Capítulo 3
( MUDEI OS NOMES DAS FREIRAS, HOMENAGEM AS MINHAS SANTAS: FICOU ITALY, RAIANY, CINTHIA E JANAINA)
17 anos depois
Janaina narrando
A gente estava organizando a igreja para a próxima missa quando a Madre Maria Tereza, entra e faz com que a gente pare de organizar as coisas.
— Meninas, organizem as coisas de vocês, fomos transferidas.
— Como? – eu pergunto
— Transferidas? – Italy pergunta
— Agora que vamos fazer os votos – eu falo – vamos para onde?
— A viagem será longa! – ela afirma – as próximas noviças termina o trabalho de vocês!
Sem nenhuma resposta ela é firme na hora de nos enviar arrumar nossas coisas.
— Para onde será que vamos? – Raiany pergunta
— Espero que seja um lugar com bastante movimento – Cinthia fala – a vida toda vendo vacas e cavalos.
— Eiu preferia ficar aqui – eu respondo – crescemos a vida toda aqui, aqui é o nosso lugar. Para onde vamos?
— Para de ser b***a – Italy fala – espero que seja como Cinthia fala, um lugar bem movimentado. Quem sabe assim, a gente desiste dos votos? – eu a encaro
— Muitas meninas desistiram e a gente nunca – Cinthia fala – porque não podemos mudar de ideia também?
— As meninas que desistiram nunca falaram sobre querer desistir – eu falo – elas simplesmente sumiam de uma hora para outra.
— As regras são rígidas – Raiany fala – se elas desistiram, não deveriam continuar convivendo com a gente!
A ideia de uma mudança repentina me deixou um pouco confusa, eu nasci dentro desse convento, segundo o que disseram, eu era filha de uma mulher que foi deixada pelo pai aqui após engravidar sem antes casar e não saber quem era o pai, e a mesma morreu no parto, não tenho fotos e nem nada que pudesse dizer quem era minha mãe, até porque naquela época há 17 anos atrás, não existia tanta tecnologia como hoje.
Esse convento é a minha casa, onde aprendi andar, a falar, a escrever. Eu não via a minha vida sem ser uma serva de Jesus.
Arrumamos as nossas coisas sobre a pressão de Madre, entramos dentro do ônibus sem muita explicação e começamos a pegar estrada, Madre Tereza parecia tensa e estava o tempo todo na frente, ela passa por nós várias vezes confirmando quantas meninas estão ali e por fim se senta na frente seguindo a viagem em silêncio.
Sem nenhuma resposta para onde a gente ia e sobre os nossos destinos, eu acabo pegando no sono e acordo quando o sol nasce, as meninas começam acordar e a ansiedade e o entusiasmo para conhecer o lugar novo começa a tomar conta de todas.
O ônibus começa a subir um morro e para na frente de uma casa grande, de uns três andares, ao lado uma igreja pequena e bem detoriada, Madre Tereza levanta e nos encara.
— Chegamos meninas, todas descendo em ordem! – ela fala
Assim a gente faz, descemos segurando nossas mochilas e itens pessoais, paramos na frente daquela casa e meio que nos apavoramos quando a gente ver alguns homens com fuzil atravessado nas costas subindo e descendo o morro, tinha cheiro de droga para tudo que é lado, e esse lugar não parecia ter regras e nem sequer um lugar adequado para nossa transferência.
— Vamos entrar – ela fala – esse é o nosso novo lar!
— Não mesmo – eu respondo e ela me encara
— O que você disse noviça Janaina? – ela pergunta
— Eu quero voltar para o convento onde a gente estava, não vou ficar aqui! – eu respondo e ela me encara – a gente tinha um lar, porque essa transferência do nada? Para um lugar inadequado como esse?