Capítulo 2
Jhenyffer narrando
Alguns meses se passaram e eu já estava quase na reta final da gestação, eu e minha mãe estamos passando algumas dificuldades porque não conseguia ajudar ela tanto nas faxinas, tinha muita coisa para comprar do bebê e o aluguel tinha aumentado.
— Eu acho que ela jamais vai me perdoar sabe – eu falo para Suelem
— Sua mãe está normal com você – ela fala
— Mas eu coloquei mais uma criança no mundo, mais uma boca para alimentar – eu falo – o médico me mandou ficar de repouso, não consigo ajudar ela. Que merda que eu fui fazer me envolvendo com ele.
— Todo mundo comenta da sua gravidez e de que você estava se envolvendo com ele, mas ele proibiu qualquer assunto sobre isso no morro – ela fala – ele realmente não quer assumir.
— Ele é um filho da p**a – eu falo – me usou, disse que me assumiria, somente para que eu ficasse com ele.
— E você fez sem camisinha?
— Ele me pediu e eu aceitei – eu falo nervosa – evito até sair de casa, com medo do pai dele ou da mãe dele, ele me ameaçou tanto, que tenho medo até das sombras.
— Relaxa – ela fala – ele não vai fazer nada contra você e a criança.
(...)
Era uma noite chuvosa quando Bernardo nasceu dentro de casa, no Vidigal o posto funcionava somente durante o dia e a gente enão tinha como ir até o hospital por falta de grana para o taxi, a parteira que tinha aqui no morro fez o parto e ele nasceu lindo e saudável, mas a cara do pai, eu tinha sofrido tanto no parto que m*l tinha forças para alimentar ele.
Bernardo era uma criança bem chorona e chorava dia e noite, eu estava tentando acalmar ele e minha mãe tinha saído para faxina, não tinha como parar, ele tinha somente dois dias de vida, eu queria me recuperar e voltaria a fazer faxina também, Suelen ou Maria Fernanda disseram que ficariam com ele.
Eu levo um susto quando olho para a porta e vejo DG, eu sinto um frio na espinha.
— Porque está aqui? – eu pergunto
— Fiquei sabendo que ele nasceu – ele fala e eu seguro forte Bernardo nos braços
— Porque você veio aqui? Você o renegou.
— Eu vim conhecer o moleque – ele fala – Deixa eu ver ele.
— Vou colocar na cama – eu falo me sentando e colocando ele na cama e ele encara Bernardo
— Fiquei sabendo que ele nasceu aqui.
— Sim – eu respondo – fomos no posto pela manhã.
— Aqui – ele fala me jogando dinheiro
— O que é isso?
— A pensão dele – ele fala me encarando
— Você vai pagar pensão? – eu olho para ele sem entender nada.
— Fiquei sabendo que estão precisando de grana , o aluguel de vocês está atrasado.
— E você se importa com isso? – eu pergunto para ele
— Só você não abrir a boca sobre quem é o pai dessa criança – ele fala me encarando – quero filho meu espalho por esse morro não.
— Não se preocupa, eu não vou dar esse desgosto ao meu filho – eu falo para ele e ele me encara
— Acho que o desgosto é ele ter uma mãe como você que se envolve com bandido aos 15 anos de idade e é mãe aos 16, sem estrutura nenhuma – ele fala.
— Cala boca – eu olho para ele – o pior é o pai que não quer assumir – ele abre um sorriso de canto.
— A divida de vocês na boca tá paga – ele fala me encarando. – O moleque é minha cara.
— Infelizmente – eu falo para ele.
Ele sai do quarto e eu olho para Bernardo, pego o dinheiro que ele tinha jogado e vejo que tinha uma boa quantia, eu guardo, era de noite quando minha mãe chega.
— Passei na boca para pagar o aluguel e RK disse que não tinha divida nenhuma – ela flaa
— DG teve aqui – eu falo
— E o que ele queria? – minha mãe pergunta
— Deixou dinheiro da pensão – ela me olha – disse que era para não abrir boca sobre a paternidade da criança.
— E você aceitou? – ela pergunta
— Estamos precisando de dinheiro, Bernardo não está pegando o peito direito, você escutou a médica mãe, vamos precisar comprar o leite.
— Esse homem vai fazer um infenro a sua vida – ela fala – me escuta isso, você assinou um contrato com o d***o minha filha!
Eu olho para ela e suas palavras são bem doloridas e vejo tristeza em seu olhar, mas ela se aproxima de Bernardo e abre um sorriso com ele.
Eu sei que errei feio e se pudesse voltar no tempo jamais teria me envolvido com ele, mas agora precisava pensar no meu filho, em dar um futuro a ele.
(...)
Bernardo estava com um ano quando voltei da faxina correndo após a escola me chamar, fiquei com ele uma semana internada no hospital até ter o diagnostico.
— Seu filho ele tem síndrome de asperger – ela fala
— O que é isso? – eu pergunto para ela
— Autismo – ela responde – por isso ele está com seletividade para comer, o que ocorreu a falta de vitamina no corpo , a imunidade baixa.
— Meu filho é autista? – eu pergunto para ela – mas ele é normal!
— Eu entendo que você está nervosa com esse diagnostico, mas fique calma – ela fala – vou te ajudar em tudo e te explicar como vai funcionar o tratamento, daqui para frente!
Eu olho para o meu menino e abro um sorriso para ela, ela começa a me explicar que o nível dele aparentemente é o nível 3 seletividade nos alimentos, não consegue manter uma conversa e falam pouco, dificuldade com a comunicação não verbal como reconhecer as expressões faciais , comportamentos agressivos , dificuldades em expressar sus necessidades e muitas outras coisas que eu iria ter que reaprender a ver em meu filho.
Ao retornar ao morro, eu vejo DG na boca com sua mãe, ela me encara e eu nunca soube se ela realmente sabia que essa criança era seu neto ou não, eu estava com ele no colo e Maria Fernanda vem em minha direção e acaba falando um pouco alto.
— Ainda bem que vocês retornaram, estava ficando preocupada de ser algo grave, uma semana já ele estava internado – ela fala e eu olho para o lado.
— Vamos para casa, estou cansada! – eu falo para ela e ela pega Bernardo no colo.
(...)
Eu estava arrumando as coisas em casa, quando Dg entra pela porta e eu o encaro.
— Essa criança é uma aberração – ele fala
— Não fala assim do meu filho!
— Fiquei sabendo o que ele tem, essa doença.
— Não é uma doença – eu falo para ele e ele começa a rir
— Agora mesmo que não quero que ninguém saiba que ele é meu filho.
— E você acha que eu vou deixar que um dia ele fique sabendo que ele e´seu filho?
— Esse garoto não vai viver até os 5 anos, ele é doente! – ele diz nervoso – como pode, essa criança ser doente, esse filho não é meu!
— Você é o pai sim e eu me arrependo por isso todos os dias - eu falo para ele – some da minha casa e nunca mais aparece na minha frene.
— Engraçado – ele fala rindo – quando meu dinheiro vem não manda ele sumir, só mostra o quanto é interesseira e duviod que use o dinheiro a favor dele.
— Cala boca – eu olho para ele
Quem não te conhece que te compre , Jhenyffer – ele fala e sai.