Capítulo 23 - A celebração da união

2405 Palavras
A noite no Resort Blackwater brilhava leve, com música, risos e luzes pendendo das árvores. Pelos jardins, convidados brindavam e dançavam, mas o foco era um só: Bryan Blackwolf e Mia Ashowrth. Alfa e Luna. Destino vivo. A aura dos dois pulsava no ar. Bryan, firme e sereno, não tirava os olhos dela; nos pequenos gestos, deixava clara sua entrega. Mia, radiante como filha da Lua, via em cada olhar dele a certeza de que ele havia parado de lutar contra o destino. E havia o vínculo, invisível e intenso. As pessoas se aproximavam. Cumprimentos, abraços, promessas. A energia do clã pulsava num ritmo próprio, e cada toque parecia firmar um pacto. — Parabéns, Bryan. — a voz grave de Nathanael Blackwolf, o pai, trazia orgulho e alívio. — Você encontrou seu lugar, finalmente. Ele se olhava para Mia, com uma ternura que nem sempre mostrava. — Mia, você é a companheira que nossa alcateia precisava. Tenho certeza de que será uma Luna à altura da história que começa hoje. Alaric Ashowrth, o pai de Mia, tinha os olhos úmidos quando a abraçou. — Filha, "felizes para sempre" é pouco. Hoje você abre uma porta para todos nós. Você será lembrada como uma Luna histórica. Babi Maya Blackwolf, mãe de Bryan, aproximou-se com a elegância de quem já viu muitos invernos, mas ainda carrega primavera no olhar. — Meu filho... — ela pousou a mão no rosto dele, orgulhosa. — Você se tornou o Alfa que eu sabia que seria. Depois, voltou-se para Mia, segurando suas mãos. — E você é a filha que eu sempre quis acolher. Que a lua bendiga seu caminho, minha Luna. Elizabeth Ashowrth, mãe de Mia, a envolveu num abraço longo, daqueles que costuram partes soltas por dentro. — Minha menina, olha onde você chegou. — sussurrou — Que sua coragem ilumine as noites da alcateia. O jardim vibrou quando Benjamin Blackwolf, agora Beta e irmão de Bryan, ergueu a taça. O murmúrio cessou, a música baixou num fade respeitoso. — Ao meu irmão, nosso Alfa. À nossa Luna, Mia. — a voz dele tinha calor e aço. — À Blackwolf — mais unida, mais forte, mais nossa. Que esta lua marque o começo de uma era em que a gente não apenas sobrevive, mas vive grande. As taças se encontraram num coro cristalino. Alguns uivos curtíssimos, contidos, pulsaram sob a música como um baixo contínuo. Chloe Ashowrth, irmã mais velha de Mia, manteve-se perto, atenta às minúcias como fazem os que vão liderar ao lado. A barriga linda de grávida desenhava um futuro à vista. Lambda — braço direito da Luna —, ela repousou a mão no antebraço de Mia com firmeza carinhosa. — Você não vai carregar nada sozinha. Nem a coroa, nem as noites difíceis. — disse, e sorriu. — Eu tô aqui. Sempre. O salão celebrava. Taças tilintavam, risadas enchiam o ar, e ao centro estavam eles: Mia Ashowrth-Blackwolf, a loba prateada. Sigma. Única. Cabelos como fios de luar, olhos prateados como duas luas, e o vestido branco simples que brilhava mais que joias. Ao lado dela, Bryan Blackwolf — jovem Alfa, já um titã entre lobos. Alto, imenso, loiro como sol em guerra com o mar, olhos azuis intensos. Sua presença dominava o espaço; Bones, o maior lobo já registrado, pulsava sob sua pele como promessa de reinado. Eles eram destino vivo. Luz e sombra. Lua e oceano naquela noite. E então... o salão se calou. As portas se abriram. A entrada foi como um corte no tecido da realidade. Lívia Ashowrth apareceu primeiro, sua beleza dourada iluminando o espaço como um campo de trigo sob o sol do verão. Cabelos caramelo e castanhos em ondas perfeitas, olhos amarelo-dourados que não brilhavam de calor, mas de ambição. Ela era uma Épsilon, destinada a lobos Zethas — mas o destino comum nunca foi suficiente para ela. Tinha tentado Bryan e falhado. Agora caminhava ao lado de alguém que poderia dar a ela não apenas poder, mas um trono. Porque atrás dela surgia Daemon Hemlock. O Rei Alfa. O Lobo Imortal. O terror e o fascínio de gerações. Ele era um monumento vivo: 1,98m de pura imponência, ombros largos, músculos talhados como uma estátua em guerra. As cicatrizes em sua pele eram marcas de batalhas que outras alcateias só conheciam através de lendas. Os cabelos negros ondulados caíam com naturalidade selvagem, e seus olhos... ah, seus olhos. Verdes, azuis, dourados. Como se dentro deles habitasse um planeta inteiro. Oceanos, florestas, campos e desertos — todos refletidos naquelas íris que carregavam milênios de vida. Olhar para ele era como encarar a própria natureza: bela, irresistível e mortal. Seu terno Armani cinza chumbo parecia uma segunda pele, moldando sua presença à perfeição. Ao lado dele, Lívia, em um Versace que abraçava cada curva, era como a tentação encarnada. Eles não precisaram anunciar sua chegada. O silêncio do salão foi o anúncio. Mia sentiu Mika, sua loba, se encolher dentro dela, um instinto de reverência e medo queimando em seus ossos. Bryan, porém, sentiu Bones avançar dentro de si, rosnando em reconhecimento e fúria. "Ele veio por ela." O coração de Mia disparou, mas Bryan sabia. Daemon não estava ali por acaso. A verdade era c***l e simples: Daemon sabia que Mia era a filha de Selene, a loba prateada, a semi-deusa. Sabia que pelo sangue dela, Bryan Blackwolf não era apenas um Alfa. Ele seria Rei. E por isso, aquele encontro não era celebração. Era uma declaração silenciosa de guerra. Lívia surgiu primeiro, caminhando com passos calculados, elegância absoluta. O sorriso dela era doce, cortês, mas carregava uma pontada de ambição que só Mia podia perceber. Ela ergueu o braço, exibindo o diamante de sangue, uma joia entregue pelo homem ao seu lado, o Rei Alfa, como um símbolo de poder e aliança. — Mia, Bryan... meus parabéns — disse Lívia, a voz melodiosa, quase maternal, mas com um tom sutilmente cortante, como se cada palavra tivesse mais camadas do que parecia. — Que esta união seja... realmente maravilhosa. Que cada escolha que fizerem seja duradoura. Atrás dela, Daemon Hemlock avançava. Cada passo seu reverberava poder, cada movimento parecia medir forças invisíveis. Ele parou diante do casal e falou, com a voz grave e ressonante: — Eu sou Daemon Hemlock, o Rei Alfa. Sua presença encheu o salão. Os convidados reconheceram imediatamente a autoridade do homem, alguns se inclinaram levemente, outros trocaram olhares de respeito. Mas os olhos de Daemon estavam fixos em Mia por um instante que pareceu eterno, como se ele visse toda a essência da loba prateada, não apenas sua forma física. — É um prazer conhecer você finalmente Luna Mia. ele fala fazendo uma reverência em direção a Mia que sente um formigamento diante daquele homem. Bryan permaneceu firme ao lado de Mia, tenso, mas seguro. Bones rosnou baixinho, percebendo a ameaça. Apesar da cordialidade de Lívia e da entrada respeitosa de Daemon, o poder contido entre os dois alfas era palpável. Bryan apertou a mão de Mia, transmitindo-lhe segurança silenciosa: nada, nem mesmo um Rei Alfa, tomaria aquilo deles sem enfrentá-los. A tensão pairava no ar, misturada à magia das luzes, à música suave e ao brilho das lanternas. Mia percebeu, com clareza, que o jogo havia começado, mas também que ela e Bryan, juntos, eram mais fortes do que qualquer sombra que se aproximasse. Bryan permaneceu ereto, cada fibra do seu corpo emanando força. A presença de Daemon Hemlock era inegável, imponente, mas Bryan não recuou. Seus olhos azuis encontraram os verdes e azuis profundos de Daemon, e a tensão entre eles parecia capaz de eletrizar o ar. — Daemon Hemlock — começou Bryan, a voz firme, ressonante, carregada de poder e autoridade —. É uma honra recebê-lo na minha alcateia. Mas saiba que aqui, neste momento, eu sou Alfa desta alcateia, e ela, minha Luna. O salão pareceu prender a respiração. Cada convidado percebeu a força que emanava de Bryan, a segurança absoluta no olhar que ele lançou ao Rei Alfa. Não havia arrogância, mas sim a convicção silenciosa de quem assumiu seu destino e não teme nenhum desafio. Daemon inclinou ligeiramente a cabeça, estudando Bryan, os cantos da boca curvando-se em um quase sorriso de respeito. Sua aura de poder não diminuiu, mas reconheceu algo que há muito esperava ver: um Alfa capaz de enfrentar um Rei, e ainda assim proteger sua Luna sem hesitar. — Bryan Blackwolf — respondeu Daemon, a voz grave e cheia de autoridade —. A força que você exala é impressionante. Desejo que o seu legado seja lendário. Mia percebeu que Bryan e Daemon já se conheciam ela ficou intrigada , e fez uma nota mental de perguntar a Bryan sobre isso mais tarde. Bryan apertou a mão de Mia discretamente, transmitindo-lhe confiança. Sua própria aura se elevou, seu lobo interno rugindo baixinho em aprovação. Bryan manteve-se firme, cada centímetro de sua postura irradiando poder e proteção. O olhar dele encontrou o de Daemon, e a tensão que percorreu o ar parecia palpável, capaz de eletrizar a sala inteira. O calor da lua cheia refletia nas lanternas de cristal, e cada reflexo parecia dançar entre os dois Alfas, como se a própria luz hesitasse diante daquela presença. — Daemon — respondeu Bryan, firme e direto —. Lívia, aprecio a presença de vocês, por favor, divirtam-se. Um Omega surgiu com champanhe. Lívia e Daemon pegaram as taças, mas nem isso quebrou o peso da tensão entre eles. O ar parecia vibrar. Mia estremeceu ao sentir a energia fria e ancestral de Daemon. Bryan, imóvel, estava pronto para reagir. O silêncio era quase um aviso. Daemon então analisou Bryan por longos segundos, como quem mede força e intenção. Só depois fez um leve aceno — reconhecimento silencioso de que o Alfa da Blackwolf estava à altura. — Vejo que o futuro Lycan está seguro... por enquanto — disse Daemon, a voz grave ecoando como um trovão contido, reverberando em cada alma presente. Ele fez uma leve e rápida reverência, quase um gesto de aviso, antes de se afastar com Lívia, deixando para trás um rastro de poder e mistério. Bryan apertou a mão de Mia discretamente, transmitindo-lhe segurança e força. O lobo dentro dele rosnou baixinho, aprovação silenciosa que ecoava nas profundezas do vínculo deles. Nada poderia separar aquele elo; nem a presença de um Rei Alfa, nem ambições veladas ou segredos do passado. A noite se desenrolava e Mia e Bryan dançavam e interagiam com os convidados... O salão ainda vibrava com música e taças sendo erguidas, mas Mia precisava respirar. O peso da lua, da coroa, do vínculo recém-selado... tudo parecia apertar seu peito com mãos invisíveis. Ela se afastou devagar, alcançando a varanda que dava para o jardim iluminado. O ar fresco da noite beijou seu rosto, trazendo um alívio leve até que uma presença atrás dela fez seus pelos se arrepiarem. Uma mulher surgiu na penumbra do jardim. Não era jovem. Não era velha. Era... atemporal. Vestia um longo vestido verde escuro que parecia beber a luz ao redor. Os cabelos negros, soltos, caíam como seda pesada pelas costas. E os olhos... um n***o tão profundos que dava a impressão de que ela guardava dentro deles oceanos sombrios que ninguém deveria navegar. A estranha sorriu. Um sorriso tão belo quanto perturbador. — Parabéns, Luna Mia... — a voz dela era suave, mas carregava algo que arrepiava a espinha. — Você é realmente impressionante. Uma divindade dada a nós. Mia travou. O coração acelerou numa batida torta, alerta. "Mia." Mika rosnou dentro dela, a voz grave, feral. "Não confie nela. Eu sinto... algo terrível. Muito terrível." Mia manteve a postura impecável ,cortesia de Luna, instinto de sobrevivência ,mas a testa franziu levemente. — Obrigada... — respondeu, a voz firme apesar do gelo correndo sob a pele. — Mas... quem é você? Não a reconheço. É de alguma alcateia aliada? A mulher riu baixo. E o som... ah, o som era errado. Não era humano. Nem lupino. Era... antigo. — Sou de uma alcateia distante... muito distante. — disse ela, inclinando levemente a cabeça. — E conheço você há muito tempo, Mia. De uma outra era. Séculos, eu diria. Mia estremeceu. A risada da mulher parecia deslizar por sua pele como veneno líquido. A estranha deu um passo à frente. Os olhos verdes cintilaram com algo escuro, maligno, quase faminto. Mika uivou dentro dela. "MIA. NÃO." Antes que Mia pudesse recuar, um rugido cortou a noite. — NÃO SE APROXIME DELA! O som foi tão feroz que a própria lua pareceu estremecer. Mia se virou assustada. Daemon Hemlock vinha pela lateral da varanda, caminhando rápido demais para alguém tão imenso. Os olhos dele estavam dilatados em puro terror. O Rei Alfa estava com medo. De quem? Daquela mulher? Quando Mia olhou de volta para onde a mulher estava... ...não havia mais nada. Nada. Nem passos. Nem cheiro. Nem sombra. Como se nunca tivesse estado ali. Daemon parou a poucos metros. Trêmulo — sim, TRÊMULO — como se tivesse acabado de ver um fantasma ancestral. Mia deu um passo na direção dele, ainda confusa. — Quem... quem é essa mulher? Ela veio com você? Daemon agarrou os braços dela com força suficiente para firmá-la — mas com uma delicadeza que Mia nunca esperaria de um Rei Alfa. — Mia... — a voz dele saiu baixa, grave, urgente. — Escute com atenção. Essa mulher é perigosa. Perigosa de verdade. Me prometa... me prometa que NUNCA mais vai chegar perto dela. Nunca. O coração de Mia martelava no peito. A confusão era tanta que ela m*l conseguia pensar. Mas o tom dele... Aquele tom não aceitava discussão. Ela apenas assentiu. Um aceno automático, quase infantil. Os dedos de Daemon apertaram seus braços de novo, como se para garantir que ela ainda estava ali, inteira, viva. Ele olhou ao redor, farejando o ar, os olhos percorrendo cada canto do jardim como um lobo gigante que temesse um predador maior. — Vamos entrar. — ordenou, ainda trêmulo. E pela primeira vez na vida... Mia viu um Rei Alfa com medo. De uma mulher que só ela havia visto. Uma mulher que não deixou rastro. Mia deixou Daemon conduzi-la para dentro — e entrou na festa com a sensação inevitável, sufocante, de que um novo tipo de perigo havia acabado de pisar em seu mundo. Um perigo que nem Bryan, nem Bones, nem Daemon... seriam capazes de deter.
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