capítulo quatro

1959 Palavras
1 de setembro de 1991: Thomas Calluni andou até a nossa mesa e se sentou ao lado do Malfoy, a mesa estava em silêncio, todos queriam perguntar a mesma pergunta que Draco me fez, mas ninguém tinha coragem. Pelo simples motivo de Thomas ser o garoto mais bonito da escola. _ Chega de silêncio, não é, pessoal? - Brincou, Gemma Farley. _ Nunca ouvi falar do sobrenome Calluni, então devo deduzir que o senhor é mestiço. _ Sim, sou mestiço, mas com pais bruxos, minha mãe era uma sangue puro e meu pai um nascido trouxa. - Falou simpático. _ Então temos dois mestiços entre nós, bem-vindos. - Falou Gemma. _ Sou a monitora e qualquer coisa que acontecer, conte comigo, afinal, somos uma família, não é, pessoal? - Fez uma pergunta retórica. Ninguém necessariamente precisava responder, porque todos daquela mesa sabiam que éramos uma família e mesmo entrando naquela escola hoje, eu sabia que a Sonserina era a casa mais desfavorecida. E por causa disso tínhamos que ser a casa mais unida e mesmo que Dumbledore prestasse mais atenção na Grifinória, as duas casas restantes podiam falar, mas Sonserinos não, sempre éramos julgados e até mesmo aqueles que não faziam nada. Até parece que não existe um Grifinório que traí os amigos, ou algum Lufano que mate os seus companheiros, ou até mesmo um Corvino que não é esforçado para estudar e até mesmo odiasse ler. Claro que também poderia existir um Sonserino que não queira seguir as Artes das Trevas e eu odiava todos esses estereótipos que faziam. Todas as meninas enchiam de perguntas o pobre coitado e aquilo satisfazia as meninas tímidas que ali tinham, e eu apenas absorvia as palavras que o garoto proferia, talvez fosse útil para alguma ocasião de vida ou morte, quem sabe? Mas o mais estranho era que desde que Thomas entrou no salão, eu me sentia estranha e a sessão de angústia e raiva não passava, e isso já estava me assustando, ter uma crise de ansiedade no Grande Salão não seria nada bom para a minha reputação. Ah, o que estou pensando? Que reputação? Tudo por causa dele, daquele maldito homem, que ele apodreça em Azkaban e nunca mais volte para ver o sol raiar no mundo exterior! Fui tirada dos meus pensamentos por um bater de asas, uma coruja neste horário? Quem seria o ousado por fazer tal coisa? _ Uma coruja neste horário? - Perguntou surpreso o capitão do time da Sonserina, Marcus Flint. _ Só pode ser uma emergência, querem apostar de quem é a carta? - Perguntou Fred. _ Depois de vocês me roubarem 4 galeões? Duvido. - Reclamou Wood. A coruja cinza com algumas penas brancas sobrevoava o grande salão procurando a pessoa que deveria ler a carta e para o meu desgosto, a carta era para mim. _ Tinha que ser para a filhote de Comensal. - Falou alguma pessoa daquele silencioso salão. Depois que a carta me foi entregue, a coruja pegou algo na mesa e levantou voo. O salão continuou em silêncio total e todos queriam saber o que continha na carta e bom, eles não eram os únicos. O remetente da carta era Narcisa Malfoy, uma das amigas de minha mãe e minha madrinha de consideração, eu não via a mulher já tinha alguns anos. ┝┈┈───╼⊳⊰ ? ⊱⊲╾───┈┈┥ "Boa noite, senhorita 'Olwey' ". Desculpe-me pelo envio tardio, mas o mestre do meu marido ordenou que tudo fosse enviado neste horário e ele pediu para enviar essa carta para informar que está vivo e gostaria que todos os Comensais da Morte e filhos destes fossem à reunião. Fique tranquila, a reunião só irá acontecer na comemoração do Yule. Com carinho e amor, sua tia Narcisa. ┝┈┈───╼⊳⊰ ? ⊱⊲╾───┈┈┥ Minhas mãos tremiam e meus olhos já estavam marejados, até mesmo renegando o sobrenome daquele homem e tentando esquecer do meu infeliz passado eles voltam para me assombrar. Respirei fundo e olhei para o meu prato, eu já tinha perdido o apetite. A carta estava codificada, nenhum Malfoy ou bruxo seria burro o suficiente para escrever bem "grande" que "você-sabe-quem" estava vivo e queria uma reunião para relembrar os velhos tempos. Poupe-me, pensei que Harry Potter tinha matado aquele homem, mas me enganei, talvez ele tenha fugido por ser covarde de mais para matar um bebê. _ Aquela não é a coruja da sua mãe, Draco? - Perguntou Theodore Nott. Draco me olhou estranhando o envelope em minhas mãos, mas eu não tinha tempo para responder sua pergunta não dita. _ Fiquei sem apetite e esperarei vocês ao lado de fora, isso não é proibido, não é, Gemma? _ Não, pode ir, qualquer coisa eu explico para o professor Snape. Fiz um e me levantei da mesa, todos me olhavam e aqueles olhares pareciam perfurar a minha alma, já me sentia com falta de ar. Queria que mamãe não se apaixonasse por aquele homem, ela poderia ter se apaixonado por um trouxa e eu não iria sofrer tanto como estou sofrendo. Saio do grande salão e andei pelos corredores que eram somente pedra e mais pedra, e é só isso que tinha ao longo do meu caminho. Eu não sabia onde eu estava indo, apenas andava sem direção, até encontrar um armário de vassouras e fico parada diante dele. Olhei para o lado vendo uma janela que me mostrava o céu noturno com estrelas brilhantes e uma lua minguante. E no meu primeiro dia em Hogwarts eu já quero desaparecer completamente da vista de todos, mas, ao mesmo tempo, quero que alguém me ajude com essa dor que sinto dentro de mim, sou tão confusa. Passo as mãos no meu cabelo e a carta que estava na minha mão direita agarra em um dos meus cachos e suspiro angustiada. Não pela carta que agarrou em meu cabelo e sim, sobre tudo que aconteceu comigo nesses anos. Vou em direção da janela e me encosto no parapeito recebendo um vento gelado na face, fecho os olhos e deixo a brisa levantar meus cabelos cacheados. Tento não pensar no vazio que tem dentro de mim e olho novamente para o céu, por que tudo é tão difícil? Saio da janela e ando até o armário de vassouras, e abro vendo que estava vazio, entro nele me fechando dentro daquela caixa de madeira, e felizmente tinha espaço o suficiente para me sentar e foi isso que fiz. Desde pequena eu me sentia bem em lugares apertados, era aconchegante. Aquela sensação gelada que estava sendo proporcionada pelo vento da noite tinha se ido, agora me sentia quente e eu não saberia se era devido ao armário que estava com uma temperatura morna ou seria por eu estar com febre. Descartei a segunda opção. Olhei novamente a carta que continuava em minha mão e bufei, o que eu estava fazendo da minha vida? Estava fugindo de um sobrenome por cinco anos e meio, e cada vez que eu queria distância, ele aparecia para me arrastar para minhas verdadeiras origens. Idiota, era só isso o que me faltava, chorar por causa disso. Já tinha passado tanto tempo desde que fui em uma festa ou algo social, minha vida era centrada em apenas administrar o dinheiro e as propriedades que havia alugado para alguns bruxos e trouxas. Desde que a mamãe se foi, eu não vejo mais ninguém e nem mesmo deixo eles me visitarem na mansão, um dos motivos que nunca conheci Draco ou os outros. Tia Narcisa sempre ia sozinha em suas visitas na mansão para não colocar sua família em risco, já que seu marido alegou estar sob a maldição Imperius. E os outros estavam em Azkaban e minha mãe quase todo mês os visitava, até que ela morreu e não pôde mais fazer isso. Encolhi ainda mais no armário e me deixei ser levada pelas emoções conturbadas que existiam em mim, e apenas chorar não resolverá meus problemas, mas espero aliviar essa dor imensurável que cada dia cresce dentro de mim. ┝┈┈───╼⊳⊰ ? ⊱⊲╾───┈┈┥ Não muito longe dali, para resumir, no salão principal a mesa da Sonserina ainda era o centro das atenções, e alguns olhavam com inveja e outros com devoção, pelo simples motivo de Thomas Calluni ser um completo cavaleiro. Seu corpo transbordava charme e aquilo era impressionante; e essa característica lembrava Dumbledore de um aluno da Sonserina que ele deu aula há muito tempo. _ Ele me lembra uma pessoa. - Comentou Minerva fitando a mesa das cobras. _E essa pessoa seria? - Perguntou Severus bebendo um pouco do conteúdo de sua taça. _ Espero que seja apenas a lembrança que faz parecer com aquele garoto. - Comentou Dumbledore e continuou a fitar o Thomas. Gemma via os sorrisos dos alunos de sua casa e estava feliz por ver aquilo, mas o sentimento de estranheza já começava a consumi-la, fazia alguns anos que ela não via sua mesa sorrir e brincar entre si em público, será que era devido ao aluno novo? Ela não teria sua resposta ali e talvez no futuro ela conseguisse, mas numa ocasião de tristeza e não de alegria. Ela suspirou e viu as horas no seu relógio de pulso, já estava tarde. _ Pessoal. - Chamou atenção das cobras. _ Vamos indo, preciso mostrar os alunos do primeiro ano a nossa casa. Todos da mesa se levantaram e seguiram sua monitora para fora do salão, todos ainda estavam absortos em pensamentos sobre o ano escolar que nem mesmo repararam que faltava uma aluna. Thomas olhava para todos os lados e não encontrava a garota que fazia ele se lembrar daquela mulher e aquilo lhe preocupava, onde estaria ela? Ele se sentia estranho, tinha tanto tempo que ele não tinha aquela necessidade de saber de algo, aquela obsessão, aquele sentimento de posse. Ele não sabia como aqueles sentimentos surgiram, mas desde que aquela mulher lhe contou o futuro e sobre sua amada filha, ele queria conhecê-la. E se alguém conseguisse ouvir seus pensamentos o chamaria de obsessivo, mas ele era um Lorde das Trevas e ele poderia fazer tudo, e ter tudo que quisesse, até mesmo pessoas. _ Senhorita Gemma? - Chamou Thomas. _ Sim? - Virou-se e viu Thomas lhe chamar. _Senhor Calluni? _ Onde está a senhorita Olwey? Com sua fala todos pararam, eles já estavam quase chegando nas masmorras e faltava um aluno, aquilo era ultrajante para sua casa, uma cobra estava perdida e eles estavam indo para o salão comunal se esquecendo um dos seus, aquilo destruiu a maioria das serpentes. _ Merda. - Gemma parecia chateada. _ Vão à frente, eu... - Foi interrompida. _ Irei procurá-la, monitora e eu volto em poucos minutos, apenas me fale a senha do nosso salão. - Sorriu. _ Você não conhece Hogwarts tão bem como eu, e você pode se perder. - Comentou Gemma. _ Não se preocupe, eu sei me virar muito bem sozinho, apenas me fale a senha. Alguns alunos que estavam mais perto do garoto viram os olhos do menino ficarem mais escuros e tenebrosos, aquilo os assustou e sem pensar muito a monitora deu a senha. Todos seguiram em frente deixando a pequena víbora para trás com um sorriso macabro nos lábios. Ah, sim, ele sentia falta desse sentimento, ele queria sentir mais e ele teria mais desse sentimento, mas iria descobrir que a garota não era tão submissa como ele pensava, mas isso é para mais tarde e ele iria gostar de descobrir isso. _ Onde você está, minha pequena Sienna? - Perguntou deixando seus olhos vermelhos ficarem visíveis. Hogwarts reagiu a isso, ela sentiu que um descendente de um fundador estava ali e talvez ela o ajudaria, ou talvez só complicaria sua vida, ou talvez a vida de outra pessoa.
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