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1386 Palavras
JOHNNY NARRANDO Chegamos em minha casa. Eu moro em um apartamento, na verdade, mas ainda é minha casa, certo? Meu apartamento tem quatro quartos, todos suítes, uma cozinha grande e bonita, uma sala também assim... Tudo é bem masculino, tenho um bar na sala de jantar e uma guitarra autografada pelo s***h na parede da sala. É uma casa de homem solteiro. — Bom, tenho uma suíte sobrando. Vem, vou te mostrar. — Eu disse enquanto carregava uma das malas. — Acho que essa é a mais clara, um ambiente mais... Feminino, talvez? — Falei, de forma pausada, levemente confuso. Ela sorriu. — Está ótimo, senhor Daniels. Prometo que irei encontrar um apartamento para mim em breve. — Ela sorriu e eu a ajudei a colocar tudo dentro do quarto. — Não se preocupe, eu m*l paro em casa. Fique o tempo que precisar. — Eu saí do quarto e fui até o armário da sala, onde peguei minha chave reserva. Fui até o quarto onde ela estava e a chamei. — Olha, aqui está a chave da minha casa. — Ah, nossa. Obrigada. Você esqueceu a chave do quarto aqui. — Ela tentou me devolver a chave do quarto que ela iria ficar. — Pode usar. É seu quarto por enquanto, então a chave é sua. — Garota estranha. — Bom, eu... Obrigada. — Ela sorriu e olhou para baixo. — Eu vou voltar para a festa de aniversário da minha tia, e depois nos falamos, tudo bem? — Ela concordou. — Por favor, não envolva a polícia... — Pediu de novo. — Eu não vou, eu respeito você. Mas espero que você repense sobre isso. Até mais, Michelle. Eu voltei para a festa de aniversário da minha tia e assim que cheguei, vi meu primo Victor enchendo a cara de bebida em um canto. Fui até ele e o peguei pelo braço, o levando escada acima, para conversar com ele em particular. — Me solta, Johnny! — Resmungou. — Não vou te soltar. — Falei nervoso. — Qual é o seu problema? — Me solta, Johnny! O único problemático da família é você! Eu não tenho tatuagens pelo corpo nem tive problema com álcool. — Eu soltei uma risada. — Tem razão em jogar o dia em que eu enchi a cara depois que meus pais morreram como um "problema com álcool" para mascarar a sua agressividade. Todo mundo pode ser manipulado por você, Victor, mas não eu. — Falei de forma firme. — Você sabe que tipo de falatório daria se sua noiva resolvesse abrir o bico? Não, né? Você não faz ideia de como isso seria prejudicial para a imagem da nossa família e consequentemente da nossa empresa. — Bufei. — Agora a empresa é nossa? — Ele cruzou os braços e girou os olhos. — Não era minha quando me cedeu apenas oito porcento. — Eu o olhava sem nenhum sentimento. Preciso me blindar para não cair nas chantagens dele. — Então, mas não sei se você se lembra, mas eu sou o herdeiro da Daniels CO. Você sabe disso. Eu fiz a gentileza de ceder essa fatia para que você pudesse ter uma vida confortável e sustentar sua mãe. Você sabe disso. — Suspirei. — Não tente mudar o foco da conversa, Victor. — Tudo bem, quer que eu te fale porque aconteceu aquilo? Eu vou te falar. A Michelle me traiu e eu descobri. Ela é uma vaca ardilosa, se faz de boa moça mas é um monstro. Eu fiquei puto e perdi o controle! — Ergui as sobrancelhas. — Ela não parece o tipo de pessoa que trairia... — Você por um acaso a conhece? Eu estou com ela faz tempo, você sabe disso, não sabe? — Fiquei em silêncio. — Ah, bom. Achei que você conhecesse minha noiva melhor do que eu! — Ironizou. — Tudo bem, mas não repita isso. De forma alguma. E de preferência, fique longe da Michelle, ela está muito assustada. Se eu fosse ela, contaria para a polícia e colocaria você na cadeia. — Ele riu de forma debochada. Como alguém pode ser tão i*****l ao ponto de rir em um momento como esse? — Ela vai vir correndo atrás de mim. A gente briga, mas ela me ama, entende? Ela me ama. E o que aconteceu não vai separar a gente. — Dessa vez, ela tem escolha e alguém que a proteja. — Afirmei. — Vai ficar entre mim e minha noiva? — Ele rosnou. Se fosse um cachorro, me atacaria. — Veremos. — Vamos voltar para a festa, Victor. Eu espero que você se lembre do comportamento do seu pai e de quantas vezes tua mãe chorou por causa da agressividade dele... E que isso nunca mais se repita, seja com a Michelle, ou com qualquer outra mulher. Se eu descobrir que você tocou em um fio de cabelo de qualquer que seja a mulher com maldade, eu vou arrebentar você até seu cérebro sair pelos olhos. E eu não tô brincando. — Falei tudo da forma mais calma possível. Meu jeito calmo perante a situações como essa me garantem um olhar maquiavélico. Victor engoliu seco. Ele sabe que estou falando sério. Descemos as escadas de volta a festa, fingindo que nada aconteceu. A mãe dele foi parabenizada, as confraternizações continuaram e ninguém sequer ligou para a ausência de Michelle, mesmo ela sendo a noiva de Victor... O filho da aniversariante. Por alguns instantes, pensei que talvez todos soubessem o tipo de abuso que Michelle sofre e não se importam. Me deixaria doente demais saber que minha própria tia, que foi agredida, acobertava a agressividade do filho... Então decidi abstrair e deixar isso pra lá durante a festa. O clima, pra mim, era pesado demais. Quando as comemorações terminaram, me despedi de todos, inclusive de Victor. — Nos vemos no escritório na segunda. — Avisei, erguendo a sobrancelha. — Se cuide. — Meu tom dominante o fez abaixar a bola. — Até mais, Johnny. Fui dirigindo até em casa pensando em tudo que aconteceu. Eu sinceramente não entendo como alguém é capaz de fazer m*l a uma pessoa como Michelle, ou como qualquer outra mulher que conheço... Como minha tia Sol, a aniversariante, que sofreu tanto nas mãos do marido morto. Graças a Deus morreu, não faz falta nenhuma. Entrei em casa e vi Michelle sentada com os pés no sofá. Ela lia um livro sobre finanças e assim que me viu, tirou os pés imediatamente dali. — Desculpa, não queria... — Eu sorri. — Relaxa. Você está de meia, qual o problema de colocar os pés no sofá? — Ela respirou fundo. Parecia aliviada. Eu não sei por qual tipo de situação Michelle passou durante seus dias, mas parece ter sido realmente difícil. — Que bom. — Respondeu, apenas. — Você quer que eu faça algo para você comer? — Não. — Fui até a cozinha e me servi água, tomando enquanto a ouvia. — O que posso fazer para te ajudar aqui na sua casa? — Questionou. Quando terminei de beber água, apoiei o copo no balcão e voltei a olhá-la. — Michelle, não se preocupe com nada. Cuide das suas coisas, finja que sou seu colega de quarto. Cada um cuida da sua vida e é isso. — Ela engoliu seco. Percebi minha ignorância. Eu sou um cavalo sem querer quase sempre. — Desculpe, querida, não quis ser grosseiro. Eu não sou muito bom em deixar tudo... Claro, digamos assim. — Tudo bem. Você em um canto, eu em outro. É isso, não é? — Eu concordei com a cabeça. — É, isso. E não precisa ter medo de mim. Você está livre aqui dentro, pode comer, beber, só não traga ninguém aqui porque eu odeio visitas. Entendido? — Entendido, senhor Daniels. — Ela sorriu de leve. — Certo. E você, está precisando de alguma coisa? — Ela suspirou. — Bom, na verdade... Eu bati o ombro. Eu queria um remédio para dor. — Concordei e abri um dos armários da cozinha. — Aqui estão todos os remédios. Pode pegar o que precisar. — Tirei a caixa e coloquei na pia. — Depois volte-a para o lugar, por favor. Eu vou tomar um banho... Me estressei demais e preciso descansar. — Certo, muito obrigada mais uma vez.
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