Pré-visualização gratuita Prisão
Meu nome é Alex Bittencourt, e sou filha de um homem bom, chamado John Bittencourt. Ele é contador de uma empresa chamada Schneider Corporation. Durante toda minha vida, eu e meu pai estivemos juntos, mas um fato triste aconteceu na noite do meu aniversário: Ele foi preso injustamente. E eu vou fazer o império das pessoas que o acusaram cair, custe o que custar.
Flashback
- Papai! Papai! – Corri até meu pai com os braços abertos e ele me recebeu. Abriu um sorriso cativante, como sempre, e me deu um beijo na testa.
- Sabe que já está na hora de dormir, não sabe? – Concordei com a cabeça. Não queria dormir, pois são raras as folgas de meu pai, e hoje era uma delas.
- Não queria dormir... – Falei, com uma doce voz infantil. Eu era apenas uma menina de onze anos na época.
- Estarei aqui quando amanhecer. Te levarei pra escola e a noite estaremos juntos novamente, sabe disso, Cookie. – Meu pai me chama por “cookie” desde muito criança, porque roubei biscoitos de um pote, comi tudo e dormi com um biscoito na mão.
- Você pode me contar uma história para dormir, papai? – Ele me pegou no colo, e eu dei um beijo em sua bochecha.
- Sim. Claro que sim. – Ele sorriu e subiu as escadas comigo.
Fim do Flashback
Meu pai sempre foi um excelente pai. Desde que minha mãe morreu, eu virei sua prioridade. Ele trabalhava muito para dar tudo que eu queria, e me dava toda a atenção que podia. Realmente, meu pai é uma pessoa rara.
Quando ele foi preso, na quela noite, eu chorei muito. Fui levada pelo serviço social e colocada em um abrigo para garotas, onde cresci realmente revoltada. Minha infância, a partir dali, não existia mais. Eu era responsável por mim mesma e não tinha com quem contar. Raramente me deixavam escrever cartas para meu pai, mas sempre que eu escrevia, ele as respondia e eu guardo todas com muito carinho.
Fui crescendo e minha raiva das pessoas que o fizeram ser preso foi crescendo junto. Lembro-me de cada jornal que recortei com a foto de Hanner Schneider, e também com matérias sobre a prisão de meu pai. Tudo aquilo me dava nojo, porque eu sabia quem meu pai era e sabia que ele jamais estaria metido em corrupção.
Uma vez, na escolinha, aos cinco anos, eu roubei uma tesoura rosa de uma colega. Meu pai me passou um sermão de talvez duas horas, mas repetiu durante todos os anos seguintes a importância da honestidade. Como alguém como ele pode se meter com corrupção? A resposta é bastante óbvia: Não pode. Ele não é o tipo de pessoa que se meteria com isso.
Eu cresci, com muita tristeza no coração, mas cresci também com sede de vingança. Me formei em jornalismo e hoje trabalho para um jornal bastante conceituado em Nova Iorque, e agora, me sinto pronta para iniciar minha vingança. Eu só não sei como apresentar minha ideia ao meu chefe Bart, por isso, o convidei para almoçar hoje.
- Está pronta, Alex? – Bart veio de forma educada até minha mesa. Eu me levantei e peguei minha bolsa.
- Estou sim. Vamos? – Ele concordou com a cabeça e saímos.
Chegamos a um restaurante bastante calmo, que vende parmegianas. Pedimos nossos pratos e começamos a conversar sobre assuntos triviais... Até que, ele me deu a******a para falar do que eu realmente queria falar.
- Bart, sabe que está aqui por um motivo, não sabe? – Questionei, enquanto ele dava uma garfada generosa em sua parmegiana. Bart é um homem n***o extremamente bonito e bem arrumado, mas come como um ogro.
- Sei. Me conte sua ideia maluca. Sempre que me traz para comer parmegianas, é porque vem bomba. – Ele deu uma risada e eu também.
Tirei uma pasta imensa da bolsa: Era minha pasta de provas. Eu fiz um dossiê com tudo que tinha até o momento, e coloquei em cima da mesa, ainda fechado.
- Eu queria ajuda com uma investigação, mas ela é um pouco pessoal. Não sei como você vai encarar isso, Bart... Sei que somos amigos e já trabalho aqui há dois anos, você sabe que sou uma boa funcionária, e durante todo esse tempo... Fui atormentada por esse assunto. E eu preciso investigar. – Bart deu a última garfada e colocou o prato de lado, assim como eu.
- Estou ouvindo. – Ele cruzou as mãos e eu vi que prestava atenção total em mim.
- Certo, ahm... Você sabe que meu pai foi preso. Mas eu não te disse o motivo e nem te disse que acho que ele é inocente. – Bart arregalou os olhos. Além de meu chefe, ele é meu amigo, e eu realmente nunca conversei com ele sobre isso. Como somos jornalistas, preferi juntar fatos para que ele acreditasse em mim.
- Nossa, Alex... Por que não me falou antes? – Ele questionou. Eu bati no dossiê com a mão de leve, para mostrar a ele.
- Porque eu estava fazendo isso. Quero que você tenha provas de que estou certa e que devemos investigar a empresa dos Schneider. Eles não prestam. E eu posso provar com fatos visíveis, mas sem acesso aos documentos... Não podemos provar na justiça, e é o que eu quero. – Ele concordou.
- Me mostra o que descobriu. – Eu concordei e abri o dossiê. Ele tem cerca de duzentas páginas. É quase um livro só com possíveis fraudes dos Schneider.
- Bom, vou começar com essa aqui. Todo ano eles fazem um baile beneficente para arrecadar fundos para a empresa de Assistência Social Schneider. Eu fui atrás dessa empresa, e olha só... Não existe uma pessoa sequer na face da terra que tenha sido beneficiada por eles. O prédio é uma grande fachada, não há aulas de música nem cursos profissionalizantes... Eles distribuem cestas natalinas e é isso. Descobri o rosto de duas meninas das fotos, as supostas pessoas ajudadas, em uma agência de modelos. – Ele ergueu as sobrancelhas em surpresa. – A pergunta é, o que fazem com esse dinheiro?
- Provavelmente gastam em mansões. Eles tem milhares pelo país. – Bart girou os olhos. – Cretinos.
- E não é só isso. Eles também mascaram os reais ganhos para não pagar impostos... Entre outros milhares de crimes que podem ser investigados. Você vai ler no dossiê, Bart. É muita merda. – Ele pegou o dossiê e o colocou no colo.
- Eu vou te ajudar. Tenho uma amiga dentro da empresa dos Schneider... Posso te arrumar uma vaga lá. Mas será muito complicado, aquela empresa é um ninho de cobras. Você pode ser picada por qualquer um. – Eu respirei fundo e concordei.
- Eu tô preparada pra isso, Bart. Não posso deixar meu pai preso para sempre. Eu me preparei durante todos esses anos, e agora eu tenho o suficiente pra ajuda-lo. Vou entrar na empresa deles e derrubar um por um. – Bart sorriu em satisfação.
- É por isso que você é minha pupila. – Ele disse, e piscou um dos olhos, de forma fraternal.
- Você acha que consigo? – Ele concordou com a cabeça.
- Se tem alguém que consegue, Alex... É você. Você é competente, e tem um motivo muito grande pra te dar força. Se eu ver pelo dossiê que vale a pena investir na sua história, te dou um dinheiro extra pra você conseguir comprar minicâmeras, microfones, essas coisas todas. Tenho certeza que vai ajudar. – Eu sorri ao ouvir.
- Você vai ver que estou certa, e não vai se arrepender de investir nessa história. Te garanto.
- Amanhã te dou uma resposta. Vou trabalhar nisso hoje a noite... Mas não se preocupe, eu tenho quase certeza que você vai conseguir me convencer. Eu já estou quase convencido sem nem ler todo o dossiê! – Ele riu e eu também. Bart é demais.
- Tem mais uma coisa. Se eu for entrar na empresa, não posso ir com meu sobrenome. Preciso de um sobrenome novo, porque eles prenderam meu pai e irão desconfiar. Bittencourt não é um nome muito comum por aqui. – Bart pensou por alguns segundos e concordou.
- Eu entendo. Você tem razão. Se aceitar a história, te arrumo documentos falsos. – Eu comemorei mentalmente. Tenho certeza de que Bart vai pegar minha história.
Terminamos nosso almoço e o expediente correu feito um maratonista. Eu jantei, tomei um banho e me deitei para dormir. E assim que peguei meu celular para dar uma checada antes de realmente dormir, vi uma mensagem de Bart.
“Tô dentro.”
E esse foi o primeiro passo para a concretização da minha vingança.