Depois que Evelline e Sarah desceram pelo alçapão, Evelline usou a telecinese para colocar a estátua no lugar novamente.
Ela senta no chão por um instante e respira.
- Você está bem? - perguntou Sarah.
- Melhor impossível. - respondeu ela, colocando a mão sobre o ferimento no ombro.
Sarah olha pra ela preocupada, já pronta para rasgar um pedaço da roupa e improvisar algo para estancar o sangue, mas Evelline a tranquiliza:
- O ferimento está melhor. Vamos, precisamos achar o que quer que esteja aqui.
- Espera, tem uma coisa que eu andei pensando.
- O que foi?
- Se essa coisa que estamos prestes a encontrar é realmente tão poderosa assim, por que você não usou antes para acabar com os Salvadores?
- Eu estudei os Salvadores, tinha completa capacidade de acabar com eles usando só meus poderes, eles já estavam completamente enfraquecidos, usar isso contra eles seria desnecessário e trabalhoso demais e por isso deixei essa coisa pra uma situação que realmente exigisse isso.
- Entendo.
- Então, vamos? - Evelline se levanta.
- Vamos.
Elas entram por um corredor escuro, porém a escuridão era muito espessa, e Sarah conseguia até apalpar, ela para de repente, e começa a procurar um isqueiro na sua roupa, enquanto Evelline continua andando.
- Ei, espera aí, eu devo ter alguma coisa pra iluminar e...
- Não é disso que precisamos. - disse Evelline, com as pupilas brilhando azul.
Ela foi andando até um botão na parede, e o apertou, as luzes imediatamente se acenderam.
- Ah, acho que não é atoa que ninguém achou esse lugar antes. - disse Sarah.
Evelline olhava em volta, bem impressionada.
A sala estava vazia, tinha só um espelho e um traje num manequim, e um livro na base do espelho.
- Que roupa maneira. - disse Sarah.
Evelline chegou perto do traje, e o observou.
Era um sobretudo preto com um colete de detalhes azuis por baixo, e ombreiras bem duras que iam de cima do ombro até o bíceps, com luvas que iam de encontro até o bíceps. Também tinham nas costas das mãos, placas de p******o azul e as palmas das luvas também eram azuis, e o resto dela era preto, e cobria até metade dos dedos.
O colete é costurado no sobretudo, ele tinha uma malha bem resistente e flexível que protege o tórax.
Debaixo do colete tinha uma roupa de malha azul, e a calça parecia ser um collant preto, mas quando Evelline tocou nela, parecia ser bem forte, resistente e flexível. As botas eram bem firmes, e subiam até um pouco embaixo do joelho. Na parte da frente do cinto, tinha um símbolo de uma meia lua, com o lado escuro e o claro ocupando o mesmo espaço igualmente.
Evelline segura as pontas do sobretudo, e olha admirada.
- Eu já vi essa roupa antes.
- Sério?
- Eu tenho certeza. Minha avó jogou isso fora uma vez, eu ainda era bem pequena, lembro que fiquei muito admirada do quanto essa roupa é linda, mas minha vó disse que não era pra ela...
- Você acha que ela deixou isso aí pra você?
- Faz todo sentido, mas só tem um jeito de descobrir.
Evelline vestiu a roupa, e ela ficou impressionada em como ela cabia perfeitamente, como se tivesse sido feita com as medidas exatas dela.
- Tá meio empoeirada, mas combina com você. - elogiou Sarah.
Evelline sorriu, empolgada.
- Mas e quanto a aquilo ali?
Sarah apontou para o único objeto que tinha na sala além da roupa, um espelho largo que ia do chão até o teto, e Evelline se aproximou dele.
- Parece um espelho normal... mas não é. - disse ela.
- O que você está vendo?
- A mim mesma...
- Ta... então é um espelho normal, vai ver que sua avó tinha isso pra ficar se admirando nessa roupa, ou sei lá.
- Não... não estou vendo meu reflexo, estou vendo a mim mesma!
- Tipo, outra você?
Evelline ficou um tempo olhando pro espelho, e então ela sente seu corpo flutuar e se sente relaxada, e então se vê sentada no meio de um local roxo, com algumas luzes brilhantes, parecidas com vagalumes. E na frente dela estava Margareth, sentada também.
- Você não é ela, é?
- Você se tornou uma mulher muito esperta, Evelline. Está certa, eu não sou Margareth.
- Então por que se parece com ela?
- Deveria perguntar isso a si própria, seu subconsciente me fez assim.
- Quem é você?
- Eu não tenho um nome exato, mas todos que já passaram por aqui costumam me chamar de Espelho Certeiro.
- O que isso quer dizer?
- Bom, naturalmente isso já estaria valendo, mas como você ainda não sabe as regras, vou te explicar.
Evelline prestou bem atenção.
- Você pode me fazer uma pergunta por vez, qualquer uma, e ela vai ser respondida com exatidão. Mas tudo tem um preço.
- Hm...
- Se caso você abusar desse poder e começar a fazer perguntas uma atrás da outra sem descanso, você vai cair num estado de insanidade total, e se mesmo assim continuar persistindo, sua mente será quebrada, fazendo com que você morra em vida e seu corpo na terra vire uma casca vazia. Para evitar isso, você deve fazer uma pergunta a cada três anos.
- Tudo isso?!
- Lembre-se, apenas seres de grande poder como você podem acessar esse espelho, então não é pra qualquer um.
- Eu sou um ser de extremo poder?
- Essa é a sua pergunta?
- N-Não, deixa pra lá.
- Você é um ser de extremo poder, Evelline. Só precisa perder o medo de usá-los ao máximo. Com certeza você seria capaz de fazer coisas inimagináveis.
Evelline ficou olhando pro sósia de sua avó, sorrindo.
- O que foi? - perguntou o espelho.
- Você fala como ela, gesticula como ela, tem o olhar dela. Até parece que estou conversando com minha avó de verdade.
- Tudo isso é o poder do seu consciente. Então, o que deseja perguntar?
- Eu...
Até que ela sentiu uma dor de cabeça muito forte e caiu de joelhos, Sarah veio ampará-la:
- Eve, o que foi?
- O Johnny...
- O que tem ele?
- Ele está em perigo!