**Capítulo 10**
*Narrado por Ester*
— E aí, cadê a Alana? Vai dar bolo? — pergunto, cheia de curiosidade, olhando para Sabrina e Célia.
— Sei lá, acho que ela não tá muito na pilha de encontrar meu irmão hoje — Sabrina responde, meio desanimada.
— Sério mesmo? — levanto uma sobrancelha. — Eles já ficaram?
— Deixa quieto, Ester — Sabrina corta o assunto na hora. — Bora continuar dançando, pô.
Pego um copo, e meu olhar vai direto pro Sampaio. É como se tivesse um ímã me puxando. Não consigo explicar, mas a presença dele mexe comigo de um jeito esquisito. Talvez tenha sido o jeito bruto que ele me segurou na escada, com aquelas mãos firmes e decididas. Só de lembrar, um arrepio corre pela minha espinha. Me pego viajando nele e percebo que tô longe de prestar atenção no que rola ao meu redor.
— E aí, vai querer o quê? — Sabrina me puxa de volta à realidade.
— Eu? — respondo, ainda meio aérea.
— É, você mesmo — ela confirma, com um sorrisinho curioso.
— Quero beber, e vocês? — começo a rir, e elas caem na risada junto comigo.
— Cara, tem muito bofe bonito aqui, se eu soubesse, já tinha colado faz tempo — dou uma olhada geral no ambiente.
— Vai nessa — Célia avisa com um tom de advertência. — Se enrolar com esses caras não é mole, nenhum deles é flor que se cheire.
— E quem disse que eu quero um santinho? — provoco, com um brilho malicioso nos olhos. — Quero alguém que me faça sentir adrenalina, que me encoste na parede, me puxe pelos cabelos e me dê aquela pegada firme — elas me encaram, chocadas. — Não tô afim de papinho furado, não.
— Ester, cê tá precisando de uma terapia, hein? — Sabrina comenta, meio preocupada.
— Eu só quero beber, caramba — chamo o garçom pra encher meu copo de novo.
— Sabrina, chama o HT, vai. Ele tá na tua.
— E por que você não vai lá, então? — ela responde com um olhar de desprezo.
— Não tô a fim de me meter com gente barra pesada — Sabrina responde, decidida.
— E qual é a tua, então? — pergunto, ainda mais curiosa.
— Além do mais — Sabrina continua — o HT é meu amigo desde pivete, considero ele como um irmão.
— E ele te vê assim também? — pergunto, levantando uma sobrancelha.
— Não, mas eu vejo — ela responde firme. — E é isso que importa. Além disso, ele é gerente aqui e melhor amigo do meu irmão e do meu tio.
— Se fosse eu, pegava todos os amigos do meu irmão e do meu tio também — digo, rindo, enquanto elas me olham com uma mistura de preocupação e surpresa.
— Menina, tu vai acabar se enrolando nessa vida — Célia avisa com um tom sério.
— Deus me livre — respondo, soltando uma risada nervosa para Célia.
Continuamos dançando, e a bebida faz com que eu perca a noção de tudo. Sempre gostei de me jogar na bagunça, e desde que meus pais morreram e fiquei solta no mundo, só piorou. Saio pra festa todo dia, bebo, me divirto, e vou embora. Não tô nem aí pra vida, parece que depois da morte dos meus pais, tudo perdeu o sentido. Não quero ser a mocinha fragilizada; quero ser a Ester sem freio. A bebida me dá uma sensação de liberdade, como se nada pudesse me atingir. Mas, lá no fundo, sinto uma inquietação, um vazio, como se eu estivesse sempre fugindo dos meus problemas.
A música tá alta, o ritmo é frenético, e enquanto danço, meu olhar volta pro Sampaio. O que será que ele pensa de mim? O jeito que ele me olhou na escada, a intensidade daquele olhar... Isso tá mexendo comigo de um jeito que nem eu entendo. É como se ele fosse um enigma que eu preciso desvendar. A ideia de que ele pode ser um cara de ação, que não se contenta com a vidinha básica, me intriga.
— E o Sampaio? — pergunto pra Célia, quando Sabrina sai pra ir ao banheiro.
— O que tem ele? — ela pergunta, levantando uma sobrancelha.
— Tá com alguém?
— Já teve, mas agora tá na dele. Parece que não quer se envolver com ninguém. Quem é que vai querer se enrolar com um cara assim? Esquece ele, vamos dançar — diz ela, me puxando.
Mas continuo olhando pra ele, e ele me encara de volta. A conexão entre a gente é palpável, quase como se tivesse uma tensão elétrica no ar. Não sei se é a bebida, ou se é algo mais, mas não consigo tirar os olhos dele. O jeito que ele me observa, como se tentasse ler meus pensamentos, só aumenta meu desejo de entender o que passa na cabeça dele.
A festa continua, e enquanto a música toca, me deixo levar pela diversão, mas parte de mim tá fixada no Sampaio. Ele tá imerso numa conversa com outros caras, os gestos e expressões dele mostrando um lado que eu ainda não conheço. É difícil não me perguntar o que passa pela cabeça dele, como é a vida dele fora dessa festa. A curiosidade me consome, e mesmo com a música e a bebida, Sampaio não sai dos meus pensamentos.
Talvez eu esteja procurando algo pra preencher o vazio que sinto. Ou talvez seja só a emoção de estar num lugar novo, cercada por gente que não conheço bem. Mas, seja lá qual for a razão, a verdade é que o Sampaio me intriga, e não consigo parar de pensar nele.
Enquanto danço, dou uma última olhada na direção dele. Ele ainda tá me observando, e me pergunto o que ele vê quando olha pra mim. Será que ele percebe o mesmo desejo e curiosidade que sinto por ele? A festa continua ao meu redor, mas meu foco tá todo no Sampaio, e eu me pergunto se algum dia ele vai me deixar entrar no mundo dele.