Gisele estava com os cabelos soltos, eles tinham leves curvas e ela usava um vestido de saia rodada. Ele tinha alças finas e fazia ela se sentir muito bem empolgada para o baile dos encontros. A ideia de Meredith foi bem aceita, mas de um modo peculiar. O conselho decidiu que não designariam pares obrigatórios, mas dariam a oportunidade dos humanos e os Starianos terem oportunidades, e se escolherem. O fator combinativo genético, ainda estava em discussão.
Todas as garotas estavam muito bonitas, cada uma com seu acessório, vestido ou adereço. A vida humana se fazia presente a cada vez que Starian visitava o planeta, trazendo de lá tudo o que pudesse fazer com que suas humanas se sintam em casa. Durante o estudo com Elaine, ela mostrou até mesmo como o Lorde Stariano tem se preocupado em fazer da terra de Starian uma terra fértil para gerar alimentos que condizem com o paladar humano. Mas, infelizmente, nem todas as mulheres prestavam atenção às histórias ou estudos.
Gisele prestava. Ela estava, aos poucos, se interessando por Starian.
O lugar foi além das portas da quarentena, estava altamente vigiado e o setor do edifício, de amplo espaço, parecia acomodado com um toque humano e peculiar. Havia Starianos vestidos com roupas coloridas, humanos de Ternos e vários soldados. E somente elas de mulheres “disponíveis”. Era um truque e tanto, pensou Gisele. E claro, bem mais divertido.
No entanto, as mulheres não tentaram nem mesmo se aproximar dos Starianos. Foram para o lado oposto do salão, pegaram suas bebidas, escolheram suas mesas e deixaram o centro do baile vazio. Ninguém foi ao bar beber uma bebida Stariana, comer algo diferente e jogar conversa fora com algum soldado disponível. E Gisele, sabia que elas estavam receosas com a aproximação.
— Trouxeram música disco? Que brega! — uma humana sentou à mesa e Gisele continuou procurando por Darius.
— Vem cá, aquele grupo ali no canto está vestindo o mesmo uniforme daquele seu namorado dourado. — Brisbee notou o outro lado do salão iluminado. — São tipo os militares de elite? E cara, quem é aquele bonitão de dois metros com todo aquele glamour gótico? — Brisbee cutucou Meredith.
Meredith usava piercings à beirada dos lábios e no nariz, sempre pintava os olhos de preto e optava por roupas escuras. Apesar de sua amizade com Gisele, ela não contou seus motivos para escolher Starian e não parecia se enojar com a ideia, mas quando viu Galak, ela franziu o cenho.
— O cara tá com uma capa vermelha? Quem ele acha que é, o príncipe da Cinderela dark? — Meredith soltou a piada, fez as meninas rir e roubou a atenção daqueles Starianos. — Acho que ele é o Thor sombrio. — Elas riram novamente.— Será que é uma raça de Starianos emos?
Elas riram novamente, mas Gisele tentou se defender.
— Eu não estou namorando ninguém.
— Bom, então quem sabe não queira começar agora? — Meredith apontou a suas costas, e um senhor capitão Goldarx se direcionou à ela.
O burburinho de meninas foi diminuindo a cada instante, enquanto Gisele reparava em seu andar. O Goldarx caminhava com firmeza, usava seu uniforme típico, mas o acessório de cima parecia um item importante. O sobretudo n***o cobria-o até o chão, mas estava aberto em toda sua frente. Era um adereço que dava um ar de altivez, importância e elegância ao traje militar e, claro, deixava Darius mais bonito.
E com o olhar de poucos amigos, o Goldarx parou à frente de Gisele e lhe estendeu a mão.
— Saudações humana.
— Oi, Darius! — Um trio de meninas ao fundo sorriu para ele, e quando pensaram em se levantar, Gisele não pensou duas vezes. Ela simplesmente se levantou, segurou a mão do Goldarx dourado e saiu andando sem nem mesmo olhar para trás.
O coitado do Stariano sequer entendeu a situação, mas a cena foi simplesmente hilária quando Meredith e Brisbee entenderam a reação precipitada de Gisele.
Darius olhou suas mão sendo tocada com firmeza o arrastando para o lado oposto do salão, enquanto se aproximavam do galpão do bar. Ele até olhou para trás ao ver a decepção nos olhos das meninas e os risos das amigas, mas resolveu que entenderia essa situação em um outro momento.
Assim que se acomodaram à beira do bar, Gisele bufou impaciente e olhou para as amigas que riam abertamente, até perceber o que fez e enrubescer de vergonha. Ela teve uma crise de ciúmes? Todos olhavam para eles no salão, como se o que tivera acontecido tivesse sido a expectativa do mundo.
— Está tudo bem? — questionou Darius, ao vê-la engolir devagar e desviar os olhos. Mas Gisele assentiu. — Dê algo humano, por favor. — O capitão Goldarx pediu ao barman que sorriu ao pedido, sendo ele um humano.
Gisele se acomodou na cadeira alta, colocou os braços sobre a mesa e observou o barman trabalhar enquanto colocava um copo com um líquido avermelhado em sua frente. Era alcoólico e doce e tinha um gosto semelhante a cerejas. E quando ela sentiu a primeira golada descer e aquecer sua garganta, se sentiu levemente mais tranquila.
— Não vai beber nada? — perguntou observando Darius silencioso ao seu lado.
— Starianos costumam ficar pontualmente agressivos quando ingerem fortes bebidas de conserva fermentada. Foi uma orientação direta não beber nada que pudessem transpassar nossa verdadeira natureza. — Gisele piscou e sorriu. — O que há de engraçado nisso? A violência entre nós, pode assustar os humanos.
— Então não está aqui se divertindo, está aqui a trabalho? — ela sugeriu.
— Não exatamente. A humana Elaine foi direta com todos os capitães. Ela disse: “divirtam-se.” Mas o conceito de diversão pode mudar, segundo a ocasião. — Ele fez uma pausa pensativa. — Os modos humanos são inovadores.
— E você não está se divertindo? — Ela sorriu ao notar uma espécie de nervosismo em Darius.
— Como eu disse, o conceito de diversão pode mudar, segundo a ocasião. — Gisele concordou. — Por exemplo, se estivéssemos bêbados, estaríamos brigando e disputando qualquer jogo que fizesse expor nossas forças. E quanto mais vitórias, mais bebidas. No entanto, não estamos bebendo e estamos fechados num quadrado muito pequeno, cheio de fêmeas e machos Starianos que não copulam a muito tempo. — Gisele sentiu um arrepio de alerta.
— Está me dizendo que a festa não foi uma boa ideia?
— Boa sim, mas tão perigosa quanto. É por isso que o general Galak está presente. — Gisele entortou a cara, olhou para trás de Darius e notou que o grupo de Starianos os observavam, inclusive o gótico de capa vermelha.
— Oh… então aquele é o General Galak? — Gisele arqueou os olhos, Darius olhou para trás e depois percebeu o ligeiro interesse de Gisele. — Minhas amigas acharam que ele estava usando uma fantasia para a festa! — contou aos risos.
— Galak é irmão do Lorde Stariano. A roupa dele é uma honra. Se algo acontecer com o Trono, ele é o único sucessor digno. — Gisele concordou, fazendo uma expressão de grande admiração, de um modo até exagerado. Darius olhou ao redor, se apoiou na mesa e suspirou desanimado.
Gisele havia percebido que festas organizadas não eram do tipo Stariano, mas ela bebeu um pouquinho e tocava uma disco muito legal. Então ela se levantou, tomou a atenção de Darius e balançou o vestido como se estivesse em uma festa no colegial.
— E então, o que achou? — Gisele fez uma pose para se amostrar.
Darius franziu o cenho, mas sentiu o barman humano o cutucar.
— Diz que ela está deslumbrante e é a garota mais bonita da festa.
— Ahhh… — Darius olhou para o homem e depois para ela. — Deslumbrante. É a fêmea mais bonita da… terra. Festa. — Ele tentou se corrigir, enquanto Gisele sorria. Ela viu o Barman fazer uma negativa ao ver seu aluno se sair desajeitado no elogio e com o álcool andando em suas pernas, pegou Darius pelas mãos e o levou para o meio do salão. — Mas… o quê?
O capitão dourado olhou ao redor, um tanto sem graça. Ele parecia estar sendo exposto à humilhação e aquilo o estava corroendo por dentro, mas Gisele parecia não notar e começou a estalar os dedos a sua frente, jogando os quadris de um lado para o outro, seguido de seus pezinhos saltitantes.
— Starianos sabem dançar? — ela perguntou livremente.
— Uma porcaria. — Darius se sentiu nervoso e respondeu um tanto ríspido.
— Não é tão difícil! — Ela deu um giro e estalou os dedos, tentando incentivar. — De um lado para o outro. De um lado para o outro. — E Gisele se recordou que em sua terra ela adorava fazer isso, dançar! E quando se deu conta, segurou nas mãos no gigante desajeitado, se jogou para trás o obrigando a segurá-la e riu quando ele fez. — Viu, você já está pegando o jeito.
— Está se colocando em risco. — ele a segurou firme e se aproximou demais da humana para lhe avisar. Aquilo deu em Darius alguns efeitos, efeitos estes que Gisele não notou.
— Não é risco. É música, dança e um encontro! — Ela sorriu quando deu alguns passos para trás, abriu um sorriso enlouquecido com os dentes e Darius franziu o cenho. — Consegue me levantar? — Ela aumentou a voz.
— O quê?
Gisele se posicionou, atirou em arrancada e correu disposta a pular, como nos filmes; e Darius era bem alto. Ela com certeza iria ter um grande salto. E quando pisoteou o chão com seus sapatos bicudos e impulsionou suas pernas, ela foi deliberadamente sorrindo de encontro ao Gorldarx, sem hesitar e sem temer. O mundo girou em câmera lenta, enquanto ela ria da sua cara de desespero e ela se aproximava cada vez mais. Quando ela impulsionou as pernas, ela achou que ele a seguraria para cima, mas simplesmente foi pega pela cintura e tacada para o alto.
O mundo pareceu funcionar em Slow Motion, enquanto seu coração pensava se parava, ou se batia até o efeito psicótico do medo passar. Ela arregalou os olhos, arregalou a boca e viu seus cabelos se moverem desesperadamente junto às batidas de seu coração. Gisele se aproximou do teto, berrou de desespero e caiu diretamente nos braços de Darius, que a segurou como se seu corpo nada pesasse.
O gritou cessou assim que o stariano a olhou curioso.
— Por que gritou? Faz parte da diversão?
Ela abriu um sorriso e ouviu uma salva de palmas partir das moçoilas atrás de si. Mas parou grudada se agarrando ao pescoço do escamoso amarelo, com a respiração ofegante e sua cara de dúvida. Gisele sequer conseguia enxergar o quanto era pequena nos braços dele, mas percebeu o quanto estava próxima demais de seu rosto.
Ele tinha feições sérias, os olhos quase apertados como aqueles homens orientais. O cabelo na frente fazia duas curvas para apontar a franja escura, e era perceptível que a pelagem do cabelo Stariano era mais grossa. Darius não usava perfume, ele tinha cheiro de… Darius. E Gisele sorriu, paralisada e o olhando, se esquecendo que ali havia uma porção de Starianos gigantes e assustadores. E sem pensar duas vezes, agarrada em seu pescoço, ela se aproximou um pouco mais e mirou os lábios finos.
A humana sem medo fechou os olhos, entreabriu os lábios e o tocou.
Gisele sentiu o peito disparar numa aceleração desenfreada. Darius sentiu a pigmentação de sua pele arrepiar contra sua vontade, o nervosismo dentro de si saiu fora de seu controle e quando Gisele percebeu que o Goldarx não se mexeu, ela abriu os olhos. E quase se machucou quando olhou para frente e não enxergou nada!
Estava nos braços de alguém invisível!
— Ah, meu Deus!!! — Ela gritou dando um passo para trás e olhou ao redor, tentando entender o que aconteceu. Quando repentinamente ele apenas apareceu em sua frente. — Mas você…
Darius olhava ao seu redor, olhou para suas mãos e seus braços e deu um passo à frente, mas Gisele deu um para trás. Porque havia outros modos de se dispensar uma mulher, mas talvez os Starianos não saibam disso. Gisele se sentiu tão… Tão…
— Saiu do meu controle, não me olhe dessa forma. — Ele esticou a mão para tocá-la quando esta virou as costas, mas as mãos de darius foi parada no meio tempo pela voz de Galak.
— capitão Goldarx, recue. Deixe a humana se acalmar.
Mas Darius simplesmente saiu de todo o seu controle, viu sua fêmea partindo e mirou Galak com raiva.
— Me faça recuar. — soltou entre os dentes. E sem pensar duas vezes, foi atrás de Gisele.