Daniel Ortega IV

1083 Palavras
Olho suas mãos lentamente, dizendo-lhe de um jeito não verbal que ele está sendo inapropriado, só para me fazer de difícil. Depois subo o meu olhar para o rosto dele e abro um sorriso sensual e ladeado. Sinto como ele puxa o meu corpo, meus s***s se colam em seu peito. O ar da respiração dele vem contra minha boca, e fecho os olhos. Começamos um beijo de língua lento. Este foi o meu primeiro contato com este loiro. De olhos fechados, e mente apagada. Seguro o seu pescoço com as duas mãos e aprofundo o beijo. Nossas línguas começam a se esfregar uma na outra. Após dois minutos assim, conhecendo o interior do paladar um do outro, o beijo está ficando intenso e molhado. Acabo soltando um gemido baixo. Sinto o corpo dele esquentando, e o roce da calça jeans dele na minha. ─ Você é atrevida. - Ele sussurra contra minha boca, segurando um lado do meu rosto e morde o seu lábio inferior de desejo enquanto me olha. Depois desliza os dedos de um jeito carinhoso por minha pele. ─ O que você quer dizer? - Pergunto, me fazendo de inocente. ─ Você não acha perigoso o que acaba de fazer? Descer para se encontrar com um estranho? - Ele ladeia um sorriso malicioso e satisfeito. Dou um leve risinho irônico. ─ O mesmo te digo... - Respondo, baixinho. Neste momento, ele parece haver ficado ainda mais surpreendido. Não é normal uma garota que se diz perigosa. ─ Então você não é nada certinha. Hm? Às vezes sim. Às vezes sou bem certinha. ─ Sou sim. Eu sempre tomo precauções. - Respondo, sarcástica, dando outro sentido desviado para sua pergunta. Um sentido "kink". Ele ri gostoso e baixinho, entendendo a que me refiro a pílulas anticonceptivas e camisinhas. E fica corado porque não deixo de surpreendê-lo, pelo visto. ─ Eu também. Haha. Ou seja, apesar de gostar de sexo anônimo, o vizinho também sempre se protege. Depois de rir, parece que um fogo subiu pelo corpo dele e o despertou. Ele me empurrou para a parede contrária do térreo, segurou a minha b***a com as duas mãos, uma em cada nádega, e me apertou contra o corpo dele. Dessa vez o nosso beijo foi fogoso, cheio de t***o. Eu parei de conter os meus gemidos. Ele beija bem. Sua língua explora a minha com vontade. Eu solto gemidos finos, de olhos fechados. Dentro deles, minhas escleras estão se revirando. Depois de mais alguns minutos, ele para e começa a beijar o canto da minha boca, com alguns selinhos um pouco desesperados e molhados. ─ Uff... A sua boca é super macia. Eu nunca beijei ninguém com os lábios assim, tão carnudos, tão gostosos. - Ele confessa baixo, com um timbre embargado de t***o, bem perto de mim. - São naturais? Haha. Que bobinho. Não é a primeira vez que perguntam se a minha boca é operada. Ainda que eu seja branca, a minha avó é n***a. E tenho traços de várias raças, como a maioria dos brasileiros. ─ Claro que sim. - Sussurro, revirando os olhos. ─ Eu sou toda natural. - Faço uma expressão de desdém. ─ Você não é daqui. Seu sotaque é estranho. - Ele responde. Outra pergunta com a qual lido sempre que conheço alguém novo. Apenas assinto. ─ Sou de outro planeta. Ele acaba rindo baixinho, e ficando vermelho. ─ Posso tirar seus óculos de sol, senhor mistério? - peço, com senso de humor. Chego a tocá-los, mas ele freia minha mão. ─ Prefiro assim. - Ele responde, elevando a minha suspeita. Deve ter algo estranho nisso tudo. Será que ele é cego? Ou... Por quem ele não quer ser visto? É um fugitivo? - Não te dá t***o, ou o quê? Marciana? Haha. Seu desafio me deixa com t***o de novo. Fome de aventura é o que sempre corre por minhas veias. ─ Você fuma? Não te perguntei. - Lhe digo, o olhando e lhe apontando o cigarro enrolado no papel de seda. ─ Não muito. Pode ficar para você. - Ele responde. Tem certa ternura no tom de voz dele. Me mostro um pouco desentendida, e inclusive ofendida. Ele parece haver notado isto, e tenta consertar nas próximas falas. ─ Digamos... Que eu tenho isso de sobra. E talvez até melhor do que a que você está fumando. - Ele move o nariz algumas vezes, cheirando a fumaça. ─ Sim, definitivamente. ─ Ahh... Entendi. - Zombo, com um sorriso. ─ Você é do tipo requintado, que só fuma erva cinco estrelas. O garoto apenas dá um risinho. ─ Garota rebelde... - Ele abre um sorriso malicioso, seu lábio fino se curva para um lado. - Você quer vir comigo a um parque que há aqui perto? É bem discreto. - Ele sussurra "discreto" e entendo na hora ao que se refere. ─ Qual? - Pergunto curiosa. ─ Para o Auditório. - Ele responde. ─ Vamos. E então começamos a caminhar juntos, como dois anjinhos, um do lado do outro. - Eu já fui por lá. Quando eu tinha quinze anos eu e meus amigos matávamos aula nele ás vezes. É o parque onde está o monastério, não é mesmo? ─ Sim, sim. - Ele ri levemente. ─ Há quanto tempo você mora aqui? - pergunta o loiro, curioso. ─ Há cinco anos. - Respondo, sorrindo. ─ E você? Você nasceu nessa cidade? ─ Sim. Eu nasci aqui, cresci aqui. - Ele está com as duas mãos para trás, nas suas costas, como um vovô. Chega a ser engraçado. ─ Mas espero não morrer aqui. Olhamo-nos e acabamos rindo com cumplicidade. Ele não gosta daqui. E eu também não. Não que a culpa seja da cidade, mas eu tenho meus motivos. Talvez ele tenha os dele também. Chegamos a um parque escuro, enorme. É necessário subir umas escadas para chegar à zona verde. Atrás há uma igreja e uns edifícios baixos e antigos, cuja função é a de claustro para as freiras. À esquerda há um parque infantil, com um balanço e alguns outros brinquedos. À direita há alguns bancos de praça e no meio há um passeio grande, entre árvores. Ele já chegou se sentando num dos bancos, de pernas abertas. O parque está vazio. De noite sempre está vazio. Eu já transei aqui com o meu falecido. Olho para ele, que está apoiando as mãos na metade das suas coxas, ladeando a cabeça de um jeito sensual enquanto me olha, sem capuz.
Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR