve sexo com ele, porque isso é uma coisa que eu quero guardar, porque ele é bonitão e ainda manda flores, talvez eu devesse ligar de uma vez, porque se Roman descobre que é um cliente minhas asas serão cortadas.
Primeira regra de um Keller: Não se envolver com ninguém da empresa, cliente ou funcionário.
O cara havia dado de bandeja a publicidade e sua conta aberta e de bandeja pra gente.
Eu não poderia falhar, eu não iria permitir isso, mesmo talvez a indução fosse por mulher, eu e meu irmão iríamos honrar o nosso nome e da equipe que estava por trás.
Mas, se tivesse acontecido algo eu também não poderia fazer nada.
O que eu poderia fazer!?
Ir lá e retirar as minhas sentadas de cima dele?
Não, era impossível fazer isso.
Nunca pensei que eu poderia quebrar essa regra, logo essa.
Poderia quebrar até a quarta regra, de sexo no elevador, mas a primeira era sem sentindo eu ter quebrado, mas levado em conta que eu não estava tanto certa do que fazia, eu poderia ter o perdão ganho fácil.
Olhei para Roman e dei um sorriso, vendo no rosto dele um sorriso... diferente.
- O que você aprontou?
- Comprei um cavalo - Eu paro estática, olho para ele sem acreditar. - Não olha assim pra mim, sabe que eu já estava querendo isso querendo isso.
Meu irmão não sabia andar de cavalo e nem entendia tanto deles, mas ele apreciava animais caros como ninguém, não era tanta surpresa e poderia apostar o motivo dele estar me falando aquilo, o cavalo comprado não devia ser tão barato.
- Roman? - Pergunto, sabendo que o mais velho tem mais autoridade para manusear essa situação, mas as vezes ele pode ser impulsivo quando quer algo, mas um cavalo, assim do nada.
- Conheci também uma veterinária.
- Você comprou pelo seu gosto ou pela veterinária.
- Pelas duas coisas, vai gostar dela.
- Não é aquela que estava conhecendo, aquela mulher é horrível, parece desumana com cada comentário dela.
- Vamos jantar, eu você e ela.
- Aquela loira chata?
Falo, me referindo a uma que parecia chata, era chata e agia como se fosse legal, mas sendo chata.
- Ela não é chata, ela é uma gata.
- Não rola - Isso aí, não rolava, porque Del Rey era bem filha da p**a como cidade, se eu saísse pra comer aquele lanche eu veria algo, porque eu sabia que lugares que Roman frequenta e os mesmo que um ordinário do passado também frequenta. Isso me mata, mas é de raiva. - Podemos fazer um jantar em casa.
- Não, vai ser no restaurante, o principal - Fodeu. - Não se preocupe, se o bundão do seu ex estiver eu faço o que ainda não fiz. Já disse que ele não quer me encontrar tão cedo.
- Roman provavelmente você não vai fazer isso na minha frente, esqueça a cara dele arrastando no asfalto.
- Que se dane, faço assim mesmo, não quero que pare sua vida, eu vi como foi o seu fim de semana, não pode beber como um caminhoneiro. Você tem o resto da vida pra achar um cara melhor que o outro.
- Vou virar lésbicas - Roman balança a cabeça.
- Quem gosta de cenoura não gosta de pêssego, maninha, desista - Ele da uma risada a comparação e horrível- Por que não chama seu admirador para o jantar, assim podemos o conhecer. Quero saber quem manda tantas flores pra você.
- Vocês conhecem de vista- Me abri. - Embora eu nem sei quem ele é direito.
- Quem é ele? Nome.
- Não vou falar.
- Ranya - A voz dele sai calma. - Tudo bem, no seu tempo. Mas quero você no jantar hoje a noite, sua obrigação comigo. Eu e você, você e eu.
- Tudo bem, tudo bem, vou nesse caramba, faz tempo que não vejo como estão esses ambientes, vai ser super interessante conversar sobre você e blá, blá - Falo irônica. - Acho melhor ir para a sua sala agora, porque se você não notou tenho uma pilha de papel para arrumar, voltar a ativa me fez ver o trabalho acumulado. Além de termos fechado com um novo cliente ontem.
- Certo - Ele se levantou, antes de sair da sala ele olhou para mim. - Seja legal hoje a noite.
- Se te faz feliz, me faz feliz - Sorri e ele saiu, me deixando sozinha com uma sala grande, papéis e três cartões acompanhamos por buquês de flores.
Era fofo e chamativo, mas duvidoso.
Puxei o celular e comecei colocando o destinatário de uma mensagem, pensando bem no que mandar.
Olá, SM
Recebi suas flores, mas agora me diga, de onde nos conhecemos? Porque até o momento, suas atitudes foram estranhas, mas é como se eu já tivesse conhecido você, mesmo antes daquela reunião aqui onde fechou com a gente.
Agradecida, Ranya
Enviei e suspirei fundo, deixando aquele assunto de lado por hora.
No decorrer da manhã, eu me desliguei daquilo, fiquei durante boa parte da manhã em negociações e papéis.
Quando a construtora Keller foi fundada só havia dois irmãos juntos, um deles se foi, mas ficou um, meu pai foi o homem que deixou tudo isso de pé, até que criou seus dois pilares e logo se foi e meu avô pegou seu lugar, terminando de ensinar pra gente a lição, de uma forma que deixou os dois filhos de Gerald Keller no poder, poder das próprias vidas e consolo de uma mãe que é venerada por mim e Roman, mostrando que se unir a força aumenta, no nosso caso, duas vezes mais, dando e passado essa força para uma mulher que mora no nosso coração e estruturando uma corporativa de publicidade que é a maior do condado e se torna uma das mais indicadas para projetos de pequeno e grande porte.
Somos a dupla perfeita, seguindo a escala entre mim, que cuido das negociações e Roman, o mais velho, que cuida dos projetos, estruturando e sendo o mestre dos projetos com a equipe toda, o nosso poderoso chefão.
Roman Keller, o primogênito é o fodido chefe, sem ele eu não sou tão útil. Somos uma dupla perfeita.
Puxo o copo de café e me levanto, olhando para as horas e puxando o celular, fazendo questão de ir para as mensagens e ali está a resposta da mensagem enviada.
Minha cara, Ranya
Minhas atitudes não foram estranhas, foram nobres com as flores. Devia parar de beber, porque já pensou eu encontro você novamente em um bar? Posso até encontrar, mas quero você sóbria, com o brilho natural dos seus olhos e a suas palavras com conexão e sentido, porque não da apenas para te colocar em um carro e ver você ir, sem poder conhecer alguém tão bela!
Ironicamente, Scott
Por alguns segundos, eu paro e retorno a noite de domingo, foi ele. Era dali que eu conhecia ele, era do bar da Lola. Senti a vergonha me invadir, porque agora eu tinha certeza que ele certamente me achava s*******o e, possivelmente, uma alcoólatra fácil.
Inferno, que absurdo.
Só deve ser castigo.
Não dá, então decido correr para longe.
Querido Scott,
Foi legal da sua parte, agora me lembrei de você e de onde conheço o senhor. Meus agradecimentos e minhas despedidas, lei básica dos negócios, não durma com eles. Obrigado pelas flores.
Agradecida, Ranya.
Eu suspirei e puxei minha bolsa, senti o toque do celular. De novo ele..
Ranya,
Isso é um adeus? Porque não é essa minha intenção.
Atenciosamente, Scott
Eu tive que reler a mensagem e respondi de forma irônica, dou um suspiro fundo e apago as mensagens, para poder ficar aliviada.
Pronto, agora sem pulga atrás da orelha.
Assim está bom, perfeitamente bom.