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MICHELLE NARRANDO
Entrei no meu quarto com lágrimas nos olhos. Me olhei no espelho e o que antes parecia bonito, me fez sentir nojo de mim mesma. Eu estava vestindo um vestido vermelho até a metade do joelho, levemente colado em meu corpo, e um salto mediano da cor nude. Limpei minhas lágrimas com as mãos, borrando toda a minha maquiagem, e arranquei o vestido do corpo.
— Você sabe que estou fazendo isso para o seu bem! — Victor gritou, e aquilo me fez ficar com vontade de vomitar. Talvez meu vestido estivesse muito curto, mesmo.
— Me perdoa, Victor. Eu vou trocar o vestido. — Ele girou os olhos.
— Vai ficar fazendo drama, não vai? Limpa esses olhos, essa maquiagem está horrível e forte. Passou lápis de olho demais. Seus olhos são azuis, não combina com lápis de olho muito escuro. — Disse e abriu o guarda-roupa. — Eu não quero você parecendo uma prostituta na frente da minha mãe. Estou te impedindo de passar vergonha.
— Tá. — Ele tirou um vestido preto, que uso no trabalho, e jogou em cima da cama. Ele tem um recorte bem social e um decote arredondado que quase não mostra pele.
— Vista isso. — Disse.
— Eu não quero ir com esse vestido, por favor... Ele é um vestido para o trabalho... — Ele se aproximou de mim. Eu não devia ter respondido assim.
Victor olhou nos meus olhos e me agarrou pelos cabelos, me jogando na cama.
— Eu devia terminar com você! — Gritou. — Você é uma i****a. Estou falando isso para o seu bem e você reclamando! Vista essa merda, estamos atrasados!
— Por favor... — Tentei contestar mais uma vez. Mas aí, ele deu um tapa no meu rosto. Desisti de contestar, apenas peguei o vestido e me levantei. Engoli o choro e comecei a colocar por cima do meu corpo.
— Me desculpe pelo tapa. Eu perco a paciência porque você é teimosa! — Falou. Eu concordei com a cabeça.
— Esquece isso. Eu vou me arrumar como pediu. — Falei. Alguns minutos depois, no quarto, terminei de me arrumar do jeito que ele pediu e saí.
— Agora sim! Linda! — Ele se aproximou de mim e levou as duas mãos até meu rosto. Meu noivo é um babaca às vezes... Eu queria que ele mudasse. Queria mesmo.
Ele me deu um selinho demorado e me deu a mão, para irmos juntos para a casa da mãe dele.
Chegamos lá e ele cumprimentava todos com sorrisos, e eu fazia o mesmo, apesar de estar com o coração ferido por dentro. E então, o primo dele veio nos cumprimentar. Eu não sei porque, mas ele odeia o sr. Daniels. Talvez porque seja mais bem sucedido que ele, não sei. Não faz o menor sentido. Sr. Daniels é um homem de talvez quarenta anos, muito bem arrumado, olhos e cabelos castanhos como o primo, tem um estilo muito charmoso e tem tatuagens nas mãos. Uma é muito bonita, já reparei. É uma águia.
Eu não gosto de chegar perto de sr. Daniels, porque meu noivo fica com ciúme, então, apenas o cumprimentei educadamente e me afastei.
Meu noivo foi fazer uma social na festa e eu fiquei em um cantinho, em uma mesa, sozinha. Ele sempre acaba fazendo isso comigo... E eu acabo sozinha. Nessas horas eu lembro dos conselhos que minha mãe me dava. Hoje, sem nenhum familiar, eu me sinto abandonada no mundo... E acho que é por isso que não deixo o Victor. Ele é um i****a às vezes, mas ele é bom comigo também.
— Senhorita Brooks? — Sr. Daniels se sentou do meu lado, com um sorriso no rosto. Eu engoli seco. Espero que Victor não veja.
— Oi, sr. Daniels. — Sorri de forma educada.
— Eu fiquei sabendo que acabou de terminar a faculdade de contabilidade. Fico feliz por isso. — Ele sorriu. — Queria parabeniza-la.
— Ah, muito obrigada.
Ele é um homem muito educado. Fala pausadamente e sorri bastante. É difícil não reparar, ele tem carisma.
— Então, eu gostaria de te propor de trabalhar como assistente em meu escritório. Seria maravilhoso para você, e acredito que meu primo ficará feliz também, já que trabalha no andar abaixo do meu. — Eu abri um sorriso grande. Estou esperando uma oportunidade na empresa dos Daniels faz muito tempo, e Victor infelizmente não conseguiu.
— Nossa, eu nem sei como agradecer! É claro que eu aceito, meu Deus. — Eu ri comigo mesma. — Seria incrível, senhor Daniels.
— Querida, preciso falar com você. — Victor apareceu como um fantasma, o que me fez engolir seco. Eu arregalei os olhos, assustada. — Vem cá.
— Ahn, o sr. Daniels estava me falando sobre... Sobre me contratar para ser assistente. — Eu abri um sorriso falso.
Eu preferia que essa conversa nunca tivesse acontecido. Preferia que meu noivo jamais tivesse me visto conversando com o sr. Daniels, meu Deus!
— Tudo bem, depois conversamos sobre isso. Venha, é meio urgente. — Avisou. Eu me levantei e pedi licença para sr. Daniels, e fui com meu noivo.
Ele segurou minha mão muito forte. Eu sabia o que vinha por aí. Ele me levou para o andar de cima, em um corredor afastado de tudo. Me empurrou contra a parede e me deu um soco no estômago, que me fez cair para frente.
— Pelo amor de Deus. — Gemi.
— Você não aprende. Não adianta. — Eu acabei caindo no chão, com as mãos em meu estômago. — Ah, levanta, pára de drama! — Falou um pouco mais alto. Eu me levantei ainda com dor e ele me puxou para o quarto da frente, que estava aberto. Me empurrou longe, me fazendo cair no chão.
— Você é uma verdadeira i*****l. Ah, quer ser assistente daquele sem vergonha do meu primo Johnny? Vá. Abre as pernas pra ele também. Você não presta! Eu devia ter ouvido minha mãe, você é uma sem família, uma mulher como você deve acabar na rua e não dentro da casa de um homem como eu. — Esbravejou. Eu me levantei do chão mais uma vez. Estava tremendo, apavorada.
— Chega. Eu não mereço esse tratamento e não mereço estar aqui, então por que estou aqui afinal de contas? Me deixa ir embora, por favor. — Falei e tentei chegar até a porta, mas fui impedida por ele, que me empurrou longe mais uma vez. Eu bati no armário, machucando minhas costas. Nesse ponto, eu já chorava. — Por favor, para de me agredir! — Pedi.
— Você tá sendo agredida porque merece! Eu vou educar você por bem ou por m*l! — Gritou.
— As pessoas vão ouvir você gritando comigo. Para, por favor. — Eu implorava. Mas aí, levei mais um tapa no rosto.
— Você não merece meu amor e nem estar aqui, mesmo. Mas você é minha, e você não vai embora. — Ele me falou e aquilo me embrulhou o estômago. Eu estou presa a um homem c***l, meu Deus.
— O que você está fazendo? — Johnny entrou no quarto, com os olhos arregalados e olhou para o primo. — Você deu um tapa no rosto dela? Você está louco?
Pronto, o caos está instaurado. Eu vou morrer.