02

1059 Palavras
JOHNNY NARRANDO Eu achei muito estranha a forma como Victor puxou Michelle, então, por ter ficado muito incomodado, acabei indo atrás dos dois. Acabei sendo parado no meio do caminho por uma convidada, mas não deixei de prestar atenção. Victor segurava a mão de Michelle com muita agressividade, e isso me deixou nervoso. Quando consegui sair da conversa com a convidada e fui atrás dos dois, ouvi uma conversa esquisita e agressiva em um dos quartos e quando entrei, vi Victor dando um tapa no rosto de Michelle e dizendo coisas horríveis. Nem me lembro qual foi a primeira coisa que falei, de tão nervoso que fiquei. — O que você está fazendo? Você deu um tapa no rosto dela? Você está louco? — Esbravejei, e ele ao invés de me responder, veio pra cima de mim. — Vá se f***r. A culpa disso é sua! Antes que ele pudesse acertar um soco em mim, eu acertei um nele. Ele caiu no chão e ficou com os olhos arregalados. Michelle se escondeu em um canto e abaixou, colocando as duas mãos na cabeça como se quisesse se proteger. — Que vergonha, Victor. Um homem como você agredindo mulheres? Ainda mais sabendo do que sua mãe passou com seu pai? — Eu balancei a cabeça de forma negativa, com muito nojo dele. Ele se levantou do chão. — Você não tem nada a ver com meu relacionamento com ela. Foi um erro, eu nunca a agredi, perdi o controle. — Eu ri de forma debochada. — Eu sei que não foi assim. Quem bate uma vez, bate duas. E assim por diante. — Eu falei e fui me aproximando de Michelle. Ofereci minha mão para que ela se levantasse. — Sua mãe saberá o tipo de homem que você é, se não deixar a sua noiva em paz. — Quem decide se eu vou "deixar ela em paz" é ela, não você, Johnny. — Eu virei meu rosto para ela. — Não fique ao lado de um abusador, Michelle. — Ela se levantou, pegando minha mão. Estava com os olhos inchados pelo choro, e uma marca de mão no rosto. — Você não merece isso. Nenhuma mulher merece. — Michelle, solte esse i*****l. Acha que ele é melhor que eu? Você não sabe de nada. Por que você acha que ele nunca se casou? Ele é um merda! Não ligue para a opinião dele. — Eu respirei fundo. — Eu não estou interessado em nada além da segurança de uma mulher que está sofrendo violência. Não fale como se eu quisesse me casar com ela ou coisa do tipo, Victor. Michelle tirou o anel de noivado do dedo. Ela arremessou em Victor, se escondendo atrás de mim como um gatinho assustado. — Me deixe em paz. Eu quero ficar sozinha. — Disse para Victor. — Você vai se arrepender da sua decisão. — Victor respondeu. — Está ameaçando a moça, Victor? — Eu questionei e ele me olhava com um ar de deboche e superioridade. — Não se iluda, Michelle. Ele tá fazendo isso pra comer você e te descartar como todas as outras. Que dó de você. Jogou o homem da sua vida fora por causa de um casinho. — Do que você está falando, Victor? Eu nunca conversei com seu primo. — Disse, chorando. — Por favor, ele estava me oferecendo um emprego. Não haja como se... Nós tivéssemos um caso. Pelo amor de Deus. — Limpou os olhos ao falar. — Eu não fiz nada. — Não adianta explicar, Victor está cego pelo ódio. Vem, eu vou te levar para fora daqui. — Eu comecei a andar com ela, colocando meu corpo entre ela e ele para que ele não encostasse nela mais uma vez. Quando conseguimos sair do quarto, eu ouvi coisas quebrando e um barulho de porta batendo. Victor ficou transtornado e eu acho que Michelle terá problemas. — Obrigada. — Ela falou, respirando fundo. — Olha, eu vou te tirar daqui, você tem pra onde ir? — Negou com a cabeça. Eu pensei por alguns instantes. — Bom... Posso deixar você em uma das suítes da minha casa até você arrumar um lugar para ir. Você tem a chave da casa de vocês? — Tenho. — Então vamos aproveitar que ele está aqui para buscar algumas coisas. Você não quer voltar, quer? — Ela negou. Parecia querer evitar falar. — Eu não tenho muita coisa. — Disse. — Vamos, vamos ser rápidos. E depois, vamos até a delegacia e... — Ela me interrompeu. — Não! Delegacia não. Por favor, não faça isso. — Ela segurou minha mão, me fazendo olhá-la. — Por favor. Eu não quero. — Michelle, você precisa... — Olha, não... Eu não quero! Por favor, me respeite. — Eu suspirei e fechei os olhos. — Se é sua escolha... Eu espero que mude de ideia. Isso não está certo com você. — Ela olhou para baixo. — Só... Vamos pegar minhas coisas. Por favor. — Tudo bem. Como você quiser. Entramos no meu carro e eu dirigi até a casa do meu primo, que não era muito longe dali. Subi com Michelle e a ajudei a jogar tudo em duas malas de forma rápida, ela realmente não tinha muita coisa. E então, descemos rapidamente. Depois que colocamos as coisas no carro, comecei a dirigir até minha casa. Não trocamos uma palavra sequer, até que ela começou a chorar. Tentava prender o choro, mas chega um momento que não dá. Eu a entendo. Quando eu era adolescente, vi minha tia passar pela mesma situação. — Você não vai mais passar por isso. Vou proteger você. — Alcancei a mão dela que estava na própria coxa e ela tirou de forma rápida. Eu afastei a mão enquanto ela se encolhia. — Desculpa, sr. Daniels. Foi sem querer. — Não se preocupe. Apenas seguraria sua mão como forma de apoio. Está tudo bem. — Eu falei de forma calma, e ela balançou a cabeça. Michelle está assustada demais. Eu não sei como ela acabou nas mãos do meu primo, ele é um ridículo, bohêmio e desmiolado. Michelle é uma moça bonita de olhos azuis brilhantes, cabelos castanhos bem escuros, tem um sorriso doce e é bem mais baixa que eu. Fico triste. Mas estendi a mão, não posso fazer muita coisa, mas posso tentar.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR