Olho suas mãos lentamente, dizendo-lhe de um jeito não verbal que ele está sendo inapropriado, só para me fazer de difícil. Depois subo o meu olhar para o rosto dele e abro um sorriso sensual e ladeado.
Sinto como ele puxa o meu corpo, meus s***s se colam em seu peito. O ar da respiração dele vem contra minha boca, e fecho os olhos.
Começamos um beijo de língua lento.
Este foi o meu primeiro contato com este loiro.
De olhos fechados, e mente apagada.
Seguro o seu pescoço com as duas mãos e aprofundo o beijo. Nossas línguas começam a se esfregar uma na outra.
Após dois minutos assim, conhecendo o interior do paladar um do outro, o beijo está ficando intenso e molhado. Acabo soltando um gemido baixo. Sinto o corpo dele esquentando, e o roce da calça jeans dele na minha.
─ Você é atrevida. - Ele sussurra contra minha boca, segurando um lado do meu rosto e morde o seu lábio inferior de desejo enquanto me olha. Depois desliza os dedos de um jeito carinhoso por minha pele.
─ O que você quer dizer? - Pergunto, me fazendo de inocente.
─ Você não acha perigoso o que acaba de fazer? Descer para se encontrar com um estranho? - Ele ladeia um sorriso malicioso e satisfeito.
Dou um leve risinho irônico.
─ O mesmo te digo... - Respondo, baixinho.
Neste momento, ele parece haver ficado ainda mais surpreendido. Não é normal uma garota que se diz perigosa.
─ Então você não é nada certinha. Hm?
Às vezes sim. Às vezes sou bem certinha.
─ Sou sim. Eu sempre tomo precauções. - Respondo, sarcástica, dando outro sentido desviado para sua pergunta. Um sentido "kink".
Ele ri gostoso e baixinho, entendendo a que me refiro a pílulas anticonceptivas e camisinhas. E fica corado porque não deixo de surpreendê-lo, pelo visto.
─ Eu também. Haha.
Ou seja, apesar de gostar de sexo anônimo, o vizinho também sempre se protege. Depois de rir, parece que um fogo subiu pelo corpo dele e o despertou.
Ele me empurrou para a parede contrária do térreo, segurou a minha b***a com as duas mãos, uma em cada nádega, e me apertou contra o corpo dele. Dessa vez o nosso beijo foi fogoso, cheio de t***o. Eu parei de conter os meus gemidos. Ele beija bem. Sua língua explora a minha com vontade.
Eu solto gemidos finos, de olhos fechados. Dentro deles, minhas escleras estão se revirando.
Depois de mais alguns minutos, ele para e começa a beijar o canto da minha boca, com alguns selinhos um pouco desesperados e molhados.
─ Uff... A sua boca é super macia. Eu nunca beijei ninguém com os lábios assim, tão carnudos, tão gostosos. - Ele confessa baixo, com um timbre embargado de t***o, bem perto de mim. - São naturais?
Haha. Que bobinho. Não é a primeira vez que perguntam se a minha boca é operada. Ainda que eu seja branca, a minha avó é n***a. E tenho traços de várias raças, como a maioria dos brasileiros.
─ Claro que sim. - Sussurro, revirando os olhos. ─ Eu sou toda natural. - Faço uma expressão de desdém.
─ Você não é daqui. Seu sotaque é estranho. - Ele responde. Outra pergunta com a qual lido sempre que conheço alguém novo. Apenas assinto.
─ Sou de outro planeta.
Ele acaba rindo baixinho, e ficando vermelho.
─ Posso tirar seus óculos de sol, senhor mistério? - peço, com senso de humor. Chego a tocá-los, mas ele freia minha mão.
─ Prefiro assim. - Ele responde, elevando a minha suspeita.
Deve ter algo estranho nisso tudo. Será que ele é cego? Ou... Por quem ele não quer ser visto? É um fugitivo? - Não te dá t***o, ou o quê? Marciana?
Haha.
Seu desafio me deixa com t***o de novo. Fome de aventura é o que sempre corre por minhas veias.
─ Você fuma? Não te perguntei. - Lhe digo, o olhando e lhe apontando o cigarro enrolado no papel de seda.
─ Não muito. Pode ficar para você. - Ele responde. Tem certa ternura no tom de voz dele.
Me mostro um pouco desentendida, e inclusive ofendida.
Ele parece haver notado isto, e tenta consertar nas próximas falas.
─ Digamos... Que eu tenho isso de sobra. E talvez até melhor do que a que você está fumando. - Ele move o nariz algumas vezes, cheirando a fumaça. ─ Sim, definitivamente.
─ Ahh... Entendi. - Zombo, com um sorriso. ─ Você é do tipo requintado, que só fuma erva cinco estrelas.
O garoto apenas dá um risinho.
─ Garota rebelde... - Ele abre um sorriso malicioso, seu lábio fino se curva para um lado. - Você quer vir comigo a um parque que há aqui perto? É bem discreto. - Ele sussurra "discreto" e entendo na hora ao que se refere.
─ Qual? - Pergunto curiosa.
─ Para o Auditório. - Ele responde.
─ Vamos.
E então começamos a caminhar juntos, como dois anjinhos, um do lado do outro.
- Eu já fui por lá. Quando eu tinha quinze anos eu e meus amigos matávamos aula nele ás vezes. É o parque onde está o monastério, não é mesmo?
─ Sim, sim. - Ele ri levemente. ─ Há quanto tempo você mora aqui? - pergunta o loiro, curioso.
─ Há cinco anos. - Respondo, sorrindo. ─ E você? Você nasceu nessa cidade?
─ Sim. Eu nasci aqui, cresci aqui. - Ele está com as duas mãos para trás, nas suas costas, como um vovô. Chega a ser engraçado. ─ Mas espero não morrer aqui.
Olhamo-nos e acabamos rindo com cumplicidade. Ele não gosta daqui. E eu também não. Não que a culpa seja da cidade, mas eu tenho meus motivos. Talvez ele tenha os dele também.
Chegamos a um parque escuro, enorme. É necessário subir umas escadas para chegar à zona verde. Atrás há uma igreja e uns edifícios baixos e antigos, cuja função é a de claustro para as freiras. À esquerda há um parque infantil, com um balanço e alguns outros brinquedos. À direita há alguns bancos de praça e no meio há um passeio grande, entre árvores.
Ele já chegou se sentando num dos bancos, de pernas abertas.
O parque está vazio. De noite sempre está vazio. Eu já transei aqui com o meu falecido.
Olho para ele, que está apoiando as mãos na metade das suas coxas, ladeando a cabeça de um jeito sensual enquanto me olha, sem capuz.