Pré-visualização gratuita CAPÍTULO 1
"SEU DESGRAÇADO, EU VOU MATAR VOCÊ! EU VOU TE TORTURAR-TE NUNCA MAIS SE ESQUECER QUEM EU SOU!”
— Vai atira nele Ellen!
— Eu não consigo!
— Você deu a sua palavra, pois cumpra agora com o seu dever, atira!
Mas um dia normal começando por aqui, prazer meu nome é Ellen e eu tenho trinta e quatro anos, sou morena dos olhos claros e cacheados, me levantei mais cedo hoje para fazer café para minha filha que está indo para a escola.
Hoje não acordei muito bem, um medo percorreu pela minha espinha e um calafrio me pegou de surpresa, hoje o dia parece estar cinza algo está acontecendo. Tive um pesadelo horrível está noite, com aquelas cenas que jamais iriam sair da minha cabeça, mas eu precisei cumprir com a minha palavra e foi o que eu fiz.
O meu maior medo é que um dia minha filha descubra é que possa me repudiar pelo resto da vida dela, tento passar uma imagem de uma mulher íntegra que não tem nada a esconder do passado. Hoje estou pensativa, mas preciso disfarçar para não dar logo na cara que eu não estou muito bem hoje.
FAVELA DA ROCINHA — 26/04/2004- 6:30 Am.
Fernanda narrando
Mais um dia está começando, a semana nem começou direito e eu já estou morta de cansaço, desde que meu pai morreu por um acidente de carro tenho estudado feito louca para dar tudo do bom e do melhor para minha mãe, nós duas somos bem esforçadas, aqui na favela há poucos serviços e por conta disso ganhamos bem abaixo do que deveríamos ganhar.
Levantei-me da cama um pouco sonolenta quase sem abrir os olhos, me desloquei até o banheiro e fiz minhas higienes lavei bem o rosto para tentar dar aquela despertada.
Sai do banheiro e fui até meu guarda-roupa procurar por um look confortável e bem quente para eu ir á escola, hoje o tempo está meio cinza e com ventos um pouco fortes, e aquele friozinho nos pegou de jeito.
Peguei uma blusa de manga longa e uma calças, jeans, fui até minha sapateira e peguei o primeiro tênis que me apareceu, eu sou a categoria de pessoa que é super vaidosa menos de manhã, qualquer hora do dia estou disposta a me arrumar, mas de manhã ninguém merece. Troquei-me, passei perfume e arrumei a minha mochila coloquei ela nas costas e fui tomar café com a minha mãe.
Fernanda: — Bom dia, mãe! Como você está?
Ellen: — Estou bem meu amor, e você como passou a noite?
Fernanda: — Acredito que eu tenha dormido feito um anjo, ainda estou cheia de sono.
Ellen: — Fiz um café do jeitinho que você gosta, toma para podermos ir que você já está quase atrasada e a mamãe tem vários compromissos hoje.
Enquanto estávamos na mesa tomando café matinal, o telefone da minha mãe toca, ela saiu de perto falando super baixo e com uma cara um pouco assustada, fiquei super curiosa para saber que assunto seria aquele que ela não poderia falar perto de mim, me levantei bem devagar e fui andando calmamente.
Minha mãe sempre fala no telefone na minha frente, mas acredito que á alguém em específico que lhe liga e acredito que esse seja o motivo de ela querer sair de perto de mim para poder falar.
Mas eu morro de curiosidade, será que isso é assunto de adulto? Será que minha mãe às vezes me esconde algo? Por qual motivo ela teria que atender o telefone longe de mim? Fiquei por alguns minutos ali encostada na parede, mas m*l eu conseguia ouvir a voz dela de tão baixo que ela falava, então me aproximei um pouco mais.
Ellen: — Eu já falei para vocês não me ligarem enquanto minha filha estiver em casa, vocês sabem que corre o perigo de ela atender a vossa ligação, já falei que assim que eu deixar ela na escola eu irei até à boca para conversamos e resolver esse b.o tenha um pouco mais de paciência.
Fiquei ouvindo aquilo, mas eu não conseguia entender, o que é boca? E que problemas minha mãe teria nesses lugares para resolver? Estou começando a ficar preocupada, e triste em simultâneo, porque minha mãe me esconde essas coisas? Voltei correndo para o meu lugar e continuei tomando meu café e fingindo que nada havia acontecido.
Ellen: — Filha já terminou? Precisamos ir se não a mamãe vai acabar se atrasando para um compromisso.
Fernanda: — Que compromisso é esse, mamãe?
Ellen: — Coisas que só adultos podem saber e resolver, por enquanto somente se preocupe em estudar e pode deixar que o resto a mamãe cuida.
Fernanda: — Ta bom, é que você sabe que eu tenho muita curiosidade.
Ellen: — Claro que eu sei, você herdou isso de mim, eu sou muito curiosa e não consigo esperar para ficar sabendo das coisas.
Fernanda: — Isso mesmo, tem certeza que não quer dividir comigo isso que você sabe mamãe?
Ellen: — Filha termina de tomar seu café e depois nós conversamos precisamos ir o mais rápido possível se não você também irá se atrasar para a aula.
Terminei de tomar o meu café, fui até o sofá e peguei minha bolsa, ela pegou a chave do carro e saímos para ela me levar até a escola, no caminho ela foi super quieta e eu cantando o caminho interior as músicas das rádios que pegava no som do carro.
Parei por alguns minutos olhando minha mãe e observando a beleza dela e acabei percebendo que só está com o rosto um pouco desconfiado, com um olhar misterioso e, em simultâneo, com medo.
Fernanda: — Mamãe você tem certeza de que está tudo bem com você? Tem algo te preocupando?
Ellen: — Tenho sim, meu bem, a mamãe só está cansada e dormi muito pouco está noite, mas fique tranquila que eu estou bem tá?