Capítulo 2

2120 Palavras
Dominic  Quanto mais cedo eu acabar com isso, mais cedo poderei bloquear isso da minha mente e nunca mais falar sobre isso. Nunca mais. Eu realmente preferiria estar em qualquer outro lugar, mas estou tentando encurralar Dillan Young há quase um ano. Segundo sua secretária particular, sua agenda está lotada. Sem fins de semana livres, sem pausas para o almoço. Eu chamo isso de besteira. Ou ele vive apenas de trabalho, ou está mentindo para mim. Eu sei que a primeira opção não é verdade. E eu odeio quando as pessoas mentem para mim. Para ser honesta, eu teria enviado um dos meus irmãos para tentar fechar com Fox, mas me preocupa que eles não tenham essa delicadeza. Viktor, falastrão e impetuoso, teria dificuldade em se concentrar com isso. Há muitas distrações aqui que o desviariam da tarefa em questão. Mikhail, meu irmão mais novo e gêmeo de Viktor, não se sairia melhor na arte da negociação. Ele m*l fala com qualquer um de nós — nunca foi muito de conversar — então não consigo imaginá-lo com charme suficiente para convencer Young a assinar um contrato. E por último, mas não menos importante, temos o Aiden. Eu sei tão bem quanto qualquer um que meu irmão mais novo prefere trabalhar nos bastidores. Afinal, é nisso que ele é melhor. Então, por eliminação, a tarefa é minha. Há um motivo para eu ter uma taxa de fechamento de 100%, e o Sr. Young está prestes a descobrir o porquê em primeira mão. Eu me movo pela suíte da cobertura com um ar tranquilo, sem prestar atenção aos corpos nus servindo as mesas. Estou usando um traje despojado preto. Uma máscara cobre meus olhos — foi fornecida na entrada. Alguns convidados e garçons optaram por não revelar seus trajes de aniversário completos: estão vestidas com lingerie de renda transparente — embora isso deixe pouco espaço para a imaginação. Dê crédito a quem merece: Madeleine Fox tem um excelente sistema de segurança em funcionamento. Todos os e-mails de convite eram criptografados, informações sobre seus convidados mantidas a sete chaves... Mas não foi o suficiente para manter Aiden fora. Ele conseguiu invadir a segurança cibernética dela em menos de uma hora, o que deu a ele tempo suficiente para fazer um ajuste de última hora à lista de convidados. Com mais de cem nomes, era improvável que ela notasse o meu. Não entendo muito bem o que está acontecendo aqui. É suposto ser uma performance artística, mas não tenho a mínima ideia do que Madeleine está tentando dizer. Se há algum significado profundamente poético em pedir a todos que abracem sua exposição, então isso não me convence — assim como, tenho certeza, não convence muitos dos outros convidados. A julgar pelos olhares demorados e curiosos, as pessoas aqui estão mais interessadas em seu próprio exibicionismo do que em participar de uma experiência artística. — Olá, bonitão — uma voz sensual de mulher chega aos meus ouvidos. Ela acaricia meu braço com um sorrisinho travesso, uma taça alta de champanhe na outra mão. Seus olhos verdes percorrem meu corpo enquanto ela mordisca o lábio inferior, claramente apreciando a vista. Ela se mantém alta e orgulhosa, com o corpo todo à mostra. — Está gostando do show? Quer se juntar a mim na mesa de bebidas? Embora a mulher seja muito bonita, não estou aqui para socializar. Só tenho uma pessoa em mente — e ela, por acaso, está sentada no sofá em frente à lareira elétrica da suíte da cobertura. Está sozinho, bebendo uma taça de vinho tinto, satisfeito. Ele fica sentado ali como se fosse uma rei, orgulhoso demais para o meu gosto. Esta é a oportunidade perfeita para eu atacar. Finjo não ouvir a mulher e continuo, sentando-me ao lado de Young no sofá. — Jantar de negócios é uma droga — resmungo, olhando ao redor. — Como é? — ele se irrita. Os olhos de Young se arregalam ao perceber quem eu sou. — Freeman? Que diabos você está fazendo aqui? — Abaixe a voz antes de fazer uma cena. Minha presa desavisada se remexe desconfortavelmente no assento, com as mãos caindo desajeitadamente no colo para cobrir sua exposição indecente. Todo o seu charme e presunção... desapareceram pela janela, e eu não tenho dúvida do porquê. Em parte, é porque ele está sentado ao meu lado. Sou alto, bem-definido e dotado como um cavalo. Em comparação, faço o pobre homem parecer pateticamente corpulento, gordinho e necessitando do uso de uma lupa. — O que você quer? — pergunta Young bruscamente. Ele desvia o olhar, claramente pego de surpresa. — Uma reunião — afirmo simplesmente. — Aqui? p***a, você está brincando comigo? — Eu me ofereci para termos essa reunião na Jean-Georges, mas você continuou evitando meus telefonemas. A culpa é sua. — Como você sabia que eu estaria aqui? — Young zomba, suas bochechas em um tom vibrante e humilhado de vermelho. O canto do meu lábio se curva num sorriso presunçoso. — Não foi difícil. Eu invadi sua agenda particular. — Por que diabos... — Eu faria isso? — interrompo. — Para provar um ponto, Sr. Young. O senhor precisa da Zentryx. Claramente, o acordo que você tem com sua empresa atual não está funcionando. Se eu conseguir acesso às suas informações privadas, imagine o que... — Seus rivais podem alcançar o que desejam. Eles podem afundar sua carteira de ações em uma tarde. Que diabos, talvez em algumas horas, se forem ambiciosos. Cadastre-se como meu cliente e garanto que ninguém mais conseguirá violar seus dados confidenciais. — Você é um filho da p**a. Seus insultos fracos não me atingem, mas eu estou aqui com ele. Se eu quiser fechar essa venda, preciso aplicar pressão onde dói. — Imagine se suas informações vazassem na internet — continuo casualmente, observando o brilho artificial das chamas vermelhas e laranjas na lareira elétrica à minha frente. Ela emite calor de forma constante para evitar que os convidados malvestidos da festa sintam frio. — Aposto que sairia na primeira página. Dillan Young, Pego de Calças Arriadas. O que será que sua esposa vai pensar? Ele aperta os lábios numa linha fina, as mãos cerradas. — Isso está indo longe demais, Dominic. É chantagem! — Chantagem — sorrio, levemente me divertindo. — Eu prefiro chamar isso de negócios. — Vou à imprensa — ele insiste. — Vou chamar a polícia. — Se é isso que você quer, eu não vou te impedir. Embora eu me pergunte o que eles vão fazer quando souberem do seu paradeiro. Tenho certeza de que terão muitas perguntas sobre o porquê de você estar aqui. Boa sorte explicando isso. Fox faz uma pausa. Parecia que ele não estava respirando. — Tudo isso por um maldito contrato com a sua empresa? Você é louco. Dou de ombros, jogando um braço sobre o encosto do sofá. — Talvez eu seja. — Quais são os seus termos? — ele resmunga amargamente. — Um contrato exclusivo de cinco anos para toda a Young & Martin, juntamente com suas subsidiárias. — Quanto? — Cinco milhões por ano. — Cristo. — Seja mais que bem-vindo para recusar, Sr. Young. Talvez eu passe para alguém da lista de convidados da Madeleine, do New York Times. Talvez seu nome apareça em destaque. Quem sabe? — Seu babaca, charlatão. Meu Deus, você não tem vergonha? Relaxo no meu assento, abrindo os braços e as pernas confortavelmente. — Claro que não. Meu secretário vai te enviar a papelada. Espero ver sua assinatura até amanhã à noite. — f**a-se, Freeman! — Young sibila enquanto se levanta apressado, correndo para sair às pressas. Respiro fundo. Meu trabalho aqui terminou. Agora é hora de dar o fora daqui. Por mais que eu aprecie todas as belas mulheres presentes, tenho assuntos mais urgentes para resolver. E-mails importantes para responder, reuniões para agendar, uma equipe de quinhentos funcionários para gerenciar. Um homem normal comemoraria conseguir um grande contrato como este, mas a concorrência nunca dorme e, portanto, eu também não. Assim que estou prestes a me levantar e sair, as luzes da suíte da cobertura se apagam. Alguém bate a taça de champanhe com as costas da faca, chamando a atenção de todos. Em pé na frente da sala principal está uma mulher pequena, com não mais de 1,70 m de altura. Ela tem longos cabelos negros que caem livremente sobre os ombros, tão longos que as pontas roçam a parte de trás dos calcanhares. Ela está tão nua quanto todos nós, com suas rugas e dobras orgulhosamente à mostra. — Obrigada a todos por terem vindo — diz Madeleine Fox. Seu sorriso pode ser doce, mas seus olhos são desconfortavelmente frios. Vidrados. Como se o peso do mundo repousasse sobre seus ombros minúsculos. Há um ar de indiferença nela — algo ao mesmo tempo majestoso e esnobe. Madeleine personifica bem sua excentricidade. — Espero que todos estejam tendo uma experiência esclarecedora sobre a forma humana e a igualdade básica que compartilhamos — ela continua, olhando ao redor da sala com facilidade. — Existem tantos indicadores não verbais usados na sociedade atual para nos separar em ricos e pobres. Estamos acostumados a ostentar nossa fortuna com acessórios exorbitantes ou rótulos de marca. Alguns de nós entendem de dirigir carros particulares. Mas a única diferença entre a classe alta e a baixa são os valores que temos em nossa conta bancária. Tire tudo isso, e o que você tem? Seu semelhante. Continuo a caminho da saída. Essa coisa toda é tão i****a. De mau gosto, até. Madeleine Fox poderia facilmente ter se expressado pedindo para todos darmos as mãos em uma corrente e cantarmos em vez de nos despir. Seu vergonhoso “amor universal” não vai funcionar comigo. Infelizmente, seu pequeno discurso parece estar fazendo maravilhas com o resto dos convidados. Eles estão de pé, com bebidas nas mãos, expressões reverentes. Ridículo. — Agora, para o evento principal — continua Madeleine. — Para arrecadar fundos para a criação da minha escola de artes cênicas para crianças do centro da cidade, faremos um leilão. Tenho alguns voluntários aqui, todos garçons. Recomendo que deem um lance por uma hora do tempo deles, para que possam conversar com eles e aprender sobre suas vidas como classe trabalhadora. Eu quase zombo em voz alta. Essa mulher ao menos se ouve quando fala? Conversas? Ela está se contradizendo. Num segundo, ela quer que entendamos que somos todos iguais e, no instante seguinte, está chamando os garçons de classe baixa. Que humilhação. Já chega dessa merda. Estou prestes a pedir ao porteiro que pegue minhas roupas quando algo peculiar me chama a atenção. Madeleine dispôs algumas de suas garçonetes em fila na frente do salão. São todas muito bonitas, com cara de modelos... exceto a jovem lá no fundo. Essa é de tirar o fôlego. Cachos ruivos e flamejantes, tão grossos e sedutores que meus dedos coçam para tocá-los. Ela é, de longe, a mais discreta, vestida com uma lingerie de renda branca que cobre os seus m*****s rosados e o ápice das coxas. Sua pele parece incrivelmente macia sob a luz fraca, embora seus olhos brilhem em um azul intenso. Meu olhar percorre a curva de seus quadris e coxas grossas, com a fome se agitando na boca do meu estômago. Uma parte de mim quer ir até lá e mordê-la. Deixar minha marca. No seu lindo e frágil pescoço, sobre a b***a dela. Eu não sei por que ela despertou meu interesse. Meu coração dispara e meu p*u começa a ficar tenso. Talvez porque ela seja a única ali que não está em plena exibição. Ela é como um presente na manhã de Natal, bem embrulhado. Dá vontade de ir até lá e arrancar a renda com os dentes. Preciso saber como é a voz dela. Quero estudar o formato dos seus lábios. Anseio por saber o nome dela. A jovem não demonstra a mesma confiança que as demais colegas. Sua linguagem corporal é fechada e tímida. Seus olhos se movem da esquerda para a direita; o leve tremor de seus ombros me chama a atenção. Um cervo apanhado pelos faróis; um gatinho abandonado na chuva. É claro que ela quer estar em qualquer lugar, menos ali. — Vamos começar o leilão deste lado — diz Madeleine, gesticulando para um homem do outro lado da minha pobre mesa. Por mais que eu a queira só para mim, também quero escondê-la. Uma olhada ao redor da sala e fica claro que ela chamou a atenção de alguns convidados. Cerro os dentes, ignorando a queimação na garganta. Já tomei minha decisão. O único que vai ter uma hora do tempo dela sou eu. Agora, terei que usar meu talão de cheques.
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