CAP 7 - MICAEL E CLARA PARTE 1

3409 Palavras
Micael estava tomando seu café. Todos já haviam levantado menos Pedro, que ainda dormia até o almoço. Lúcio mimava muito eles. Tinha tido uma vida dura. Seu pai, para lhe firmar o caráter e prepará-lo para assumir tudo em seu lugar, tinha sido muito duro e exigente. Júlio não via esse lado. Era tratado com carinho e mais amparo por seu pai. Nunca esteve presente nas conversas difíceis entre ele e Lúcio, nem nas cobranças. Micael e Pedro eram os mais novos. Pela ordem eram: Lúcio, Júlio, Lucas, Mateo, Francisco, Micael e Pedro. Lúcio deixava os dois mais novos estudarem e viverem um pouco a vida jovem. Na idade certa, ele os lapidaria para se tornarem grandes homens. Francisco e Mateo estavam em constante vigilância. Os cobrava e exigia pulso firme da mãe, porém com a docilidade e carinho de sua mãe. A senhora que trabalhava na casa, desde a idade de Lúcio bebê, amiga leal da mãe de Micael, conhecia todos como uma segunda mãe. Aliás, Isadora, mãe de Lúcio, dizia ser ela a madrinha de todos seus filhos. O que a íntegra senhora carregava com orgulho em seu peito, tanto quanto o medalhão que ganhara de sua amiga com as palavras escritar “irmão de coração”. Absolutamente todos respeitavam Úrsula como uma tia e segunda mãe. Ela era a única que podia puxar as orelhas de Lúcio, que a ouvia com cabeça baixa. Úrsula: - Está com cara de quem viu um passarinho azul. Micael, com ares de adolescente ainda, pergunta: - Você acha possível conhecer alguém por meio de sonhos? Úrsula senta na frente do seu menino e, contando um pedaço de queijo, colocando no prato do seu menino, o fazendo sutilmente alimentar-se mais, diz: - Acredito que para Deus nada é impossível. Se for assim que deve conhecer alguém...é assim que conhecerá. Micael fica pensativo, lembrando do sonho. Úrsula interrompe seus pensamentos dizendo: - Agora coma o pedaço de queijo e tome o restante do suco, enquanto me conta esse sonho, que vou pegar uma xícara de café e comer mais um pedaço de bolo. Ela era uma mulher linda da raça n***a, com curvas avantajadas. Tinha um colo de mãe e não de moça magra. Adorava seu corpo e dizia ter o melhor colo do mundo para seus meninos depois de sua amiga querida, claro. Não havia se casado e tinha dedicado toda sua vida para aquela família. Os meninos reconheciam isso e cuidavam dela com toda a atenção do mundo. Micael começa sua narração do sonho. Estava cavalgando lá na cachoeira, onde gosto de cavalgar. Tem lindos girassóis. Úrsula: - Uma vez fui lá. Muito lindo mesmo. Micael: - Só uma vez? Preciso te levar lá mais vezes. Úrsula fala batendo no braço dele: - Pare de interromper a história e me conte logo. Amo histórias de amor. - Fala colocando a mão no rosto, prestando atenção. Micael estava encabulado. Mesmo assim continua: - Parei para ficar olhando a cachoeira. Até Posseidon, na árvore. Úrsula: - Ou ele fugiria. Micael sorri, dizendo: - Aprendi a lição. Quase morri quando ele fugiu aquela vez. Os dois riem. Micael continua: - Eu senti a brisa suave e gostosa que bate no meu rosto toda vez que estou lá. É como se mamãe estivesse me afagando o rosto. Ela que me mostrou aquele lugar. Úrsula: - Vivia querendo me levar mais vezes, assim como você. Micael: - Ainda te levo. Mas voltando ao sonho...Eu estava sentando mastigando o azedinho. Úrsula: - Não sei que graça vê aquilo. Micael: - É azedinho e mamãe me ensinou a mastigar. Úrsula: - Prossiga. Micael: - Então senti uma presença forte. Quando olhei para o lado e lá estava ela. Úrsula: - Ela? Micael: - Uma linda moça, com os cabelos pretos, levemente ondulados, mas olhos grandes e amendoados, igualmente da cor preta. Sua pele pálida e vestia umas vestes brancas, caídas no corpo...entre vestido e camisola. Úrsula: Acho lindo. Não gosto muito das armações. Micael: - Ela me olhava de longe. Estava sentada entre os girassóis. Quando a olhei, ela sorriu. Nunca vi um sorriso mais lindo. Era tão real...me aqueceu o peito. Ela então levantou-se e veio em minha direção, sempre sorrindo. Estava descalça. Seus pezinhos eram pequenos e delicados. Eu podia sentir o perfume dela de violeta. Úrsula: - De longe? Micael: - Sim. Era como se o vento trouxesse para mim o cheiro dela… Eu fiquei apenas ali, olhando cada movimento. Ela ora me fitava os olhos, ora baixava o olhar timidamente, mas sempre sorrindo. Então ao se aproximar, me entregou um girassol. Eu peguei e disse: - Obrigada. Qual o seu nome, meu doce anjo? Úrsula estava visivelmente empolgada, parecia que lia um dos seus romances. Micael: - Ela me disse, mas eu não conseguia escutar...Então começou a falar outras coisas e eu não entendia. Não tinha som, nem dava para ler seus lábios. Era como se falasse outra língua. Úrsula: - Gente... que estranho… Micael: - Ela percebeu que não a entendia e parou de sorrir. Seu olhar era distante e confuso. Ela desistiu de falar, baixou o olhar, virou-se e saiu. Eu segurei seus braços e disse: “não vá”. Ela falou novamente algo que não entendi. Então pegou o ramalhete de flores que tinha em seus braços e me alcançou, dando um beijo na face, saiu. Eu fiquei lá, imóvel. Úrsula: - Bem se vê que era um sonho. Você não a deixaria escapar. Micael: - Pois, não é? A seguraria perto até entender tudo o que se passava. Ao invés disso paralisei...como se não conseguisse me mover. Fiquei só olhando ela ir embora...sem poder fazer nada...até que ele foi ficando transparente e sumindo... e desapareceu. Úrsula diz, fazendo gestos: - Me arrepiei toda. Micael: - Foi tão real, ursinha... juro que não parecia sonho. Ursinha era o apelido que os meninos a chamavam. Ela adorava e ficava toda vaidosa. Micael: - E se nunca mais sonhar com ela? Úrsula: - Seria muito triste, mas querido, tente apenas guardar essa doce lembrança e deixar o tempo acontecer. Micael: - Você acha que se não foi só um sonho, terei outros? Úrsula: - Certamente, mas agora não fique só dormindo. Tente ler, estudar, cavalgar, vá até o lugar que a viu em sonho. Micael abre um largo sorriso, dizendo: - Isso! Vou lá! E se a encontrar? - sai correndo, dando um beijo na testa dela, não deixando sua madrinha lhe falar. Úrsula fala sozinha: - Deus... ele se apaixonou pela moça do sonho. Vou começar a rezar uma novena por ele. Não quero o coração do meu menino quebrado. Micael vai até Posseidon. Era um lindo cavalo branco com cinza. Tinha o achado na mata, magro, machucado e assustado. Ao levá-lo para casa, cuidara pessoalmente dele. Os dois ficaram mais próximos ainda com a perda dos seus pais no incêndio. Micael falava tudo para ele, e sentia que o mesmo entendia e respondia. O senhor que cuidava do estábulo diz: - Vai sair com ele agora? Micael: - Sim. Vamos passear um pouco na cachoeira. O senhor arruma Posseidon e Micael parte, rumo ao seu destino. Em seu coração tinha esperança de encontrá-la. Estava confiante disso. Micael chega na cachoeira. Clara estava em seu quarto sorrindo. Ela sente que precisa descansar, mas na verdade ela queria se desprender do corpo e ir em um lugar que gostava muito. Lembrara do jovem de quem com quem sonhara na outra noite. Será que se deitasse conseguiria ir até ele de novo? Talvez estivesse acordado, mas será que conseguiria mesmo assim alcançá-lo? Bom. tentaria. Micael amarra Posseidon na sombra de uma árvore, depois de lhe dar água. Ele fica ali, comendo azedinho, lembrando de sua mãe, olhando a água do rio e a cachoeira. Seu pai comprou aquelas terras justamente pela cachoeira. Isadora amava cachoeiras e era um presente de amor. Seu coração estava aflito. Queria tanto que fosse verdade...que a tal moça existisse em vida... mas naquele momento bastava revê-la, mesmo que em sonho. Clara deitou-se. Era fácil para a moça relaxar e se desprender do corpo. A moça tinha uma mediunidade afloradíssima. Assim que deita seu corpo vai em direção a Micael. Ele estava pensando em sua mãe. Como era bom ir lá com ela e Pedro. os dois jogavam bola, corriam, ela ali lendo e olhando para seus filhos. Adoravam fazer um piquenique ali. Depois das brincadeiras deitavam, ele e Pedro, um de cada lado, do colo de sua mãe. Da próxima vez, pedirá para a ursinha lhe fazer a mesma cesta de piquenique, que fazia quando ia lá com sua mãe e irmão. Depois da morte dela, Pedro, nunca voltara ali. Ele evitava tudo que lhe deixasse emotivo, como uma forma de proteção. Micael estava determinado a voltar ali e ficar esperando. Esperaria sua menina ali...até o fim. Ele escuta barulho de galhos quebrados. Levanta-se agitado e diz: - Quem está aí? Por trás da árvore, que Posseidon estava atado, surge Clara. Micael não acreditava. Era mesmo ela? Estava ali. Então aquele sonho foi real? Ele estava perplexo, sem saber o que dizer ou fazer. Em sua cabeça estava apenas querendo vê-la e ter certeza que não era um sonho. Ele tenta aproximar-se. Clara dá um passo para trás e diz: - Não se aproxime. Micael: - Você é um anjo? Clara sorri. Micael pensa “claro que é o anjo mais lindo do céu”. Clara: - Não. Sou humana como você. Micael: - Posso me aproximar. Clara: - Deixe que eu me aproximo, até onde posso. Por favor sente-se. Micael assim faz, sem tirar os olhos dela. Tinha medo de piscar e que ela desaparecesse. Clara se desdobrava e podia ter seu corpo em um lugar e seu espírito em outro. Fazia com a mesma naturalidade que trocava de roupas. Temia assustar Micael, se ele tentasse tocá-la, percebendo ser um espírito, mesmo com tanta nitidez. Ela senta-se alguns metros distante dele. Os dois ficam um pouco em silêncio. Micael: - O sonho da noite passada...foi sonho? Clara: - Foi um sonho, mas nos encontramos em sonho. Micael leva um susto com seus pensamentos: - Estou sonhando agora? Clara: - Não. Micael: - Você mora aqui perto? Clara: - Um pouco distante… Micael: - E vem até aqui sozinha? Clara: - Sei que essas terras tem dono, mas acho linda a cachoeira. Não tem muitas pela Cidade dos Anjos. Micael: - Um dos donos não se importa que venha aqui. Pode vir quantas vezes quiser. Clara sorri - Você é um dos donos. Micael faz sim com a cabeça. Clara: - Que bom. Micael: - Nunca te vi antes… Clara: - Só descobri a cachoeira agora. Micael: - Você volta sempre aqui? Clara: - Essa é a segunda vez. - Ela para. Lembra que não sabe como explicar ser espírito e corrige sua fala: - Quer dizer, uma em sonho e outra agora. Micael: - Mas irá voltar sempre, agora, por certo? Clara: - É um convite do dono das terras? Micael: - Sim… Clara: - Então voltarei. Micael: - Como é possível? Clara: - Possível o que? Micael: - Nos encontrar em sonhos? Nunca soube disso. Clara: - Sua família não é espírita? Micael: - Você fala acreditar em espíritos? Clara faz sim com a cabeça. Micael: - Nunca pensei sobre isso e nossa família segue o catolicismo. Clara: - Entendo. A minha também. Micael: - Mas você acredita em espíritos…. Clara: - Acabei descobrindo e estudando sozinha outra religião que acredita em espíritos. De nome espírita. Micael: - Seus pais entendem? Clara: - Eles não sabem. Micael acha interessante ela esconder coisas de seus pais. Ele era jovem e confuso. Achava qualquer ato de rebeldia desafiador e prova de coragem. Ele olha para ela e diz: - Espere aí. - Dá uns passos e vira-se, dizendo: - Não some hein? - faz isso repetidamente. Clara sorri, timidamente. Ele vem correndo até um certo ponto e lhe deixa um girassol no chão. Clara diz: - pode colocá-lo na água? Deixá-lo livre na correnteza? - na verdade, temia confessar-lhe ser um espírito. Se ele soubesse da doutrina, mas pelo que observou, nada sabia sobre isso. Iria assustá-lo, com certeza. Micael, sem entender muito, mas achando fofo, faz. Ele senta-se novamente em seu lugar preferido, onde sua mãe sentava. Clara: Você vem muito aqui? Micael: - Desde criança - ele para e deixa um olhar de tristeza aparecer. Então continua: - Minha mãe me trazia aqui, quando viva. Clara: - Eu sinto por sua perda. Faz muito tempo? Micael: - Dois anos. Ainda sinto muita saudade. Clara: - Acredito que só o corpo morre. Micael gosta da ideia de saber que sua mãe continua. Clara: - Você não? Micael: - Eu não penso muito nisso. Eu acho que minha mãe, de certa forma, está em um lugar bom. Se é céu...ou se ainda vive...eu nunca pensei...sei que alguém tão bom quanto ela ou como meu pai...não pode morrer e acabar. Clara: - É nisso que tem que acreditar. Micael não vê, mas Isadora estava ali. Clara consegue vê-la. Isadora tenta afagar a testa do seu filho, que sente um bom arrepio do seu lado esquerdo, como um afago. Ele sente algo bom. Olha para Clara e sorri. Isadora olha para a moça e pisca. Clara sorri, dizendo: - Tenho certeza que ela de onde estiver, cuida de vocês e seus irmãos. Micael: - Como sabe que tenho irmãos? Clara: - Você não é um dos donos dessas terras? Por certo… Micael sorri e pensa “perspicaz”. Clara gostaria de dizer-lhe tudo, mas sabe que não pode. Como dizer-lhe que sua mãe estava ali do seu lado o afagando o rosto? Micael: - De alguma forma sinto minha mãe sempre perto. Ela cuidava de todos com o mesmo zelo, até mesmo de Júlio, que vive longe. Clara não identificava Júlio como irmão de Lúcio, nem sabia que Micael também era. Na sua cabeça, iria ter encontros assim com ele. Nem sonhava que moraria junto dele em breve. Clara: - Certamente sua mãe está sempre perto. Acredite nisso sempre. Eles ficam um tempo conversando. Clara lembra que não podia demorar. E sem alguém entrasse no seu quarto e a tirasse do relaxamento? Mesmo com a porta trancada, poderia bater insistentemente até ela se desconcertar e sumir. Rapidamente levanta-se. Precisava ir. Micael assustado diz: - Você precisa ir? Clara: - Sim. Já demorei demais. Micael: - Posso te levar? Clara: - Não. - diz assustada. Micael: - Tudo bem. Clara vai saindo e diz: - Por favor não me siga. Micael não entende. O que estaria acontecendo? Decidiu fazer sua vontade para garantir que retornasse. Ele pergunta com ela caminhando para longe: - Irei te ver logo? Clara vira-se e responde: - Amanhã estarei aqui. Micael sorri. Clara vai até um ponto em que ele não a vê e acorda. Seu corpo já estava adormecendo. Sentia um cansaço. Aquele exercício lhe desgastara energias. ela então decide descansar um pouco. Micael sai e vai correndo contar tudo para ursinha. Clara adormece e em espírito vê que Isadora a espera, sorrindo. Isadora: - Que bom que finalmente a conheci, Clara. Clara: - A mãe de Micael. Isadora: - Sim...de Micael e também de Lúcio. Clara fica surpresa. Isadora: - Sim, em breve vai morar perto de Micael e conhecê-lo fisicamente. Vocês têm uma linda história para viverem juntos. Clara sorri. Isadora: - Mas vai ser preciso ter muita paciência com ele. Clara faz sim com a cabeça. Isadora a abraça e diz: - Sei que sua vida tem sido muito solitária, mas em breve estará em família. Quase todos meus filhos são amáveis e entenderão esse seu dom, exceto Júlio. Clara: - O que mora longe. Isadora faz um semblante triste, dizendo: - Outra questão complicada. Se ele estivesse perto de casa e de seus irmãos, talvez não tivesse se perdido tanto. Preciso muito de sua ajuda, principalmente com ele. Clara: - O que puder ajudar, farei. Isadora: - Sei que sim, minha querida. Gostaria de estar perto, queria ter visto meus netos nascerem… Clara: - Você conhece a Angélica? Isadora: - Não. Quem seria? Clara: - Alguém que me falou sobre Lúcio? Isadora preocupada: - O que sobre meu filho? Clara: - Que ele está correndo perigo. Isadora parecia não saber. Preocupada se despede e vai tentar descobrir o que estava acontecendo. Clara volta para suas atividades como espírito. Micael chega correndo e pega Úrsula no colo, que grita: - Me coloca no chão, menino. Ele coloca e lhe dá um beijo forte no pescoço. Úrsula: - Tá bom. Agora lave as mãos, senta ali que vou te servir um suco e você vai me contar tudo o que está acontecendo. Micael senta e ela lhe serve um suco de pitanga. Ele bebe tudo e diz: - Vi ela ursinha. Úrsula: - Espera aí ...a tal moça do sonho? Micael: - Sim. Úrsula: - Qual o nome dela? Micael: - Esqueci de perguntar. Úrsula fala alto: - Você não perguntou o nome da moça? Micael: - Fiquei nervoso. Acabei esquecendo. Úrsula: - Menino, você não tem juízo. Mas me conta… Micael: - Foi estranho. Quer dizer conversamos sobre tudo, mas… - Ele para hesitando. Úrsula: - Mas? Micael: - Falamos de...espíritos...foi meio estranho…. Úrsula faz cara de mistério. Ela e Isadora estudavam juntas sobre a doutrina espírita. Não comentava com ninguém só com sua amiga. Micael: - Que cara é essa? Úrsula: - A única que tenho, vai. - Ela para um pouco, disfarçando e diz: Mas me diga... foi bom estar com ela? Micael sorri: - Maravilhoso! Melhor que no sonho, pois agora eu sei que é real. Úrsula: - E vai voltar a vê-la? Micael: - Amanhã. Úrsula afaga o braço do seu menino. Os dois riem um para o outro. Clara e Micael eram jovens. Pouco saiam de casa. Dormiam, brincavam nas terras de sua família e estudavam em casa. Não acompanhavam notícias e pouco prestavam atenção às conversas adultas. Já tinha idade para isso, mas preferiam sonhar com romances. Até Micael rendia-se a tal literatura esperando um dia encontrar sua princesa encantada. Ele não saberia quem era Clara a louca, nem ela Tinha se dado conta das terras em que estava serem da família de Lúcio. Se não fosse a Isadora contar-lhe, nem sonharia. Micael dá um beijo na testa de Úrsula e vai se deitar. Ela fica pensativa sobre a tal moça e a conversa sobre espíritos. Isadora lhe aparece dizendo: - Sim minha amiga. A moça é viva. Úrsula olha para os lados preocupada se alguém poderia vê-la e responde: - Achei que talvez fosse um espírito. Tive medo por ele. Isadora: - A moça está viva, mas apareceu para ele como espírito. Só que ele não percebeu. Úrsula olha para Isadora que lhe responde: - Sim, foi um desdobramento. A moça é Clara, irmã de Amália. Úrsula: - A noiva de Lúcio? Isadora: - Ela mesma. Logo as duas irão morar ai. Conto com você para ajudar Clara na missão de reunir todos meus filhos. Úrsula pensa na hora em Júlio. Isadora: - Até ele. Principalmente ele. Úrsula: - Sabe que depende do livre arbítrio dele, minha irmã. Isadora: - Ele vai conseguir lutar contra essas sombras. Eu acredito nele. Logo Miguel virá também ajudar. Úrsula: - No que depender de mim, farei tudo ao meu alcance para ajudar nosso menino. Isadora: - Ele em breve irá conhecer a força do amor. Espero que da melhor maneira possível. Úrsula: - Gostaria de entender como ele foi ficar tão diferente dos nossos outros meninos. Isadora: - Júlio espiritualmente é o menos evoluído. Seus ciúmes do pai pioraram tudo nessa vida. Miguel sente-se culpado, mas sabe que em vida jamais enxergaria seu erro. Úrsula: - Espero que Lúcio dê o primeiro passo em direção ao irmão. Isadora: - Quanto a isso. Úrsula: - Sim… Isadora: - Preciso que me ajude a descobrir o que está acontecendo. Úrsula: - Diga, que ajudo. Isadora: - A menina Clara me falou que Lúcio está correndo risco de vida. Estou aflita. Tenho tentando descobrir informações, mas o plano espiritual não está me ajudando. Sinto que me escondem algo. Úrsula: - E o que eu posso fazer? Isadora: - Tentar com nossos amigos do centro alguma informação, por favor. Preciso saber algo sobre meu filho. Temo pelo pior.
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