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3148 Palavras
Era um sábado chuvoso em toda Las Vegas e, no banco traseiro do carro, Blair analisava a paisagem que se desenrolava através da janela. Seus pensamentos estavam dispersos, percorrendo um passado não muito recente. - "A noite foi uma loucura" Drake comentou. Ele estava usando óculos escuros para esconder as olheiras após passar grande parte da noite bebendo com sua amiga. Depois do evento, eles voltaram para o apartamento onde moravam e abriram algumas garrafas de um bom vinho. - "Com certeza" Blair concordou, imediatamente se lembrando do encontro com certo cavaleiro no elevador. Ela ainda não era capaz de acreditar que aquele homem havia lhe seduzido a ponto de avançar sobre ele. O que a confortava era a ideia de que não ver-se-iam novamente, pois a maioria das pessoas presentes no evento da noite anterior moravam em Los Angeles, não em Vegas. - "Nunca mais vou beber" Drake se aconchegou no banco traseiro do Bentley ao murmurar, feliz pelos mimos que o pai de Blair lhes oferecia. Na verdade, toda a vida luxuosa que eles levavam em Vegas era uma cortesia de Jean. - "Eu duvido" Quando o carro parou em frente ao restaurante Picasso, ambos olharam pelas janelas do Bentley. O local imitava um castelo francês em vários aspectos, principalmente pelas estátuas no alto do prédio. Eles desceram do veículo quando o motorista abriu a porta e partiram para dentro. O interior era ainda mais elegante, induzindo as pessoas a se sentirem no século passado apenas olhando para a decoração. Jean Collins, pai de Blair, estava em uma mesa no centro do local. E foi para lá que a hostess guiou ambos quando disseram seus nomes. Aquele era para ser um almoço comum entre familiares, mas significava muito mais para Jean. Ele faria qualquer coisa para provar para sua única filha que havia mudado, e que adoraria estabelecer uma união para além da financeira. Pagar por todos seus gastos quando ela aceitara era como um prêmio para ele, mas, ainda assim, precisava de mais. Ele queria restituir o passado. - "Olá" Jean se levantou para cumprimentar sua filha e o amigo. Drake o abraçou, porém Blair decidiu que um aperto de mãos seria suficiente. - "Está sendo um dia frio" Drake comentou quando todos se sentaram na mesa de três lugares, para não caírem em um silêncio mortal. - "É verdade. E, falando nisso, como estão as instalações do apartamento?" Jean Keanu havia comprado o apartamento onde Blair morava apenas há três meses. Ela não queria aceitar, pois sabia que aquilo era o princípio de um perdão que esta não estava pronta para liberar. Porém, no fim, vendo que ela e o amigo não conseguiriam se manter em uma cidade tão endinheirada, aceitou. - "Boas" Blair respondeu, simplista. - "Espero que esteja gostando" o pai olhou para a filha com esperança nos olhos. Eles eram opostos tratando-se de aparência. Dos fios ruivos para o castanho, dos olhos azuis para o preto e da pele alva para o bronzeado. Entretanto, a personalidade deles era parecida, embora Blair se esforçasse para agir de forma diferente. - "Eu gosto da cidade. Gosto muito. Mas isso não muda meu posicionamento" após as palavras da mulher, a tensão no clima se tornou insuperável. - "Angel, eu estou tentando" ele apelou para o segundo nome da filha. - "Não me chame assim" ela ergueu a coluna e posicionou-se de forma ereta. Blair estava usando um vestido azul que combinava com seus olhos, muito parecidos com os olhos de sua mãe. Aquela semelhança destruía o pai. E quando Jean olhou para ela, com a aparência idêntica à da ex-mulher, porém com o temperamento igual ao seu, ele viu-se vencido. - "Eu não sei mais o que fazer" o homem estava, de fato, esgotado. - "Que tal dar um tempo, Jean? Ela está tentando também" Drake interviu. Ele conhecera Blair em Filadélfia, enquanto ainda eram adolescentes. A mulher, até então menina, havia acabado de perder sua mãe e vivia em busca de confusões que a fizessem sentir algo além do vazio. Não tinha quem lutasse por ela, até conhecer Drake. - "Claro" Jean ergueu as mãos para o alto, em sinal de paz, e então Blair analisou sua vestimenta. Ela conhecia a i********e de seu pai, todos os segredos que ele levaria para o túmulo. Mas, olhando para aquele homem de terno, bem vestido, ela percebera que ele camuflava muito bem a realidade. - "O restaurante Picasso é um dos melhores da cidade. A comida feita pelo chefe Julian Serrano é muito parecida com os pratos franceses" o pai começou a falar amenidades. E quando a conversa se voltou para o que seria pedido, além de um perdão que a mulher seria incapaz de dar, o momento tornou-se mais leve. Drake segurou a mão da amiga sob a mesa, explicitando que jamais a soltaria. Assim o almoço seguiu com tranquilidade, na medida do possível para Blair e Jean. * Em um dos prédios milionários no centro da cidade de Las Vegas, dentro do luxuoso apartamento nos arredores da Strip, morava Blair Collins. A sala era composta por dois ambientes; a sala de estar e a sala de televisão. Elegante e luxuoso, o apartamento dispunha de doze cômodos, todos decorados com muito bom gosto. E, apesar da incompatibilidade com o pai, Blair aceitara que ele pagasse por aquele imóvel caríssimo para que pudesse morar com seu amigo. - "Vou abrir um vinho" Drake avisou assim que entrou no apartamento. Blair estava logo atrás dele, já se livrando do par de botas que usara no almoço. Ela se dirigiu até a sala principal e atirou-se no sofá. - "Branco ou tinto?" ele gritou, já adentrando a adega. - "Tinto" Blair respondeu enquanto ligava a televisão e zapeava os canais, em busca de algo interessante. Minutos depois, Drake retornou com uma garrafa de Merlot e duas taças arredondadas. Ele adorava a nova fase de sua vida, onde podia beber bebidas caras e comer bem. Gostava da cama confortável e dos lençóis de linho fino. Mas, acima de tudo, adorava estar dividindo aquele momento com sua melhor amiga. - "Eu estive pensando..." ele começou o assunto de forma suave enquanto enchia as taças com o liquido escuro. - "Não precisamos continuar aqui, se não quiser. Eu sei que você aceitou viver essa vida por minha causa também, gata, mas não precisamos fazer isso. Sei que essa aproximação do seu pai está acabando com você" Drake sabia de tudo, cada detalhe, e jamais trocaria o conforto emocional da amiga pela luxuosidade de Vegas, apesar de amar ambos. E diante de sua sugestão, Blair deu de ombros, mostrando indiferença. - "Não é uma vida tão r**m" A verdade era que havia uma espécie de vingança por trás de sua aceitação. Blair sabia que seu pai valorizava o dinheiro, e estava disposta a fazê-lo gastar uma fortuna antes de realmente tentar se aproximar. Não se importava com o quão fútil parecia, sua única intenção era causar alguma dor, mesmo que mínima, no homem que chamava de pai. Ela desejava que ele conhecesse o fundo do poço, lugar onde ela habitou por anos. - "Eu adoro esse programa" Drake comentou, depois aumentou o volume da televisão quando o programa 'The Tonight Show' começou. Aparentemente, o assunto anterior havia sido esquecido. O programa seguiu com Jimmy apresentando humoristicamente, fazendo Blair e Drake soltarem risadas sinceras enquanto bebiam de suas taças. - "Senhoras e senhores, com vocês, Ethan Banks" minutos depois, o apresentador anunciou o convidado da noite, e a plateia começou a gritar histericamente quando o homem entrou no palco. Vestindo jeans escuro e camisa de mangas longas, ele parecia um anjo sombrio, iluminado apenas pelas turmalinas em seus olhos. Era impossível escolher um tom entre azul e verde para eles. Blair não vira seu rosto, mas reconheceria aquela figura em qualquer lugar. O verde intenso em seus olhos não era captado pela câmera, contudo, a mulher sentia o ardor na pele como se ele estivesse olhando diretamente para ela. As mãos grandes, os ombros largos e braços fortes eram inconfundíveis. Blair teve certeza de que aquele homem, sendo televisionado e ovacionado por um público feminino desesperado, era o mesmo que destruíra seus sentidos no elevador. - "É muito bom ter você aqui, mas não vou conseguir falar muito se a plateia não colaborar. Se comportem, meninas" Jimmy começou, após cumprimentar seu convidado com um aperto de mãos. No fundo, as vozes femininas gritando e aplaudindo ainda eram ouvidas com intensidade. - "Ethan Banks" o apresentador repetiu, estendendo as mãos para enfatizar seu convidado, e então a plateia explodiu em gritos histéricos novamente. Naquele momento, o mundo de Blair deixou de girar e saiu de órbita. Dentre todas as pessoas na festa, todos os homens, todos os rostos, ela havia encontrado Ethan Banks, o nome na lista n***a de Spencer. Ela não sabia como reagir, e pareceu esquecer-se de respirar também. Não se tratava apenas de um possível criminoso sendo investigado, mas sim do homem mais atraente que seus olhos tiveram o prazer de ver. - "Bem, eu poderia começar pegando leve. Mas você conhece essas garotas, elas querem saber se você está disponível" o apresentador brincou, e a sombra de um sorriso pouco sincero cruzou o rosto de Ethan. - "Isso pode ser discutido" foi sua resposta. A voz do homem foi como um sopro de vida em Blair, mesmo não pessoalmente. Grave e rouca, aquela era a definição do som que mais parecia sair de um trovão do que de cordas vocais. E, mais uma vez, a plateia explodiu em gritos. - "Felizes, meninas?" Jimmy estendeu os braços como se tivesse acabado de entregar uma conquista para as moças. - "Agora me fale sobre você, Ethan. O que tem feito fora das pistas?" A curiosidade foi aguçada dentro de Blair, pois ela havia desenvolvido uma recente atração por aquele homem, e por saber o que lhe deixava tão sombrio. A plateia atordoada era prova de que ela não era a única mulher interessada nas respostas. - "Eu descobri que correr não era uma vocação, era apenas uma das minhas paixões. Agora estou assumindo alguns negócios da família, você sabe" a voz de Ethan era como o despertar de um motor potente dentro de um esportivo. Não havia calmaria ou suavidade, a todo momento parecia ser um alerta de perigo. Blair atentou-se para cada uma daquelas palavras. Spencer estava certo ao dizer que aquela família tinha segredos, pois o perigo exalava no olhar de Ethan. Era como se ele fosse um predador, sempre pronto para fazer uma vítima. - "Uma das suas paixões? Está querendo dizer que cabe mais de uma neste coração?" Jimmy perguntou, segundos antes de olhar para a câmera e piscar um olho. - "Isso também pode ser discutido" Logo após, deu-se início ao comercial. Naquele momento, Drake já havia terminado de beber a garrafa inteira de vinho. Ele estava partindo para a adega quando Blair vasculhou sua bolsa, em busca de seu celular para fazer uma pesquisa. Ela pegou o aparelho e digitou o nome do homem que não abandonara sua mente, perturbando até mesmo seus sonhos quando fechava os olhos. Spencer não havia lhe dado muitas informações ainda, então ela decidiu fazer uma breve pesquisa. Ethan Tyler Banks era um ex-piloto de Fórmula 1, no auge de seus vinte e oito anos. Havia abandonado as pistas para se dedicar aos negócios do pai, George Banks, no ramo tecnológico. Em ambos os âmbitos era o melhor, sempre destacando-se por sua inteligência e olhar visionário. Em menos de cinco anos comandando a Banks Enterprise, empresa privada de sua família, estava entre pilares responsáveis pela economia nova-iorquina. Suas fotos nos muitos eventos que comparecera mostravam um homem fechado para o mundo. Suas acompanhantes, sempre modelos ou atrizes famosas, eram um contraste perfeito de beleza e exposição. Blair não vira muitas fotos, mas sabia que ele mantinha um estilo caríssimo de vida. Ela não havia pesquisado sobre o homem antes. Seu combinado com Spencer era apenas comparecer nos eventos da semana e misturar-se com as pessoas da elite americana. Era cedo demais para fazer uma pesquisa aguçada sobre o possível alvo. No entanto, ela jamais pensou que Ethan poderia ser perigoso até mesmo para sua mente. - "Este cara acaba com minha autoestima" Drake comentou, sentando-se ao lado de Blair com uma segunda garrafa de Merlot em mãos. Ela olhou para o amigo enquanto pensava em suas palavras. Ethan carregava uma beleza intensa, capaz de atrair e repelir ao mesmo tempo. Não era do tipo acessível. As pessoas desejavam atirar-se contra ele, mas bastava um segundo olhar para desistirem da ideia. Sua postura eximia e olhar penetrante intimidavam o bastante. Completamente oposto, Drake era bonito e charmoso. Tinha um corpo magro, porém bem cuidado e definido. O cabelo não era cortado com regularidade, então sempre estava longo, mas não muito. Ele parecia feliz e sempre gentil, não carregava traços obscuros, não representava perigo. - "Você disse que estava disponível, mas estava acompanhado por Deana Reys em um baile de máscaras na noite anterior. Aliás, que festa incrível" Jimmy comentou assim que o programa começou novamente. Sua voz denunciava certa expectativa, como se já soubesse de algo e estivesse esperando pela confirmação. Deana Reys não tinha fama explosiva, ainda estava lutando para ser reconhecida. Fizera seu primeiro papel importante no filme de Jean, que havia feito sucesso, e isso a levava para outro patamar. Aquilo também era bom para a carreira de Jean, pois significava que ele descobria talentos. - "Sim, eu estava. Somos bons amigos" Ethan se limitou a dizer. Quando a imagem se ampliou e a câmera se aproximou do homem, foi possível ver uma fina corrente dourada em seu pescoço descendo até entrar no "v" da camisa. Era o único ponto de cor em seu visual escuro. Blair suspirou mais uma vez. Aquele era o homem mais lindo que ela, e qualquer outra pessoa, havia visto, não restavam dúvidas. Ela estava atraída por ele, e não apenas por sua aparência perigosamente angelical, mas também pela escuridão que compatibilizava com a dela. No fundo, ela sabia que seus demônios haviam se identificado com os dele. Não era só uma conexão de corpos, o que seria totalmente explicável. Era, para além disso, sua alma quebrada reconhecendo alguém precisando de concerto. - "Sou obrigado a dizer que ele está na pista, senhoritas. E, desta vez, não esperem até ele decidir sossegar" o apresentador murmurou, e a plateia rugiu em gritos e palmas. A verdade era que Ethan tinha uma fama consolidada principalmente por sua aparência. Não precisava de atributos para ser mais atraente, apenas o rosto simétrico e o corpo malhado faziam muito. - "Ainda sobre Vegas. O filme de Jean Collins, o que achou?" Jimmy perguntou. Apenas a menção daquele nome afetou Blair. Ela odiava a forma como o mundo o amava antes de conhecê-lo, e odiava a si mesma por guardar aquele sentimento r**m em sua alma, apodrecendo-a. - "É uma obra muito conceituada, mas não posso falar sobre. Ainda não vi o filme" A ruiva prestou atenção em cada segundo da entrevista. Ela ficou encantada com o controle que Ethan carregava. Ele se portava como se estivesse acima de todos. Ninguém seria capaz de domá-lo. Sua postura rígida não permitia acessibilidade e, para seu próprio m*l, Blair viu-se atraída. Contudo, no fundo, a mulher dizia para si mesma que estava apenas coletando informações importantes para a investigação. - "O que acha dele?" ela perguntou para o amigo, que já estava deitado no sofá como se fosse passar o restante da noite por ali mesmo. - "Todos querem ser ele e todas querem ser dele" o toque clichê na resposta foi intencional. - "Isso é r**m?" ela pensou a respeito. - "Não mesmo. Ele é do tipo que faria um par perfeito com você, se não fosse tão mulherengo" apesar do comentário ser uma hipótese sem fundo realista, Blair pensou sobre. A mulher, definitivamente, não era do tipo que sonhava com o amor e príncipes encantados. Todas as lutas que enfrentou lhe ensinaram a acreditar no que é real, no que pode ser visto e tocado. Contos de fadas não entravam no repertório. Porém, por um segundo, olhando para o rosto estupidamente perfeito de Ethan Banks, Blair pensou a respeito de tudo que sabia sobre ele. Poderia aquele homem ser o vilão da história? * Spencer Davis caminhou até o armário de madeira antiga em sua sala. Cada detalhe do ambiente era envelhecido, pois o inspetor trabalhava naquele departamento há alguns bons anos. Ele pegou uma caixa e voltou para sua cadeira. Atrás da mesa, Blair estava sentada em uma cadeira, esperando pelas próximas instruções. Spencer retirou algumas fotografias da caixa, e as dispôs sobre a mesa. - "Suponho que você já tenha o encontrado" o inspetor ponderou. - "Por que não me mostrou antes?" - "Eu não queria que você ficasse obcecada por um rosto, e se esquecesse do derredor" - "Ele estava no baile" Blair respondeu, inclinando-se para frente e analisando as fotos que Spencer tinha. - "Ethan Banks é um ex-piloto, e abandonou a carreira para administrar os negócios da família" Spencer sentou-se em sua cadeira, e também analisou as fotos enquanto pensava sobre o caso. Anos antes, ele havia iniciado uma investigação; tinha fotos, vídeos, gravações e testemunhas, mas nunca era suficiente. Ele precisava de uma prova concreta. - "Eu pesquisei sobre ele" Blair murmurou. - "Por que acha que ele assumiu a empresa do pai?" o inspetor questionou, com o tom autoritário de alguém que fazia um interrogatório. - "Talvez fosse o momento certo" - "Talvez..." O homem mais velho acomodou-se, levando dois dedos ao queixo enquanto pensava. Spencer tinha muitas teorias, contudo, nem todas elas tinham embasamento. Era madrugada na cidade de Las Vegas, e no departamento de polícia estavam apenas Blair e Spencer. Encontrar-se pela madrugada era mais seguro, e não levantavam suspeitas quando a delegacia estava vazia. - "Mas e se ele tiver sido obrigado?" ele divagou. - "O que quer dizer?" - "E se a morte de Benedict obrigou a família Banks a mudar sua gestão?" Spencer fixou os olhos em Blair ao dizer, buscando nela algum indício de que aquela teoria fazia sentido. - "Primeiro precisamos provar que eles são culpados" ela preferiu manter um pensamento centrado. - "Sim, precisamos" Sob a pouca luz do escritório de Spencer, Blair voltou a analisar as fotos sobre a mesa. Ela sentiu-se culpada por ver tamanha beleza em Banks, e prometeu para si mesma que seria mais responsável. Atrair-se pela pessoa que deveria ser um alvo seria perigoso. - "O que quer que eu faça?" ela questionou. - "Se reserve. Não podemos continuar tendo contato. Se descobrirem que você tem envolvimento com a polícia, voltaremos para a estaca zero" - "Como vamos nos comunicar?" - "Me dê alguns dias. Eu vou resolver tudo".
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